terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Música cerebral

Para o bem ou para o mal, continua aumentando o número de cabeças pensantes sergipanas auto-exiladas além fronteiras da província. Uma delas, grandinha, por sinal, é a de Bruno Montalvão, ex-Marginal produções, a mente por trás de pelo menos dois eventos que marcaram história na Capitania de Sergipe D,El Rey, o Rock-se, festival de 1998 que trouxe à cidade alguns dos grandes nomes da música alternativa da época, e a Boite do Porão do Cultart. Já faz algum tempo que Montalvão anda maquinando das suas por aí, não mais aqui, mas com as antenas ligadas para o que há de bom vindo de sua terra natal. Seu novo empreendimento é a "Brain Productions", que será lançada com um Festival no mês de janeiro, em São Paulo. Saiba mais:

"Em 2010, nasceu a Brain Productions. Meio no susto, meio de brincadeira, mas acabou vingando. Era abril, e o produtor artístico Bruno Montalvão estava prestes a produzir o show de Jonathan Richman, ex-vocalista e líder do Modern Lovers, no Brasil. Para tanto, precisava de um nome que assinasse sua nova produção e veio a idéia de “criar” uma produtora. E que nome melhor, senão Brain (Cérebro em inglês), uma brincadeira com a cabeça avantajada do próprio produtor?! A piada pegou, o nome ficou.

Para comemorar a entrada de 2011 e chegada oficial da produtora, preparamos uma grande festa de lançamento no Centro Cultural São Paulo, nos dias 08, 09, 15 e 16 de janeiro. Aproveitando para apresentar shows de seus artistas: Vanguart, Pública, Visitantes e The Baggios, e de artistas parceiros como O Sonso e Bicicletas de Atalaia.

Ao projeto demos o nome de MÚSICA CEREBRAL, pois embora o nome remeta à pensamento e coisas complicadas, a intenção é justamente buscar o lado espontâneo e até irônico dessa “música cerebral”, afinal de contas o cérebro não serve só para pensar. Ele coordena todas as nossas ações: a alegria, a dança, o sorriso, a emoção, os delírios. Então vamos comemorar tudo isso com 04 dias de música, celebrando as diversas formas de pensar a música, com o cérebro, mas também com o coração e todo o corpo.

Venha comemorar conosco, venha brindar a nova música brasileira. Esperamos todos vocês, em janeiro, no CCSP.


PROJETO MÚSICA CEREBRAL
Centro Cultural São Paulo (Sala Adoniran Barbosa) – Janeiro/2011

DIA 08/JANEIRO (SÁBADO)
Pública (RS) recebe Tita Lima e Saulo Duarte.
Djs Cardelli & Dods(Visitantes)

local: Sala Adoniran Barbosa (CCSP)
abertura bilheteria: 17 horas
horário show: 19 horas
ingressos: 20 inteira/10 meia

DIA 09/JANEIRO (DOMINGO)
Bicicletas de Atalaia (SE) e O Sonso (CE)
Dj Douglas Godoy (Vanguart)

local: Sala Adoniran Barbosa (CCSP)
abertura bilheteria: 16 horas
horário show: 18 horas
ingressos: 20 inteira/10 meia

DIA 15/JANEIRO (SÁBADO)
Vanguart (MT) convida Cida Moreira e Thiago Petit.
Dj Montalvão (Brain Productions)

local: Sala Adoniran Barbosa (CCSP)
abertura bilheteria: 17 horas
horário show: 19 horas
ingressos: 20 inteira/10 meia

16/JANEIRO (DOMINGO)
Visitantes (SP) convida Daniel Groove (O Sonso).
The Baggios (SE) convida Helio Flanders (Vanguart)
Dj Daniel Belleza

local: Sala Adoniran Barbosa (CCSP)
abertura bilheteria: 16 horas
horário show: 18 horas
ingressos: 20 inteira/10 meia

Fonte: Divulgação

O Último show de rock do ano

A celebração do reveillon não é o único evento do calendário cultural aracajuano na última semana de 2010. Antes da festa da virada, o público apreciador do rock'n'roll tem a última chance do ano de assistir a um show do gênero. É a Festa da Antevéspera, que acontece na noite da próxima quinta-feira, 30, no bar Capitão Cook. O ingresso custa R$ 10 e é vendido no local da festa.

Organizada por um grupo de amigos aracajuanos que hoje vive fora da capital sergipana, a festa foi concebida também como uma oportunidade para que outros 'exilados' que visitam a cidade no fim do ano vejam suas bandas conterrâneas preferidas em ação. Uma espécie de reencontro anual da família roqueira aracajuana.

Para garantir a diversão na penúltima noite do ano, foram convocadas duas autoridades no assunto: as veteranas Snooze e Plástico Lunar, ambas respeitadas nacionalmente e detentoras de uma coleção de canções já bem conhecidas do público roqueiro sergipano.

A Festa da Antevéspera marca a volta da Snooze ao palco após dois meses. A banda, formada pelos irmãos Fábio Snoozer (baixo e vocal) e Rafael Jr. (bateria) e pelo guitarrista Luiz Oliva, se apresenta em nova formação, que agregou ao time o tecladista James Bertisch.

Completando o pacote, os amigos à frente de organização da festa atacam de DJs entre uma banda e outra e prometem colocar o público presente para dançar numa “batalha” onde as armas serão rock & roll de todos os tempos e soul music.

Fonte: Infonet


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal, roqueiros

Lembrando que amanhã, véspera de natal, não vai haver programa de rock. Mas se houvesse, certamente eu iria tocar "Merry Christmas (I don´t wanna fight tonight)", dos Ramones.

A.


Feliz Natal (Eu Não Quero Brigar Hoje) Ramones

Feliz natal, eu não quero brigar hoje com...

Feliz natal, eu não quero brigar hoje
Feliz natal, eu não quero brigar hoje
Feliz natal, eu não quero brigar hoje com você

Onde está Papai Noel com o seu trenó?
Diga-me, por que é sempre desse jeito?
Onde está Rudolph? Onde está Blitzen, amor?
Feliz natal, feliz feliz, feliz natal

Todas as crianças estão em suas camas
Fadas de açúcar estão dançando em suas cabeças
Briga de bolas de neve é tão excitante, amor

Eu te amo e você me ama
E é desse jeito que tem que ser

Porque Natal não é o momento
de quebrar o coração
um do outro


(Tradução de Rafael F. A.)


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Festa de debutante.

Que fique registrado nos anais (ui) da História que aconteceu, no último sábado, uma grande Festa no parque da Sementeira, em Aracaju, em comemoração ao aniversário de 15 Anos da FM Aperipê, a rádio pública de Sergipe. Foi um verdadeiro desfile de talentos apresentando uma diversidade de gêneros e estilos musicais impressionante, tudo pontuado por um único denominador comum: a qualidade dos grupos e artistas que se revezavam no palco construído à beira do lago. O rock não ficou de fora, logo, eu estive presente. Porque não tem jeito: eu sou do rock. Mas é evidente que sei reconhecer a qualidade e a relevância de outros ritmos, e acho importante que haja espaço para todos, independente do apelo comercial. Daí a importância de uma emissora pública forte e bem gerida, desvinculada das amarras limitadoras do mercado.

Se apresentaram naquela noite, dentre outras, as bandas Café Pequeno, Cabedal e Lacertae. Eu, atrasado como sempre, cheguei no meio do show do Pantera (não é o que você pode estar pensando, nem sou eu que estou delirando, é o pseudônimo de um artista sergipano). Vai meio que no esquema “voz e violão” - não é a minha praia, mas é competente no que se propõe a fazer. Na sequencia The Baggios, dupla infernal de blues-rock eletrificado que sacudiu as estruturas daquela espécie de “festa hippie” (figurinos com estampados floridos, clima bucólico ao ar livre, panos coloridos largados na grama, havia um certo clima de Woodstock no ar). Guitarras no talo, bateria espancada sem dó nem piedade, show enxuto e sem frescuras. O feeling de sempre de Julico e Perninha, amplificado pela excelente estrutura montada e pelo som de Ricardo Sá, referência de qualidade no estado desde quando eu me conheço como gente. O governador do estado, Marcelo Déda, registrou no seu twitter que tinha adquirido o EP deles e estava ansioso para ver o show, pena que não postou sua impressão final (político, né?), mas tomara que tenha gostado ao ponto de podermos sonhar com outdoors espalhados pela cidade anunciando: “Governo do Estado apresenta: The Baggios, em turnê européia”, ou algo do tipo. Sei lá, tudo é possível ...

