terça-feira, 8 de junho de 2010
Começar de novo ...
Pra ser cantor de rock - Nasi inicia vida pós Ira! com retrospecto, versões para músicas de outros artistas e um olhar discreto para o futuro; pendenga com irmão e ex-empresário continua.
por Marcos Bragatto
Rock Em Geral
Não faz muito tempo que o Ira!, um dos grandes representantes do rock nacional surgido na década de 80, se esfacelou em praça pública. Agora, o vocalista Nasi, pivô do término do grupo por conta de desentendimentos com o irmão, empresário e dono da marca Ira!, apresenta suas cartas iniciando a carreira solo como aquilo que, no fundo, ele sempre foi: um legítimo cantor de rock. Isso porque o recém lançado CD/DVD “Vivo Na Cena” investe num repertório de músicas que outros artistas (incluindo o Ira!) já haviam gravado, e que Nasi selecionou com muito critério, para fazer suas versões.
O vídeo, diferentemente do que pode indicar o título, não foi gravado numa apresentação convencional, com a banda sobre um palco tocando para uma platéia, num show de rock. Nasi optou por fazer o registro ao vivo em estúdio, o que resultou numa mistura de show e documentário, em uma única gravação. O artifício, além da produção apurada, revela uma saída interessante para fugir do padrão de gravações de vídeos, num mercado em que o formato DVD – por vender mais – tornou-se praticamente obrigatório.
Nasi reuniu uma turma da pesada: Nivaldo Campopiano (guitarra, ex-Muzak), Johnny Boy (baixo, Marcelo Nova, Raul Seixas), Evaristo Pádua (bateria) e André Youssef (teclados, da cena do blues nacional). Além deles, participam das gravações Marcelo Nova, Miguel Barella e Vanessa Krongold, em outros convidados. A produção ficou por conta do cascudo Roy Cicala (John Lennon, Bruce Springsteen), um dos sócios do Record Plant Studios, de Nova York. Entre as 17 músicas gravadas no DVD, há composições de Raul Seixas, Eddie, Voluntários da Pátria, Cazuza, Ira! – claro - e até de João Bosco. Nessa entrevista, Nasi explica como tanta coisa diferente pode “ser uma só”, da escolha das canções, do planejamento para o próximo trabalho e das brigas com a turma do Ira!, cuja possibilidade de retorno “não existe”. Dá uma olhada:
REG: Como é ter uma careira solo, para alguém esteve em uma banda durante tanto tempo?
Nasi: É muito bom, eu recomendo, agora quem manda sou eu… É brincadeira, tem muita cumplicidade com a banda, de pessoas que não são só excelentes músicos, mas muitas bacanas, com as quais eu tô super entrosado. Algumas eu já conheço há anos, já fizeram trabalhos comigo de composição, parte de shows solo. Por mais que seja uma carreira de intérprete de rock, é necessário ter uma banda que me siga, que tenha uma personalidade musical. Porque um cantor de mpb entrega disco a disco para um arranjador, um maestro, um produtor. Eu sou o produtor do meu trabalho, sempre fui através dos trabalhos solo. Quando eu fiz em 2006 o “Onde os Anjos Não Ousam Pisar”, já era um momento da minha carreira solo no qual eu sintetizo o blues, o rock’n’roll, todas as influências de black music americana. Agora é o tempo todo vivendo o disco, tô com uma carreira de shows que anualmente vem tendo os mesmos números do Ira!, algo em torno de 70 shows por ano.
REG: Com bom público também?
Nasi: Público também, tem os lugares de rock, as feiras… hoje eu tô passando por cidades e lugares onde estive com o Ira!. Por isso que nesse disco tem um pouco de retrospectiva de carreira, para mostrar que o meu show é um show de rock, eu sou um cantor de rock, eu não tô saindo pra fazer música romântica, sertanejo. Como eu criei essa grife de Nasi e os Irmãos do Blues para mostrar que meu trabalho solo era de blues, isso ficou muito marcado. Hoje já não tem mais essas duas divisões no meu trabalho, o rock com o Ira! e o blues na carreira solo. Tudo isso tá dentro do meu barquinho e com ele eu vou passando de cidade em cidade.
