sábado, 28 de janeiro de 2012

# 214 - 28/01/2012

Toda modelo que se atreve a cantar vira tema de ladainha. "Rostos bonitos das passarelas não têm lugar nos palcos", dizem os patrulheiros do "cada um no seu quadrado". Mas o caso da britânica Karen Elson ainda tem um tempero que faz jorrar veneno das más línguas: ela é mulher de Jack White, um dos roqueiros mais cultuados do nosso tempo. A beldade de 32 anos sabia que enfrentaria preconceito por causa do "pistolão", principalmente quando deixou o marido produzir seu disco, "The ghost who walks", lançado no Brasil pelo selo Lab 344. Mas é dela a marca autoral das belas canções de atmosfera country do CD.

- Eu ficava me escondendo pela casa, compondo as músicas em segredo. Não queria a intervenção de Jack nesse início, até porque só sei compor quando estou absolutamente sozinha. Quando ele descobriu o que eu andava fazendo, disse algo como "Por que diabos você estava escondendo isso de mim? Deixa de ser boba e vamos gravar" - conta a modelo-cantora, em entrevista por telefone, imitando a voz brava de Jack.

Karen veio dos subúrbios de Manchester, cidade industrial no norte da Inglaterra. Nos corredores da escola, ouvia PJ Harvey e Nick Cave solitária, já que os colegas curtiam pouca coisa além de Blur e Oasis em meados dos anos 90. Alta, magra e de pele bem branca, fazia o tipo esquisitona. Atraiu sua cota de bullying, mas soube se virar. "The ghost who walks" ("o fantasma que anda") é um apelido cruel da época de ensino médio que, falsamente ignorado na adolescência, voltou martelando a cabeça de Karen quando ela criou os riffs da música-título.

- Eu já queria ser cantora na época da escola, mas achava que era um sonho impossível. A chance de virar modelo foi a oportunidade que apareceu para eu sair da minha cidade e rodar o mundo. Então, eu a agarrei com força - conta.

A moça tinha 16 anos quando foi descoberta por uma agência e, desde então, trabalhou com alguns dos principais fotógrafos de moda, como Mario Testino e Bruce Weber. Karen também andou quilômetros em passarelas defendendo criações de Marc Jacobs, Alexander McQueen, Dolce & GaBbana e outras grifes badaladas. Ganhou status de supermodelo, mas a vontade de cantar continuava pedindo vez, e a britânica entrou para a Citizens Band, uma trupe nova-iorquina que faz covers em clima de cabaré.

Casamento no Rio Amazonas

A deixa para gravar um disco autoral, no entanto, veio com a mudança para Nashville. A cidade no Sul dos EUA, centro da cultura country, recebeu Karen e Jack logo depois que eles se casaram, numa cerimônia celebrada no leito do Rio Amazonas, em 2005, quando Jack veio com a dupla White Stripes ao Brasil e se apresentou em Manaus.

- Ouço compositores como Gram Parsons e Neil Young há muito tempo. A cultura americana do blues e do country é uma influência forte para mim. Nem saberia dizer desde quando - garante ela.

O casamento e os dois filhos em anos consecutivos geraram a pausa de que a modelo Karen precisava para dar espaço à cantora. Também foi ótimo ter um estúdio muito bem equipado dentro de casa, assim como a ajuda do maridão com fama de midas musical. Além do celebradíssimo e extinto duo White Stripes, Jack comanda as excelentes bandas Raconteurs e Dead Weather. Durante a entrevista, Karen disse que se sentiu intimidada pelo talento da sua cara-metade, mas encarou a experiência como aprendizado.

- Ficava intimidada com ele do meu lado no estúdio, mas por que não aproveitar a minha proximidade com Jack para tornar meu álbum melhor? No início, fiquei nervosa, mas o processo foi muito divertido e inspirador - descreve. - Muita gente não vê com bons olhos uma modelo que grava um CD produzido pelo marido músico. Mas não perco tempo pensando nisso.

Lançado lá fora no início de 2010, o resultado dessa parceria é um disco muito elogiado por veículos como a BBC de Londres e a revista americana "Spin", que chegou a compará-la a Nancy Sinatra. No percurso das 12 faixas, a voz delicada de Karen procura uma textura meio dark, moldando músicas que falam de amores finitos em tom de luto, como "Stolen roses" e "Lunasa". Órgãos e teclados lamurientos ajudam a criar o clima.

- No estúdio, Jack sabia exatamente que instrumentos usar pra chegar a esse tom um pouco dark que eu estava procurando - elogia a cantora, antes de deixar claro que o tal estúdio não está a sua inteira disposição. - Jack está sempre gravando alguma coisa. Tem vários projetos. Se entrar lá, é para trabalhar sério.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/karen-elson-enfrenta-preconceitos-estreia-em-disco-com-producao-do-marido-roqueiro-jack-white-2790984#ixzz1kn6hTa7G

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p. Escarro Napalm Unauthorized Reproductions inc.

por William Helal Filho

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Agora, no programa de rock:

The Who - I Can´t reach you
The Who - Sodding about

Deep Purple - Mandrake root
- por Fabio "snoozer"

Daniel Beleza e os corações em fúria - A caixa
((( Drop Loaded )))

Vermicious Kids - Worm Asylum
Defecation - Life on planet earth is fuckin´n cancerous
Righteous pigs - I Hope you die in a hotel fire
Disharmonic Orchestra - successive substitution
Pestilence - Graves in our mind

Mechanics - Ódio
Diablo Motor - Garota fogo
Suíte Super Luxo - Depois dos Beatles tudo é decadência
Pata de Elefante - o dia em que a casa caiu

The Raveonettes - Recharge & Revolt
PJ Harvey - The colour of the earth
Karen Elson - The Ghost who walks
Siouxsie and The Banshees - Turn to stone

365 - São Paulo

Guido DAmico - Jimmy Boy
Reg Smith & Melody Four - rock and roll
Bob & Lucille - eeny meeny miney moe
Ray St. Germaine - She´s a square
Rock-A-Tunes - Woman forever

Morrissey - Moonriver

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MORRISSEYMORRISSEYMORRISSEY

É oficial: Morrissey volta ao Brasil em março! Depois de muito disse-me-disse nos últimos dias, foram publicadas hoje no site "True to you" as datas e locais dos shows no Brasil, que acontecem em março. O ex-vocalista dos Smiths se apresenta em em Porto Alegre, no Pepsi On Stage, no dia 7; no Rio de Janeiro, na Fundição Progresso, no dia 9; e em São Paulo, no Espaço das Américas, no dia 11. Uma segunda data em São Paulo seria confirmada, no caso de a primeira ter grande procura. Detalhes como valores de ingressos e esquemas de venda dependem das confirmação dos produtores locais.

Abaixo, a transcrição da entrevista publicada recentente na revista Billboard e reproduzida no site Aeropsicodelico. Mais uma da Escarro Napalm Unauthorized Reproductions Inc.

