sábado, 30 de junho de 2012

Vou de aguardente ...

O Hojerizah foi uma das bandas mais talentosas e criativas que a música brasileira já produziu. O grupo lançou apenas dois discos, “Hojerizah”, de 1987 e “Pele”, de 1988, mas algumas músicas que esses LPs trazem estão as melhores composições do rock nacional até hoje. “Senhora feliz”, “Setembro” e “A lei”, por exemplo, possuem melodias e letras fortíssimas, que impressionam por serem atemporais.

Como todo grande artista deste país, que não esteja atrelado ao “sucesso comercial”, o grupo não obteve o reconhecimento merecido. Para recontar essa história, A coluna Cwb Live do jornal Gazeta do povo, de Curitiba, apresenta uma entrevista exclusiva com o vocalista Toni Platão, o baterista Alvaro Albuquerque e o baixista Marcelo Larrosa, passando a limpo a trajetória do Hojerizah.

Os primeiros passos

A saga do grupo teve início em 1983, no Rio de Janeiro. Pouco antes do grande boom do rock brasileiro, alguns amigos se reuniam para começar a tornar realidade um antigo sonho. “Eu tentava fazer algo com uma guitarra e o Larrosa já tirava um baixo, de ouvido, com dignidade. Levávamos algo que chamávamos de som e queríamos montar uma banda. Na verdade ‘montar uma banda’ era uma ideia fixa na nossa cabeça”, relembra Toni Platão, um dos maiores vocalistas de sua geração.

Os amigos Toni e Larrosa não tinham ideia de que formariam uma dos grupos mais influentes da história do rock nacional. “Tudo começou quando eu namorei a irmã do Toni. Nenhum dos dois tocava qualquer coisa. Ele era um cara do futebol e eu era asmático. Entramos para a mesma faculdade, a Universidade Federal Fluminense (UFF), ele no curso de física e eu em arquitetura. Lá conheci dois caras que se inscreveram no festival da Hebraica e precisavam de um baterista. Eu disse que tocava, mas não tinha uma”, conta o baixista.

Após esse contato inicial, a banda acabou encontrando uma baterista que possuía o instrumento, e Larrosa foi novamente convidado, desta vez para ser o baixista do grupo. “Minha carreira musical começou de uma grande mentira. Arrumei um baixo, emprestado por uma semana por um aluno meu, e fomos tocar no festival. Era um rock progressivo do Léo Gatti, um músico que mora em Mauá há muitos anos. Na bateria estava o Rogério Vieira, que viria a se tornar baterista do Hojerizah, anos depois. A primeira vez que ele sentou na bateria foi na passagem de som. Apesar disso tudo, fomos bem”, relembra.

A parceria com o cantor Toni Platão, que foi assistir ao show ao lado de sua irmã, começaria nesse encontro, ainda de forma tímida. “Ele me disse que arranhava um violão. Eu comprei um baixo e começamos a tocar no quarto dele. Logo depois ele largou a UFF e se transferiu para o curso de jornalismo da Faculdade da Cidade. Eu larguei a arquitetura e passei uns seis meses em Aracaju, onde fiz meu o primeiro show profissional com Lula Ribeiro, que mora há muitos anos no Rio de Janeiro”, conta o baixista.

De volta ao Rio, após esse período no Sergipe, Larrosa recebeu um golpe do destino ao conhecer o responsável pela canção mais conhecida do Hojerizah: “Pro’s que estão em casa”. A música foi muito tocada nas rádios de todo o país, na época. “Na volta desta viagem comecei a frequentar o ‘Mosca’, um boteco ao lado da faculdade do Toni onde vários profissionais do álcool se reuniam antes das aulas. Lá eu conheci o Rômulo Portela que, depois, seria o autor de ‘Pro’s que estão em casa’ e ‘Dentes da frente’, e Manolo Kaos Martins, que tinha uma banda com o Flávio Murrah”, relembra.

Nesse ponto da história do Hojerizah, começa a aparecer um dos principais personagens na construção do que viria a ser a banda, o gênio Flávio Murrah. “Voltando à comunicação, na turma que entrei em março de 1982 estava o Manoel Martins, então Manolo Kaos. Ele escrevia letras e delas fazia canções com um antigo colega de colégio, Flávio Murad, depois Murrah. Numa doideira típica da época, e da idade, Manoel me mostrou ‘Não sou normal’ e ‘Tratamento de choque’, duas canções muito interessantes”, conta Toni.

O embrião do grupo estava ali, pronto para dar os seus primeiros passos. Ao marcarem um encontro para assistir a um show no bar Western Club, estava armado o cenário para o surgimento da banda. “Feitas as devidas apresentações, acho que se pode dizer que nasceu o Hojerizah. Manolo no vocal, Flávio na guitarra solo, Larrosa no baixo e eu na guitarra base”, relembra Toni.

O nome do grupo remete à palavra “ojeriza”, que é um sinônimo de aversão. A sugestão foi de Manolo. “Foi dele a ideia do ojeriza. Já tinha o nome e tudo, depois só acrescentamos os dois ‘H’ para dar uma aproximada com ‘hoje’. Uns seis meses depois, o Flávio Murrah também entrou para a faculdade e passamos a tocar na casa do Toni”, conta Larrosa.

Pouco tempo depois, o quarteto se apresentava ao vivo pela primeira vez. “O Ivo Ricardo, baixista da banda Água Brava e colega de faculdade, nos escalou para tocar na festa de formatura da turma de 1982, no salão nobre do glorioso Fluminense Futebol Clube. Conheci um baterista no lendário Western Club, o primeiro palco exclusivo do rock carioca, e tocamos umas cinco músicas”, conta Larrosa.

Depois desta estreia, eles se “concentraram” durante dez dias na fazenda do pai de Toni Platão, onde ficaram compondo e aprendendo as músicas compostas por Flávio e Manolo. Após esse período, um novo show foi marcado, em fevereiro de 1983, desta vez no Western Club, no Rio de Janeiro. Foi aí que o destino forjou o que seria um dos diferenciais do Hojerizah: os vocais. “Uma semana antes o Manolo nos disse que não iria cantar, que a onda dele era formar a banda, e só. Ele queria ser jornalista e a sua missão estava cumprida: juntar o Flávio à nós”, relembra Larrosa.

Arrumar outro vocalista, o que normalmente seria um grande problema, se tornou uma coisa fácil, pois ele já estava ali. “Fizemos testes para ver quem cantaria. Eu e o Flávio não conseguíamos cantar e tocar ao mesmo tempo. Eu mal sabia tocar. Toni era ainda pior na guitarra base e foi, então, escalado para o posto. Ele tocava apenas em algumas músicas instrumentais. Assim começou a banda”, relembra o baixista. O destino colocava, à frente do Hojerizah, uma das maiores vozes da música nacional: Toni Platão. “Como eu estava meio ‘inútil’ na guitarra, tive que assumir o vocal. Minha vida de cantor começa assim, por acaso”, explica Toni.

Após muitos ensaios, e com uma formação definida, o mítico bar carioca testemunhou o nascimento de um dos grandes nomes do rock brasileiro. “Tocar no Western era nosso sonho de consumo. Tanto que, depois de conseguir, só fomos tocar em outro lugar depois que o bar fechou. Às vezes penso que, se não tivesse fechado, poderíamos estar lá até hoje, tocando, bebendo e pendurando as contas. Vi muita gente boa tocando por lá, como o Paralamas. Hoje a casa é um centro espírita. Sério!”, brinca Toni.

O posto de baterista foi o que mais teve substituições no grupo, até a entrada de Alvaro Albuquerque. “Primeiro foi o Rogério, depois o Eduardo, o Paulo Henrique e, de volta, o Rogério, isso tudo entre dezembro de 82 e algum lugar de 84, quando o Alvaro entra e, de fato e de direito, assume o posto de batera do Hojerizah, fixando a formação clássica da gente”, conta Toni.