REG: Como você escolheu esse repertório? Mudou bastante em relação aos shows que você fazia, como aquele que passou pelo Circo Voador, no Rio, em 2009…
Nasi: Nesses shows tinha certas coisas que eu não preciso colocar em disco. Mas já tinha lá a versão de “O Tempo Não Pára” (Cazuza), “Verdades e Mentiras” (Voluntários da Pátria)… O que eu fiz ao longo desses anos foi criar uma estrutura, um repertório que fosse quase próximo do que é o meu show. Músicas que eu tava testando, outras não. Tanto que o tributo que eu fazia ao Raul (Seixas) era com coisas mais conhecidas dele. Nesse momento preferi pegar uma música diferente (“Rockixe”), que não foi um sucesso com o Raul, mas que ficaria bem para dois caras que nem eu e o Marcelo Nova; ela parece ter sido composta para nós. E tem coisas novas, que eu queria guardar para ter o impacto da novidade em disco.
REG: Você não quis fazer um disco inteiro com musicas inéditas, você deve ter muito material…
Nasi: Nesse momento, não. Mas esse deve ser o próximo passo, que eu já tô começando a conversar com as mesmas pessoas envolvidas nesse trabalho, o Roy Cicala, a Retcom Filmes. Já tenho um projeto para uma coisa bem diferente, diametralmente oposta do que é esse DVD, mas também em formato de DVD. Aí vai ser o momento para isso, para ser o máximo possível autoral. Para mim, como cantor, tão importante como escrever uma música ou uma letra é escolher uma música. Por isso eu passei muito tempo ouvindo muitas coisas. O Picassos Falsos (que entrou com “Carne e Osso”) tem várias músicas que eu gostaria de fazer uma versão, é difícil escolher. O “Bala Com Bala” (João Bosco/Aldir Blanc) também foi interessante, acho que é uma surpresa, até pelo arranjo. Eu queria saber a opinião do João Bosco, porque esse tipo de blues meio malandro, de New Orleans, tem um suingue analógico ao suingue do samba. Então tem coisas que eu preciso mostrar da minha carreira, o pós punk do início, o rock mais clássico que ficou marcado comigo no Ira! e algumas músicas realmente com uma levada mais de blues.
REG: Você diz que tudo isso que você agregou de diferente no DVD são gêneros ao mesmo tempo parecidos e diferentes. Como é isso?
Nasi: Tem uma frase do Muddy Waters que eu acho maravilhosa, é o titulo de uma música, “o blues teve um filho, o nome dele é rock’n’roll”. Infelizmente no Brasil, não sei se por culpa dos próprios músicos, o blues ficou como um sinônimo de fossa. E o blues é a base do rock como ritmo, são coisas que não dão para dissociar. Tudo que a gente consome de música, principalmente boa música americana, veio dessa expressão originalmente de escravos. Como as coisas no Brasil têm seu eixo no samba, a música americana, o funk, a soul music e o rock’n’roll, e até o rap têm muito de uma árvore chamada blues. Então se eu tivesse fazendo alguma coisa diferente, com ritmos baianos, poderia ter essa estranheza. Nesse disco eu consigo colocar isso tudo homogeneamente.
REG: Você pegou músicas de artistas mais novos, do meio independente. Como chegou neles?
Nasi: Eu gosto muito do Eddie, já conhecia o disco dele, o “Carnaval no Inferno”. Mas essa música do Fred 04 (“Eu Só Poderia Crer”) chegou pra mim com o produtor Wagner Garcia, na verdade é uma música do Fred 04 que o Mundo Livre não gravou e o Eddie colocou no primeiro disco. Eu considero que o disco tem uma musica do Eddie (“Desequilíbrio) e outra do Fred 04. Eu gosto muito desse cenário do mangue beat, que eu tive a oportunidade de ver na nascente mesmo, na década de 90. Eu fui tocar com o Ira!, em 90 ou 91, e depois de um show no teatro a gente foi numa cachaçaria e estavam tocando lá o Chico sem aquelas percussões, numa banda de rock, e o Mundo Livre. Eu fiquei muito impressionado, era algo muito parecido com o que a gente fazia na década de 80 como Ira!, Smack e várias outras coisas.
Nasi já planeja um trabalho de inéditas
REG: Que músicas ficaram de fora do repertório?