Ele tem uma autobiografia e um disco a caminho, uma coleção luxuosa dos Smiths pronta, nenhuma gravadora e total desinteresse por estratégias de mercado à Radiohead. Aos 52 anos, Morrissey não quer nada com o mundo pop de “McDonna” e não dá bola para a tietagem de Lady Gaga.
Não é supresa que Steven Patrick Morrissey tenha um problema pra resolver com o mundo. Faz quase dois anos e meio desde que saiu o último álbum do influente cantor pop com voz de barítono – Years Of Refusal (Decca/Universal) – e, de lá para cá, o ex-líder dos Smiths já superou um monte de obstáculos. Ele compôs seu décimo álbum solo “que paira de maneira selvagem contra os limites”, estreando três músicas: "Action Is My Middle Name", "The Kid's A Looker" e "People Are The Same Everywhere", na rádio BBC em junho.
Mas, como Morrissey revelou recentemente, nenhuma gravadora irá lançar o material para sua legião internacional de devotos, que têm se fixado em sua letras com influência do estilo de Oscar Wilde (1854-1900) há quase 30 anos. Ele continua a excursionar, como andou fazendo até o início de agosto em sua terra, o Reino Unido, e pela Europa (“eu precisaria herdar uma fortuna se quisesse ir à América do Sul”, declara o sarcástico cantor).
Ele tem pronta uma autobiografia que, reitera, não será publicada até dezembro de 2012. Na lista de notícias espantosas do mês passado, fãs ficaram sabendo que Moz foi atacado por um cão em Malmö, na Suécia, tendo sofrido ferimentos no dedo indicador. Outra novidade é a caixa The Smiths Complete – Deluxe Collectors, com todo o material da banda em CD e vinil, em pré-venda pela Rhino Records, pela bagatela de R$ 640. Mas, com sua forma de se expressar muito pessoal e explícita, Morrissey, de 52 anos, ainda está detonando. Ele fala à Billboard como o mundo da música está sufocado, de como seu contrato com a Universal desmoronou e de como reagiu à tietagem de Lady Gaga. E, do jeito que só Morrissey poderia fazer, desafia Madonna a ser um pouco mais como a legendária Edith Piaf. Como declarou em seu single exagerado de 1989, "The Last Of The Famous International Playboys": "Oh, I can't help quoting you / 'Cause everything that you said rings true" (Não posso evitar citar você/ Porque tudo o que você disse soa verdadeiro). Amém.

Billboard: Você recentemente tocou no festival de Glastonbury e no Hop Farm (festival britânico de música) e em festivais como Coachella no passado, onde você foi uma grande atração. Imagino que essas performances o coloquem cara a cara com muitas bandas novas – muitas das quais com certeza citam você como influência. Alguém chegou a declarar isso pra você agora?
Morrissey: Muitos fazem isso e cada ano parece trazer uma nova safra de bandas que me dirigem cumprimentos lisonjeiros. As músicas dos Smiths com certeza têm uma impressionante longevidade. Até a Lady Gaga disse pra mim: “Você me mostrou como se faz”. Não tenho ideia do que ela queria dizer com isso.

Como foi amplamente noticiado, você não tem contrato com gravadora, mas você tem um novo álbum pronto para ser gravado. Houve algum contato com algum selo desde que começou a falar do assunto por aí?
Nenhum. A Universal disse que está interessada, mas a comunicação deles tem intervalos que duram oito semanas, por isso é óbvio que não estão falando muito sério.

Como, exatamente, você acabou ficando sem gravadora? O que aconteceu com a Universal?
A Universal e meu empresário na época [Irving Azoff] decidiram lançar meu último álbum, Years Of Refusal, durante as semanas do Brit Awards, uma situação na qual alguém como eu não podia vencer, pois sou o exato oposto daquela abominação do prêmio. Eu sofri muito enfrentando a torrente usual de propaganda do Brit Awards, e meu relacionamento com a Universal e com meu empresário foi arruinado devido a suas más escolhas. Tudo importa.

Qual seria o melhor cenário possível para você com este álbum? Tem alguma gravadora em mente? Indie ou grande?
Sou independente por natureza. Sou um artista independente mesmo quando estou numa grande gravadora. A palavra indie não faz mais sentido hoje em dia. Ela foi usada em excesso e as pessoas acham que significa apenas "cabelo verde".

Você recentemente tocou novas músicas na BBC Radio 2. "Action Is My Middle Name", "The Kid's A Looker" e "People Are The Same Everywhere", que aliás, tem títulos sensacionais. De todo o material novo, por que escolheu gravar e estrear essas?
Elas têm uma pegada de "subindo no ringue" que parecia ser algo essencial para transmitir na fase atual.

O que acha do que está acontecendo no mundo da música hoje? Existem figuras dramáticas como Lady Gaga reinando no pop, mas você acha que isso é algo novo e diferente em relação ao que já viu antes?
Eu digo sem amargura que não há nada de novo na ideia de uma mulher que está no controle, mas estou cansado de ver cantoras que não conseguem cantar uma música sem buscar ajuda de 750 dançarinas frenéticas para fazer a parte erótica. Isso é, na verdade, algo fraudulento e o exato oposto de erótico. Edith Piaf era baixinha, sempre vestia um modesto vestido preto e cantava sem a ajuda de cenários ou luzes. E sua voz tonitruava acima dos ventos, com o mais incrível poder de comunicação. Gostaria de ver a McDonna [Madonna] tentar fazer isso.

Do ponto de vista da indústria da música, tudo mudou. Você já se declarou uma espécie de tradicionalista nesse sentido. Quais aspectos dos negócios da música atual mais o frustram?
Apesar de tudo ser aberto, a música parece de repente ter ficado estagnada. Não há músicas sobre consciência social. O ano de 1971 de repente parece muito radical em comparação. Mas não dá para reclamar muito senão você começa a soar como uma freira enclausurada.

Quando você assinou com a Sanctuary, antes de You Are The Quarry, a gravadora reviveu a Attack para seus lançamentos e também foi sugerido que você atuasse como uma espécie de profissional de Artistas e Repertório. Você realmente trabalhou com novos artistas como parte desse processo?
Sim. Eu tive alguns sucessos pessoais com posições na parada para Jobriath, James Maker, Nancy Sinatra, Kristeen Young... Nas regiões mais baixas, mas, como sempre, a execução radiofônica era completamente impossível. Todos eles foram lançados pela Attack, que foi um empreendimento criado por mim e meu empresário da época, Merck Mercuriadis. Foi muito divertido.

Você declarou ao site Pitcthfork recentemente que não tem interesse em ser inovador em termos de lançamento de música por conta própria (como fez o Radiohead). Isso é porque você tem pouco interesse especificamente em estar envolvido no aspecto de business da música ou é alguma outra coisa?
Eu não quero me envolver com orçamentos de marketing, promoções online e esquemas de download porque isso seria mais ou menos como Gertrude Stein [escritora americana, 1874-1946] mapeando uma campanha de TV. Quero cantar. Quero viabilidade. Eu sou, em essência, Al Martino [crooner e ídolo ítalo-americano, 1927-2009], não Seymour Stein [legendário executivo americano de gravadora].

Você tem planos de estender sua turnê atual ou de tocar fora da Europa?
A turnê é incrivelmente cara e, sem patrocínio ou uma tia rica e solteirona, não dá pra viajar muito longe. Preciso herdar uma fortuna para chegar até a América do Sul, por exemplo. A Austrália para mim é como se fosse Plutão.

Você tem um vasto catálogo e obviamente seus fãs têm fortes opiniões de quais músicas querem ouvir num show. Como você decide quais músicas antigas vai incluir no seu setlist?
É algo que faço para mim mesmo. Eu ia achar a ideia de compilar um setlist que não me deixe muito empolgado como algo muito restritivo. Sentir o fogo por dentro é essencial, do contrário, você acaba como o Michael Bublé – famoso, mas sem significado.

Fale-me um pouco da autobiografia na qual está trabalhando. O que originou o desejo de contar sua própria história?
Vejo isso como o apogeu sentimental dos últimos 30 anos. Ela não será publicada até dezembro de 2012, o que me dá tempo bastante para juntar tudo que tenho numa caixa e desaparecer no centro do Brasil. Os inocentes serão nomeados e os culpados protegidos.

Você é uma lenda no mundo da música: fãs o abordam pelas ruas e tatuam sua imagem em seus corpos. Ainda assim, você é conhecido pela natureza autodepreciativa. Você alguma vez parou para pensar sobre esse paradoxo?
O paradoxo é que eu não sinto amor por quem sou como ser humano, mas tenho imenso orgulho da música que faço e acredito que ela ocupa um lugar importante. Outros acham o mesmo também, e as milhares de pessoas com tatuagens do Morrissey com certeza provam algo nesse sentido.