Alvaro daria ainda mais criatividade ao som do grupo. “O Rogério, baterista deles, era meu aluno de bateria. Além de aulas, eu também alugava o meu estúdio para outras bandas ensaiarem, entre elas o Hojerizah. Quando o Rogério quis sair, o Toni, o Flávio e o Marcelo me chamaram, e eu prontamente aceitei”, relembra Alvaro.

Influências

As influências que o grupo incorporava iam do jazz à música brasileira. “Led Zeppelin, desde sempre, e todos os grandes, de Pink Floyd a Deep Purple, sem esquecer de Beatles, Santana e Neil Young. Mas eu ouvia também desde A Cor do Som e Miles Davis até muito som instrumental. Eu, com certeza, era mais tradicional. Eles eram mais antenados. Através deles eu conheci Echo, Smiths, Tears for Fears etc”, conta Alvaro.

Segundo Larrosa, o rock and roll tradicional era uma referência muito forte para todos. “Toni era fã de Queen, Elvis e Roberto Carlos, tinha pouca cultura musical além disso. Eu era muito eclético, ouvia muita coisa, mas tinha os dois pés no rock progressivo. Flavio era Zepellin e Stones até a alma”, afirma.

Entre essas influências, uma seria especial e mudaria os rumos musicais do vocalista Toni Platão: o camaleão David Bowie. “Em um belo dia, Murrah apareceu lá em casa com o ‘Ziggy Stardust’. Foi um divisor de águas para mim. Muitas possibilidades, até então desconhecidas e, sequer imaginadas, se abriram ouvindo aquele disco. Ouço muito esse álbum, até hoje. Acabo de comprar a edição comemorativa dos 40 anos dele”, conta Toni.

Nessa época, de forma muito diferente de hoje, algumas rádios procuravam levar informação e boa música para o público consumidor de cultura. No Rio de Janeiro havia a famosa “maldita”, a rádio Fluminense FM. “A partir de 83, a nossa fonte de informação musical passou a ser o ‘Rock Alive’, programa do Maurício Valladares na rádio Fluminense. Era quase que uma função religiosa ouvir o programa nas segundas e sextas, às 22h. Eu e o Flávio, geralmente, nos encontrávamos pra ouvir. Era por onde ficávamos ligados no que rolava aqui e fora”, relembra Toni.

O primeiro contrato de gravação

Um dos maiores problemas entre os artistas brasileiros, talvez o maior deles, é conseguir uma gravadora que valorize o trabalho dos músicos. O Hojerizah também encontrou dificuldades. “Foi complicado. Das bandas contemporâneas, creio que fomos os últimos a gravar um álbum. Foi um compacto, em 1984, na BB Records, do Billy Bond, que foi cantor do Joelho de Porco. O engraçado disso é que tínhamos uma proposta pra gravar em um pau-de-sebo da CBS, hoje Sony Music, e preferimos assinar com o Billy para gravar um compacto só nosso. Isso é bem Hojerizah”, relembra Toni. Billy foi uma figura importante nesse começo da banda. “O mais engraçado foi ter conhecido e convivido com Billy Bond, um adorável picareta. Eu era muito fã de Joelho de Porco, foi ótimo”, afirma Larrosa.

Feita a escolha da BB Records, o quarteto entrou em estúdio para gravar a música “Que horror”, o primeiro registro fonográfico do Hojerizah. “Gravamos nosso compacto e fizemos dois clipes muito ‘xexelentos’, mas que passavam direto no programa dele na TV. Por coincidência, o Água Brava era a outra banda do selo BB Records/Polygram. Para a RCA acho que pesou muito a nossa popularidade no Rio de Janeiro. Tínhamos muitos fãs. Eles não podiam ignorar este fato ao montar o selo Plug”, conta Larrosa.

Com a boa repercussão do compacto, principalmente entre os ouvintes da Fluminense FM, o grupo foi convidado para registrar o seu debut. O primeiro LP, intitulado “Hojerizah”, foi gravado pelo extinto selo Plug, criado por Tadeu Valério e Miguel Plopschi e que, na época, abriu espaço para que novas bandas, como o Defalla e o Replicantes, gravassem. “Quem nos chamou para o selo foi o Tadeu Valério. Antes de assinarmos, tínhamos gravado uma demo com quatro músicas, que, curiosamente, teve a participação do saxofonista Ricardo Rente em duas. Apesar de ter sido interessante, pois trouxe uma sonoridade que não estávamos acostumados a ouvir em nossas músicas, nunca aproveitamos esses arranjos em disco”, conta Alvaro. A demo acabou se perdendo na história do grupo. “Eu tinha uma cópia em cassete, emprestei para alguém e, lamentavelmente, nem sei mais onde está”, relembra.

O álbum teve algumas participações especiais. Zé da Gaita tocou na música “Águas”, que acabou não entrando no disco, e o mestre da sanfona, Dominguinhos, emprestou o seu talento para a belíssima “Tempo que passa”. Em “Roma”, como relembra Alvaro, foram usados alguns “recursos” no estúdio. “É uma das músicas do Flávio que mais gosto. Era um clima de fim do mundo. Sempre quis pontuar a tensão da letra e do arranjo de baixo/bateria com algum som inusitado, de vidros sendo quebrados ou algo assim”, conta. E como fazer isso em uma época em que existiam poucos recursos de gravação? Alvaro usou a criatividade. “Na época não existia sampler, então peguei um copo na cozinha da gravadora e, com uma martelada, o espatifei. Gravamos isso em um canal separado e usei em algumas passagens da música”, explica. “Pessoas” também teve a sua dose de experimentação. “Resolvemos, no final da música, desligar o gravador de 16 canais com a master. A música terminava como se houvesse faltado luz no estúdio. O técnico de som não acreditava, falava que era loucura nossa, que nunca ninguém havia feito aquilo com seu gravador”, relembra Alvaro.

O processo de gravação em estúdio seguia um certo ritual. “Quando começamos a gravar na RCA, o Flávio aparecia com umas coisas novas e, de última hora, fazíamos jam sessions à tarde e gravávamos à noite. O processo sempre foi este”, conta Larrosa. O guitarrista Flávio Murrah compunha boa parte das músicas e, no estúdio, a banda trabalhava a canção. “O Flávio vinha com a música quase pronta e o arranjo era coletivo. O Alvaro tinha muita importância nesta hora. Para os LPs, o Flavio começou a vir também com a letra pronta. Antes tinham mais letras em conjunto, minhas ou do Toni”, relembra Larrosa.

A letra de “Senhora feliz”, uma das melhores músicas do disco, também tem as suas histórias. “Ela, apesar de todo o lirismo, vem de uma fase que Flávio estava pegando umas coroas, ou seja, mulheres um pouco mais jovens do que somos hoje”, brinca Toni. O vocalista deu uma “pequena”, mas fundamental contribuição para a música. “Lembro quando o Murrah me cantou essa letra no baixo gávea. Estava tudo pronto, menos a segunda frase. Eu, em uma fase de ouvir samba, Lupicínio e Paulinho da Viola eram meus prediletos, mandei, na lata, ‘perdido na cadência dos dias’. Junto ao fato do meu canto ter uma impostação, confundida com ópera, advinda da minha fissura adolescente por sambas-enredo, (tinha os discos de 72 até 78), estão aí as contribuições do samba ao Hojerizah”, conta.

Algumas músicas desse disco se mostram tão fortes quanto na época em que foram criadas. Qualquer amante da boa música brasileira tem, ainda hoje na cabeça, os versos: “Não vou tomar café, nem escovar os dentes. Vou de água ardente, como o sol que queima a praça”. Composta por Rômulo Portela, “Pro’s que estão em casa” traz um universo lírico de boemia e prazeres ao ouvinte. Larrosa acha difícil explicar a música. “Ela é do Rômulo Portela, um ser que veio na mesma nave que o Ziggy Stardust”, brinca. Toni tenta ser direto no seu entendimento da canção. “Bem, conhecendo o Rômulo fica tudo claro. O sujeito não dormiu, virou esperando um telefonema que não veio e ele sai por aí, a todo vapor. Vapor e o que for preciso, evidentemente”, explica.