Nasi: Eu queria ter gravado alguma coisa do Erasmo (Carlos), mas não vai faltar oportunidade, talvez no próximo disco. Eu tinha gravado no disco solo anterior a música “É Preciso Dar Um Jeito Nisso”, que é de um disco dele sensacional, aquele “Carlos, Erasmo” (de 1971), que é meio experimental. Mas no próximo disco, como eu falei, vai ser uma inversão. Se nesse disco, das 17 músicas, oito eu sou parceiro ou sou compositor, o que dá uns 40, 45 %, eu acho que a tendência é inverter isso no meu próximo trabalho, com uns 70% de coisas que eu vou compor. Mas sempre quero estar livre para ter canções que eu quero cantar ou fazer uma nova versão, ou mostrar outro lado de determinada música. Essas três que eu peguei do Ira! foi na vontade de fazer diferente. “Tarde Vazia” sempre teve um poder de soul music que a gente não aproveitava por causa daquela nossa coisa de balada, de banda inglesa. Eu achava que essa música tinha que ter um suingue, um pouquinho mais explorável. “Por Amor” é uma música inédita, que o Zé Rodrix me deu na época do “Acústico” e que a gente queria fazer um rock’n’roll, mas a própria instrumentação dá limites e ela precisava ter esse peso meio Led Zeppelin, meio The Who. E também “Milhas e Milhas”, uma música que poderia ter feito sucesso com o Ira!.
REG: Que quase ficou esquecida…
Nasi: Essa musica é do “Entre os Seus Rins”, o disco que nós lançamos antes do “Acústico”. É da época que a gente era da Deckdisc, que era um selo da Abril. Quando nós lançamos o disco essa música era um single para a rádio, mas a Abril acabou, a Deck seguiu e nessa separação nos ficamos a ver navios. Eu sempre via nela um potencial pop muito grande e sempre achei que ela poderia ter tido um pouco mais de energia do que teve com o Ira!.
REG: E esse formato de DVD que é ao vivo, mas é em estúdio… Você não quis fazer com o público?
Nasi: Eu acho que dá pra ter uma energia, deixar a coisa viva, sem precisar do público. Primeiro porque eu nunca vou conseguir tirar um som tão bom em qualquer teatro, como eu tirei dentro daquele estúdio. Segundo, que a gente determinou que não ia ter overdub. Quando nós fizemos o “Acústico”, o conselho que os diretores da MTV nos deram era que “as coisas que foram lançadas sem maquiagem foram as que mais fizeram sucesso”. O Ira!, ao vivo, tem uma pá de maquiagem, que nós refizemos. No “Acústico”, não, foi uma aposta que nós fizemos e deu resultado. Fiz a mesma aposta nesse disco. Muitas músicas que estão no DVD são primeiro take. Às vezes eu já estava satisfeito, mas o Roy queria outra versão. Teve músicas que teve um segundo take para imagem, para edição. Mas teve músicas que nós fizemos quatro, cinco versões, uma atrás da outra. A pré produção é o segredo, tem que chegar lá redondinho, fazer a coisa escalonada. É uma banda muito boa, integrada comigo, mesmo não ensaiando ficamos viajando para fazer shows e conversando os arranjos. Às vezes o público atrapalha, porque por mais experiente que você seja, na frente do público é mais adrenalina, você não vai se sentir à vontade pra ficar repetindo. E eu usei um truque. O normal é você fazer um disco de estúdio e procurar sempre um andamento “mais careta”, com todo mundo a vontade, e ao vivo é sempre mais rápido. Nesse disco, depois dos ensaios, quando achamos o andamento perfeito, eu coloquei dois pontinhos a mais em todas as músicas. Então uma parte das músicas são mais rápidas do que seria o normal gravar. Isso deu um jeito ao vivo, mesmo sem público.
REG: Onde você achou esse produtor?
Nasi: Ele foi um dos donos da Record Plant, nos Estados Unidos, tem uma filha com uma mulher brasileira, veio pra cá e gostou muito do país. Ele conheceu o Apollo (Nove, produtor), sócio dele, que tinha trabalhado comigo no disco passado e resolveu ficar aqui. O Apollo trouxe ele até mim, ele já tinha feito umas coisas com o Forgotten Boys e gravou todos os álbuns do John Lennon. A especialidade dele é gravação ao vivo.