(Por Jillian Mapes)



Rota de fuga ...

Já dizia Caetano que atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Coube ao Tio Maneco, novo “point” alternativo da cidade, a tarefa de reunir a zumbizada disposta a passar longe da folia soteromomesca regada a dinheiro publico do grande empresário Fabieira Olivano. Aliás, mais que um empresário (é fácil ser um empresário bem-sucedido tendo as tetas do estado eternamente à sua disposição), um verdadeiro filantropo, já que, de acordo com a já célebre matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense, o coitadinho não consegue ter lucro, apenas cobrir os custos da empreitada.

Enfim, o fato é que, em pleno Pré-Caju, supostamente a maior previa carnavalesca do Brasil, o Tio Maneco Botequices teve a excelente idéia de bolar uma “Rota de fuga” com três noites regadas ao que de melhor existe na cena “roqueira” da cidade: Julico da Baggios, Snooze e Plástico Lunar.

Aportei por lá na segunda noite para ver os snoozers. Não estava lotado, mas também estava longe de estar vazio. Ambiente agradável, bons petiscos (a batata rústica, temperada a ervas finas, é obrigatória), bom som e, evidentemente, boa banda, em mais uma noite inspirada. Clássicos de composição própria mesclados a ícones do cancioneiro indie, como “Bulldog skin” do Guided By Voices, “100%” do Sonic Youth e “Wave of mutilation” do Pixies, esta com direito a uma menção honrosa ao “exilado” Bruno Aragão. O show foi grande e ótimo, tendo sido brevemente interrompido apenas pela chegada pra lá de inoportuna da Policia ambiental, o que chega a ser inacreditável, já que os edifícios da 13 de julho, naquele momento, deviam estar prestes a vir abaixo com as vibrações sonoras dos verdadeiros tanques de guerra sônica baianos que por lá desfilavam. A Capitania de Sergipe Del Rey, ao que tudo indica, ainda tem dono.

Na noite seguinte haveria uma opção para paladares auditivos diferenciados: um show de punk rock e metal com os mossoroenses do Lei do Cão tocando ao lado dos locais Nucleador, Rotten Horror e Robot Wars – esta última debutando em casa. Foi cancelado, mas para que a vinda dos caras não passasse em branco, transformaram a idéia num ensaio aberto no Centurion Estúdio, do camarada Todynho. Idéia de maluco, evidentemente, já que o estúdio é minúsculo e cabe muito pouca gente, mas que deu pra lá de certo, como muitas idéias de maluco deram ontem, hoje e sempre.

Perdi a Rotten Horror, a primeira a se apresentar, mas cheguei a tempo de ver a tão esperada estréia em terras sergipanas (já tocaram em Salvador) da novíssima Robot Wars, duo crust/grind composto por Silvio Gomes na guitarra e vocal e Ivo Delmondes na bateria. É pesado, rápido e, acima de tudo, intenso. E a guitarra de Silvio é muito bonita. Tão bonita quanto o baixo do baixista da Lei do Cão, que veio a seguir. Grande banda, daqueles “crossover” caindo mais para o hardcore, tipo DRI ou Cryptic Slaughter. O clima estava tão “astral” que até eu, macaco velho meio cansado de guerra, caí no “pogo” – ou “slam dancing”, ou clube da luta, ou o que seja. Destaque para os moshs “ao contrário”, de baixo pra cima, comandados pelo pessoal de Mossoró que veio acompanhando a matilha.

Já estava tudo de muito bom tamanho, quando tive uma agradável surpresa: a Nucleador parece ter encontrado, finalmente, um vocalista pra chamar de seu! Levi Marques, da Trimorfia e do projeto Glossolalia, assumiu o microfone e se encaixou como uma luva – lembro que minha patroinha tinha comentado, num show da Trimorfia, que sua voz cairia bem numa banda de metal, e é verdade. Além da voz, o cara ainda entrega, de brinde, uma excelente perfomance com direito a longos cabelos esvoaçantes – cabelos cheirosos que eu não cheirei, mas flagrei a chilena que tinha vindo à cidade dar uma aula de culinária vegana no Om Shanti cheirando e aprovando. Fecharam a noite com chave de ouro, com direito a um cover de “Beneath the Wheel”, do DRI, para o delírio do que restou da multidão que compareceu ao recinto.

Não foi nenhuma multidão, evidentemente, nem poderia ser. Mas é muito melhor estar num lugar com alguns gatos pingados que estão ali para realmente curtir a noite prestigiando quem se esforça pra fazer algo neste deserto cultural dominado pelo mau gosto do que presenciar o espetáculo deprimente que tem se repetido em quase todas as noites de show no Capitão Cook, com as bandas tocando pra quase ninguém lá dentro e uma verdadeira multidão alimentando o comercio informal que se formou lá fora.

Enquanto isso, no “corredor da folia” ...

Foto tosca e texto "gonzo" por Adelvan

Abaixo, fotos de Michael Meneses

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

# 213 - 21/01/2012

The Who Sell Out (1967): Na definição de Pete Townshend, eles eram no começo "meramente caras com narizes grandes e genitais pequenos tentando estar nas manchetes". OK, mas eram mods, com suas roupas impecáveis e ar invocado, membros de um grupo da juventude britânica que afirmava sua personalidade através de um modo estilizado de se vestir, de um comportamento intempestivo, das gírias e, é claro, das preferências musicais - o soul da Motown e Stax.

Foi nesse ambiente onde circulavam no final de 63, ainda com o nome The High Numbers, que foram descobertos pelos então cineastas Kit Lambert e Chris Stamp. A dupla decidiu empresariá-los e, para isso, trocou seu nome pelo que usavam anteriormente - The Who. O próximo passo foi realçar a aura da rebeldia e violência que impregnava suas apresentações. Assim, Townshend - que já impressionava por suas incríveis peripécias no palco - passou a deixar um rastro de guitarras destruídas por onde o grupo tocava, assim como Keith Moon literalmente demolia o seu kit de bateria após cada show. O complemento ideal era garantido pela técnica calculada do baixista John Entwistle e a presença e voz potente de Roger Daltrey.

Ao longo de 65, surgiriam os primeiros compactos da banda, clássicas composições de Townshend, como "I Can't Explain", "Anyway, Anyhow, Anywhere" e "My Generation", que, ao lado do álbum de estréia - My Generation -, os consolidaria como uma das sensações do rock britânico. No ano seguinte, uma nova sucessão de compactos, o segundo LP - A Quick One - e uma arrasadora tour pelos EUA projetaram definitivamente o nome daquele bando de malucos que tocavam incrivelmente alto, detonando os equipamentos e mesmo os hotéis por onde passavam. Eles estavam nas manchetes.

De volta à Inglaterra, o Who começou a preparar o terceiro LP, com a principal preocupação de abordar o relacionamento entre sua música e os meios de divulgação e consumo a ela associados. O resultado foi The Who Sell Out, que já revelava suas intenções a partir da capa: os quatro membros do grupo em anúncios (Pete com um desodorante, Roger mergulhado em feijão enlatada, Keith com um creme antiacne e John promovendo um curso de musculação). A banda assumia que era só mais um produto à venda.

Musicalmente, o LP foi concebido como se fosse um dos programas das rádios piratas que na época proliferavam em solo inglês, com as canções intercaladas por jingles e anúncios diversos. Desde a abertura, com o psicodelismo de "Armenia City In The Sky" (composta por Speedy Keen) até a longa canção final, "Rael (1 and 2)" - que prenunciava as óperas-rock que se seguiriam -, ficava claro que Townshend direcionava o Who para outras aventuras sonoras, além de suas obsessões mod. Músicas como "Tattoo", "I Can See For Miles" e, especialmente, a etérea "Our Love Was, Is" mostravam uma natural expansão da musicalidade do grupo, sem nunca perder contato com suas raízes.