Depois dos Baggios se apresentou o sanfoneiro Cobra Verde. Não falou nem cantou nada, apenas subiu lá e tocou (muito bem, diga-se de passagem) sua sanfona, acompanhado por um tradicional trio pé-de-serra. Muito bom. Sem papo furado, só boa música regional.

Já Patrícia Polayne fez uma apresentação mais teatral, cheia de caras e bocas, porém igualmente competente. Faz um som autoral e interessante, com boa interpretação vocal e algumas excelentes composições, como o hipnótico “hit” “Arrastada”, com o qual ganhou a Festival da Arpub (Associação das Rádios Públicas do Brasil) do ano passado. Foi ovacionada. Está quase virando uma estrela “Cult”, a garota que eu vi pela primeira vez sendo confundida com Fernanda Takai no primeiro show do Pato Fu que aconteceu em Aracaju, no extinto Batata Quente da Orla de Atalaia.

Para terminar a noite, Mundo Livre S/A, de Recife, que há bastante tempo não tocava na cidade. Já subiram mandando bem com a clássica “Free World S/A”, faixa que abre o segundo e melhor disco deles, “guentando a oia”. A partir daí foi um desfile de grandes canções que marcaram os anos 90 e os primórdios do movimento “mangue beat”, além de uma inédita que começa “malemolente” e do meio pro final vira um batidão eletrônico que remete ao Devo. Grande show, encerrado com o hit “livre iniciativa” e com a satisfação estampada na cara de Fred 04, que saudava aquela como a melhor apresentação, com a melhor estrutura e o melhor publico, que eles fizeram em Aracaju. E foi mesmo: No último show que me lembro, na extinta boate “litttle hell” (posteriormente puteiro “pantera´s drinks”), não deu quase ninguém.

Foi uma grande noite. Estão de parabéns todos os envolvidos.

Adelvan

sábado, 18 de dezembro de 2010

Lemmy, uma entrevista

Inked: Quando você fez sua primeira tatuagem?

Lemmy: "Em 1973, quando eu estava no HAWKWIND. Estávamos em Dayton, Ohio, num domingo, e o estúdio de tatuagens era o único lugar aberto. Estávamos entediados pra porra, então fomos todos lá e fizemos uma tatuagem 'hippie' ridícula. A minha foi uma folha de maconha, que eu acabei cobrindo porque parecia uma pizza com asas".

Inked: Qual é a sua tatuagem favorita?

Lemmy: "A do Ace of Spades, mas não dá mais pra ler. Está escrito 'Born to Lose, Live to Win' em volta, mas as palavras se borraram umas sobre as outras. Foi feita em 1979 na Holanda".

Inked: Você provavelmente já viu algumas tatuagens bem doidas do MOTÖRHEAD nesses anos todos.

Lemmy: "Nem fala, cara. Um amigo nosso na Alemanha cobriu as costas todas com o logo e ele fez uma tatuagem da gente do lado da cabeça e no peito. Ele tatuou também nossos rostos nas panturrilhas".

Inked: É estranho ver sua cara tatuada em alguém?

Lemmy: "Se é uma foto bonita, eu não me importo, mas se eu pareço um porco com bócio, então não é bom. Eu já vi dos dois tipos".

Inked: O "Motörizer" tem algumas letras bem políticas.

Lemmy: "Sim, uma delas é sobre o Iraque, 'When The Eagle Screams'. Escrevi essa porque eu sei a história da guerra. Eu estudei isso, e é um exemplo primoroso do dinheiro mandando seus garotos para suas mortes. O interesse está ganhando da lógica. Todos sabem que não havia armas de destruição em massa no Iraque porque nós vendemos para eles tudo o que eles tinham. Vou te contar uma história engraçada. Você sabe quando os britânicos invadiram o Iraque junto com vocês? Nós não tínhamos nenhum uniforme de deserto. Só tinhamos verde e cáqui porque vendemos todos os uniformes de deserto para o Iraque três anos antes. Isso não é ótimo? Eu odeio todos os políticos. São todos falsos".

Inked: Sua marca musical é "Ace os Spades". Você é um apostador?

Lemmy: "Não, na verdade não. Eu só gosto de jogar. Como se diz na música, 'o prazer é jogar, não faz diferença o que você diz'. O apostador nunca ganha, não ao longo do tempo. A maior quantia que eu perdi de uma vez foi três mil. Eu ganhei nove mil em uma jogada no caça-níqueis sete anos atrás no Venetian, em Las Vegas. Coloquei dois mil de volta no jogo e levei sete mil pra casa. Isso foi bom pra mim".

Inked: Você vai frequentemente a clubes de strip. Você é fã de "lap dance"?

Lemmy: "Claro. É uma provocação, mas às vezes você consegue convencê-las, entende? E você só consegue convencê-las se elas fizerem uma 'lap dance' [Nota do editor: dança onde a garota provoca o cara, mas este último não pode tocá-la, se o fizer com certeza será "gentilmente convidado" a se retirar por um segurança com dois metros de altura por dois de largura]. Você não consegue convencê-las a ir pra casa com você direto do bar".

Inked: Já saiu com alguma atriz pornô?

Lemmy: "Já, com cinco delas, na verdade".

Inked: Alguém que conhecemos?

Lemmy: "Não sou de ficar contando".

Inked: Estrelas pornô são melhores na cama do que garotas normais?

Lemmy: "Não, são iguais, mas de novo, eu não sou tão bom de cama com as pessoas com quem eu transo normalmente, então eu acho que fica equilibrado".

Inked: Tem hobbies?

Lemmy: "Pegar mulheres, suponho. Na verdade, não, isso é uma carreira. A música é o hobby".

Inked: "Você disse à Maxim [revista masculina] que já dormiu com 2.000 mulheres".

Lemmy: "Não, eu disse 1.000 e acho que eles inflacionaram um pouco. Mas não fico contando, sabe?"

Inked: "Você escreveu uma das maiores baladas de Ozzy Osbourne, 'Mama I'm Coming Home'. Como isso aconteceu?

Lemmy: "Depois de eu me mudar pros EUA, Sharon [Osbourne] me ligou e disse, 'você pode escrever quatro músicas pra mim', e me fez uma proposta que eu não podia recusar. Uma delas foi 'Mama I'm Coming Home'. Eu ganhei mais dinheiro por essas quatro músicas do que com 15 anos de MOTÖRHEAD. E então eu escrevi mais duas para o 'Ozzmosis'".

Inked: Você parece ter uma relação de amor e ódio com Sharon.

Lemmy: "Não, o que aconteceu foi que ela assumiu como nossa empresária em 1991. E quando ela foi para o Japão, ela mandou um empresário em turnê com a gente e ele fodeu com a grana e disse que foi nossa culpa. Ela confiou na palavra dele em vez da nossa, o que é bem natural porque o cara era dela. Mas eu nunca perdoei ela até semana passada quando ela finalmente disse, 'OK, eu acredito em você'".

Inked: Você é religioso de alguma forma?

Lemmy: "Sou agnóstico, na verdade. Vou esperar e ver... e eu posso esperar. Mas não tenho medo de morrer. Qual é o motivo para ter medo do inevitável? Eu só espero que não seja num hospital cercado de imbecis e com tubos enfiados no nariz, sabe? Minha ética é, 'coma, beba e seja feliz, pois amanhã morreremos'. Você pode ser o quanto cuidadoso quiser, mas você vai morrer de qualquer jeito, então porque não se divertir?"

Inked: O mundo está em guerra e a economia e o meio-ambiente são uma confusão. A humanidade está condenada?

Lemmy: "Não se engane. Já é tarde. Estamos no fim. Logo vamos ser extintos ou vamos viver em cavernas hermeticamente fechadas porque envenenamos o ar que respiramos, a água que bebemos e a comida que comemos. E não é como se não soubéssemos disso, mas as empresas quiseram mais o dinheiro do que a vida de seus filhos. Não é maravilhoso? Você pode sempre contar com a humanidade".