“Gritos” era a música com que o grupo entrava no palco, na época. “Ouço gritos que trazem um aviso. Mordem caminhos, preferem os baldios. Forjam ninhos, refúgio dos aflitos e servem, ao cio, fogueiras de perigo”, diz a letra. “É uma canção muito forte, que passou a abrir nossos shows”, relembra Toni. “Belos e malditos” tem um clima soturno impressionante. A criação da letra foi um daqueles momentos “espíritas” que todo compositor tem. “Foi de ‘sopetão’. Assim que terminei a leitura do livro do Scott Fitzgerald, que batiza a canção, ainda deitado na cama, puxei um bloquinho que tinha sempre na mesa de cabeceira e escrevi. Entreguei pro Murrah na hora, a gente era vizinho naquela época. O Flavio musicou e me mostrou no dia seguinte, quase ao mesmo tempo que me pedia o livro emprestado. Ela fala sobre essas rachaduras que a vida vai fazendo na gente, e que não tem mais conserto”, explica Toni.

Alvaro considera “Belos e malditos” e “Senhora feliz” duas das melhores composições do Hojerizah. “Sempre foram músicas de arrepiar o cabelo. Quando as tocava me sentia em outro plano, era algo quase místico”, afirma.

Pele

O segundo álbum, “Pele”, foi gravado em 1988. Nesse disco houve uma evolução de ideias e melodias que acabaram consolidando um “som Hojerizah”, uma espécie de marca do grupo. “Deve ter sido à base de conhaque Dreher. O segundo disco, aparentemente, é mais coletivo. A banda produziu o disco, o que é um fato raríssimo”, conta Toni.

Larrosa acredita que o maior tempo tocando juntos, aliado ao toque jazz de Alvaro, seja a receita para essa “mudança” no som do grupo. “Pegue todas aquelas influências da banda e acrescente mais dois elementos: rock inglês dos anos 80 e Alvaro Albuquerque, o mais jazzista e melhor músico do grupo”, explica. Alvaro também acha que essa característica marcante do Hojerizah foi fruto de muito ensaio. “Nossos primeiros anos ensaiando naquele meu estúdio foram fundamentais para forjar nosso som. Nós o chamávamos carinhosamente de ‘Alvarenga Records’. Provavelmente foi nossa época mais feliz e profícua”, afirma. Um dos fatores que contribuíram para que isso acontecesse talvez tenha sido uma melhor divisão entre as participações nas composições. “No primeiro disco só tinha uma letra minha, ‘Belos e malditos’. No ‘Pele’ são quatro as minhas parcerias com o Flávio”, relembra Toni.

Alvaro tem uma admiração especial por uma das canções do disco. “Uma música pouco conhecida, que quase não tocamos em shows e é uma de minhas preferidas, é ‘Fogo’. Composição belíssima, interpretação marcante do Toni e um arranjo elegantíssimo de bateria, baixo, percussão e violão. Sem falsa modéstia, uma pérola da música brasileira, que pouquíssimos conhecem”, desabafa. "Aonde você vai vê na pele o fogo. O fogo não me trai, envolto e incerto. De onde estou não vejo você sorrindo. Clamas ao anjo que ofertou", diz a letra.

Toni tem sentimentos diferentes em relação aos dois LPs gravados pelo Hojerizah. “O primeiro disco pra mim é o fruto da nossa melhor fase enquanto uma banda, mas, hoje consigo enxergar melhor a beleza das canções do ‘Pele’. Tecnicamente, o ‘Pele’ é muito mal gravado e mixado, por culpa nossa e de mais ninguém”, define Toni.

O fim do Hojerizah

Um ano depois do lançamento de “Pele”, a banda chegava a um precoce fim, para surpresa dos fãs. Os motivos nunca ficaram claros, pois, na visão do público, o grupo tinha muito mais a oferecer. “Foram sete anos na estrada, de convívio diário, mesmo que social apenas. O desgaste é inevitável. Some a isso o desinteresse de gravadoras e a doença do Flávio. Foi impossível continuar”, afirma Larrosa. “Tudo desmoronava e, em 1989, eu decidi sair fora. Quando comuniquei isso, saímos todos juntos”, relembra Toni. Apesar de terem criado uma das obras primas da música brasileira, a relação entre a banda estava se deteriorando. “Minhas lembranças das gravações são muito ruins. Acho que a única pessoa que falava direito com todos da banda era eu”, conta Toni.

Entre os ex-integrantes do grupo parece existir uma certeza de que o trabalho que eles se propuseram a realizar foi concretizado. “Duramos o que tínhamos que durar. Relações se desgastam, independente do afeto que se tem pelas pessoas”, afirma Alvaro.

O legado

Uma banda, quando é boa, deixa a sua marca registrada na história, independente do tempo que ela durar. A música está repleta desses fatos, como os ingleses do Stone Roses, só para citar um exemplo. O Hojerizah nunca teve o reconhecimento que merecia, dentro da história do rock brasileiro. “Por um motivo ou outro, não tivemos um reconhecimento a nível nacional que poderíamos ter alcançado”, desabafa Alvaro.

Algumas atitudes tomadas pelo grupo para manter a sua integridade criativa e moral podem ter contribuído para que o espaço oferecido para eles, aos poucos, se fechasse. “Um fato foi marcante. Quando fomos a São Paulo divulgar o nosso primeiro LP, fomos claros com o departamento de divulgação da RCA: não faríamos programas infantis”, relembra Alvaro. Essa decisão tinha uma razão de ser, no entendimento da banda. “Nossa música de trabalho, ‘Pro's que estão em casa’, cita na letra: ‘vou de aguardente’ e ‘quero dar um tapa’. Era inapropriada para crianças. E qual foi o primeiro programa que eles nos mandaram fazer? Um infantil, cheio de criancinhas nos rodeando”, conta Alvaro.

A decisão de não se apresentar no programa era plenamente justificável, afinal os poderosos das gravadoras, normalmente, não possuem o mínimo tato para saber em que segmento da mídia a sua banda se encaixa, colocando os grupos para se apresentar em qualquer espaço disponível. "Recusamo-nos a fazer e, a partir daí, nossa relação com a gravadora ficou tensa. Eles interpretaram como uma rebeldia nossa quando, na verdade, era uma total falta de sensibilidade deles. Nunca mais sentimos da parte da gravadora uma relação de parceria, ficamos queimados com o departamento de divulgação”, relembra Alvaro.

A vida pós Hojerizah

Depois do fim da banda, cada integrante seguiu o seu caminho. Alvaro continuou atuando como músico. Ele foi o baterista da banda que acompanhava Toni Platão, em seu início de carreira solo, além de ter tocado com Ivo Meireles e Tânia Alves. “Outro trabalho do qual muito me orgulho foi a participação no trabalho solo do Humberto Effe, do Picassos Falsos, um cantor e compositor de primeira grandeza”, afirma Alvaro. Atualmente o baterista é dono, em parceria com a sua esposa, de um bistrô no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, chamado "Da Casa da Táta".

O baixista Marcelo Larrosa também tocou com o ex-vocalista do Picassos Falsos. “A cozinha do Hojerizah foi tocar com ele. Foi uma ótima experiência. Considero o Humberto o mais talentoso compositor daquela geração. Fiquei com ele durante quatro anos. Saí porque tinha que arrumar dinheiro para manter a minha família”, relembra. Larrosa, então, montou uma confecção e uma loja de roupas. “Não deu muito certo e fui trabalhar no estúdio 585, onde fiquei durante seis anos. Lá conheci e toquei com muita gente. No ano 2000 resolvi largar a música e me tornar designer gráfico”, conta.

Toni Platão está envolvido, até hoje, com a sua carreira solo. No momento, ele está gravando o seu quinto disco, que está sendo produzido por Berna Ceppas e deve ser lançado ainda em 2012. Além disso, Toni juntou-se a alguns monstros sagrados da música brasileira em uma superbanda, a “Nunca diga nunca mais!”, com o guitarrista Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, o baixista Dé, ex-Barão Vermelho e o baterista Charles Gavin, ex-Titãs. O grupo está gravando um disco, que deve ser lançado também neste ano. Toni também trabalha na rádio MPB FM, no Rio de Janeiro, no programa Popbola. “É um programa de rádio, aparentemente, sobre futebol. Já temos dez anos no ar, é um grande sucesso no Rio. Começou na extinta rádio Cidade e hoje encontramos pouso na querida MPB FM. É a minha terapia”, afirma.