Esse processo alcançaria a consagração popular com Tommy (68) - um fantasma que iria acompanhar a banda pelo resto de seus dias - e resultaria em mais dois álbuns essenciais: Who´s Next (71) e Quadrophenia (73), este um derradeiro tributo à geração mod. A partir daí, apenas mais dois LPs menos expressivos até a morte de Keith, em 78. Os discos e comebacks realizados desde então só serviram como um triste e interminável epitáfio para uma carreira tão gloriosa. Uma pena.

Fonte: Bizz Edição 60, Julho de 1990

por Celso Pucci

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A Penny Mocks surgiu em 2008 como uma geléia minúscula envolvendo alguns covers e viagens sonoras e de ritmos. Na metade de 2009, cansado de tanta tagarelice musical, Rodrigo Cunha, o estagiário, começou a mostrar algumas de suas composições secretas aos amigos: Bruno Luan (guitarra), João Alberto (guitarra e voz) e Renoir Dantas(bateria). Foi nesse momento, nessa convolução, que o quatro aleatórios, evoluiram para um grupo, que evoluiu para uma banda quase inteira. Com um repertorio inteiramente autoral, a Penny Mocks está engatinhando sua carreira musical, fazendo os primeiros shows no Capitao Cook, em Aracaju-SE e lançando suas primeiras músicas gravadas em um EP de demonstração.

Já desistimos de tentar definir o nosso som com uma palavra só, então definimos nosso estilo com duas palavras: Escuta aí.

Integrantes:
Rodrigo Cunha - Baixo e Vocal
João Alberto - Guitarra e segundo vocal
Bruno Trups - Guitarra
Renoir Dantas - Bateria
Telefone: (79) 88487882
E-mail: pennymocks@yahoo.com.br
Origem: Aracaju - se (Brasil)
Residência: Aracaju - se (Brasil)

Páginas:
http://pennymocks.tnb.art.br/
http://www.myspace.com/pennymocks
www.twitter.com/pennymocks
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Pixies - Hey
Sonic Youth - Massage the history

Judas Priest - Turbo lover
Iron Maiden - Wasted years
Dio - Holy Diver
Ozzy Osbourne - Mr. Crowley

DFC - Molecada 666 (versão demo)

Flowed - Negative air
Flowed - Glow
((( Drop Loaded )))

Eddie - Quando a maré encher (versão demo)
Pato Fu - Spock (versão demo)

Anneke Van Giesbergen - Everything is changing
Penny Mocks - Lacunda (radio edit)

Akira S. e As Garotas que erraram - Swing Basses serie 2
Fellini - Funziona senza vapore
G.U.E.T.O. - Borboleta psicodélica
DeFalla - It´s fucking boring to death

Discoteca Básica: The Who sell out
# Armenia City in the sky incl. 2 Radio London jingles
# I Can see for miles
# Mary Ann with the Shanky hand (US single version)
# Tattoo
# Early Morning cold taxi incl. Radio London News Bulletin
# Our Love was (Take 12 rejected mono mix)
# Summertime blues

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18 anos! ( Snoozing all the time )

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Em tempos de folia dos pracatuns em terras sergipanas, ainda embebecido pela memorável performance, na última sexta-feira, de Fabinho no baixo e voz, seu irmão Rafael na batera, e Luiz na guitarra melódica e recheada de ‘noise’, na ‘Rota de Fuga do Pré-Caju’ promovida pelo ponto mais descolado dos rockers, geeks e alternas da cidade, o boteco Tio Maneco, dou-me conta de que a já lendária Snooze, guitar band, power trio ícone do rock independente de Sergipe, chega à maioridade em 2012, com nada menos que 18 anos de estrada.

Uma trajetória ao mesmo tempo singela, caótica, amável e indefectivelmente adornada por três álbuns bem peculiares, distintos e de incontestável qualidade sonora e poética – o desbravador ‘Waking up, waking down’, o mais-que-intenso e quase testamental e biográfico ‘Let my head blow up’, e o maduro e estético ‘Snooze’. Nas entrelinhas fonográficas, participações em coletâneas de vulto no indie rock brasileiro, shows antológicos nas terras de Serigy e em outros importantes palcos da cena no país, como o Goiânia Noise e Sorocaba.

Na bagagem, com trilha sonora de hits fodásticos, um bocado de estórias, anedotas e memórias imprecificáveis, que de nossas mentes e corações ninguém tira, e sempre estão presentes nas conversas dos encontros e reencontros com os snoozers de hoje e ontem e quem faz parte dessa história.

Como herança, já chega à beira de transpor uma geração de amantes e admiradores aqui, ali e acolá, hipnotizados e entorpecidos pelo rastro de seus guitar riffs e noises marcantes cunhados pelo saudoso Daniel, por Mauro Spaceboy, Marcelo Superdrag, Clínio Jr. e acho que até Duardo, uma cozinha com assinatura inconfundível de Rafael nas baquetas mais ágeis e criativas do pedaço, e a voz grave, afinada e elástica e o baixo presente e forte de Fabinho.

Letras que emocionam pela beleza do simples, com uma poética recheada de amor, desilusão, existencialismo e cotidiano narrados na praticamente inexorável língua-mãe do rock.

E tenho ainda a honra de também ter feito parte dessa saga roqueira, de todas as formas que pude, mas principalmente na canção que dei à luz em parceria com Fabinho – Sing, que figura no terceiro álbum. A única que jamais transpôs os limites do meu quarto e banheiro e chegou a ser prensada numa bolacha fonográfica.

Por isso tudo e muito mais, chamo os brothers and sisters que amam incondicionalmente o rock, e todo o espírito de ele evoca e constrói, para apagarmos 18 velinhas com um sopro intenso e sonoro de parabéns à Snooze, aos snoozers que por ela passaram e aos resistentes e abnegados roqueiros de Sergipe.

E, como diz a minha filhota Isabella, que justo na sexta-feira passada foi ‘batizada’ com a primeira ida a um show da (ou do – nuca resolvemos esta questão de gênero) Snooze, com as duas mãos armadas com o gesto heavy metal que simboliza esse espírito, “É rooooooooooock!”.

por Saulo Coelho

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Pre-caju porra nenhuma ...

Ninguém vai me empurrar a própria alegria goela abaixo. Pouco afeito aos tambores trazidos a peso de ouro da Bahia, o Tio Maneco Botequices preparou uma rota de fuga para os sobrinhos e nos oferece uma alternativa pra lá de interessante para quem não faz do ouvido penico e prefere valorizar a prata da casa ao invés de descer até o chão, obediente aos apelos despejados de cima do trio. Durante o Pré Caju 2012, só vai ouvir porcaria quem não conseguir ultrapassar a faixa de gaza transportada para a Avenida Beira Mar, ou realmente fizer questão de sacodir o corpo feito criança.

Enquanto um lado da cidade ferve ao som dos pracatuns baianos, o Tio Maneco oferece palco, holofote e a atenção da galera para a molecada que faz barulho aqui mesmo em nossa aldeia; Gente que vem colecionando críticas entusiasmadas em alguns dos principais veículos dedicados à música país afora, apesar da miopia escandalosa da imprensa local.Isso tudo sem um tostão de dinheiro público. O tio garante.

Programação – No dia 19 (quinta-feira), abrindo os trabalhos da casa, Júlio Andrade (leia-se The Baggios) executa um repertório de classic rock e blues. Numa relax, numa tranqüila, numa boa.

No dia 20 (sexta-feira), é hora de revirar o baú de memórias. Quem foi adolescente na Aracaju dos anos 90 com certeza ainda guarda aquela fita k7 da banda Snooze. Quem não conhece, não pode perder esta oportunidade. Com influências de Sonic Youth, Weezer, Yo La Tengo, entre outros, a Snooze faz um som atemporal.