Traduzido por Leo Kreator, para o site whiplash

Fonte - Inked Magazine

# 173 - 17/12/2010

Já faz um bom tempo (nem lembro quanto) que a outra banda fundadora do “movimento mangue”, o Mundo Livre S/A, não toca em terras sergipanas. A primeira vez foi ainda no auge do “estouro” do novo som do Recife, no extinto “Batata quente”, na orla de Atalaia, com abertura da Living In The Shit, de Alagoas, e da Miller Babies, daqui mesmo de Aracaju. Depois tocaram no Cultart e numa também extinta boate que tinha o sugestivo nome de “Little Hell”. Lembro do pouco público e da presença da, na época, anônima, Priscila Leone, a vocalista do Inkoma, também conhecida como Pitty. Ela tava “de rolê” por aqui, sem a banda, e acabou fazendo uma resenha do show para o saudoso fanzine “Cabrunco”. Tudo isso ainda nos anos 90, comecinho dos anos 2000. Segundo Leo Levi, diretor de programação da Aperipê FM, eles tocaram mais uma vez, no Tequila Café – se rolou realmente, eu não fui, porque não me lembro. Mas o que importa é que o Mundo Livre está, finalmente, de volta à NOSSA “manguetown”, e fará, assim espero, um grande show, ao ar livre, no Parque da Sementeira, hoje à noite, encerrando as atividades comemorativas dos 15 anos da FM Aperipê. Para marcar a ocasião, o programa de rock resolveu relembrar o clássico primeiro disco da banda, “Samba Esquema Noise”, em sua sessão “Discoteca Básica” (inspirada, é sempre bom frisar, na antológica coluna da revista Bizz). Fora isso, tocamos Raul, porque Raul é foda e para lembrar nossos ouvintes de que na mesma noite do programa, no Capitão Cook, aconteceria a segunda edição do Tributo a Raul Seixas, “cometido” pelas bandas The Baggios e Plástico Lunar. No bloco do ouvinte, uma dose dupla oferecida por nossa camarada Joelane: na primeira parte, 3 das melhores bandas sergipanas da atualidade, na segunda, metal, com direito ao clássico dos clássicos “Ace of Spades”, do incansável Motorhead (aproveitamos para encaixar uma musica do novo disco da banda, “The World is yours”). No quesito novidades, Massive Attack, Smashing Pumpkins (acabaram de lançar um novo EP), REM, Lou Barlow e J. Mascis, com uma faixa de seu novo disco solo e acústico que sairá no primeiro semestre de 2011.

Este foi o último programa de rock do ano. Obrigado pela audiência, Feliz Natal e blah blah blah pra todos.

Até 2011.

A.

* * *

(Wikipedia) Samba Esquema Noise é o primeiro álbum da banda brasileira Mundo Livre S/A, lançado pelo selo Banguela Records, em 1994. Considerado por alguns críticos como "a música dos anos 90", trouxe uma mistura de samba, rock, punk e ritmos regionais, dentre outros. O título é uma referência ao primeiro álbum de Jorge Ben, Samba Esquema Novo.[1]

Mesmo com dez anos de formação completados, a banda estreou em disco somente naquele ano. Foi o segundo álbum lançado pelo Banguela Records (selo que o grupo paulistano Titãs mantinham em sociedade com o jornalista e produtor Carlos Eduardo Miranda na Warner), sendo o sucessor do disco de estréia dos Raimundos.

Aclamado como um dos melhores álbuns da década de 1990 pela revista ShowBizz, em novembro de 1999, e pela Rolling Stone Brasil como um dos grandes discos da música brasileira, em 2007, Samba Esquema Noise foi um trabalho superproduzido, tendo a banda, inclusive, estourado o prazo de gravação no estúdio e o orçamento, estimado em mais de 40 mil dólares. O que não foi compensado pelas baixas vendagens do CD à época, que sairia de catálogo em pouco tempo - o disco voltaria ao mercado em 2001, relançado dentro da série Arquivos Warner e, em 2004, seria reeditado mais uma vez, agora como parte da caixa Bit.

Foi gravado e mixado por Beto Machado (Bob Mac) nos estúdios Be Bop (sp) em sistema analógico de 24 canais de maio a julho de 1994, num total de 660 horas. Além da arrojada produção, contou com várias participações especiais distribuídas na maioria de suas trezes faixas, quem iam dos amigos e percussionistas da Nação Zumbi até a atriz global Malu Mader (em "Musa da Ilha Grande"). A faixa "Sob o Calçamento (Se Espumar é Gente)" se destacou neste prisma: traz participações de Gilmar Bola 8, Toca, Gira, Canhoto e Dengue (Nação Zumbi); de Paulo Miklos, Nando Reis e Charles Gavin (Titãs); do produtor Apolo IX; de Syoung; de Ligeirinho (Guanabaras); do percussionista James Müller; e, finalmente, do rapper Sérgio Boneka. Todos que visitavam o estúdio de gravação se ofereciam para deixar algo registrado na composição, até a elaboração do arranjo final, feita por Charles e Miranda.

  1. Manguebit
  2. A Bola do Jogo
  3. Livre Iniciativa
  4. Terra Escura
  5. Saldo de Aratú
  6. Uma Mulher com W... Maiúsculo
  7. Homero, o Junkie
  8. Rios (Smart Dugs), Pontes & Overdrives
  9. Musa da Ilha Grande
  10. Cidade Estuário
  11. O Rapaz do B... Preto
  12. Sob o Calçamento (se Espumar é Gente)
  13. Samba Esquema Noise

Samba esquema noise

Mundo Livre S/A


A felicidade como a morte
É como um concurso milionário da Tv
Existe um globo infinito
Com bilhões de bolinhas
Girando
Em algum lugar
A cada instante uma deusa
Retira um número
Que pode ser o meu
Dá pra entender?
Por isso,
Nada de pudores
Dá pra entender?
Ou você explora o próximo
Ou o próximo é você
Esta é a única moral
Do mundo
Dá pra entender?
A felicidade como a morte
É como um concurso milionário da Tv
Existe um globo infinito
Com bilhões de bolinhas girando em algum lugar
Dá pra entender?
A cada instante uma deusa retira um número
Que pode ser o meu
Por isso nada de pudores
Dá pra entender?
Ou você explora o próximo
Ou o próximo é você
Esta é a única e verdadeira moral no mundo horrível
Dá pra entender?
Passei na cidade
Girando em algum lugar

# # #

Raul Seixas – Tente outra vez

Massive Attack – Redlight (Clark remix)
The Smashing Pumpkins – The Felowship
REM – Discoverer
Lou Barlow – On the face
J. Mascis – Not Enough

The Soundscapes – We´re all made of star stuff
Messias – Broadcast your escape
(Drop Loaded)

The Exploited – Dead Cities
GBH – Faster faster
Cock Sparrer – Riot squad
Cockney Rejects – Here we go again

(Bloco produzido por Joelane):
Plástico Lunar – Formato cereja
The Baggios – Na porta do bar
Mamutes – Cabeça de mamute
------------
Holocaust – Heavy Metal Mania
Kiss – Love her all I can
Motorhead:
# Ace of spades
# Rock and roll music

U2 – Magnificent

Mundo Livre S/A – “Samba esquema noise”:
# Samba Esquema noise
# Livre Iniciativa
# A Bola do jogo
# Musa da Ilha grande
# Cidade Estuário

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Toca Raul

O “Tributo ao Raul Seixas” é um projeto que envolve membros das bandas The Baggios e Plástico Lunar, formado em 2009 com o objetivo de prestar uma homenagem aos 30 anos da morte do maior ícone do rock nacional. Eles contam também com algumas participações como Alex Santanna ( Naurêa) e Thiago “Tubarão” (Os Trouxas).
Com a grande aceitação do público a banda resolveu reviver esse projeto novamente e vão fazer a sua terceira apresentação no Capitão Cook no próximo dia 17. Foram escolhidas mais de 50 canções que vão da época jovem guarda do cantor, até os grandes ritts e músicas do seu ultimo disco, composto com seu parceiro Marcelo Nova.
A noite promete mais de três horas de show, mas sempre tem rendido além disso, então não perca o ultimo grande tributo do ano.