REG: Afinal, o que é rock coxinha, que você cita no DVD?
Nasi: Não fui eu que usei esse termo, foi numa matéria que eu vi, não sei se foi na Veja. Coxinha é um termo que a gente usava para bom moço, uma coisa politicamente correta, engomadinha. A gente vive um momento no mundo - até comparando com jogador de futebol -, a gente não vai ter mais um Romário, um Dadá Maravilha. Hoje todos têm aquele discurso de falsa modéstia ou de grupo unido, é o fruto da necessidade de se ter uma imagem pública, limpa e profissional, porque tudo é financiado por empresas. Para uma empresa associar a imagem dela com você, você não pode falar um negócio desses. Mas é preciso mexer, chacoalhar um pouco a coisa. Hoje em dia parece que não cabe mais, eu não me considero tão polêmico assim, mas já me colocaram a tarja de roqueiro polêmico, tipo um gênero musical. Há uns anos eu passaria mais batido. A coisa tá muito coxinha.
REG: E a questão com o Ira!, como é quer tá? Quando vocês vão fazer as pazes?
Nasi: Essa possibilidade não existe. Quanto mais passa o tempo é pior ainda. Tem umas pessoas lá com as quais eu não divido mais o palco, não sento à mesa. Eu tenho uma amizade muito grande com o Gaspa (baixista), tocou comigo, ele foi testemunha de um processo meu, a gente é amigão. O Edgar (Scandurra, guitarra) eu desejo o melhor pra ele, é um músico que eu respeito ainda, a gente construiu muita coisa juntos. Mas depois de tudo que aconteceu só existiria um motivo pra fazer isso, e seria dinheiro. Mas para mim dinheiro não paga tudo. E eu tô bem profissionalmente, tô tendo resposta profissional à altura do que eu tinha com o Ira!. Isso é até um exemplo feio para o publico. Deixa o Ira!, construímos nossa história, temos os discos, mas eu não vou voltar para uma situação que, se já estava ruim, imagine agora. Eu quero tocar com pessoas para as quais eu possa virar as costas sem ter uma faca cravada nelas.
REG: Já vimos tanta banda que acaba voltando…
Nasi: Eu acho até que alguns deles devem estar com essa expectativa. Mas eu não possuo mais o nome, o empresário registrou. Se ele quiser montar um novo Ira! e ser o cantor, pode. Agora só falta combinar com o outro lado, que é o público, e foi isso que tentaram fazer. Primeiro tentaram fazer show sem mim, fizeram dois e no segundo foram hostilizados. Diziam que eu tinha pirado e que abandonei. Fizeram uns dois shows com o Edgar cantando, era o sonho da prima-dona: cantar, compor e produzir, e a gente bate palma. Não deu certo. Depois eles iriam mudar de nome. Acho que não se sentiram bem em ser Ira! sem mim. Eu saí, mas os problemas do Ira! não saíram comigo. Chegaram a pensar em rebatizar a banda como “Era”, você acredita num negócio desses?
REG: Quando você fala “eles”, é o Edgar?
Nasi: O Edgar, o André (Jung, bateria) e o Gaspa. Eles chegaram a ensaiar como um trio no final de 2007. Em fevereiro de 2008 o Edgar voltou de férias e disse que o Ira! tinha acabado. Ele queria tocar com outras pessoas, não quer mais tocar com o André.
REG: O Edgar pode ter uma boa carreira solo…
Nasi: Musicalmente ele tá perseguindo o caminho dele. Não existe uma ação de voltar para os fãs, porque muito da imagem do Ira! era essa coisa de um por todos, uma banda mesmo, e isso foi quebrado de um jeito que não se cola de novo. Eu até brinco: o mundo sobreviveu ao final dos Beatles, com certeza vai sobreviver ao final do Ira!. Eu já to rindo de mim mesmo
REG: Há questões legais envolvidas?
Nasi: Entre os membros da banda, não. Eu tinha um processo de danos morais contra o Edgar e ele tinha outro contra mim. Aí o juiz foi sensacional, foi salomônico: “nem pra um nem pra outro”. Ele citou Beatles, disse que Lennon e McCartney ficaram décadas se hostilizando pela imprensa e nenhum deles pediu dano moral. Com o empresário tenho a parte de danos morais, ele contra mim, eu contra ele.
