quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Caia na estrada e perigas ver" ...




"Cara feia pra mim é fome" - Mais uma " Pirataria Autorizada " por ...

Rian Santos ( spleen & Charutos )

riansantos@jornaldodiase.com.br

Não tenho nada contra conversa de bar. Muito ao contrário. Devo ao ambiente inspirador, e à leitura do saudoso Pasquim, a redação de minhas melhores entrevistas. Talvez o hábito incomode alguns poucos, leitores engessados por uma concepção burocrática de notícia, mas o fato é que seria impossível comparar, com a seriedade adequada, dois trabalhos fundamentais na compreensão do atual momento da música sergipana fazendo concessões ao nervosismo de uma redação.

Tendo isso em mente, na noite da última quarta-feira me juntei aos músicos Plástico Jr (Plástico Lunar) e Julico Andrade (The Baggios) para entornar algumas brejas e conversar sobre as expectativas de mais uma apresentação além de nossas fronteiras. Convidados para se apresentar no renomado Festival Do Sol, os caras corriam o risco de perder o bonde, mas arregaçaram as mangas e organizaram a festa Help!, que a Casa do Rock abriga hoje à noite, se recusando ao hábito preguiçoso de bater na porta dos outros fazendo cara de fome.

Jornal do Dia – A The Baggios já comeu a poeira de muita estrada.

Julico – Rapaz, conte aí. Só esse ano, a gente visitou Recife (PE), João Pessoa (PB), Natal (RN), Poções (BA), Salvador (BA), Feira de Santana (BA) e Vitória da Conquista (BA).

Jornal do Dia – É muita estrada pra uma banda nova.

Julico – A banda vai completar seis anos, agora em março. Mas as coisas começaram a funcionar de verdade a partir de 2007, quando a gente lançou o primeiro EP. Foi quando começamos a fazer shows e participar mais ativamente do cenário local.

Jornal do Dia – Já a Plástico tem quantos anos? Me lembro de assistir a Plástico, ainda moleque, na ATPN.

Plástico Jr – Esses caras precisam tomar vergonha!

Jornal do Dia – Tenha calma que nós vamos chegar aí.

Plástico Jr – A Plástico Lunar, com a atual formação, nasceu em 2001, quando Odara (bateria) entrou na banda. A gente começou tocando no Punka, num palco pequeno, com a Lili Junkie e outros nomes que batalhavam no underground da época.

Jornal do Dia – Mas na verdade o núcleo da banda é bem mais antigo.

Plástico Jr – Como Plástico Solar, a banda existe desde dezembro de 1998. No ano seguinte, a Plástico tocou pra caralho, mas ainda não existia um circuito independente ou alternativo na cidade. A gente só conseguia se apresentar por que Tiaguinho, nosso baterista, fazia parte do meio pop rock.
Nos apresentamos muito no Tequila, em uns lugares nada a ver. Tocamos com a Mosaico, a Sibbéria, uns nomes nada a ver.

Jornal do Dia – Quando foi que isso mudou?

Plástico Jr – Quando Odara entrou na banda. Antes, o nosso trabalho era muito ingênuo. A transformação em Plástico Lunar foi uma tentativa de encarar o trabalho de maneira diferente, a gente precisava ficar mais malicioso.

Jornal do Dia – Em que sentido? Às vezes eu tenho a impressão de que o trabalho da Plástico podia ganhar uma dimensão muito maior.

Plástico Jr – Nós ficamos muito tempo na garagem. A gente só tocava o que queria. Com o tempo, mesmo defendendo uma personalidade musical, acrescentamos muito à nossa visão inicial do que significa fazer música. A gente percebeu que uma banda não é só composição. Ter uma banda é mais do que fazer músicas boas, com arranjos legais e gravações cuidadosas. Depois de apanhar um bocado, finalmente aprendemos o significado da palavra produção. Hoje nós temos ciência de que fazer a produção da banda é tão importante quanto compor uma música.

Jornal do Dia – Apesar disso, a Plástico tem apenas um CD lançado, depois de mais de dez anos de carreira.

Plástico Jr – Um jornalista de Brasília já cobrou isso da gente. Ele nos conheceu através de uma coletânea do selo Baratos & Afins lançada em 2001, e esperava que o disco não tivesse demorado tanto pra sair. Ele nos perguntou se tinha valido a pena esperar tanto tempo pra lançar o disco. Eu já me martirizei muito tentando responder a esse pergunta, mas talvez tenha sido melhor assim. Se o Coleção de Viagens Espaciais tivesse saído antes, a gente provavelmente não ia saber o que fazer com as respostas que conquistamos. A gente não tinha nada na cabeça, só queria saber de tocar bêbado, de encher a cara até de manhã cedo. Hoje, a gente pode lidar com isso um pouco melhor.