O que? Tributo a Raul Seixas
Quando? Dia 17 de Dezembro
Onde? Capitão Cook
Que Horas? às 22hs

Priscilla Novaes Leone é gente que faz ...

Pitty esteve em Londres gravando um especial de TV sobre os 40 anos da morte de Jimi Hendrix, fez um ousado ensaio para uma revista de tatuagem e viu uma de suas músicas impedida de entrar na programação de uma rádio porque outra, dela própria, se recusava a parar de tocar. Contudo, a cantora vê o espaço para o rock “se estreitar” na grande mídia – ela foi um dos poucos artistas do gênero a gravar o tema do Rock In Rio, para a próxima edição. Este também foi o ano em que ela e o guitarrista Martin começaram o projeto paralelo Agridoce, distante do rock, e Martin, por sua vez, iniciou outra banda com o baterista Duda. Nada que abale o grupo, Pitty garante.

Nessa super entrevista concedida ao jornalista Marcos Bragatto e feita aos poucos via internet, a cantora também fala de jabá (sim, ainda existe), do dilema que vive quanto à formação intelectual dos fãs, das agruras de ser famoso e usar as ferramentas da internet (tem blog, twitter e facebook), além de espinafrar a falta de conteúdo das bandas mais novas. Confira abaixo todos os detalhes!

