sábado, 7 de janeiro de 2012

# 211 - 07/01/2012

Primeiro programa de rock do ano. Abrimos com duas pérolas do progressivo brasileiro: "Belo Horror", musica de um rarissimo disco coletivo lançado no inicio da década de 70 por Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta. Participaram da gravação também Flavio Venturini, Lô Borges e Vermelho, do 14 Bis. Na sequencia, uma faixa instrumental do Bacamarte.

Novidades: Faixa de um EP de natal lançado no finalzinho do ano passado pelos potiguares da Camarones Orchestra Guitarristica, mais uma nova do Rinoceronte, powertrio de Santa Maria/RS, e o novo projeto de Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden. Depois do Drop Loaded, rock brasileiro independente: Statik Majik e Os Abreus, do Rio de Janeiro, Pindoralia, de Caxias do Sul - RS (gauchos sempre presentes) e Missfight, de Limoeiro do Norte, Ceará (ver entrevista com as meninas abaixo).

Mais: punk rock safra 77 e Metal no Bloco do ouvinte. Fechando a noite, um especial com faixas Ao vivo extraidas do segundo disco da Snooze, "Let my herad blow up". Dia 10 de janeiro este show faz exatos 11 anos. Eu estava lá.

See you later, alligators.

A.

Entrevista com MissFight - http://nalaminadafaca.wordpress.com/2010/12/29/entrevista-missfight-ce/

1. Apresentando a banda: de onde vem o nome? Como surgiu a idéia de montar uma banda formada só por mulheres? Quais são as influências?
(LEILA) Bom, o nome foi mais uma coisa de brincadeira que acabou dando certo. À princípio era um trocadilho com Misfits, mas acabou ganhando um significado legal: Miss, algo como senhora, e uma palavra bem relacionada ao sexo feminino, junto com Fight, acabou ganhando o significado de “Mulher que briga”, “mulher forte, que vai à luta”. A idéia de montar a banda veio mesmo da vontade de tocar, e de fazer alguma coisa diferente numa cidade que não tem praticamente nada. A gente se conhecia pouco, mas um dia conversamos, e surgiu a idéia… Nenhuma das três sabia tocar nada, e o pouquíssimo que sabemos hoje aprendemos na Missfight… Nossas influências estão basicamente no punk, em bandas como Wipers, Dishrags, Ramones, Black Flag, acredito que alguma coisa de garage também nos influencie…

2. Vocês se consideram uma banda feminista? Falem um pouco sobre as letras da demo “Just one more day”, que acabou de ser lançada.
(LEILA) Bom, eu acho que a própria atitude de querer montar uma banda só de meninas já é em si uma atitude feminista, pq já é uma tentativa de fazer fazer algo diferente mostrando que não é só homem que pode ou se interessa por tocar. Não é que nós nos rotulamos como uma banda feminista, pelo menos ao meu ver… mas nós trazemos o feminismo dentro de nós, no nosso dia-a-dia… e isso acaba refletindo de alguma forma nas nossas letras, pq é nelas que nós expressamos os nossos sentimentos… daí a gente acaba colocando, nas letras, nossa opinião sobre algo (acho meio inevitável fugir disso…), e é por isso que nas nossas músicas procuramos incentivar as pessoas a se sentirem mais livres, a não se reprimirem, e não se deixarem levar por padrões, a serem si mesmas, pq essas são as nossas atitudes e sentimentos enquanto pessoas… acho q a gente tenta passar algo voltado não só para as meninas, mas para os homens também, e acredito que essas são idéias pelas quais passa o feminismo… Acabamos sendo sim uma banda feministas nesse sentido… sem precisar falar especificamente de feminismo.

3. Como é ter uma banda de punk rock, composta por mulheres; pensar e pregar a diversão num espaço sexista como são muitos shows de hardcore/punk rock?