Já no dia, 21 (sábado), Plástico Lunar, pela primeira vez no boteco. É isso mesmo, as canções que fizeram a cabeça do público do Psicodálica (SC), a exemplo de ‘Formato cereja’, ‘Sua casa seu paletó’, e muitos outros sucessos, regados a cerveja gelada, no conforto do boteco mais esperto da cidade.

Verão, três dias, e uma rota de fuga. Isso tudo, não custa repetir, sem um tostão de dinheiro público. O tio garante.

Fonte: Spleen e Charutos

por Rian Santos

EM TEMPO:

Para os adeptos do rock "pauleira", há opção também: No dia 21, sábado, a Pela Cena produções estará realizando a quarta edição do Zombeer fest com a presença da banda potiguar Lei do Cão. Abaixo, uma entrevista com eles extraída a forceps do webzine O Inimigo via Escarro Napalm Unauthorized reproductions Inc.

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Lei do Cão é mais uma de Mossoró, cidade que tem sido nos últimos anos reveladora das melhores bandas de rock do RN. E que compram a briga do Do It Yourself com afinco, chegando a tocar no Sudeste, Centro Oeste e Nordeste. Em tours que geram satisfação, reconhecimento, mas quase nenhuma compensação financeira. Outra característica das bandas é um contato próximo com bandas européias, que termina por viabilizar discos. De Mossoró vem a Lei do Cão, liderada por Phillipe Oliveira (vocal e guitarra) e Fernando Lima (vocal e baixo). Em vias de tocar fora do RN, problemas internos adiaram os shows. Mas Phillipe deixa claro que a banda muito em breve está de volta e com mais força.

Leia entrevista abaixo com ele.

Pra começar fale sobre a parceria com a banda húngara Crippled Fox que resultou em um split. Como surgiu a oportunidade e como fluiu o processo de parceria. Por qual selo irá sair, como será a distribuição, custos… E do outro Split também.

Eu costumo dizer que nós fazemos jus ao titulo de uma música nossa, “Relapso”. Esse adjetivo não se encaixa só dentro dos nossos empregos, mas também dentro da própria banda. Somos um pouco preguiçosos quando se trata de trabalho em prol da banda, contatos, merchandising, essas coisas. Isso vai queimar o nosso filme total. (risos) Mas enfim, os húngaros nos descobriram através do myspace, enviaram-nos uma mensagem já com a proposta de lançar um split em vinil e nós claro topamos de cara. A Crippled Fox tem vários splits lançados com outras bandas, acho que eles já pegaram a manhã de lançar discos. Eles têm vários contatos com selos ao redor do mundo. Um dos selos que vai entrar no split é de um dos Fox, o outro é de um cara da Califórnia, a Suburban White Thrash Records. E o outro é um antigo selo meu com Aninho, Hiroshima Recs, que também lançou o CD debut do Cätärro. Os vinis vão ser prensados na Califórnia. Serão 500 cópias distribuídas nos EUA, Europa e Brasil. Nós por enquanto vamos pegar 100 dessas cópias, portanto até a última instância esse número é limitado. Com o outro split foi da mesma forma, na real recebemos convite de várias bandas do brasil, ficamos até meio receiosos por que no final tinhamos que escolher um dos vários convites. Acabamos por escolher o Viollent Illusion que já estava com material pronto e parecia estar em uma sintonia boa com a gente. Esse split com eles vai sair em um esquema mais simples, total DIY, cdzinho silkado e arte feita por nós mesmos e deve estar saindo até o meio do ano.

Fale do processo de produção do disco. Quanto tempo durou, onde foi gravado.

Bom, nós fizemos a captação no Estúdio Voz, em Natal, com os caras do Calistoga: Dante e Henrique. E a mixagem ficou a cargo do nosso amigo de Aracaju, Alex Souza. Ex-Triste Fim de Rosilene e xReverx. Confiamos muito no trabalho dele. Que também fez a mixagem da nossa demo. Nós fizemos a captação em 6 horas, no total de 11 músicas e a mixagem durou cerca de um mês. O processo de mixagem demorou um pouco mais por ser feito contato através de e-mails. Enviávamos um e-mail com a idéia de mudança e tínhamos que aguardar algum tempo até Alex enviar de volta com o resultado. É um processo complicado e um tanto demorado. Mas o resultado foi muito satisfatório, valeu muito a pena a demora.

Como anda a cena mossoroense? Pelo que vi ultimamente algumas bandas tem produzido bastante. Alguma que vocês indicam?

Ao meu ver a música independente de Mossoró nunca esteve em uma fase melhor. Aparentemente as bandas se empolgaram com a estrutura que o Quintura trouxe pra cá, tanto no sentido de ter onde tocar, como o estúdio de ensaios, que até antes não havia nenhum na cidade. As bandas hoje pensam bem mais em gravar, ter uma gravação de qualidade, possivelmente fazer uma tour e tudo mais. Disso tudo tem saído bandas com um grande potencial. Isso na minha mísera maneira de observar o todo. Antes as coisas aconteciam sim, algumas bandas conseguiam ir mais além, mas com bastante esforço, hoje eu vejo que o bar dá um certo suporte as bandas. Vou citar algumas bandas que eu particularmente gosto muito. Tem uma banda nova que está rolando e não gravou ainda, a Warburst Command (Death Metal Old School no melhor estilo Hellhammer). Eu fico falando dessa banda pra todo mundo, a toda hora dizendo que em breve eles vão dominar o mundo. (risos) O Cemitério de Elephantes é uma banda com muito espírito. A Red Boots é outra que eu pago pau há um bom tempo e se eles se empenhassem um pouquinho mais teriam seu merecido lugar na música independente. Admiro bastante essa nova fase do Leões de Minerva, a maneira que eles estão se dedicando e empenhados a colocar a banda pra frente. Sem contar o Mahatma Gangue que acabou de lançar CD-debut agora e o Monster Coyote (antigo Pumping Engines) em nova fase e com músicas novas. Mossoró é a nova Estocolmo do Brasil. (risos)

A banda tem um pé em 3 estilos dentro do rock, mas as músicas não ficam tão distintas. Como adequar essas diferenças pra soar natural? Há uma preocupação na hora de compor?

Na verdade nenhuma preocupação! As músicas vão fluindo naturalmente na hora de compor e no fundo deve vir do inconsciente sim essa junção que você percebeu. Afinal escutamos um bocado de coisa hoje em dia. Mas atualmente é totalmente despretensioso. Antes não, realmente tínhamos uma certa preocupação em ter uma semelhança com as nossas referências, afinal nós nos definíamos como uma banda Thrash/Crossover. Hoje eu acredito que essa barreira foi quebrada e nos sentimos bem confortáveis com a sonoridade da banda e o que ainda está por vir.

Vocês iam tocar em breve fora de Mossoró. Mas aconteceram algumas mudanças na banda. Como estão as expectativas para mostrar esse novo trabalho? Pretensão de irem ao Sudeste novamente?

Que bom que está pergunta ficou por último. (risos) Confesso que estava com um pouco de receio para respondê-la. Mas enfim, nós acabamos furando em João Pessoa, por motivos internos da banda. Então eu só preciso dizer que a banda não vai acabar, nem parar. Pelo contrário, estamos empolgados com a idéia de entrar em uma nova fase, uma fase mais dedicada a banda. Independente se continue com a mesma formação ou não, essa fase vai ser crucial no sentido de produção, turnês, discos e o que vier a cerca disso. Queremos nos jogar no rolé monstro, na vida bandida, no DIY, continuar a ser relapsos engajados. (risos) E sim, queremos em breve mais uma vez descer pro sudeste e também nordeste. Vamos ficar em stand by por um curto período, mas logo que estivermos afinadinhos e com disco na mão, vamos querer tocar em todo buraco que aceitar a gente.