Fonte: Rock Em Geral

Rock em Geral: Vocês vão gravar um novo DVD, dessa vez no Circo Voador. O que esse vídeo vai ter de diferente se compararmos com os demais?
Pitty: Tudo. Outro tipo de edição e linguagem, a banda diferente por conta do tempo de estrada. É um show com repertório bem distinto do anterior. Inclusive, a idéia é não regravar nenhuma música que já havia entrado no “{Des}Concerto”. A idéia de fazer no Circo é antiga, nossos shows por lá sempre pegam fogo e eu queria um DVD que captasse essa vibe mais roots, mais show de rock mesmo, simples e sem firulas. O Circo Voador me pareceu o lugar ideal para isto, além de ser um lugar emblemático para o rock nacional traz no próprio nome uma “ludicidade” que me agrada muito.
REG: O lançamento será quando? Em quais formatos? O áudio sai em vinil também?
Pitty: A previsão é para março ou abril. Vai sair em DVD, Blu-ray e acredito que também em CD. Não conversamos ainda sobre sair em vinil, mas é possível. Por mim sai em todos os formatos, para cada um aproveitar do jeito que lhe convier.
REG: Sua carreira tem se pautado pelo lançamento de muitos vídeos. É uma iniciativa artística ou a necessidade de ter aquilo que o mercado consome (DVD)?
Pitty: Em relação ao “padrão” acho até que lançamos poucos DVDs. Em sete anos de carreira, de show ao vivo só tem o “{Des}Concerto”. Não fizemos DVD ao vivo de todos os discos, os outros que temos são documentários. O “Admirável Vídeo Novo” engloba uma parte da cena alternativa baiana e versões em estúdio tocando com alguns convidados; o “Chiaroscope” é um making of do disco só que sem depoimentos, é mais vídeo-arte e experimentalismo visual. São três ao todo, em sete anos, e agora serão quatro. Não tenho noção se isso é muito ou pouco, mas esses foram os que a gente teve vontade de fazer até hoje. Tem banda que mal lança disco de estreia e já vem com DVD ao vivo, né? É isso, acho que o público curte DVD. Eu também curto, mas não forço a barra na hora de fazer nem fico inventando motivo. Pinta uma idéia que a gente acha bacana, a gente vai lá e faz.
REG: O repertório já foi definido? O que você pode nos adiantar?
Pitty: O set list é baseado no “Chiaroscuro”, com alguns lado B do primeiro disco e uma inédita - até agora. Dessa vez tem participações especiais também, coisa que não rolou no anterior: Hique Gomes, do Tangos e Tragédias em “Água Contida”, e Fábio Cascadura, numa parceria nossa chamada “Sob O Sol”. A grande novidade pra gente foi trazer um tecladista (o Bruno Cunha, do Caixa Preta) para este projeto. É uma experiência que eu sempre tive vontade de fazer, muitas bandas que eu adoro usam isso com maestria e o som fica mais cheio e complexo. Morria de curiosidade de saber como ficariam as músicas, às vezes com um Hammond fazendo a cama, às vezes com barulhinhos lisérgicos de Mini Moog, e tantas outras possibilidades. Essa foi uma descoberta que veio com o “Chiaroscuro”, quando dobramos alguns riffs de guitarra com sintetizador e vimos que resultava num timbre foda, ou quando adicionávamos um piano staccato numa parte mais rápida e aquilo fazia a canção “andar”. Quando se fala em teclado percebo que alguns ainda têm uma idéia estereotipada da coisa; mas o instrumento pode ser usado como camada subliminar, às vezes quase imperceptível e adicionando uma textura nova e muito interessante aos ouvidos. O resultado nos ensaios tem sido sensacional e a gente está amarradão.
REG: Faz mais ou menos um ano que o “Chiaroscuro”, foi lançado. Com esse distanciamento, do ponto de vista artístico, como você avalia a sequência dos três discos?
Pitty: Talvez ainda seja cedo para englobar apenas três discos nessa comparação que vou fazer agora, mas é como se fossem três fases de uma vida. O primeiro é a infância: inocente, puro, aprendiz e cheio de vontade. O segundo é a adolescência: urgente, auto-afirmativo, enérgico, querendo se descobrir. E o terceiro seria a vida adulta: um prenúncio da maturidade. Cheio de questionamentos subjetivos, menos literal, mais misterioso e mais complexo, emocionalmente. É a tranquilidade de ser mais do que querer mostrar que é, aquela estranha calma turbulenta que se adquire com a idade.
REG: Em termos de vendas e exposição, o “Chiaroscuro” manteve o desempenho dos anteriores?
Pitty: Os tempos são outros, e nós também somos outros. Guardando as proporções de mercado ao longo desse tempo, o “Chiaroscuro” tem se saído melhor que a encomenda. Não é um disco exatamente “fácil”. Apesar de ter canções bem melódicas, se faz necessário uma audição mais atenta. A sonoridade dele é introspectiva, nada está “de bandeja”, tem muita coisa a ser descoberta ali. As letras exigem uma atenção maior, sempre há uma entrelinha. E o público mais jovem tende a absorver mais rapidamente coisas mais palatáveis, especialmente nesses tempos de coisas bem facinhas. A melhor coisa do “Chiaroscuro” foi ter trazido para perto uma galera mais velha e com referências mais parecidas com as nossas, além de ter mantido os que cresceram desde o nosso primeiro disco e continuam se identificando. Vender disco já nem é de fato um objetivo, é um milagre. Sobre exposição, a grande mídia também mudou de lá pra cá. O espaço para rock (rock mesmo, digo) se estreitou. Mas é sempre um ciclo. Isso tudo é periférico, e não deve influenciar na decisão de se fazer um disco assim ou assado. Para mim mais vale esperar o mundo girar a meu favor do que, a cada nova estação, adquirir uma camuflagem para caber na situação. O que sei é que dos três, o “Chiaroscuro” é o que tenho mais orgulho.
REG: Você disse que não consegue colocar uma nova música nas rádios porque “Me Adora” continua tocando. Por que isso acontece?
Pitty: As rádios têm um número limitado de músicas nacionais a serem tocadas, bem menor que o espaço reservado para as músicas gringas. Isso porque (e eles comprovam em Ibopes e afins) artistas internacionais na programação dão mais audiência. Bom, foi o que eu soube. E aí que “Me Adora” - que de início sofreu uma boa resistência para ser tocada - começou em uma rádio que primeiro abriu o espaço, ganhou força, passou para as outras e não saiu mais das paradas. Continuava entre as mais pedidas mais um ano depois do lançamento, o que me deixa muito lisonjeada. Só que já precisávamos vir com coisa nova, e não é possível ter duas músicas da mesma banda nesse espaço já restrito de programação nacional, além da questão de “Fracasso” ter umas guitarras mais roncantes coisa e tal. Ou a letra, sei lá. Vou te falar que isso tudo sou eu tentando entender, porque no final das contas acho que se tivéssemos feito versões acústicas tinha tocado qualquer uma. Mas a coisa anda tão sinistra que eu soube de gente que não tocou “Fracasso” sob a alegação “não toco uma música com esse título na minha rádio”. Cada um com sua loucura, né?
REG: Você é um dos poucos artistas que são “trabalhados” nos moldes antigos, com pagamento de jabá às rádios e TVs. Você acha que isso ainda funciona?
Pitty: Não é bem assim. Sou de uma gravadora independente que não conta com rios de dinheiro, especialmente em tempos de crise. Nunca soube de jabá em TV - ao menos pra mim, não sei como funciona para os outros. Nas rádios o que sei é de alguns shows promocionais, sem cachê. Isso é tranquilo, porque estou tocando para divulgar o meu som, isso não me incomoda. Ou de promoções com os ouvintes, o que também não me incomoda nem um pouco. Se fosse simplesmente pagar para tocar, teoricamente eu não teria preocupação com singles mais pesados, e não é o que acontece. Cada rádio tem o seu perfil, e a coisa é que não existe mais rádio exclusivamente de rock no Brasil. Rádio grande, digo. Aí fica tudo misturado, padronizado. É ter banda de rock competindo com r&b e pop, que por ter um público maior, naturalmente ganha mais espaço. E o rock fica ali espremido, tímido, tendo que se enquadrar nesse padrão médio para não destoar dentro da programação. Eu já dou murro em ponta de faca demais, isso cansa. E o pior é ficar de “lobo da estepe” na situação, sem nenhum artista ou banda para fazer coro a essas questões. Mas tocar em rádio ainda funciona, e muito, se você quer atingir um público mais massivo. Nem todo mundo tem internet banda larga em casa. Se interessar, até escrevi sobre isso uma vez: www.pitty.com.br/blog.php?id=182
REG: Recentemente você começou um novo projeto, Agridoce, como o guitarrista Martin, bem diferente do que você faz e distante do rock. O que pretende com ele?
Pitty: Exercitar outros lados, tocar piano, aprender a gravar em casa. Laboratório, experimentações. E botar pra fora essa parte mais introspectiva e melancólica que às vezes aparece nas minhas composições. Brincar com outra sonoridade, outro clima. Aproveitar meu tempo de forma criativa. Isso tudo era pretendido desde o começo; nada era no quesito “trabalho”. A coisa começou a chamar atenção e pessoas escreveram e se interessaram por isso, e aí pintou convite pra disco, show. Mas por enquanto, sei lá, a gente só quer fazer mesmo.
REG: O Martin e o Duda também têm outro projeto. Vocês estão cansados de fazer o que fazem ou faz parte tocar algo diferente de vez em quando?
Pitty: Não é cansaço; é muita energia criativa e uma enorme inquietude e curiosidade. Considero isso algo bom. Dá uma renovada, especialmente benéfica para a nossa banda principal. Projeto paralelo é pra isso, pra você gastar outros lados e experimentar novas possibilidades. No meio do ano, por conta de Copa do Mundo e eleições os shows deram uma diminuída. E aí, eu ia ficar fazendo tricô? Fomos ouvir som e fazer música.
REG: Você continua fazendo muitos shows? Tem idéia de quantos faz por ano e o número de cidades?
Pitty: Esse ano foi bem estranho, como eu falei. Pra todo mundo foi assim, todas as bandas sentiram. No fim do ano deu uma embalada boa, mas não sei de números. A média é de dois por fim de semana. Nos primeiros anos de banda fazíamos - sei lá - uns duzentos shows por ano. Hoje, sete anos depois, acho mais importante priorizar a qualidade do que a quantidade. Menos e melhores shows, em melhores circunstâncias. E assim ter tempo para outras atividades criativas.
REG: Depois de três discos bem sucedidos já deu pra comprar muita coisa com o dinheiro que você ganhou? Já dá para parar de trabalhar e só curtir a vida?
Pitty: Mas fazer o que eu faço é que é curtir a vida. Não sei o que seria curtição maior senão isso. Com a grana desses anos pude finalmente ter uma casa, um cantinho pra chamar de meu, isso é o mais precioso de tudo. Morria de medo de, literalmente, não ter onde cair morta. No mais, não tenho grandes sonhos de consumo. Não economizo com discos e livros e filmes, mas morro de pena de gastar com sapato ou roupa, por exemplo. O que considero luxo hoje com a grana que ganhei é poder viajar para festivais gringos e ver bandas fodonas. Me comprometi comigo mesma de uma vez por ano me dar esse presente.
REG: Você já parou para pensar sobre que tipo de público tem formado? A julgar pelos comentários deixados aqui no site, em matérias com você, em geral são pessoas muito novas, que mal conseguem se expressar ou fazer alguma observação interessante. Isso te incomoda?
Pitty: Eu vivo num eterno conflito em relação a isso. Por um lado, esse é o reflexo de ter atingido um grande público, heterogêneo, de várias classes sociais, idades e níveis intelectuais. Isso é, talvez, o “povo”. Por vezes não captam nem entendem todas as minhas referências, nunca ouviram falar dos livros que li ou das bandas que gosto, mas de alguma forma se identificam com meu som. Isso é bom na medida em que talvez a banda sirva de porta de entrada. Alguns desses podem se interessar e serem fisgados para estes assuntos. O lado cansativo é ter que agir didaticamente ou ser tido como um alienígena. Muitas vezes encontro pessoas que dizem gostar do meu som, mas que não têm absolutamente nada a ver comigo. E quando encontro gente que saca do que eu tô falando, é um presente sem tamanho. Tem outra coisa também: o rock no Brasil é extremamente infantilizado, em todas as frentes. Os adultos que curtem rock no Brasil acabam buscando lá fora suas referências e tem uma tendência enorme de desprezar as bandas brasileiras justamente porque aqui, para uma banda se divulgar em larga escala, ela precisa estar numa mídia mais popular ou voltada para os teens. Os adultos roqueiros do Brasil estão um tanto órfãos de boas publicações e canais de TV voltados para o estilo. O rock brasileiro acaba tido como “coisa de criança” e cria-se um enorme preconceito em relação às bandas porque estão todas juntas no mesmo saco - as legais e as bobinhas. Conheço muita gente que curte meu som, mas tem vergonha de dizer diante dos amigos porque admitir que gosta de uma banda brasileira famosa é pejorativo. As independentes tudo bem, é “cool”. Claro que existem sites, publicações e programas mais alternativos que dão conta do recado, mas atingem apenas aquela parte das pessoas que busca a informação de forma mais direcionada. E aí o que acontece é que a gente lida com uma galera mais popular e suas limitações, isso inibe uma galera com referências mais profundas de chegar perto “porque eu não posso gostar da mesma coisa que essas pessoas gostam”, e vira esse ciclo vicioso maluco. Os comentários no site talvez sejam o reflexo disso tudo, e para se pagar as contas confortavelmente com rock no Brasil é necessário atingir muita gente e sair do gueto. Eis aí o dilema.
REG: Você participou do clipe de lançamento do Rock In Rio, e era quase solitária como artista de rock. Como você vê isso?
Pitty: Tranquilamente, tenho consciência de que esse é o perfil do Rock in Rio. Desde o começo sempre teve artistas de outros estilos. Se não me engano Elba Ramalho, Ivan Lins e Moraes Moreira estiveram na primeira edição. Mas tem as grandes bandas de rock gringas também, e tocar num festival desse porte é sempre uma coisa sensacional para qualquer artista.
REG: Como artista grande, você deve se encontrar todo momento (em festivais, programas de TV e eventos) com artistas do mainstream que fazem música de gosto duvidoso - para dizer o mínimo. Como fazer para conviver com essas pessoas?
Pitty: Com civilidade e respeito. Cada um tem direito de fazer o que quer e eu não tenho obrigação de gostar, mas tenho obrigação de ser um ser humano civilizado e saber conviver com as diferenças. Não preciso dar tapinhas nas costas, apenas ser educada e cortês. Posso tranquilamente me dar bem com determinado artista no nível pessoal e não ter o disco dele em casa.
REG: Como você vê o novo chamado novo rock “teen” nacional?
Pitty: Não sei exatamente o que se enquadra nessa categoria ou não. Falam muito dessa coisa do “colorido”, mas, sinceramente, isso é o que menos importa. Não tô nem aí se é colorido, preto e branco ou incolor. Para mim vale a essência e a profundidade da coisa. E por isso, generalizando, vejo uma triste falta de conteúdo. Parecem não prezar pelo aprimoramento da linguagem, da escrita, do questionamento. Nem tô falando de ser panfletário ou algo do tipo, é possível falar sobre coisas leves com um vocabulário mais interessante. A questão é a falta de aprofundamento sobre qualquer assunto. É a superficialidade, a bobice, a falta de “culhão”. Por exemplo, vejo dizerem que o assunto “amor” é o vilão da história, que as bandas só falam disso e etc. E aí me lembro de grandes figuras como Cartola, Noel Rosa ou Morrissey que conseguiram falar de amor com poesia e sensibilidade, abordando lados menos óbvios, e vejo que a culpa não é do assunto. Talvez falte vivência, mesmo. Vejo também uma valorização exacerbada da imagem em detrimento da mensagem. Sou a favor da estética se ela serve pra endossar e comunicar uma idéia. Mas se não há idéia, a imagem é apenas uma embalagem bonita e oca. Um livro de capa deslumbrante e páginas em branco. Falta coragem para falar sobre as coisas nem sempre tão corretas que a gente sente; falta veneno, passionalidade, visceralidade, curva, malícia. Senão fica tudo muito morno e ajeitadinho, bonzinho e bonitinho. E sinto que o rock não nasceu para ser “inho”. O rock é “ão”.
REG: Sobre um novo disco, alguma coisa já agendada?
Pitty: Penso em fazê-lo ano que vem, ainda não sei quando, nem como, nem o quê. Tenho alguns embriões de idéia por aqui, mas vou deixar isso amadurecer no tempo certo. Um projeto de cada vez, e agora é hora de clipe novo e DVD.
REG: Imagino que o que você ouve hoje seja diferente daquilo que ouvia antes da fama. Isso muda na hora e definir que tipo de som vai fazer?
Pitty: Na real é diferente não por questão da fama, mas sim da passagem do tempo e do conhecimento de coisas novas. O que eu ouço hoje não anula o que eu ouvia antes, mas soma. Na hora de fazer som tudo aparece muito mesclado, os de hoje e os de ontem.
REG: O que você tem ouvido? Quais bandas têm te impressionado ultimamente, ao vivo?
Pitty: De mais recente que me chapou foi o Grinderman, banda do Nick Cave. Fiquei um tempo obcecada com o disco “Friendly Fire”, do Sean Lennon, mas já melhorei. O novo da Imelda May é massa, o Arctic Monkeys não é tão novo, mas não sai do meu play list. Curto muito a onda “Joy Division” do She Wants Revenge também. De shows, ver o Queens of The Stone Age e o Mars Volta no SWU me deixou abalada emocionalmente, especialmente o QOTSA. Absurdo como os caras são bons no palco.
REG: Você usa as ferramentas da internet com frequência, mas, outro dia, no twitter, te sugeriram para ser adicionada, foram reclamar com você e você protestou. Como vê essa relação artista na web x mundo real?
Pitty: Não lembro desse caso especificamente, mas volta e meia fico de saco cheio quando aparece gente sem noção. É impressionante como algumas pessoas não entenderam a finalidade da ferramenta e te cobram coisas absurdas. Ou mandam duzentas vezes mensagens irrelevantes de “me segue”, “me dá um oi” e criancices desse tipo. Pra quê seguir gente que eu não conheço se mal tenho tempo para ler os dos meus conhecidos? Nem consigo adicionar todos os amigos que quero. Teria que passar a vida na frente do computador, e ainda assim não daria conta, e ainda assim teria alguém reclamando “que não dá atenção”. Talvez a culpa seja dessa relação nociva de vassalagem que se estabeleceu entre banda e público, esse toma lá dá cá. “Goste de mim porque te mando beijo, digo que te amo, supro sua carência afetiva”. Acho perigoso esse paternalismo porque o que realmente importa, que é a música, acaba ficando sempre em segundo plano. Tem gente que aposta nisso como moeda de troca, se utilizando dessa carência para barganhar mais votos em prêmios ou coisas assim. Não quero que gostem de mim por causa disso, quero que gostem porque minha música os diz alguma coisa, porque se sentem tocados profundamente por ela. Eu não tenho nada a oferecer que não sejam minhas canções e minha própria confusão enquanto ser vivo - também em forma de arte. Se isso os alimenta, ótimo, me sinto recompensada. Se não, é hora de questionar se estão ali pela música ou pelo oba-oba. Ainda assim, a internet é um ótimo lugar pra dividir idéias e aprender coisas, e nesse caminho já conheci muita gente que valeu a pena e me acrescentou muito, portanto, valorizo bastante esse meio de comunicação.
REG: Você também sempre atualiza o seu blog e, no twitter, se intitula como “escrevedora”. Essa é uma vocação deixa de lado pela carreira artística ou as duas coisas caminham juntas?
Pitty: As duas coisas caminham muito juntas. Mas eu escrevo compulsivamente e obsessivamente, e preciso de mais lugares para escoar esses escritos além das letras de músicas, por isso o blog. Um dia, se eu tomar coragem, quem sabe faço um livro de crônicas.
REG: Você passou uma temporada em Londres recentemente, num trabalho envolvendo as homenagens aos 40 anos da morte de Jimi Hendrix. Explica como foi esse trabalho?
Pitty: Me chamaram para apresentar um documentário sobre os 40 anos da morte de Hendrix feito em Londres, passando por lugares emblemáticos da carreira dele. Aconteceram eventos especiais na cidade por conta disso, a casa dele foi aberta à visitação, com memorabília rara e tudo o mais. Foi sensacional a experiência, aprendi muito. Além disso, teve uma “Rock Tour”, visitando lugares importantes para o rock inglês e ouvindo as histórias das bandas. Conheci o Rainbow Theater, lugar de shows históricos onde, por exemplo, o Pink Floyd tocou o “Dark Side of the Moon” pela primeira vez. Hendrix incendiando a guitarra entrou pra história por causa do (Festival de) Monterey, mas em Londres eu descobri que poucos meses antes do Festival ele havia “testado” essa performance no Rainbow. Trabalhei, mas também me diverti a valer. Turismo etílico nas centenas de pubs, Camden Town e seus vinis, e aventuras por inferninhos do submundo londrino.
REG: Uma vez te perguntei sobre posar nua para uma revista masculina e você disse que não, que isso é uma “banalização da mulher”. No entanto, para uma revista de tatuagens, você mostrou muito mais do que se esperava. Mudou de idéia nessa questão?
Pitty: Claro que não. A diferença está na linguagem e no veículo. Ali era uma revista de tatuagem e comportamento, com matérias bacanas e textos que vão além da coisa da “mulher pelada”. O corpo ali é só mais uma coisa dentro de um todo. O público também é diferente, são outros valores. Meu problema nunca foi o pudor, por mim vivia todo mundo nu. O problema é a mente pequena, é querer a mulher de perna aberta desde que esteja de boca fechada.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

