A Rolling Stone entrevistou recentemente o vocalista, guitarrista e único membro original do SMASHING PUMPKINS, Billy Corgan. O músico falou a respeito dos shows atuais da banda, que incluem poucos hits do passado, e negou a possibilidade de uma reunião com os demais membros da chamada "formação clássica", James Iha (guitarra), D'arcy Wretzky (baixo) e Jimmy Chamberlin (bateria). Confira abaixo alguns trechos da conversa, traduzida por Gabriel Costa* e publicada no site Whiplash!
Por que você está lançando faixas individuais ao invés de preparar um álbum inteiro?
Billy Corgan: "Isso remete de volta aos primeiros dias do rock and roll. Você é tão bom quanto a sua última canção, e eu estou mais ou menos OK com isso. Nesse momento, todo mundo gosta da minha nova canção, e a próxima eles vão odiar pra caralho, sabe? Um dia eu sou um idiota e no outro eu sou um gênio. E eu já fui [considerado] ambos, e eu provavelmente estou em algum lugar no meio. Eu provavelmente sou só um músico bastante bom."
"O que nós estamos buscando agora é presença perpétua. Eu acredito que este será o novo caminho. De um ponto de vista artístico, acho que é na verdade mais interessante porque você está naquela cinética constante para a frente e para trás como quando você era mais novo, num clube. A coisa do rock corporativo que foi imposta, particularmente ao longo dos últimos 30 anos, é muito contraprodutiva para a criatividade. Você entra num quarto escuro por um ano, e espera-se que produza alguma obra prima, depois saia em turnê até esgotar cada pessoa que potencialmente queira vê-lo, e depois de sair dessa, espera-se que você se esprema e faça tudo outra vez. Isso simplesmente não funciona."
Você ficou feliz com a recepção ao último álbum dos PUMPKINS [Zeitgeist, de 2007]?
Corgan: "Aquele álbum vendeu acima de 500 mil cópias, ganhou disco de ouro. Mas as pessoas não o escutaram. Agora, é o melhor álbum que eu já fiz? Não. Mas eu percebia que as pessoas não estavam ouvindo o álbum. No passado, se você lançasse um álbum, as pessoas ao menos conheciam a primeira canção. [Após lançar o último álbum,] Nós saíamos e tocávamos a primeira música e eu percebia que as pessoas não tinham ouvido nem a primeira música. Eu não vejo isso como um grande desapontamento. É decepcionante para mim que o que eu estava tentando comunicar não tenha recebido a chance de ser comunicado. É impressionante para mim que as coisas venham e vão e as pessoas nem mesmo sabem que elas aconteceram. Quando o HOODOO GURUS lançava um disco, eu pelo menos sabia que eles tinham lançado um disco. Agora eu vou até a loja e digo 'Oh! Essa minha banda favorita lançou um disco?' Porra, eu nem sabia! Porque eu não olhei o website certo."
Várias grandes bandas do passado reuniram-se sem escrever qualquer material novo.
Corgan: "Eu estive em contato com essas bandas, como fã, e, em muitos casos, como um colega. eu digo a elas, 'Por favor, escrevam novas músicas. Nós precisamos de vocês.' Quando eu trouxe os PUMPKINS de volta, eu deixei bem claro — é desse jeito ou de jeito nenhum. Se eu subisse no palco hoje à noite e houvesse 20 pessoas lá, eu mesmo assim não voltaria atrás e ligaria para ninguém que costumava fazer parte da banda. É isso. Acabou. Eu vou fazer uns filhos ou tocar a porra do ukulele. Eu nunca, jamais serei esse cara. E eu disse muitas coisas e voltei atrás, mas eu posso garantir a você que nunca serei esse cara. Simplesmente não está no meu DNA."
"Quando nós nos separamos em 2000, havia um grupo de pessoas que pensavam que o SMASHING PUMPKINS era uma banda muito importante, e havia o resto do mundo. Nós não tivemos um 'momento LADY GAGA'. Eu poderia lançar 40 músicas e eles continuariam dizendo 'É, não tão bom quanto 'Mellon Collie' ["Mellon Collie and the Infinite Sadness", disco clássico da banda, de 1995]. Metade desses babacas do caralho prefeririam nos ver tocando o 'Siamese Dreams' [1993] inteiro nessa turnê."
Muitos fãs são muito concentrados na formação original.
Corgan: "Naquela formação você tinha duas pessoas que podiam tocar com um alto nível de capacidade musical, e duas pessoas que não podiam. E de algum jeito aquilo funcionou. James e D'arcy e Jimmy... pessoas fascinantes. Jimmy, baterista de nível mundial. James, muito criativo quando ele queria. D'arcy tinha um senso intuitivo incrível. Mas aquela banda não foi feita para durar. Acredite em mim, se aquela banda ainda tivesse qualquer coisa a oferecer, não apenas eu o faria porque seria interessante criativamente, mas seria incrivelmente lucrativo financeiramente. As pessoas dizem, "Vamos lá, apertem as mãos no backstage e viagem em ônibus separados." Parte do meu ser e de minha pessoa espiritual é: eu não estarei numa banda com pessoas que não gostem de mim."
Você acha que esta encarnação da banda foi feita para durar?
Corgan: "Eu realmente espero que sim, e eu sou negligente em dizer isso, porque eu não sei. Coisas muito esquisitas já aconteceram comigo. As pessoas simplesmente enlouquecem ou coisa do gênero. Nesse momento, eu me sinto tão bem quanto na antiga banda, em termos de nossa, tipo, unidade emocional. Todos nós parecemos estar na mesma página, não há nada esquisito. Todo mundo meio que sente, 'OK, estou no lugar certo.' E eu disse a cada um deles, 'Nós estamos no lugar certo na hora certa."
* Gabriel Costa é Carioca, jornalista por profissão e roqueiro de nascença. Teve o primeiro contato direto com o rock and roll ao ouvir o álbum de estreia do Black Sabbath em um velho vinil de seu pai. Garoto do século 20, nascido em 1984, é absolutamente fascinado por tudo o que envolve o estilo, da música à mitologia. Canta na banda Six Pack Wonder, escuta de Backyard Babies a Strapping Young Lad, ama The Wildhearts e segue fielmente os ensinamentos de Lemmy e Danko
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