Baixe o lado Lei do Cão, do split, aqui.

por Hugo Morais

Pela Cena apresenta:

ZOMBEER FEST IV

Dia 21/01/2012 - Sábado - 20h
Estacionamento Rua Geru, Centro.
Ao lado da Boate Pipos.


Bandas:

- Lei do Cão (RN) - Crossover
www.myspace.com/leidocao

- Nucleador - Thrash Crossover
www.myspace.com/nucleadores

- Rotten Horror - Punk rock
www.myspace.com/rottenhorror

- Robot Wars - Hardcore
http://robotwars.bandcamp.com/



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

# 212 - 14/01/2012

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O programa de sábado começou celebrando duas das atrações já confirmadas para a edição de 20 anos do Abril pro rock: Cripple Bastards, devastadora banda de grindcore italiana, e Brujeria, que começou como um projeto paralelo encabeçado por Dino Casares, do Fear Factory, e Billy Gould, do Faith No More, e segue sua trajetória espalhando mensagens engrandecedoras direto de Tijuana, Mexico, para todo o mundo. Na sequencia, rock britânica clássico dos anos 80 em versões Ao Vivo e uma faixa do novo disco (mais "roqueiro") de Siba, ex-Mestre Ambrosio.

Depois de mais um bloco dedicado ao rock gaucho, destacamos as bandas que se apresentariam naquela mesma noite no Festival Rockaju*: Cachorro Grande, Matanza, [maua] e Mamutes. Os Mamutes, por sinal, deram o ar de sua graça no estúdio e falaram ao vivo, dentre outras coisas, sobre o videoclipe de "A Dama de branco", que eles acabaram de lançar e você pode assitir clicando AQUI. É bem legal, cheio de referencias a lendas urbanas e filmes gore de zumbi, além de muita farra e rock and roll, como não poderia deixar de ser. Sobrou até para a polêmica do momento, o festival privado e altamente lucrrativo promovido pelo caridoso empresário Fabieira Olivano com generosas doses de recursos públicos.

Relembramos também os 10 anos do antológico show de lançamento do disco "Em Carne Viva", da Karne Krua, que aconteceu no Espaço Emes em 12 de janeiro de 2002. Quem foi, não esqueceu. Quem não foi e quiser ver ou para quem quiser ver de novo (vale a pena), é só passar na loja do Silvio, a Freedom, que fica na Rua Santa Luzia, 151, no centro de Aracaju (próximo à catedral metroplitana) e encomendar uma cópia do DVD com a filmagem do evento.

Fechando tudo, generosas doses de rock "pauleira"

Grato pela audiência,

Adelvan

# # #

* Cheguei tarde ao Rockaju porque inventei de ir comer um McMacaxeira com minha amada patroinha na orla e fiquei preso num gigantesco engarrafamento. Nunca vi tamanha quantidade de gente (e carros!) por lá sem que nenhum grande evento pagodeiro, forrozeiro ou axezistico estivesse acontecendo. Foi impressionante. Aracaju parece estar se tornando, realmente, um destino turístico ...

Mas enfim, fui assim mesmo. Cheguei à meia-noite, perdendo, portanto, os shows da [maua] e do Cachorro Grande. Quase morri de tédio com a mesmice do Matanza, que além das mesmas musicas de sempre e do eterno papo furado de Jimmy perdeu muito de seu "mojo" depois que o líder, fundador, compositor e guitarrista Donida deixou de se apresentar em shows. O guitarrista que o substituiu não é ruim, mas não tem a mesma pegada.

Já os Mamutes arrasaram numa belissima apresentação valorizada por um som bom e bem equalizado - só que pra pouca gente, infelizmente, pois subiram ao palco já perto das 3 da manhã, quando a roqueirada juvenil que ainda está descobrindo as delicias da transgressão e da rebeldia mas só quer ouvir mais do mesmo (no caso, o Matanza) já tinha batido em retirada.

Pelo menos conheci o Iate Clube - nunca tinha entrado lá.

A.

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Blue Cheer - "Vincebus Eruptum" (1968)

Nem Led Zeppelin, nem Black Sabbath, muito menos Deep Purple. Além de terem surgido depois do Blue Cheer, estes grupos "pegavam leve" se comparados ao trio californiano peso-pesado, que foi o verdadeiro inventor do heavy metal. Foi o grupo que projetou os arquétipos da corrente hard/heavy do rock, através de vocais ultra-agressivos, amplificação saturada, microfonias e distorções elevadas, sem falar no visual desgrenhado.

Formado por volta de 1966, em plena San Francisco psicodélica, o Blue Cheer (nome de um tipo poderosíssimo de LSD) contava com o baixista/vocalista Dickie Peterson (egresso de uma banda obscura chamada Oxford Circle), o guitarrista Leigh Stevens e o baterista Paul Whaley. Eram gerenciados por um tal de Gut, que foi um dos fundadores dos Hell's Angels – e, não por acaso, o trio se tornou a banda predileta da violenta gangue de motoqueiros.

Eles já entraram arrebentando na alucinada cena musical vigente em 68, com o álbum de estréia, Vincebus Eruptum. O petardo era aberto com uma das marcas registradas do grupo: a versão absolutamente detonante de "Summertime Blues", hit do rock'n 'roller Eddie Cochran. Só que eles transformaram o rockabilly original no som mais pesado e ensandecido feito até então. O disco seguia com "Rock Me Baby", de B.B.King, em uma cover que levava às últimas conseqüências a eletrificação do blues urbano.
As três canções do grupo presentes no disco - todas compostas por Peterson,também não deixavam por menos.

"Doctor Please" sugeria que o cantor necessitava de ajuda médica para suportar as divagações Iisérgicas, tamanha a demência sonora de seus quase nove minutos, "Out Of Focus" mostrava o lado mais pop da banda com um riff pegajoso permeando a música toda, enquanto a brutalidade musical retornava em "Second Time Around", com andamentos disformes, paradas bruscas e solos extensos - bem antes que isso se tornasse lugar comum e puro exibicionismo, através das décadas seguintes.
Após muito ácido Iisérgico e incontáveis garrafas diárias de destilados, Stevens afinal foi substituído pelo guitarrista do Other Half, Randy Holden. Posteriormente, Peterson mudou toda a formação e incluiu teclados no som do grupo.

Assim, de forma paradoxal, enquanto os tempos iam se tornando mais metálicos, a sonoridade do Blue Cheer ficava cada vez mais amena e rebuscada, até se esgotar em 1970. Houveram algumas tentativas de revival, sem maiores resultados, mas o grupo deixou sua marca sonora nua e crua no rock'n'roll. Distante do virtuosismo de um Jimi Hendrix ou de um Cream, o trio era odiado pela crítica por sua incompetência técnica, sendo que era justamente naqueles "três acordes" com resoluções inusitadas que residiam seus maiores méritos e o charme de sua música. Pioneiros no crossover punk metal, Peterson & Cia. desbravaram os caminhos para formações como The Stooges e MC5 e foram tudo aquilo que a turma de Seattle, neo-hippies e afins tentaram ser, mas nunca conseguiram.

Fonte: "Discoteca Básica" - Revista Bizz Edição 108, Julho de 1994

por Sérgio Barbo

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Cripple Bastards - Dawn of ecology
Brujeria - Padre Nuestro

The Smiths - The Queen is dead - 1986, Live in Los Angeles
Echo & The Bunnymen - The Killing Moon (live)
The Cure - Pictures of you (live)

Siba - Avante

Helvéticos - A solução
Ford Bigode - As Coisas naturais
((( Drop Loaded )))

DeFalla - Repelente
Os Replicantes - One player
Walverdes - Diagonal
Viana Moog - Santo Stereo
Superguidis - riffs

Cachorro Grande - Hey Amigo
Matanza - Alabama/Dashville chainsaw massacre
[maua] - relief
Mamutes - Não saia da trilha (Acustico Aperipê)
+ Entrevista com Mamutes

Karne Krua - Guerra ideológica

Blue Cheer - rock me baby
Jeronimo - Hands
Josefus - Creek
Free - Easy on my soul
Led Zeppelin - Your time is gonna come

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cripple Bastards no Abril pro rock

Cripple Bastards é uma influente banda italiana de grindcore/thrashcore, formada em 1988 por Alberto The Cripple e Giulio The Bastard.