HOJE NÃO TEM programa de rock

Terrível, né ? Mas não se desespere, voltamos na próxima semana, dia 17, esquentando as turbinas para o Aniversário da Aperipê FM. Enquanto isso, você fica com a transmissão da Feira Música Brasil.

Até lá !

¨¨¨
A Feira Música Brasil (FMB 2010) começou nesta quarta-feira, 8 de dezembro, na capital mineira, Belo Horizonte, e a Aperipê FM 104,9 marca presença no evento para trazer as novidades da música brasileira para o público sergipano e também para divulgar a coletânea ‘Music From Sergipe’. De 8 a 12 de dezembro a Aperipê FM vai transmitir boletins informativos e os shows diretamente do local do evento por meio de parceria com a rádio Independência, de Minas Gerais, que vai cobrir a FMB 2010 com a participação das rádios afiliadas da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub).

Da Aperipê FM, participam na cobertura Edézio Aragão e Léo Levi, respectivamente diretor geral e de programação da emissora. “Nossa atuação na Feira Música Brasil é de suporte técnico, comentários, pesquisa e edição dos boletins junto à ARPUB”, explica o diretor Edézio Aragão. As rádios públicas que participam do evento estão produzindo boletins informativos de 4 a 5 minutos que são atualizados durante todo o dia no site da Rádio Agência Nacional.