É possível uma nova reunião?

O grupo reapareceu, em 1999 e 2009, para relembrar os velhos tempos de Hojerizah. “Nos reunimos em 1999, dez anos após o término da banda, com intenção de ter nossos dois LPs lançados em CD. Realizamos alguns shows, nos divertimos e conseguimos atingir parcialmente o nosso objetivo. Foi lançado um CD com quase todas as músicas gravadas nos dois LPs”, conta Alvaro.

Sobre a possibilidade da banda voltar a tocar junto, Toni é taxativo. “Infelizmente, nenhuma”, afirma. Larrosa é mais flexível e deixa em aberto. “Sempre existiu, tanto que comemoramos a cada década o final da banda. Foi assim em 1999 e 2009. Agora comigo aqui (ele mora em Aracaju) é mais difícil, mas nunca se sabe”, explica. Alvaro destaca que o prazer de fazer um som com os seus ex-companheiros ainda existe. “Tocar com o Flávio, o Toni e o Marcelo sempre será uma experiência marcante, mas, uma coisa é levar som com três amigos, outra é se organizar para montar um repertório, ensaiar, agendar shows etc. Podemos até vir a nos reunir em algum futuro distante para tocar juntos, mas realizar shows é algo improvável”, afirma.

O som do Hojerizah continua presente vida dos amantes dos bons sons. Muitos ainda conservam os seus vinis como relíquias. A mensagem que a banda deixa para esses fãs é para não deixarem o nome do grupo morrer. “Façam uma petição, um abaixo assinado, qualquer coisa para que relancem os nossos discos. Não desta forma meia boca como o “Hot 20”. Uma coisa séria, em vinil também. Muita gente ainda não conhece. Nossa música vai continuar por muitas décadas mais”, afirma Larrosa. Alvaro também demonstra consideração pelas pessoas que acompanham a banda, de alguma forma, até hoje. “Obrigado por ajudarem a perpetuar esse nosso trabalho”, declara. É de Toni Platão, a voz das músicas do Hojerizah, a frase final desta matéria. “Obrigado. Vocês fazem valer a pena até os momentos ruins. Os bons então”, afirma.

Quem agradece são as pessoas que gostam de música de qualidade neste país e, hoje, sentem tanta dificuldade em encontrar bandas que preencham a lacuna deixada por grupos como o Hojerizah.

por Marcos Anubis

CWB live 


quarta-feira, 27 de junho de 2012

John Entwistle: Dez anos sem o melhor baixista da história do rock

John Entwistle foi o primeiro baixista a fazer um solo em uma canção rock. Ele nunca teve essa intenção, mas foi convencido pelo guitarrista Pete Townshend e pelo produtor Shel Talmy de que seria uma boa ideia brincar com isso naquele que se tornou o maior sucesso da carreira do Who, “My Generation”.

Em uma entrevista à rádio BBC, de Londres, duas décadas depois do lançamento do single – na Inglaterra, no fim de 1965 –, Talmy disse que o Who era uma banda instintiva, orgânica e furiosa, e que só percebeu o tamanho do som do baixo de Entwistle no estúdio. “Eles tinham gravado ‘I Can’t Explain’ antes, além de ‘Zoot Suit’ como High Numbers, mas foi em ‘My Generation’ que o som alto e pesado de John preencheu a sala. Ele era um verdadeiro guitarra-base, com sua técnica apurada, precisão e velocidade. Era óbvio que seria natural aparecer um solo de baixo com o volume lá em cima. Townshend teve a mesma impressão na hora em que percebi isso”, disse o produtor.

Entwistle, apelidado de “Thunderfingers” (dedos de trovão), foi eleito neste mês pelos leitores da revista norte-americana Rolling Stone como o melhor baixista de todos os tempos no rock.
Talvez fosse desnecessária tal pesquisa, já que há muito tempo é consenso de que o baixista do Who ocupa tal posto. Se as listas de melhores vocalistas e bateristas de rock sempre são polêmicas, devido ao número elevado de candidatos, as de guitarristas e de baixistas sempre foram consideradas “barbadas”. Jimi Hendrix quase sempre liderou as de guitarristas, assim como Entwistle a de baixistas.

O instrumentista do Who sempre desdenhou de tal “título”. Com seu jeito quieto e discreto, sempre foi modesto ao analisar sua carreira. Fã de jazz e de rockabilly, costumava dizer que não conseguia encontrar algo de novo em seu trabalho. Nem sequer conseguia identificar um estilo, quanto mais afirmar ter criado um.

Quem desmitifica a questão é Glenn Tipton, guitarrista fundador do Judas Priest, amigo de Entwistle desde os anos 70 e que o teve como companheiro de banda em dois de seus trabalhos solo, “Baptizm of Fire”, de 1997, e “Edge of the World”, de 2003, creditado a Tipton, Entwistle and Powell (Cozy Powell, baterista fantástico morto em acidente de carro em 1998). “Se é consenso que o heavy metal pode ter nascido a partir dos riffs de guitarra pesados de ‘You Really Got Me’, dos Kinks, o baixo pesado surgiu com Entwistle na mesma época. O som vibrante, gordo e intenso de seu baixo representava uma mudança de postura e de modo de encarar o instrumento. Em uma banda sem guitarra-base, o peso e a melodia que Entwistle imprimia ao som do Who era muito mais do que ritmo, era uma verdadeira base”, afirmou Tipton à revista Guitar World nos anos 2000.

A versatilidade e a genialidade de Entwistle às vezes incomodava Roger Daltrey, o cantor do Who, no palco. Não foram poucas as vezes que o vocalista brincava, mas dando o recado, quando o baixista fazia algum riff em músicas que requeriam tal procedimento: “Para que tantas notas ao mesmo tempo, John?”, perguntava Daltrey, geralmente no começo ou no final de músicas como “Boris The Spider”, “My Wife” ou “The Quiet One”.

John Entwistle morreu em 27 de junho de 2002, em Las Vegas, às vésperas do início de mais uma turnê do Who pelos Estados Unidos. Tinha 57 anos e sofreu um ataque cardíaco após uma noite bebendo brandy (uma espécie de conhaque) e usando cocaína no hotel.

Os demais nomes da lista dos dez melhores baixistas da Rolling Stone mostram algumas surpresas, como Flea (Red HOt Chili Peppers) em segundo lugar, Les Claypool, do Primus, em quinto lugar, e o jazzista Jaco Pastorius, em sétimo lugar.

por Marcelo Moreira

Combate rock

O Ranking:

1 – John Entwistle (The Who)
2 – Flea (Red Hot Chili Peppers)
3 – Paul McCartney (Beatles)
4 – Geddy Lee (Rush)
5 – Les Claypool (Primus)
6 – John Paul Jones (Led Zeppelin)
7 – Jaco Pastorius
8 – Jack Bruce (Cream)
9 – Cliff Burton (Metallica)
10 – Victor Wooten


Elizabeth ...

A voz do Cocteau Twins quebra o silêncio

Podem chorar, fãs de Cocteau Twins: Elizabeth Fraser, a enigmática cantora do grupo, vai quebrar um silêncio de 14 anos. Ela aceitou se apresentar em agosto no festival Meltdown, na Inglaterra (leia entrevista dela ao “Guardian” aqui). Desde a dissolução da banda – e de seu relacionamento com o parceiro Robin Guthrie – em 1998, Fraser não canta suas músicas ao vivo. Ela tem feito raras participações em discos de outros artistas e colaborado em trilhas de filmes. Um disco solo, prometido há anos, nunca aconteceu.