A banda tem dezenas de álbuns e EP lançados, a maioria no formato split-EP com diversas bandas da cena punk/hardcore mundial, lançados e distribuídos de forma independente, seguindo o estilo DIY (Do It Yourself).

Fonte: Wikipedia


O Metal comendo no centro ...

Sábado, 07 de janeiro. Primeira vez que eu volto ao estacionamento da Rua de Santo Amaro, no centro de Aracaju, onde rolou o show do Master, resenhado aqui neste blog. O local continua o mesmo, mas foi com satisfação que constatei que alguns problemas estruturais foram solucionados com um melhor planejamento da utilização do espaço: o palco foi posicionado na parte central, evitando a péssima acústica do fundo, que é mais amplo, e ainda ajudando a arejar o ambiente, já que aquele pedaço do local é semicoberto, o que viabiliza a entrada de uma brisa refrescante e ainda dá ao publico a oportunidade de mirar o céu estrelado enquanto o couro come nos ouvidos.

O melhor posicionamento do palco também melhorou sensivelmente a acústica do ambiente: o som estava num volume intermediário de bom tamanho, sem agredir os tímpanos de ninguém porém também não tão baixo ao ponto de minimizar a potência do ataque sonoro das bandas – que era, invariavelmente, pesado. Era um show de metal “puro sangue”, afinal ...

Resultado: com boas bandas, um bom público (diria que cerca de 250 pessoas), cerveja gelada, refrigerante e churrasquinho à vontade, além de banquinhas vendendo material alternativo, deu no que deu: ROCK!

Cheguei por volta da meia-noite e por conta disso perdi a Berzerkers. Entrei no show da Whipstriker, do Rio de Janeiro, um Power trio influenciadíssimo pelo Motorhead. Muito bom. Mandaram ver numa apresentação energética com excelentes musicas próprias regadas a riffs certeiros e um bom vocal, mas o ponto alto foi mesmo o cover do Discharge, quando o vocalista falou que “todo headbanger deveria ouvir Discharge, assim como todo punk deveria ouvir Venon”. É isso aí – lembrou os tempos dos eventos “united forces” com bandas punk e metal promovidos por Carlinhos “Verruga” no inicio dos anos 90. Foi o que faltou neste caso, aliás: uma pitada do bom e velho punk rock/hardcore, mas não era esta a proposta dos organizadores, evidentemente, então tudo bem. O Whipstriker, mesmo que involuntariamente, cumpriu bem essa função de fugir um pouco da ortodoxia metálica em nome do rock sujo e descompromissado. Só faltou eles proclamarem: “we are whipstriker and we play rock and roll”.

Na sequencia, os mesmos caras, mas com outra banda: Farscape é praticamente o mesmo Whipstriker, só que com um som bem mais thrash e com o guitarrista fazendo os vocais – na anterior era o baixista. Boa também. Bons solos, boas levadas, musicas mais longas porém longe da chatice na qual costuma descambar aquela velha masturbação instrumental metaleira. Aprovado. Aprovadas também as capas dos discos dos caras, que lembram os desenhos clássicos de vários álbuns do estilo dos anos 80. Alguns estavam à venda, inclusive, em glorioso vinil. Uma tentação ...

Fechando a minha noite (não fiquei até o final), Escarnium, banda baiana de Death Metal dos mais esporrentos. Demoraram um pouco para acertar o som, o que foi chato e deu a impressão de que seria apenas mais umas daquelas que só têm uma massaroca sonora sem sentido a oferecer. Não foi o caso. A massaroca sonora estava lá, em toda a sua plenitude, mas o som dos caras tem qualidade e consistência. O baterista tira onda, é muito bom. Altas viradas e coordenação perfeita entre os momentos cadenciados e as batidas ultrarápidas. O guitarrista solo também manda bem, tanto musicalmente quanto na perfomance de palco, e o outro guitarrista segura a onda, além de ser o responsável pelos urros (não dá pra chamar aquilo de vocal, né). Urros que, apesar de serem um tanto quanto desprovidos de personalidade, se harmonizam bem com o conjunto.

E foi isso, leitores. Uma boa noite de rock “pauleira” pra começar bem este ano da graça de 2012 da Era Cristã (cusp). Os que ficaram em casa chocando ovo porque “o lugar é quente”, “o som sempre é ruim”, “só tem gente feia” e demais frescuras que costumamos ler nas redes sociais, perderam. Desta vez, graças ao Satanás, deu tudo certo.

por Adelvan

domingo, 8 de janeiro de 2012

20 Anos de Abril pro rock - primeiras atrações confirmadas

O ano de 2012 será especial para a musica pernambucana: O festival Abril Pro Rock comemora duas décadas de atividades em uma edição especial. É o evento do gênero com mais tempo de atividade em toda América Latina. Período em que foi palco do começo de uma revolução que acontecia na cena pernambucana com o surgimento de bandas como Mundo Livre SA e Chico Science & Nação Zumbi e a criação do movimento manguebeat. De lá para cá, revelou atuais grandes nomes do repertório pop nacional e se firmou como um dos eventos mais importantes do gênero no país.

O Abril Pro Rock 20 anos será nos dias 20, 21 e 22 de abril no Chevrolet Hall. Além das noites principais o evento se desdobra nas oficinas de capacitação profissional e também na programação do APR Club. Como já foi anunciado, a grande abertura será com o primeiro show da nova turnê do Los Hermanos. Grupo carioca revelado no festival e hoje um dos grandes nomes da música brasileira. Agora são anunciadas duas atracões internacionais na tradicional noite de rock pesado do festival: Exodus e Brujeria.

Vindos do berço do thrash metal, a região de Bay Area em São Francisco, o Exodus fará sua segunda apresentação no Recife. Liderados por Gary Holt, considerado um dos melhores guitarristas do mundo, o grupo faz justiça aos fãs locais, já que a primeira passagem deles pela cidade resultou em um show interrompido devido contratempos. Eles estão na turnê do disco Exhibit B: The Human Condition, o décimo de estúdio na carreira. O site Metal Storm, atual grande referencia do heavy e thrash metal online comentou que nesse disco “os maiores arruaceiros da Bay Area fazem o que sabem melhor: causar destruição e esmagar crânios com sua música”.

Quem se apresenta na mesma noite é o Brujeria, banda do México que é considerada um dos maiores representantes do Grindcore. Controversa e polêmica, a banda é cheia de mitos – alguns deles, como o de ser formada por chefões do tráfico de drogas, chegou a ser investigado pelo próprio FBI no passado. Tudo porque eles se apresentam sob pseudônimos e alguns mascarados. Suas musicas, todas em espanhol, falam sobre imigração, perseguição policial e o tráfico na fronteira dos Estados Unidos.

Assim como as outras noites do festival, o sábado de peso devera contar com a presença de bandas que fizeram parte dos 20 anos do APR em apresentações especiais. A produção do festival ainda está em negociação com outras atracões internacionais e deve divulgar, em breve, mais novidades sobre sua programação. O Abril Pro Rock – 20 anos é uma realização da Astronave Iniciativas Culturais.