Até o domingo, 12 de dezembro, a Aperipê FM terá dois momentos diários de transmissão ao vivo da FMB 2010. Das 15h às 15h30, será transmitido o programa ‘Passagem de Som’ que traz entrevistas com os participantes e organizadores do evento, além de debater assuntos relacionados à feira. A partir das 20h, passam a ser transmitidos os principais shows da Feira Música Brasil até a 1h da manhã. Estão confirmadas as apresentações de Gilberto Gil, Rita Ribeiro, Otto, Orquestra Popular de Recife, Banda Pífanos de Caruaru, UAKTI, Maestro Ademir Araújo, Camarones Orquestra Guitarrística, Toninho Horta e outros grandes artistas. No domingo, 12, último dia do evento, haverá uma grande apresentação que homenageia o cantor Milton Nascimento. Acompanhe as informações sobre o evento, no site da FMB.

Por conta da programação especial FMB 2010 na Aperipê FM, os programas Clube do Jazz, Adrenalina, Programa de Rock, Global Beats e Radiotrônica não serão veiculados no período de 8 a 12 de dezembro, voltando a normalidade na próxima semana.

Fonte: www.aperipe.se.gov.br

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

# 172 - 03/12/2010

Violent Femmes – Discoteca Básica (Revista Bizz#170, setembro de 1999)

Gordon Gano (voz/guitarra/violão), Brian Ritchie (baixo elétrico, acústico e vocais) e Victor DeLorenzo (bateria/ vocais) se inscrevem na tradição dos grandes power trios do rock. Começaram a tocar juntos em botecos de sua cidade natal, Milwaukee, nos cafundós de Wisconsin.

Testemunha de um destes shows - todos acústicos -, James Honeyman-Scott, guitarrista dos Pretenders (morto em 1982) se surpreendeu com o som de Gano e companhia, convidando-os para abrir os concertos da turnê americana da banda de Chrissie Hynde. Foi o bastante para que os Violent Femmes se projetassem: assinaram com o selo independente Slash em 1982 e, um ano depois, lançavam este álbum de estréia, produzido por Mark Van Hecke.

Rústico, cru, mas sempre com frases inspiradas de guitarra/violão, o som da banda se escorava numa cozinha pesada, em que interagiam o baixo frontal de Ritchie e as batidas eficientes de DeLorenzo. A mistura de folk tradicional (especialmente pelo uso ostensivo de instrumentos acústicos) com a pauleira das levadas frenéticas criou alguma coisa que poderia ser definido como country punk. E, além dos instrumentos originais de cada um dos integrantes, Gordon e Brian também se arriscavam com sucesso por incursões pelo violino ("Good Feeling") e pelo xilofone ("Gone Daddy Gone"), respectivamente.

Já as músicas escritas por Gano formavam um capítulo à parte: com uma revolta latente expressa nas letras, elas ressaltavam este conteúdo por meio de arranjos predominantemente acústicos, em pérolas como a abertura com "Blister in the Sun", "To the Kill" (um perfeito espelho da violência do cotidiano) e “Add it Up”(esta última, por sinal, um hino à inquietação juvenil). Tudo isso sapecado por vocais que lembravam o Lou Reed da fase Transformer (disco de 1972).

Os discos posteriores comprovaram a criatividade do grupo, apesar de não contar com a mesma energia bruta. Com projetos mais sofisticados, os Violent Femmes trabalharam com o ex-Talking Heads Jerry Harrison (em The Blind Leading the Naked, de 1986), com o produtor/tecladista Michael Beihom - no disco Why Do the Birds Sing? (1991), em que regravaram "Do You Really Want to Hurt Me?", hit do Culture Club - e desde o CD New Times (1994), substituíram DeLorenzo pelo baterista Guv Hoffman (ex-BoDeans).

As "fêmeas" nunca mais chegaram a ser tão violentas quanto em sua estréia.

por Celso Pucci

* * *

Sempre tive vontade de assistir “Quadrophenia”, o filme (ligeiramente) baseado na ópera-rock do The Who, “pero no mucho” – alguém em cuja opinião confio havia me dito que já tinha visto de madrugada na globo e era só mais ou menos. Ledo engano. É bem menos pretensioso e melhor resolvido que a adaptação de Tommy, por exemplo – bizarrinha e “ligeiramente” afetada, vamos combinar. Felizmente agora está disponível em DVD e pode ser facilmente encontrado a preço promocional – eu comprei o meu num supermercado perto de casa.

O filme, considerado um clássico Cult da cinematografia britânica, retrata a vida de Jimmy, um “mod”, uma espécie de alter-ego de Pete Towsend adolescente. Ele incorpora pra valer os “ideais” do “movimento”, o “lifestile” – sempre em festas regadas a muita soul music da motown, em cima de uma lambreta enfeitada e cheia de retrovisores (a curiosa opção estética surgiu a partir da imposição da lei britânica, que exigia ao menos 1 retrovisor) ou às turras com os “rockers”, a principal gang rival. Mas o tempo vai passando e torna-se evidente a necessidade de se fazer concessões, sucumbir, pelo menos em parte, à realidade da vida. Jimmy vê seus amigos crescerem e, supostamente, “amadurecerem”, se adaptando às exigências castradoras da convivência social. Mas Jimmy não quer crescer, não dessa maneira. O problema é que, ao que parece, ele não sabe muito bem exatamente o que quer. Não pode, por motivos óbvios, continuar sendo um arruaceiro narcisista vivendo a vida como se ela fosse terminar no dia seguinte para sempre, mas também não quer acabar acomodado e barrigudo como seus pais - o dilema típico de todo adolescente “rebelde”. Conseguirá nosso herói escapar das garras do sistema opressor ? Veja e saiba – ou não – ao final da projeção, ao som da bela "Love, Reig O´er Me", do The Who

Grande roteiro, grandes atuações, excelente reconstituição de época e a presença de um jovem Sting como o “mod modelo” que no final das contas, quando o glamour da noite passa e é necessário se render à rotina do dia a dia, se revela apenas um ...

BELL BOY !!!!

Clássico.

A.

* * *

(Wikipedia): Mod (abreviatura de Modernismo) é uma subcultura que teve origem em Londres no final da década de 50 e alcançou seu auge nos primeiros anos da década de 60.

A subcultura mod teve início com algumas turmas de garotos adolescentes com conexões familiares com o comércio de tecidos em Londres em 1958. Esses primeiros mods eram geralmente de classe média, obcecados com tendências da moda e estilos musicais, como ternos italianos bem justos, jazz moderno e rhythm and blues. Sua vida social urbana era impulsionada, em parte, por anfetaminas. É crença popular que os mods e seus rivais, os rockers, foram uma evolução dos Teddy boys, uma subcultura da Inglaterra da década de 50. Os Teddy boys eram influenciados pelo rockabilly norte-americano, usavam trajes Edwardianos e penteados pomposos. No entanto, não existe um contínuo histórico consistente entre os Teddy Boys e os Mods, cujas origens se encontram fora do espectro do rock and roll.

Enquanto o estilo de vida se desenvolvia e era adotado por adolescentes ingleses de todas as classes econômicas, os mods expandiram seus gostos musicais para além do jazz e do R&B, abraçando também o soul (particularmente da Motown), o ska jamaicano e o bluebeat (versão inglesa do ritmo jamaicano). Eles também deixaram sua marca no desenvolvimento da beat music e do R&B britânicos, exemplificados em bandas como Small Faces, The Who e The Yardbirds. Entre as bandas britânicas menos conhecidas associadas ao cenário mod, estão The Action, The Creation e John's Children.

Os mods se reuniam em pubs londrinos como o Goldhawk e o Marquee Club para exibir suas roupas e passos de dança. Eles usavam tipicamente scooters como meio de transporte, normalmente das marcas Lambretta ou Vespa. Uma das razões é que o transporte público encerrava suas atividades relativamente cedo, e as scooters eram mais baratas do que automóveis. Depois que uma lei exigindo a instalação de pelo menos um espelho em motocicletas foi aprovada, os mods adicionaram 4, 10, 32 espelhos a suas scooters como forma de zombar da nova lei.