Jornal do Dia – Vocês estão se preparando pra pegar a estrada mais uma vez. Em que medida isso é importante para o amadurecimento das bandas?

Julico – Viajar mudou minha cabeça pra caralho. Eu era um cara que reclamava muito. Hoje eu percebo que é preciso botar a cara, batalhar pro trabalho ganhar corpo, pra depois cobrar alguma coisa do governo ou de quem quer que seja.
A viagem que faremos agora, por exemplo, será praticamente custeada por nossa conta. A gente podia ficar se lamentando, e desperdiçar a oportunidade de se apresentar em um dos maiores festivais do nordeste, mas preferimos organizar um show pra arrecadar a grana que falta.
É preciso ter uma visão profissional da banda. Todo artista independente quer ocupar o palco desses festivais, mas isso não cai do céu. A gente só conseguiu cavar esses espaços por causa de um investimento pessoal, motivados pela fé que a gente leva no trabalho das duas bandas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Entrevista com Leo Levi, Diretor da Aperipê FM

por Rian Santos, do Blog Spleen & Charutos

riansantos@jornaldodiase.com.br

O diretor da Rádio Aperipê já conhece os nomes que deverão defender a bandeira de Sergipe no festival de música realizado pela Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub), mas não os revela nem sob tortura. A divulgação só ocorrerá na próxima sexta-feira, Dia da Sergipanidade, quando a programação da emissora será totalmente dedicada aos artistas locais. Isso não significa, contudo, que Léo Levi alimente algum receio em relação à exposição de suas idéias.
Em uma conversa rápida, entre um gole de coca-cola e outro, o rapaz e4xpôs suas impressões a respeito da cena local com uma franqueza corajosa, sobretudo quando levamos em conta a importância de sua posição. A conversa deveria girar em torno do Festival da Arpub. Malicioso como poucos, no entanto, torci o rumo da prosa até encontrar o porto que pretendia.

Jornal do Dia – Quando você assumiu a direção da Rádio Aperipê, o processo de aproximação com o artista sergipano já estava em andamento.

Léo Levi – Isso. Eu entrei lá por volta de 2007, na gestão de Patrick Tor4, quando fiquei responsável pela programação. Embora Patrick tenha sido responsável por essa aproximação inicial, o perfil da Rádio acabou sendo definido por mim e por Ricardo Gama, já que Patrick se dedicou mais ao exercício político inerente a suas funções. Isso facilitou muito o meu trabalho quando assumi a direção. Quando fui convidado para o cargo, agora em março, eu já sabia como as coisas caminhavam ali dentro, quem eram nossos funcionários, como cada funcionário funcionava… E esse conhecimento, num órgão público cheio de vícios, pode ser fundamental.

Jornal do Dia – Nesse período, a Aperipê acabou se transformando numa referência muito importante na cadeia produtiva da cultural local.

Léo Levi – Cara, a grande sacada foi dar espaço aos nossos músicos. Antes, a Aperipê conseguia veicular, estourando, cinco músicas por mês. Agora, veiculamos mais de quatrocentas músicas de artistas sergipanos mensalmente. Por isso a aproximação. Os artistas perceberam que teriam espaço em nossa programação. Eles começaram a enxergar a Aperipê como uma casa onde eles podiam ficar à vontade para divulgar shows, levar música, debater idéias e lançar propostas. Isso foi muito bom pra gente e, acredito, para todos os agentes da cultura sergipana.

Jornal do Dia – A partir de sua experiência profissional – tanto como diretor da rádio, quanto como produtor cultural – é possível falar em uma nova fase na música sergipana?

Léo Levi – Eu lembro de quando era garotão, no início da década de 90. Pra sair um disco era um grito. Lembro que o lançamento do primeiro disco da Snooze foi uma coisa de outro mundo. O mesmo pode ser dito do lançamento de Joésia Ramos. Hoje, com tanta tecnologia, com essa coisa toda de internet, ficou tudo mais fácil. Isso refletiu naturalmente na produção local.
Agora, um pouco mais recentemente, lá pros anos 2000, aconteceu uma movimentação bem interessante aqui na cidade, a cena estava borbulhando. Eu lembro das pessoas empolgadas. “Agora vai! Agora vai!”.

Jornal do Dia – Parece que não foi…

Léo Levi – Parecia que ia acontecer, mas deu uma brecada, infelizmente…

Jornal do Dia – Os meios de comunicação sempre foram muito negligentes, e não se assumiam como um elo dessa cadeia, né?

Léo Levi – A divulgação era muito informal, baseada em zines e listas de discussões virtuais. Mesmo a Aperipê, uma rádio pública, permanecia indiferente, era uma rádio morta. Faltava uma válvula de escape pra coisa de fato acontecer.