Se você não conhece o Cocteau Twins, sugiro procurar urgentemente os oito LPs de estúdio da banda. São discos capazes de mudar a sua vida. Surgiram na Escócia, no início dos anos 80. Embora seus integrantes odeiem o rótulo, a verdade é que o grupo foi um dos fundadores do “dream pop”, um estilo etéreo, de músicas tranqüilas e lúdicas, com camadas de teclados e guitarras soterradas sob montanhas de efeitos, criando uma atmosfera onírica e envolvente. O destaque era o vocal de Liz Fraser. Ela usava a voz mais como um instrumento, cantando letras indecifráveis, num idioma próprio e ininteligível. O que interessava à cantora, mais que o significado da palavra, era sua sonoridade. A música do Cocteau Twins tinha uma beleza quase infantil. Para mim, sempre sugeriu uma atmosfera de conto de fadas e de ilusão, quase que uma regressão à infância e a épocas mais “puras”. Não parecia música deste mundo.

O Cocteau Twins inspirou muita gente. Difícil imaginar a onda “shoegazer” de My Bloody Valentine, Lush, Ride e Slowdive sem a influência da banda. Portishead, Massive Attack e todo o trip-hop devem muito a eles também.

Outros grupos em que a influência do CocteauTwins é marcante: Sigur Rós, Mercury Rev, Galaxie 500, Spacemen 3, Spiritualized, Air, Explosions in the Sky e Flaming Lips. Até veteranos do som gótico, como The Cure e Bauhaus, e gente como Trent Reznor já falaram da importância de Liz Fraser e Robin Guthrie.

E agora, que o dream pop parece estar de novo na crista da onda, com o sucesso de Beach House, parece ser uma boa hora para redescobrir o Cocteau Twins.

Será que vem uma turnê de reunião por aí?

por André Barcinsky

Blog

quinta-feira, 21 de junho de 2012

snOOze, sempre



A cabeça pendurada na janela do carro era minha, mas podia pertencer a qualquer punheteiro daquela geração. Avenida Francisco Porto abaixo, a gente gastava a madrugada como podia. O dinheiro curto de estudantes já tinha virado um bocado de garrafas vazias embaixo dos bancos. O barato, no entanto, atendia por outro nome. Volume no talo, apesar da resistência de Diego Oliveira (motorista relutante, baixista da saudosa Vitais, o roqueiro mais sossegado que eu conheço), a obra prima da Snooze fritava o nosso juízo. “Come upstairs/ Come up staaaars...”.

Let my head blow up não é apenas o disco mais noizado da banda. Além de alçar a produção musical da terrinha a um patamar até então ignorado pelas nossas fraldas fedorentas de mijo, as guitarras mais espertas da cidade (então a cargo de Mauro Spaceboy e Clinio Jr) ainda atendiam ao propósito catártico sugerido pelo batismo da bolacha. Parece a letra de uma música ruim, mas quem frequentava os shows da Snooze queria se libertar.

Alguns anos mais tarde, a banda gravaria o terceiro disco – sempre estruturada em torno do núcleo formado pelos irmãos Fabinho (baixo) e Rafael Jr (bateria); sempre com a colaboração de guitarristas escolhidos a dedo (Luiz Oliva, detentor do posto, não me deixa mentir). O seu legado, contudo, já havia sido transmitido. Cada faixa de LMHBU carrega a comunhão perfeita entre barulho e espontaneidade com uma urgência do fim do mundo. No meu tempo era assim.

Bateu saudade da banda? Aparece no Tio Maneco. Tal e qual o filho pródigo, Clínio Jr deu o ar da graça e ofereceu o pretexto que os caras precisavam pra acordar a vizinhança com um bocado de noise e experimentação.


"No Meu tempo era assim"

por Rian Santos

jd 

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Apesar das recorrentes mudanças na formação, o trio Fabinho (baixo/ voz), Luiz Oliva (guitarra) e Rafael Jr. (bateria) está há um bom tempo respondendo pelo sn00ze.

O ano era 2007, e Fabinho voltava de um período de 03 anos morando fora. Reassumindo o grupo, com Rafael e Duardo Costa (na banda desde 2004), Luiz é convidado como um reforço na segunda guitarra. Com essa formação, o sn00ze voltou ao reformado BoomBahia, em Salvador, e em shows em Aracaju, no Capitão Cook, e em festivais como o Sonorama e Rock Sertão. Com a ida de Duardo para Salvador (onde hoje integra a Vendo147), desde 2009 o trio remanescente vem tentando compor material para um novo trabalho.

Em 2010, após apresentação no Verão Sergipe (com adição de teclados na formação), o trio gravou uma nova música, “Empty Star” que será lançada como single em 2012, assim como o Tributo ao Second Come (banda carioca que influenciou o sn00ze em sua formação), numa gravação feita em 2011 e disponível na página do selo: http://mmrecords.com.br/201106/tributo-ao-second-come/.

Integrantes:

Fabio Snoozer – Baixo, Voz
Luiz Oliva – Guitarra
Rafael Jr. – Bateria

Histórico:
Trata-se de uma das principais bandas em atividade no Estado, com quase 20 anos de carreira. São 03 CDs e uma fita-demo lançados entre 1995 e 2006, e shows pelo nordeste, Goiânia e no eixo Rio-São Paulo.

Alguns dos festivais que o sn00ze participou incluem:
- Garage Rock (Salvador) – 1996
- Boom Bahia (Salvador) – 1996, 2007
- Rock-SE (Aracaju) – 1998
- Punka (Aracaju) – 2001, 2003, 2004 (..)
- Circadélica (Sorocaba/SP) – 2001
- Goiânia Noise Festival (GO) – 2002, 2006
- Projeto Verão (Aracaju) – 2004, 2010
- Rock Sertão (Glória) – 2007
- Verão Sergipe (Atalaia Nova) – 2010


quarta-feira, 20 de junho de 2012

FREE PUSSY RIOT!

Polícia russa prende fãs do grupo punk Pussy Riot após protesto

A polícia russa prendeu 15 fãs da banda punk de mulheres Pussy Riot nesta quarta-feira (20) por protestarem contra a detenção de três das suas integrantes que invadiram uma catedral e cantaram uma canção de protesto contra o presidente Vladimir Putin.

Os 15 homens e mulheres foram presos por violação da ordem pública quando uma multidão de cerca de 300 assobiaram e gritaram "Liberdade" do lado de fora de um tribunal de Moscou antes de uma audiência em que a detenção das integrantes da banda provavelmente seria prorrogada. "Eles estão violando nossos direitos constitucionais", gritou uma mulher em seu 40 anos antes de ser arrastada para um carro da polícia.

Não houve brigas, mas a multidão segurava faixas exigindo a libertação das três mulheres por causa da performance improvisada em vestidos curtos e máscaras coloridas no altar da Catedral Cristo o Salvador, em Moscou.

A interpretação de uma oração punk chamada "Santa Mãe, jogue fora Putin!" foi um protesto contra a estreita relação entre Putin e a Igreja Ortodoxa, que o apoiou na eleição presidencial que ganhou em março.

O apoio da Igreja a Putin, cujo regime tem sido descrito pelo chefe da Igreja Ortodoxa Russa como um "milagre de Deus", provocou a ira de muitos membros do movimento de protesto anti-Putin que surgiu nos últimos sete meses.

Maria Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich podem pegar até sete anos de prisão por vandalismo durante um ato que ofendeu alguns fiéis russos ortodoxos.

Os advogados de defesa das mulheres presas veem o caso como político e apresentaram um recurso contra sua detenção perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos na terça-feira.

Reuters

g1 






  








 

sábado, 16 de junho de 2012

ACTION !!!!

Atari Teenage Riot promove o caos no Cine Jóia

 

Um show de digital hardcore, num local compacto e com um volume ensurdecedor é garantia de insanide e caos. Mas parece que esquecerem de avisar os funcionários do Cine Jóia disso ...

Depois de 12 anos, o grupo Atari Teenage Riot voltou a São Paulo para uma apresentação única na elegante casa de shows, ali no bairro da Liberdade. E apesar do atraso de meia hora, Alec Empire e Nic Endo precisaram de menos de 15 minutos para esquentar o público com as músicas  ”Revolution Action”, “Activate!” (com um excelente vocal do estreante Rowdy Superstar),  “Black Flags” (a famosa música vendida para o comercial e que Alec Empire fez questão de explicar novamente porque doou todo o dinheiro para o grupo Anonymous)e  “Into The Death”.