Outra subcultura jovem, conhecida como rockers (associadas à motocicletas e jaquetas de couro), freqüentemente entrava em conflito com os mods, levando a batalhas em balneários como Brighton, Margate e Hastings. Em 1964, o conflito "mods versus rockers" deu origem a um pânico moral voltado contra a juventude moderna na Grã-Bretanha.

Decadência e remanescentes

Os mods eram produto de uma cultura em constante evolução, e talvez tenha sido inevitável que o cenário acabasse por devorar a si próprio. Quando Bobby Moore levantou a taça da Copa do Mundo no verão de 1966, a cena mod já se encontrava em visível declínio. Quando as culturas psicodélica e hippie surgiram, muitas pessoas se afastaram do estilo de vida mod. A cultura hippie representava um perspectiva calma da vida, em total oposto à energia frenética do mito mod. Bandas como The Who e Small Faces mudaram seus estilos musicais, e não mais se representavam como mods.

Na outra extremidade do espectro, tanto em filosofia quanto em aparência, os "hard mods" (vulgo "gang mods") eram mais violentos do que o resto de seus confrades. Com menos ênfase nas tendências da moda, e com o cabelo raspado bem curto, eles se tornaram os primeiros skinheads. Eles mantiveram a música mod original viva, tomando elementos básicos do visual mod - ternos de três botões, camisas Fred Perry e Ben Sherman, calças Sta-Prest e jeans Levi's - os misturando com acessórios da classe operária, como braçadeiras e botas Dr. Martens.

Ressurgimento e influência posterior

O símbolo usado pelo movimento mod é originário da pop art, e foi baseado no símbolo usado nos aviões da RAF durante a Segunda Guerra Mundial; supõe-se que tenha sido uma evolução da camiseta com um alvo estampado usada por Keith Moon, pois esta foi sua primeira conexão conhecida com os mods.

O filme Quadrophenia, lançado em 1979 e baseado no álbum homônimo do The Who, foi uma celebração do movimento mod, inspirando em parte um revival mod no Reino Unido no final da década de 70, seguido por outro revival na América do Norte no começo dos anos 80, particularmente no sul da Califórnia. Muitas das bandas da época eram influenciadas pela energia do punk rock britânico, e este ressurgimento foi liderado pelo The Jam. Entre outras bandas destacavam-se o Secret Affair, Purple Hearts e The Chords.

O cenário Britpop dos anos 90 demonstrou claras influências mod, com bandas como Oasis, Blur e Ocean Colour Scene.


* * *

(Wikipedia): Por apenas alguns meses em 1964 (de aproximadamente julho a outubro), o The Who mudou seu nome para High Numbers, lançando um single sob este nome antes de retornarem ao mais imaginativo e apropriado "the Who"

Pretensos mods

A mudança deu-se pela associação a Pete Meaden, um mod que durante um curto período foi empresário da banda (Helmut Gorden, um vendedor londrino, também estava envolvido nas negociações de Meaden durante esta época).

Meaden estava disposto a muder o som e a imagem da banda para relaciona-los ao movimento Mod. Isso ficou refletido na escolha do nome "High Numbers", que proclamava a bandeira do movimento.

"I'm The Face" / "Zoot Suit"

A banda gravou um compacto em julho pela Fontana Records, "I'm The Face/Zoot Suit". Ambos os lados foram compostos por Meaden, com o lado-A "inspirado" em "Got Love If You Want It" de Slim Harpo, uma escolha habitual para covers de bandas nessa época (incluindo os Kinks e os Yardbirds). O lado-B é frequentemente associado a "Country Fool", um obscuro número de R&B da banda Showmen de Nova Orleans, embora a semelhança não seja tão explícita como em "I'm The Face". As letras também não passam de uma mistura do jargão "mod" e frases-de-efeito.

Relativamente muito pouco da personalidade do grupo transparece durante o disco. A guitarra de Pete Townshend, particularmente, em nada lembra seus acordes poderosos e os estridentes feedbacks dos singles do Who de 1965; seu ritmo pende mais para o jazz, e parece ser mais o trabalho de um músico contratado. O grupo também gravou mais dois covers de R&B na mesma sessão, "Here 'Tis", de Bo Diddley e "Leaving Here" de Eddie Holland, que, embora mostrando grande vantagem em relação às outras duas músicas, ainda estavam bem longe de suas grandes gravações power pop de 1965. Ambas ganhariam mais tarde um lançamento oficial em compilações dos arquivos da banda.

Retorno

O High Numbers retomou o nome The Who em novembro de 1964, trocando também Meaden pelos empresários Kit Lambert e Chris Stamp. Proposital ou não, a mudança de nome apagou qualquer estigma que poderia vir a ser relacionado ao grupo devido ao fracasso do single do High Numbers, dando ao Who a oportunidade de apresentar em seu primeiro compacto de 1965, "I Can't Explain", a estréia de uma nova banda.

Considerada uma raridade por mais de uma década, "I'm The Face/Zoot Suit" finalmente apareceu em coletâneas nos anos 70, e mais tarde em CD.

* * *

(Wikipedia): Quadrophenia é um filme de 1979 baseado no álbum homônimo do The Who. Estrela Phil Daniels no papel de Jimmy, um mod do começo dos anos 60. Também conta com participações de Toyah Willcox, Mark Wingett, John Altman, Leslie Ash, Ray Winstone e Sting.

História - Na Londres de 1964 Jimmy Cooper é um membro de uma gangue Mod - jovens bem vestidos que dirigem vespas Lambretta. Os mods estão sempre brigando com os Rockers, que vestem jaquetas de couro e dirigem motocicletas. Desiludido com seus pais e seu emprego, Jimmy só encontra uma válvula de escape para sua angústia adolescente quando está com seus amigos mods Dave, Chalky e Spider. Um feriado de três dias é a desculpa para a rivalidade entre as duas gangues chegar às vias de fato, enquanto ambas descem para a cidade litorânea de Brighton para o confronto definitivo.

Quadrophenia é uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Tatcher, documentando o narcisismo movido a anfetaminas da cultura jovem dos anos 60.Foi a estréia do diretor Franc Roddam.

Em 2004 a revista Total Film elegeu Quadrophenia o 35o. melhor filme britânico de todos os tempos.

Trilha sonora:

1. The Who - I Am the Sea
2. The Who - The Real Me
3. The Who - I'm One
4. The Who - 5:15
5. The Who - Love Reign O'Er Me
6. The Who - Bell Boy
7. The Who - I've Had Enough
8. The Who - Helpless Dancer
9. The Who - Doctor Jimmy
10. High Numbers - Zoot Suit
11. Cross Section - Hi Heel Sneakers
12. The Who - Get Out and Stay Out
13. The Who - Four Faces
14. The Who - Joker James
15. The Who - The Punk and the Godfather
16. James Brown - Night Train
17. Kingsmen - Louie Louie
18. Booker T. & the MG's - Green Onions
19. The Cascades - Rhythm of the Rain
20. The Chiffons - He's So Fine
21. The Ronettes - Be My Baby
22. The Crystals - Da Doo Ron Ron
23. High Numbers - I'm the Face

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Fantômas - Cape Fear
Sonic Youth - What a waste
Iggy & The Stooges - Gimme danger
Nine Inch Nails - Hurt (quiet)
The Flaming Lips - Borderline

The Honkers - 12 Hours
The Honkers - 24 Hours from your heart
(Drop Loaded)

(Bloco produzido por Leonardo Bandeira):
Grave Digger - paid in blood
Halford - undisputed
Virgin Steele - pagan heart

The Fall - Choc-stock
That Patrol Emotion - Candy Loves Sattelite
New Model Army - Poison street
Violent Femmes - Blister in the sun

Portishead - silence
Spiritualized - soul on fire
Scarlett Johansson - Song for Jo
Sigur Ros - All Allright

VA/The Who - "Quadrophenia" soundtrack -
# The High Numbers - I´m the face
# The Ronettes - Be my baby
# The High Numbers - Zoot suit
# The Chiffons - He´s so fine
# The Who -
* The Real me
* Love Reign O'Er Me
* I Am the sea