Jornal do Dia – Por outra lado, no entanto, parece que o artista sergipano também reclama muito e se nega a encarar a música como uma profissão. Tem muita gente que identifica o artista local como uma cara chorão.

Léo Levi – Rapaz… Eu acho que não vou responder isso, não (sorrindo).

Jornal do Dia – Pode falar, eu prometo que não conto a ninguém…

Léo Levi – Eu acho o artista sergipano muito chorão. Tem uma gurizada que encara a atividade com muita seriedade, que está dando um gás, mas a gente ainda percebe em certa parcela da classe artística um certo comodismo. Eles acham que o governo, ou a Funcaju, ou sei lá o quê, tem obrigação de bancar o trabalho preguiçoso que fazem. Eu acho que isso atrapalha o desenvolvimento da cena, na medida em que algumas bandas que trabalham de verdade acabam sofrendo, sendo apontadas como pupilo do governo, coisa e tal.

Jornal do Dia – Você está se referindo ao “caso NaurÊa”?

Léo Levi – Pois é. Tem gente que prefere ficar se lamentando ao invés de ocupar os espaços existentes. Eles criticam a Naurêa, ficam falando essas besteiras, mas podiam trabalhar para conquistar o mesmo respaldo. Mas parece que é mais fácil fazer acusações.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

# 125 - 23/10/2009



VARICOSO, COMATOSO, SENIL

Abaixo, a resenha que André Forastieri fez para a Revista Bizz na ocasião do lançamento do álbum “Angel Dust”, do Faith No More:

A gravadora London disse que esse álbum é suicídio comercial para o Faith No More. E é mesmo. Não tem nada a ver com The Real Thing, Epic, Edge Of The World, todo mundo cantando junto e balançando as mãos e tascando sorvete na testa. Não, isso é um esporro-purulento-paranóico-escroto-sanguinolento, cérebros explodindo multidirecionalmente, picas frustradas se ralando no cimento e sangrando em cima de crianças miseráveis morrendo de fome. Demônios à solta. Adeus fãzinhas púberas, adeus MTV, adeus tudo. Não tem uma porra de um sucesso neste disco. O Faith No More foi longe demais.
Midlife Crisis, o primeiro single, dá uma pista do disco mas não entrega o jogo. O próximo (A Small Victory) é a coisa mais “fácil” de Angel Dust, mas suas possibilidades de sucesso foram abortadas com sete meses – os caras botaram um trecho completamente anticomercial e esquisito no meio.
Por que esse desejo de se matar? Não vem ao caso, mas é quase grande arte. Angel Dust é Frankenstein: pedaços de gêneros estabelecidos que não estão mortos mas já fedem - metal, hip-hop, country, thrash – fundidos numa criatura única, simultaneamente podre e rebimbando de vitalidade. O NME chamou de schizo-core, hardcore esquizofrênico. É um bom rótulo, mas não é suficiente.
Seguinte: não tem uma letra simples no álbum. Daria para dizer que são quase poemas se não fosse soar tão pretensioso, poemas no sentido William Burroughs da coisa. Exemplo 1: “os balanços do parquinho não me acomodam mais/folclore: ninguém deveria acreditar que no próximo ano tem aula/escreva cem vezes”(em “Kindergarten”). Exemplo 2: “Chegou a hora de falar com meus filhos/vou dizer a eles exatamente o que meu pai me disse/ VOCÊ NUNCA VAI DAR EM NADA” (em “RV”).
O detalhe é que não tem uma letra que dê para cantar junto. A estrutura das músicas não permite, e a voz de Mike Patton varia radicalmente e vai do velho falsete (pouco usado) a puro terror thrash a baladeiro canastrão. É tão absurdo que no primeiro lado, logo depois de Midlife Crisis, tem uma música que parece Frank Zappa (”RV”) seguida de um funk metal sujão (Everything´s Ruined) e de outra que lembra Godflesh/Sepultura, distorção no talo e vocais monstro (Malpractice). Minha favorita, Be Agressive, lembra um pouco We Care A Lot - sugere sadomasoquismo, começa com órgão de igreja, tem coro infantil no refrão e guitarra wah-wah.
Patton está furioso: “O que outro deixaria para trás, cuspiria fora, desperdiçaria eu assumo como meu”. Mas as coisas vão mesmo para o inferno em Jizzlober. É grito-choro-dor primal, me arrancaram do útero, um pesadelo de distorção e desespero.
O que significa isso tudo? Não sei e não me importo. Vou deixar para alguém mais esperto que eu o trampo de decodificar Angel Dust.