De repente, Alec Empire resolve inaugurar o festival de stage divings e se joga nos braços do público que retribui à altura.  E a cada minuto, um fã sube no palco, dá um abraço em Alec Empire e pula de volta. Sem contar que os próprios integrantes da banda também ajudavam o público a subir no palco.
Os seguranças correm para a frente do palco e,  com aquela delicadeza toda, torcem o braço de quem se arriscava no stage diving e arremessavam de volta na cabeça do público.

E  mesmo com Alec Empire pedindo calma e avisando que tudo estava sob controle,  os funcionários não escutavam a banda. O líder do Atari vai até o canto do palco, fala algo para a produção, os seguranças são retirados e o palco é invadido por uma dezena de fãs, que permaneceram ali durante “Too Dead for Me” e “Atari Teenage Riot”.  Uma bagunça no limite extremo de um quebra-quebra generalizado, mas providencial para controlar um pouco os ânimos.

Passado o susto, a grupo aumenta ainda mais volume e consegue deixar “Speed”, “Start The Riot” e “Sick To Death” ainda mais intensas e insanas.  Até mesmo a melódica “Shadow Identity”  ganhou um peso absurdo e mostrou que a vocalista Nic Endo consegue alternar com tranquilidade entre a gritaria e a afinação.

Foram quase 2 horas de show, com um repertório abusando mais das músicas da compilação Burn, Berlim, Burn! (1997) e do recém-lançado disco Is This Hyperreal. Até “No Remorse (I Wanna Die)”,  música lançada em parceria com o Slayer para trilha-sonora de Spawn: the movie, de 1997, apareceu no repertório.

Alec Empire estava tão satisfeito que ainda ficou um bom tempo no palco, esperando a adrenalina baixar, conversando com os fãs, fazendo o seu habitual “discurso contra o sistema” e prometendo voltar em breve.

Mas depois desse show, acho muito difícil o Cine Joia topar hospedar toda essa insanidade novamente.

por Cirilo Dias

Urbanaque

veja aqui

 

ATR, uma entrevista

Um dos principais nomes da vertente mais pesada e hardcore da música eletrônica dos anos 90, o Atari Teenage Riot está de volta aos palcos desde 2010. A recente reunião já rendeu um álbum: "Is this hyperreal?" (2011) é o primeiro trabalho de estúdio do grupo em 12 anos. A banda tocou ontem em São Paulo, no Cine Jóia. Na última vez que estiveram na cidade, há mais de 10 anos, tocaram para mais de 1500 pessoas. Por isso, a possibilidade de um retorno fez um grande barulho nos blogs, mobilizou as redes sociais e agitou a mídia especializada.

O Atari Teenage Riot volta ao Brasil pela iniciativa do publicitário e fã Bruno Tozzini, um dos fundadores do núcleo TEMP (http://pt.wikipedia.org/wiki/Núcleo_TEMP), que fez história entre 2002 e 2007 na cena eletrônica brasileira espalhando o "digital hardcore" e o "breakcore". O primeiro contato de Tozzini com a banda ocorreu no fim de 2011, e logo de início eles manifestaram interesse em voltar ao Brasil. A partir disso, foi criado um evento no facebook, convocando fãs e entusiastas para a empreitada. Centenas se manifestaram e compartilharam a noticia em apenas algumas semanas (www.facebook.com/events/248869361842969/). Em parceria com o Ativa Aí (www.ativaai.com.br ), site de financiamento coletivo, foi criada uma estratégia de ativação com 200 cotas disponíveis, que foram adquiridas em menos de dois dias.

Conhecido por suas letras políticas contra o fascismo e o nazismo, o grupo alemão afirma que pela primeira vez em sua carreira, que começou em 1992, o público finalmente parece compreender a mensagem por trás das palavras ditas nas canções do Atari Teenage Riot. "Sinto que as pessoas não vão mais aos shows pelo 'fator choque'", conta Alec Empire. "Acredito que agora temos mais liberdade, dá pra ousar mais já que as pessoas compreendem melhor".

Diferente do som agressivo que faz com o ATR, o líder do grupo é simpático e bem humorado. Em entrevista por telefone ao G1, o músico abordou temas como o neo-nazismo, o uso de computadores Atari na construção das canções da banda e explicou porquê a reunião quase não aconteceu.

G1 – O Atari Teenage Riot tocou no Brasil há mais de 10 anos. Quais lembranças você tem daquela passagem pelo país?
Alec Empire –
Foi uma loucura. Me lembro de um monte de coisas, porque a banda tinha uma formação muito forte naquela época. Lembro do público ficar muito empolgado e ser muito vivo. Isso foi muito importante para mim. Acredito que esses shows no Brasil tiveram uma grande influência no disco que gravamos alguns meses depois. Lembro que antes de ir ao Brasil era sempre algo como “certo, temos que lançar discos, distribuir e e blá blá blá”. Mas, quando chegamos aí, nada disso importava porque todo mundo sabia cantar as músicas e as pessoas ficaram malucas. Havia muita energia e aquilo é o que deve ser sempre um show do Atari Teenage Riot, sem uma distância entre a banda e os fãs. Acho que isso geralmente acontece nos nossos shows, mas no Brasil isso se elevou. Amamos a experiência.

G1 – Qual foi o motivo da reunião?
Alec Empire –
Não houve um grande motivo, era pra ser só um show em Londres em 2010. Eu nem queria muito fazê-lo, para ser sincero, porque eu tinha terminado um disco solo na época. Mas atrasamos seu lançamento e a Hanin Elias, uma integrante da banda, perguntou se eu gostaria de fazer as pazes e realizar aquele show. Fiquei com um pé atrás, mas também tentado em aceitar, talvez por conta da grande história que temos com Londres. Pensei que ninguém ligaria muito para o show, mas o que eu não sabia é que tinha um público totalmente novo. Foi bem legal também porque adaptamos as músicas, pois se ficássemos apenas presos ao passado não funcionaria. Não foi bem como uma reunião, foi mais como um projeto aberto. Poderia ter dado tudo errado, porém.Ainda acredito que não estava totalmente errado em ser pessimista [em relação à reunião do Atari Teenage Riot] (risos).

G1 – Quais são as diferenças daquele Atari Teenage Riot para o atual?
Alec Empire –
Acho que uma diferença é que antigamente existia uma atmosfera mais niilista, especialmente quando tocávamos no fim dos anos 90, pois parecia que muitos problemas estavam crescendo dentro da sociedade e era como uma maldição com a chegada dos anos 2000. Agora há uma energia mais otimista. Talvez não haja tanto dinheiro ao redor da reunião, mas a motivação é totalmente diferente. Pela primeira vez sinto que as pessoas não vão aos shows pelo "fator choque", mas talvez porque elas realmente entendem sobre o que estamos falando.

G1 – Durante o hiato, não apareceram muitos grupos fazendo um som semelhante ao Atari Teenage Riot. Acredita que a sonoridade que construíram naquela época não pode ser copiada com facilidade?
Alec Empire –
Isso acontece porque só a gente usa computadores Atari dos anos 80 (risos). Ninguém mais usa esse tipo de equipamento louco. Queríamos fazer os shows usando o mesmo tipo de equipamento de antigamente, porque o som da banda e a forma pela qual os beats funcionam dependem disso. Talvez seja um lance de nerds de estúdio, mas há muita verdade nisso. Talvez alguns tentem alcançar esse tipo de som, mas imediatamente faz com que não fique idêntico por não terem o equipamento. Mas também por causa da forma na qual usamos o Atari. O jeito que programamos é diferente. É a filosofia que está na estrutura das músicas, o conceito. 