REG: É o seu irmão, né?
Nasi: Exatamente, mas eu prefiro chamá-lo de meu ex-empresário. Hoje estamos discutindo na justiça prejuízos que cada um julga ter moralmente e eu tenho uma ação que envolve o uso dele da marca, trabalhista. Porque se ele é o dono da marca, ele que me pague trabalhar pela marca dele. Ele registrou há 15 anos, nós dormimos em cima da coisa. Mas parece aquele comercial do mico, ficou com a marca e vai fazer o que com ela? O correto seria eu e o Edgar termos essa marca, não só eu. Porque nós criamos essa banda em 81 - não tinha nem André nem Gaspa - até para gente no futuro ter um poder sobre a marca. Porque a gente não sabe como a indústria fonográfica vai tratar o espólio da gente. Mas agora ele tá com o mico e eu com a alma da banda. Eu chego em muitos lugares e os caras me chamam de Ira!.
Nasi - Vivo na Cena - (Coqueiro Verde): Para iniciar a carreira solo pra valer, depois do atribulado final do Ira!, o vocalista Nasi, agora oficialmente convertido em cantor de rock, partiu para um DVD gravado em estúdio, mesclando várias fases de sua carreira. A decisão de se gravar no próprio estúdio de gravação pode abranger muitas explicações, mas a mais óbvia (e convincente) é o custo, ainda mais para um início de carreira, mesmo sendo Nasi já conhecido nacionalmente. O vídeo mistura documentário com apresentação e é muito bem bolado; uma alternativa a um formato hoje obrigatório, mas de conteúdo bem desgastado. A solução da Retcom Filmes foi das melhores, sendo que ainda há Extras onde Kid Vinil fala sobre Nasi e o próprio músico se encarrega de destrinchar faixa por faixa.
O repertório é bem variado e aponta para um Nasi pouco compositor e mais intérprete. Ele, no entanto, soube pescar bons momentos de sua carreira, sem cair no óbvio, mostrar coisas novas (do ponto de vista de cantor) e ainda trazer para a sua voz músicas do mercado independente contemporâneo. Assim, há o resgate do Voluntários da Pátria, grupo underground que Nasi tinha no iniciozinho dos anos 80 com Thomas Pappon, do Felini (“Verdades e Mentiras”); uma faixa do Muzak, da mesma época, que cumpre papel semelhante (“Onde Estou?”); e músicas do Ira! reaproveitadas de um jeito diferente (“Tarde Vazia” e “Por Amor”, esta com a vocalista do Ludov, Vanessa Krongold, uma das melhores). Em todas, Nasi emplaca a rascância de sua interpretação. Entre as faixas de artistas mais novos há a boa “Não Caio Mais”, da recifense River Raid, uma das melhores do CD/DVD; e “Desequilíbrio”, do Eddie, que ganhou ares de faroeste.
Há também os momentos ruins, caso da ótima “O Tempo Não Pára”, de Cazuza, que Nasi destrói, inclusive ao mudar trechos significativos da letra. Em “Rockixe”, o cantor insiste em citar Raul Seixas, que o ocupava boa parte do repertório dos shows, e só é salvo pelo apropriado Marcelo Nova, que divide a voz e toca guitarra na música. Por sorte, Nasi decidiu mudar bastante na hora de levar o show para dentro do estúdio, poupando o ouvinte da apelação à festa Ploc que fazia sem o menor constrangimento. Aqui, arredondou bem o material que selecionou e conseguiu dar uma homogeneidade no vídeo e até n CD, que teve três músicas subtraídas.
O ouvinte menos rodado poderá estranhar, também, “Carne e Osso”, da banda cult carioca dos anos 80 Picassos Falsos, aqui numa versão chinfrim, e ainda “Bala Com Bala”, de João Bosco e Aldir Blanc, que acabaram ganhando versões discretas, com pouca identificação com Nasi. Não prejudica, entretanto, o conjunto da obra, cujo resultado soa mais com uma transição para o próximo disco, que o cantor promete gravar com repertório prioritariamente autoral e inédito, do que uma, de fato, estreia solo. É, Nasi, o tempo não para.
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