quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Bíblia do Heavy Metal


O que era para ser visto como uma aberração – o álbum Black Sabbath (1970), da banda homônima – inspirou, pouco tempo depois, o Judas Priest, que influenciou o Iron Maiden, que se desdobrou no Metallica e assim por diante.

Esta avalanche – que já atravessa quatro décadas – de música baseada em acordes poderosos e peso é contada pelo jornalista suíço Ian Christe no livro Heavy metal: a história completa (ARX).

E de fato, o livro cumpre o que promete: em caudalosas 480 páginas, Christe esquadrinha todo o desenvolvimento histórico do gênero desde seus primórdios, na cinzenta cidade industrial de Birmingham (Inglaterra) – com o surgimento da banda de Ozzy Osbourne e seus companheiros –, até o atual estado de estabelecimento definitivo do heavy metal como um dos braços mais populares da cultura pop mundial.

Christe defende que, ainda que tenham contribuído para o gênero com riffs e temáticas características, bandas como Led Zeppelin e Deep Purple não podem ser chamadas de heavy metal, e sim, hard rock.

O metal pesado em si surgiu com o Black Sabbath, teve no Judas Priest uma seguidora que levou a tocha adiante e só se formatou como o conhecemos hoje com o estouro, no início dos anos 1980, da chamada New Wave of British Heavy Metal (Nova Onda do Heavy Metal Britânico), que revelou bandas como Iron Maiden, Def Leppard, Saxon e Diamond Head.

Estudioso do gênero, o professor e pesquisador Jéder Janotti concorda em parte com essa noção: “O peso do metal e essa temática de ligação com o outro lado, os aspectos sombrios, realmente, vem do Sabbath. Mas, em termos sonoros, o Deep Purple influenciou toda uma leva de bandas de metal melódico nos anos 1990“, considera o autor do livro Heavy Metal com Dendê: rock pesado e mídia em tempos de globalização (E-Papers, 2004).

Mercado vintage - Outra noção errônea que Christe tenta anular com seu livro é a que coloca o heavy metal como um gênero obtuso, de desmiolados.

A verdade é que, desde o Black Sabbath, com suas furiosas letras pacifistas – mal compreendidas na época –, o heavy metal é refúgio certo para nerds, leitores inveterados e inconformados politizados.

Como exemplo, ele cita a reação de bandas como Metallica, Megadeth e Anthrax à onda de reação conservadora anti-metal promovida nos Estados Unidos, no anos 1980.

Ao deixar de lado os monstrinhos e o satanismo de mentirinha, essas bandas investiram pesado em furiosos manifestos de denúncia anti-guerra e anti-pena de morte, entre outros temas políticos.

Não a toa, ao lado do Slayer, essas bandas formam hoje o chamado Big Four (As Quatro Grandes), um quarteto clássico, extremamente bem sucedido – comercial e artisticamente – cuja popularidade só parece crescer desde então.

Jéder Janotti nota que, ainda assim, o metal se constitui hoje no que ele chama de “mercado vintage“: “É uma coisa de colecionador, de mercado de nicho que ainda guarda alguns elementos do underground de outrora, mas sem aquele posicionamento político. É um público pequeno, comparado ao que já foi“, aposta.

Livro narra a trajetória do metal e analisa muitos aspectos - Heavy metal: A história completa é uma gloriosa saga de conquista planetária, bem ao gosto das narrativas épicas que fazem (ou faziam) a cabeça dos fãs do gênero.

Como um J.R.R. Tolkien de camiseta preta, Ian Christe construiu uma extensa e empolgante narrativa com centenas de personagens, que parece ocorrer em diversos locais geográficos ao mesmo tempo – e também ao longo de décadas.

Saído de porões sujos da Inglaterra, o heavy metal se estabeleceu nos anos 1970 e 80 graças ao fervor dos fãs, que se correspondiam via correio, promovendo uma intensa troca de fitas e divulgação das bandas locais entre si, cruzando fronteiras, oceanos e continentes.

Esse início humilde culminou com o estabelecimento e posterior ascenção, em meados da década de 1980, de diversas cenas ao redor do mundo, como a britânica (com o Iron Maiden como ponta-de-lança), o glam metal de Los Angeles (Mötley Crüe, Poison), o power metal (Manowar, Armored Saint), o thrash metal (Metallica, Anthrax), o speed metal alemão (Destruction, Kreator), o grindcore (Napalm Death) e o black metal escandinavo.

Todo esse movimento levou o heavy metal a se tornar mainstream na década de 1990, a reboque do estouro do grunge de Seattle, que contava com diversas bandas em débito com o heavy metal.

Essa saga é esmiuçada (e analisada) em detalhes por Christe, que deixa um livro obrigatório não apenas para os fãs do gênero, mas para todos os pesquisadores da cultura pop mundial.

Heavy Metal: a história Completa / Ian Christe / Trad: Milena Durante e Augusto Zantoz / ARX / 496 p. / R$ 49,90

(NOTA)A lamentar apenas a capa, horripilante.

Por Franchico

Rock Loco

2 comentários:

  1. Ganhei um exemplar há algumas semanas e é o próximo na fila de leitura. Bom saber que o conteúdo parece ser o que eu procurava, porque a capa é realmente feiosa.

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  2. metallica,red hot ,evanescence,grenday,angra ,black tade puro rock me liguem 21 75885774

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