(LEILA) Eu acho de extrema importância festivais e bandas encabeçados por meninas. É uma forma de mostrar que as mulheres também podem fazer e se interessam por isso. Ter meninas na frente de bandas e da organização de festivais demonstra várias coisas e derruba muitos conceitos, pq se acredita geralmente que só homens são “capazes” de fazer. A junção música e postura política, como é o caso do Riot Grrrl, foi uma das melhores coisas que surgiram dentro do próprio punk, porque, no meu ponto de vista, é uma forma divertida de tentar argumentar, de conscientizar, e de expor o feminismo… de tentar romper com aquela idéia de que pra se ter uma postura feminista é necessário ser uma mulher “séria, comportada. sisuda”, aquela idéia de que toda feminista é mal amada e ranzinza. Eu acho q o Riot Grrrl foi também uma forma de romper com isso. Existem várias formas de ser feminista, e ser feminista se divertindo é uma delas. Lembro até daquela “historinha” da Emma Goldman: “Se eu não puder dançar, não é a minha revolução!”… Quanto a questão do espaço dentro da “cena” (nem gosto muito de usar essa palavra, mas não encontrei outra, então vai essa mesmo… hauhauhau), esse nós temos realmente que conquistar, que furar o cerco. Nós, por exemplo, somos de uma cidade de interior onde se predomina o metal, e não o punk, e onde se mantém fortemente a triste idéia de que mulher não toca, e nem aprende a tocar. Nós somos três meninas que não escutávamos metal, e decidimos tocar, e ainda por cima, um estilo que uma minoria de pessoas escutava. Ou seja, tivemos que romper até com esses “padrõezinhos” por aqui. Mas a nossa vontade de tocar era maior que o preconceito dos outros. Tivemos apoio de uns poucos amigos, que apoiaram de verdade, emprestaram instrumentos e local de ensaio, e se dispuseram até a nos ajudar a aprender a tocar, a dar dicas, e essas coisas. Hoje, ainda não somos tão bem vistas assim em nossa cidade, mas nós, como meninas, conseguimos fazer coisas que bandas daqui da região que existem a anos antes da gente nunca fizeram, como gravar, lançar material, por exemplo. Então, eu acredito que cabe a nós, se impor, e mostrar que nos divertimos assim, fazendo o que gostamos e acreditando em nós mesmas. Ter coragem é muito importante, porque nem sempre a gente encontra quem nos apoie, mas tudo depende do que você acredita.

4. Estivemos pensando outro dia, o quanto o grito expulso por uma menina pode ser tão resistente e ser porta voz de uma contra-hegemonia. Queríamos muito que vocês falassem um pouco sobre esse poder que temos e que não costumamos levá-lo em conta: o grito.
(LEILA) Acho que é um pouco disso que falei anteriormente, a questão de se impor. O grito é isso: uma forma de você se impôr, de dizer que chega, que é preciso que algo mude. Penso também que é uma forma de dar um susto, e de acordar as pessoas ao redor para a situação. Toda menina deveria ser incentivada a “gritar”. Acho uma pena que nem todas as mulheres tem a oportunidade de ter contato com idéias feministas, porque as mudanças, inclusive a coragem de dar “o grito” devem vir de um processo de educação que não é repassado. Se isso fosse revisto, muita coisa já teria mudado.

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Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli, Toninho Horta – Belo Horror
Bacamarte – UFO

Camarones Orchestra Guitarrística – El Toro (Link Wray)
Rinoceronte - Qualquer lugar
Primal Rock Rebellion – I See Lights

Enema Noise – Vice
Enema Noise – Out of control
((( Drop Loaded )))

Statik Majik – Statik Majik
MissFight – Just one more Day
Os Abreus – De repente
Pindoralia – As longarinas

The Mekons – Where were you
Angry Samoans – Right side of my mind
The Members – The sound of the suburbs
Resistance 77 – Advance factory units

Hittman – Will you be there
Salamandra – Masters of rock
Death – Trapped in a corner
-> por Joelane

Snooze - Ao Vivo - 11 anos do show de “let my head blow up”

# Let my head blow up
# I Feel you (extended)
# My Gramophone
# Glass Onion/New Pollution
# I´ll be your mirror

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