Fonte: http://abrilprorock.info/

sábado, 7 de janeiro de 2012

# 211 - 07/01/2012

Primeiro programa de rock do ano. Abrimos com duas pérolas do progressivo brasileiro: "Belo Horror", musica de um rarissimo disco coletivo lançado no inicio da década de 70 por Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta. Participaram da gravação também Flavio Venturini, Lô Borges e Vermelho, do 14 Bis. Na sequencia, uma faixa instrumental do Bacamarte.

Novidades: Faixa de um EP de natal lançado no finalzinho do ano passado pelos potiguares da Camarones Orchestra Guitarristica, mais uma nova do Rinoceronte, powertrio de Santa Maria/RS, e o novo projeto de Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden. Depois do Drop Loaded, rock brasileiro independente: Statik Majik e Os Abreus, do Rio de Janeiro, Pindoralia, de Caxias do Sul - RS (gauchos sempre presentes) e Missfight, de Limoeiro do Norte, Ceará (ver entrevista com as meninas abaixo).

Mais: punk rock safra 77 e Metal no Bloco do ouvinte. Fechando a noite, um especial com faixas Ao vivo extraidas do segundo disco da Snooze, "Let my herad blow up". Dia 10 de janeiro este show faz exatos 11 anos. Eu estava lá.

See you later, alligators.

A.

Entrevista com MissFight - http://nalaminadafaca.wordpress.com/2010/12/29/entrevista-missfight-ce/

1. Apresentando a banda: de onde vem o nome? Como surgiu a idéia de montar uma banda formada só por mulheres? Quais são as influências?
(LEILA) Bom, o nome foi mais uma coisa de brincadeira que acabou dando certo. À princípio era um trocadilho com Misfits, mas acabou ganhando um significado legal: Miss, algo como senhora, e uma palavra bem relacionada ao sexo feminino, junto com Fight, acabou ganhando o significado de “Mulher que briga”, “mulher forte, que vai à luta”. A idéia de montar a banda veio mesmo da vontade de tocar, e de fazer alguma coisa diferente numa cidade que não tem praticamente nada. A gente se conhecia pouco, mas um dia conversamos, e surgiu a idéia… Nenhuma das três sabia tocar nada, e o pouquíssimo que sabemos hoje aprendemos na Missfight… Nossas influências estão basicamente no punk, em bandas como Wipers, Dishrags, Ramones, Black Flag, acredito que alguma coisa de garage também nos influencie…

2. Vocês se consideram uma banda feminista? Falem um pouco sobre as letras da demo “Just one more day”, que acabou de ser lançada.
(LEILA) Bom, eu acho que a própria atitude de querer montar uma banda só de meninas já é em si uma atitude feminista, pq já é uma tentativa de fazer fazer algo diferente mostrando que não é só homem que pode ou se interessa por tocar. Não é que nós nos rotulamos como uma banda feminista, pelo menos ao meu ver… mas nós trazemos o feminismo dentro de nós, no nosso dia-a-dia… e isso acaba refletindo de alguma forma nas nossas letras, pq é nelas que nós expressamos os nossos sentimentos… daí a gente acaba colocando, nas letras, nossa opinião sobre algo (acho meio inevitável fugir disso…), e é por isso que nas nossas músicas procuramos incentivar as pessoas a se sentirem mais livres, a não se reprimirem, e não se deixarem levar por padrões, a serem si mesmas, pq essas são as nossas atitudes e sentimentos enquanto pessoas… acho q a gente tenta passar algo voltado não só para as meninas, mas para os homens também, e acredito que essas são idéias pelas quais passa o feminismo… Acabamos sendo sim uma banda feministas nesse sentido… sem precisar falar especificamente de feminismo.

3. Como é ter uma banda de punk rock, composta por mulheres; pensar e pregar a diversão num espaço sexista como são muitos shows de hardcore/punk rock?

(LEILA) Eu acho de extrema importância festivais e bandas encabeçados por meninas. É uma forma de mostrar que as mulheres também podem fazer e se interessam por isso. Ter meninas na frente de bandas e da organização de festivais demonstra várias coisas e derruba muitos conceitos, pq se acredita geralmente que só homens são “capazes” de fazer. A junção música e postura política, como é o caso do Riot Grrrl, foi uma das melhores coisas que surgiram dentro do próprio punk, porque, no meu ponto de vista, é uma forma divertida de tentar argumentar, de conscientizar, e de expor o feminismo… de tentar romper com aquela idéia de que pra se ter uma postura feminista é necessário ser uma mulher “séria, comportada. sisuda”, aquela idéia de que toda feminista é mal amada e ranzinza. Eu acho q o Riot Grrrl foi também uma forma de romper com isso. Existem várias formas de ser feminista, e ser feminista se divertindo é uma delas. Lembro até daquela “historinha” da Emma Goldman: “Se eu não puder dançar, não é a minha revolução!”… Quanto a questão do espaço dentro da “cena” (nem gosto muito de usar essa palavra, mas não encontrei outra, então vai essa mesmo… hauhauhau), esse nós temos realmente que conquistar, que furar o cerco. Nós, por exemplo, somos de uma cidade de interior onde se predomina o metal, e não o punk, e onde se mantém fortemente a triste idéia de que mulher não toca, e nem aprende a tocar. Nós somos três meninas que não escutávamos metal, e decidimos tocar, e ainda por cima, um estilo que uma minoria de pessoas escutava. Ou seja, tivemos que romper até com esses “padrõezinhos” por aqui. Mas a nossa vontade de tocar era maior que o preconceito dos outros. Tivemos apoio de uns poucos amigos, que apoiaram de verdade, emprestaram instrumentos e local de ensaio, e se dispuseram até a nos ajudar a aprender a tocar, a dar dicas, e essas coisas. Hoje, ainda não somos tão bem vistas assim em nossa cidade, mas nós, como meninas, conseguimos fazer coisas que bandas daqui da região que existem a anos antes da gente nunca fizeram, como gravar, lançar material, por exemplo. Então, eu acredito que cabe a nós, se impor, e mostrar que nos divertimos assim, fazendo o que gostamos e acreditando em nós mesmas. Ter coragem é muito importante, porque nem sempre a gente encontra quem nos apoie, mas tudo depende do que você acredita.

4. Estivemos pensando outro dia, o quanto o grito expulso por uma menina pode ser tão resistente e ser porta voz de uma contra-hegemonia. Queríamos muito que vocês falassem um pouco sobre esse poder que temos e que não costumamos levá-lo em conta: o grito.
(LEILA) Acho que é um pouco disso que falei anteriormente, a questão de se impor. O grito é isso: uma forma de você se impôr, de dizer que chega, que é preciso que algo mude. Penso também que é uma forma de dar um susto, e de acordar as pessoas ao redor para a situação. Toda menina deveria ser incentivada a “gritar”. Acho uma pena que nem todas as mulheres tem a oportunidade de ter contato com idéias feministas, porque as mudanças, inclusive a coragem de dar “o grito” devem vir de um processo de educação que não é repassado. Se isso fosse revisto, muita coisa já teria mudado.

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Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli, Toninho Horta – Belo Horror
Bacamarte – UFO

Camarones Orchestra Guitarrística – El Toro (Link Wray)
Rinoceronte - Qualquer lugar
Primal Rock Rebellion – I See Lights

Enema Noise – Vice
Enema Noise – Out of control
((( Drop Loaded )))

Statik Majik – Statik Majik
MissFight – Just one more Day
Os Abreus – De repente
Pindoralia – As longarinas

The Mekons – Where were you
Angry Samoans – Right side of my mind
The Members – The sound of the suburbs
Resistance 77 – Advance factory units

Hittman – Will you be there
Salamandra – Masters of rock
Death – Trapped in a corner
-> por Joelane

Snooze - Ao Vivo - 11 anos do show de “let my head blow up”

# Let my head blow up
# I Feel you (extended)
# My Gramophone
# Glass Onion/New Pollution
# I´ll be your mirror

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