G1 – O álbum “Is there hyperreal?” é o primeiro da banda desde 1999. Como foi o processo de criação e grvação das canções?
Alec Empire –
Ainda que os temas explorados sejam bem sérios, o ato de fazer música fez com que a gente se divertisse. Voltamos ao básico. Agora entendo, mais do que nunca, o que as bandas punks do final dos anos 70 queriam dizer com o “voltar ao básico”. Com o ATR, a limitação técnica faz com que você se torna criativo por ter que resolver problemas de um jeito diferente. Acho que ficou bom. Os tópicos que abordamos se encaixaram perfeitamente com o som, que está mais parecido com o do primeiro álbum. Mas também não queríamos repetir o que já tínhamos feito. Há uma ponte com o passado, mas sem querer recriar aquilo. Acredito que agora temos muito mais liberdade, pois dá pra ousar mais, uma vez que as pessoas compreendem melhor.

G1 – A banda sempre discursou contra o nazismo. Não acha estranho mesmo hoje em dia vermos neo-nazistas pelo mundo, inclusive em países como o Brasil?
Alec Empire –
Temos muitos problemas na Alemanha, com neo-nazistas atirando na cabeça das pessoas. Faz você se perguntar: “o que está acontecendo? De onde vem isso?” Totalmente louco. Vivemos em um mundo que cresce cada vez mais unido e parece que essas pessoas não querem aceitar essa realidade, portanto sua reação é muito antiquada. Quando ouço alguém dizendo que os alemães são a raça superior, penso: “desculpe, mas isso é uma loucura”. Com o conhecimento que todos temos hoje em dia, é ridículo alguém achar isso. São teorias contraditórias, é muito estranho ainda termos que combater isso nos dias atuais.

G1 – Você nunca parou de fazer música. Como ficará sua carreira solo agora que o Atari Teenage Riot voltou?
Alec Empire –
Eu tenho esse disco que queria ter lançado em 2010. Ouvi ele recentemente e fiquei surpreso em quão diferente é a mistura de sons e em como ele não segue um modismo. Vou lançá-lo e também farei uma turnê com ele. Muitos já estão me cobrando, pois não é exatamente o mesmo grupo de fãs, diferentemente do que as pessoas possam imaginar. Sempre gostei de fazer várias coisas ao mesmo tempo, acho  que faz bem para a criatividade.

© Copyright 2012 Globo Comunicação e Participações S.A
p. Escarro Napalm Unauthorized reproductions inc.

por Flávio Seixlack

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Jason: Nova turnê pelo nordeste ...

O Jason, banda carioca de Hardcore e "sons esquisitos", volta a fazer uma turnê pelo Nordeste em julho. Os shows vão servir como lançamento do novo EP do grupo, “Obtuso”, que chega à lojas especializadas em julho. Até agora, são nove shows confirmados, começando por Vitória da Conquista, na Bahia, no dia 19, indo até João Pessoa, na Paraíba, no dia 29. Outras apresentações, porém, estão para ser fechadas.

A turnê marca a estreia, nos palcos, da nova formação em trio, que conta com Vital (vocalista que gravou todos os álbuns), FF (baixista, autor da maioria das letras e capista) e De Souza (baterista, há 10 anos no grupo). O guitarrista Rodrigo Piccoli completa o line up dos shows. Veja abaixo as datas da turnê:

Dia 19/7: Vitória da Conquista/BA
Dia 20/7: Itabuna/BA
Dia 21/7: Salvador/BA
Dia 22/7: Feira de Santana/BA
Dia 23/7: Aracaju/SE
Dia 24/7: a confirmar
Dia 25/7: a confirmar
Dia 26/7: Mossoró/RN
Dia 27/7: Fortaleza/CE
Dia 28/7: Natal/RN
Dia 29/7: Joao Pessoa/PB


reg


segunda-feira, 11 de junho de 2012

# 229 - 09/06/2012

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, provavelmente o disco mais influente da história do rock, foi lançado há 45 Anos, no dia primeiro de junho de 1967. Para celebrar, abri o pdrock com as duas músicas que abrem o álbum: A faixa-título e "With a little help from my friends", uma de minhas preferidas e também uma das únicas cantadas por Ringo Starr - cantada, não composta. É de Paul McCartney - com exceção apenas da frase "What do you see when you turn on the lights? I can't tell you, but I know it's mine", que foi sugerida por John Lennon. Na sequencia, mais Beatles, só que através de interpretações de grandes bandas e astros do rock: a versão de "Back in the USSR" que você ouviu faz parte do disco tributo "Butchering the Beatles" e foi gravada por Lemmy Killmister, John5 (guitarrista que já tocou com Marilyn Manson e Rob Zombie) e Eric Singer, do Kiss. "Get Back" aparece interpretada pelo Laibach, grupo esloveno que regravou todo o disco "Let it be" em 1985; "Dear Prudence" por Siouxsie and The Banshees (é um single de 1983, mas no Brasil foi incluída como bonus na versão em vinil do disco "Hyaena"), "Michelle" na versão que Iggy Pop gravou para seu último disco, "Aprés", e "in my life" na voz de Ozzy Osbourne.

"phanton Antichrist" é a faixa-título do último disco do kreator, lançado no início do mês. "Demon" é uma banda inglesa formada em 1979 no bojo da New Wave of British Heavy Metal. "One Billion lights" é o primeiro single do novo disco da Tchandala, prometido para breve. "Somewhere in time", do Iron Maiden, foi o primeiro disco de Heavy Metal que eu ouvi na vida, e "Beyond the realms of death" rendeu ao judas Priest acusações de incentivo ao suicídio.

Little Richards era preto, pobre e viado nos Estados Unidos dos anos 50. Difícil, né? Mas ele não só sobreviveu como tornou-se um grande astro e um dos fundadores do rock and roll. Ele e Chuck Berry estão vivos e ativos. Não consigo nem imaginar a comoção que será quando um deles morrer ...

Encerrando o bloco dedicado aos pioneiros do rock, uma gravação informal feita nos estúdios da Sun Records em Menphis, Tennessee, retirada de uma sessão comandada pelo próprio Sun Phillips, dono da lendária gravadora, reunindo ninguém menos que Elvis Presley (à época já uma estrela), Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins. Você pode baixar a sessão completa clicando aqui.


Já na reta final, psicodelia brasileira com Bonifrate, da cultuada banda carioca Supercordas; Mopho, de Alagoas (leia uma entrevista exclusiva com eles aqui), com uma faixa de seu terceiro disco, os sergipanos da Plástico Lunar e Ronnie von pilotando sua "Máquina voadora", de 1970.


No final, góticos - de Fortaleza, Ceará (Plastique Noir); Leeds, Inglaterra (The Sisters of Mercy), Estocolmo, Suécia (Tiamat); e do Brooklyn, New York (Type O Negative).

Semana que vem, se os festejos juninos não nos atrapalharem, tem mais.

 Até lá.

 A.

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The Beatles - Sgt. Peppers lonely Hearts Club Band
The Beatles - With a little help from my friends
Butchering The Beatles - Back in the USSR
Laibach - Get Back
Siouxsie and The Banshees - Dear prudence
Iggy Pop - Michelle
Ozzy Osbourne - In my life

Kreator - Phanton Antichrist

Demon - The Night of the Demon
Tchandala - One Billion lights
Iron Maiden - Caught somewhere in time
Judas Priest - Beyond the realms of death

Little Richards - The Girl can´t help it
Chuck Berry - Brown eyed handsome man
Elvis Presley - Hound dog
Presley/Cash/Lewis/Perkins - Don´t be cruel

Bonifrate - Antena a mirar o coração de Júpiter
Mopho - As Marias
Plástico Lunar - Cínico arrependido
Ronnie Von - Seu olhar no meu

Plastique Noir - Killdergarten
The Sisters of Mercy - Vision thing
Tiamat - Brighter than the sun
Type O Negative - Black Number one

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domingo, 10 de junho de 2012

phanton Antichrist

Brian Giffin, da revista australiana Loud, entrevistou recentemente Mille Petrozza, guitarrista e vocalista da banda thrash alemã KREATOR. Leia abaixo alguns trechos da conversa, com tradução de Leonardo Daniel Tavares da Silva para o site Whiplash:

Loud: o KREATOR  está por aí há um longo tempo. Vocês foram uma das primeiras bandas de thrash, então, como você tem visto o metal evoluir nesses trinta anos que vocês tem feito isso?
Mille: Para mim, não tem a ver com as tendências que vêm e vão, é sim com a qualidade da música. Na minha opinião, não tem essa... você sabe, com todos entrando na onda, na mais recente tendência... eu não compro isso. Eu sou um grande fã de metal em geral. Eu vejo a evolução do thrash metal como muito crítica. Há uma enorme quantidade de bandas novas que estão carregando a tocha e tentando copiar o som de volta. Essa é a personalidade principal deles. Eu gosto muito dessas bandas. Eu gosto de muitos, muitos desses novos artistas, como WARBRINGER, VIOLATOR, e todas essas bandas novas, mas ainda estou esperando que um deles venha com um álbum matador e músicas matadoras. Eu acho que o último do WARBRINGER foi muito legal. Mas, em geral, o metal foi alterado, é claro. A década de noventa não foi tão boa para o metal, mas houve algumas grandes bandas modernas de metal. De 2000 em diante, o metal tornou-se maior do que nunca e um monte de bandas novas chegaram, mas nem todas de boa qualidade.

Loud: Então, como isso afeta uma banda como o KREATOR?
Mille: É tudo uma questão de resistência. Se você está em uma banda por tanto tempo e você acredita no que você faz, você deve apenas tentar fazer a sua coisa e não olhar muito pros lados, para ver o que está acontecendo com o cena, quem está chegando, quem está se dividindo, quem está morrendo ... o que quer que seja. Eu acho que a coisa mais importante é acreditar no que você faz e tentar ser o melhor que puder.

Loud: Eu sei que algumas pessoas estão realmente ansiosas para o seu próximo álbum. Parece que as pessoas estão tão interessados ​​em coisas novas do Kreator como sempre estiveram.
Mille: O legal da nossa banda, uma das coisas que eu me sinto realmente orgulhoso, é que quando nós tocamos músicas novas, não é como se as pessoas não queiram ouvi-las. Eu tenho visto acontecer com um monte de bandas antigas, quando eles estão mostrando uma nova canção e tendo o congelamento como reação. E em seguida, eles tocam uma faixa old-school e todo mundo vai à loucura. Isso não é o caso do KREATOR. Nós tocamos uma música nova e, em seguida, uma antigona e tudo funciona perfeitamente!

Loud: Sobre o disco novo (que continua tão excitante quanto os primeiros), você acha isso difícil de alcançar, depois de 13 álbuns?
Mille: Nós gostamos de ver cada álbum como nosso debut, e tentamos tratá-lo como se fosse o primeiro e último álbum que nós vamos fazer. Então, eu acho que é esse tipo de truque. Nós nos vemos como uma banda fazendo o primeiro disco, e o tratamos quase como uma gravação ao vivo. Se você tocar o álbum inteiro direito, vai dar certo.

Loud: o disco é bem curto também, direto ao ponto.
Mille: Eu vejo isso como um elogio. Acho que a principal coisa para um álbum de thrash metal é que seja direto ao ponto. Quer dizer, é claro que há excessões, mas eu acho que canções de thrash metal que sejam muito longas ficam meio chatas. O truque é não fazê-las tão longas, nem tão curtas.
Loud: eu notei que tem um certo tanto de melodia e alguns momentos folk neste disco.
Mille: ah sim! Nós tentamos fazer cada canção se diferenciar. Tem um monte de IRON MAIDEN, um monte de influência de metal tradicional.

Loud: Liricamente, tem algum conceito predominante ou temas principais sendo explorados em "Phantom Antichrist"?
Ele é principalmente sobre manipulação da mídia. Esse é o tema principal do disco. "Phantom Antichrist" é sobre Osama Bin Laden de certa forma; é sobre o fato de que Osama foi pego e jogado no oceano sem que se pergunte a ele sobre o 11 de setembro. Então, foi meio que inspirado em porque eles não falaram com o cara antes de matá-lo e como eles puderam enterrá-lo no mar, apesar de não haver nada sobre isso na religião muçulmana. Isso meio que me deu inspiração para o título do álbum. O disco não é sobre Bin Laden, é mais sobre libertar você mesmo do medo, por que muitas das mídias de massa tentam meter medo nas pessoas para poder controlá-las. Então, o tema principal, o conceito principal é como a mídia tenta te manipular a pensar em uma certa direção. A maior parte das letras do álbum fala de coisas assim.

Loud: Finalizando, você já pensou em um momento em que você pode se aposentar do KREATOR ou parar de tocar metal?
Mille: Não. [Risos] Eu vou fazer isso até morrer, eu acho! Não há nenhuma razão para eu parar de fazer isso. Eu tenho feito isso toda a minha vida, sabe. O que mais eu vou fazer? Eu amo o que faço e vou continuar fazendo isso enquanto eu puder. É muito interessante quando você pensa sobre isso. Olhe para uma banda como MOTÖRHEAD ... Lemmy vai fazer 70 anos daqui a pouco. E ele não parece querer parar, nem nada. É ótimo. É muito bom. Eu acho que o metal é a melhor forma de música para continuar fazendo enquanto você quer. Não há limite de idade. É ótimo.
A entrevista, na íntegra e em seu idioma original, você confere no link abaixo.

http://www.loudmag.com.au/content/kreator-still-flying-the-flag

Fonte: Whiplash

DOWNLOAD 2012

O Download Festival acontece há dez anos em Donington Park, no mesmo local onde era realizado o consagrado “Monsters Of Rock” original, entre 1980 e 1996. Ganhou fama por mostrar as grandes bandas do rcok pesado para o mundo, e em sua primeira encarnação chegou a ter edições brasileiras, em São Paulo, entre 1995 e 1998.

Este ano, os Headliners foram Prodigy, Metallica e Black Sabbath. O quarteto (ops, trio) de Birminghan terminou há algumas horas, lá, o show que marcou sua volta aos grandes festivais. O grupo foi a atração principal da noite de encerramento e tocou 16 músicas - fora citações e riffs “incidentais” - em cerca de uma hora e meia de show para um público estimado em 100 mil pessoas. Foi a segunda apresentação desde o anúncio do retorno da formação original, em novembro de 2011. Antes, o grupo fez um show de aquecimento em Birmingham, no dia 19 de maio. O baterista Tommy Clufetos, da banda solo de Ozzy Osbourne, substitui Bill Ward, que não chegou a um acordo financeiro com os demais integrantes.

O próximo show do Black Sabbath será em agosto, no Festival Lollapalooza, em Chicago, nos Estados Unidos. As demais datas marcadas na Europa serão preenchidas pelo projeto “Ozzy & Friends”, por causa do tratamento de Tony Iommi, que luta contra um câncer. O show tem a participação de Ozzy Osbourne, do baixista Geezer Butler, de Slash e Zakk Wylde, entre outros. Já as gravações do álbum de inéditas, o primeiro em 33 anos, não foram interrompidas.

Abaixo, o set list do show do Sabbath e algumas fotos do evento, extraídas do site oficial:

1- Black Sabbath
2- The Wizard
3- Behind The Wall Of Sleep
4- N.I.B.
5- Into The Void
6- Under The Sun
7- Snowblind
8- War Pigs
9- Sweet Leaf
10- Solo de bateria
11- Iron Man
12- Fairies Wear Boots
13- Tomorrow’s Dream
14- Dirty Women
15- Children Of the Grave
Bis
16- Paranoid


 




Black Sabbath

Metallica

Metallica

Metallica

Metallica

James Hetfield

Prodigy

Prodigy

Prodigy

Prodigy


Anthrax

Anti-Nowhere League

Anti-Nowhere League

Anti-Nowhere League

Anti-Nowhere League
Cockney Rejects

Cockney Rejects


Dropkick´s Murphy

Fear Factory

Fear Factory

Fear Factory

Fear Factory


Ghost

Ghost

Ghost

Halestorm

Halestorm


Halestorm

Halestorm

Kyuss lives

Kyuss lives

Nightwish

Nightwish

Nightwish

Nightwish

refused

refused

refused

refused



Turbonegro

Tenascious D

Tenascious D

The Mission

The Mission

Saxon

Saxon

Saxon