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The Smiths (Live 1986) – There´s a light that never goes out

Wolfmother – Cosmic Egg
Julian Casablancas – River of Brakelights
Air – Heaven´s light

Drop Loaded:

Dom Capaz – tanta coisa
Os Seminovos – Juíza em Goiás

Bloco produzido por Deborah Fernandes:

Guns ´n ´roses – Welcome to the jungle
Red Hot Chili Peppers – give it away
U2 – Bad

Crove Horrorshow – Nada passou

The Exploited – Anti-UK
The Exploited – Let´s start a war
Bomf ! – Safe Below
Dehumanized – Don´t forget the chaos
BillyClub – UK82

Faith No More – a Small victory
Faith No More – caffeine
Faith No More – Kindergarten
Faith No More – Midlife Crisis

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

HELP !

Bandas sergipanas realizam show com intuito de arrecadar verba para uma turnê pelo Nordeste

Fonte: Divulgação

As bandas The Baggios, Plástico Lunar, Elvis Boamorte e os Boasvidas e Sinesttesia se apresentam dia 30, às 22 horas, na Casa do Rock. É a festa “Help!”, evento que tem como meta angaria fundos para a mini turnê da Plástico Lunar e The Baggios pelas cidades de Campina Grande (PB), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Natal no mês de novembro. Um desses shows acontece no Festival do Sol (Natal, RN), um dos principais eventos do cenário independente nacional, onde as duas bandas foram convidadas a se apresentar. Essa escalação rendeu convites para mais duas outras apresentações. Com pouca verba, as bandas realizarão este show para arcar com a viagem, já que os eventos não cobrem os custos.

A mini turnê, programada para o início de novembro, almeja expor o som dessas novas bandas sergipanas a novos públicos e é um reflexo da excelente repercussão que ambas estão tento frente à cena independente nacional, fazendo vários shows fora de Sergipe. A divulgação do material destas bandas sergipanas demonstra as novas possibilidades da cena local, puxando os olhos para o Estado e sua produção cultural.

A Plástico Lunar é um psicodélico grupo sergipano que vem se destacando nacionalmente por revelar uma forte identidade autoral e criatividade com bom e velho rock´n roll. Inicialmente, o som parece ter saído de uma vitrola empoeirada e reflete a velha atmosfera garageira dos anos 60. Porém em poucos minutos se nota a concepção de passado se distorcer e o presente apontar para o futuro. A Plástico Lunar é uma banda diferenciada, com um pé nas raízes da música negra norte-americana e o outro na prog-psicodelia brasileira.

Já a The Baggios é razoavelmente nova. Formada em 2004, na cidade histórica de São Cristóvão, é formada por apenas dois integrantes: Júlio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel (bateria). O nome surgiu para homenagear um personagem folclórico da cidade, um músico que vivia de forma hiponga, com estórias surreais a contar em cada esquina. O som da banda tem como intuito misturar ritmos como o Blues e o Rock. Como influências pode-se citar: Jimi hendrix, Muddy Waters, Robert Johnson, The Black Keys, The White Stripes e The Jon Spencer Blues Explosion.

SERVIÇO:

EVENTO: Help!

ATRAÇÕES: The Baggios, Plástico Lunar, Elvis Boamorte e os Boasvidas e Sinesttesia

LOCAL: Casa do Rock (Aruana, em frente ao Oca Bar)

HORA: 22h

VALOR: R$ 10



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pra gringo ver (e ouvir, e gostar)



Fonte: Portal Rock Press

OS MUTANTES: Turnê pela América do Norte com CD de inéditas após 35 anos

A turnê do CD de inéditas que teve início em agosto é sucesso absoluto de critica e público, casa cheia em todas as apresentações, primeiro lugar em rádios como a CMJ de NY, matéria no New York Times, quatro estrelas no The Independent...

Após 35 anos, Os Mutantes lançam o CD de inéditas ‘Haih Or Amortecedor’ nos Estados Unidos, pela gravadora Anti- Records. O lançamento mundial se deu em 8 de setembro, com distribuição na América do Norte, Europa e Ásia.

A turnê é fechada com um total de 30 shows e 27 mil quilômetros em toda a América do Norte, com apresentações em Los Angeles, Chicago, Detroit, New York, Boston, Washington, Pittsburgh, Philadelphia, Atlanta, Austin, Toronto, Montreal, Vancouver, entre outras.

Logo na primeira fase das apresentações, o alcançou o primeiro lugar nas paradas da CMJ de NY, uma das principais emissoras dos EUA, durante 2 semanas consecutivas e ainda foi primeiro lugar nas rádios universitárias daquele país.

Com Sérgio Dias, o único da primeira formação, e o baterista Dinho Leme, integrante desde 1968, a banda é formada atualmente também por Henrique Peters, teclados, Vitor Trida, guitarra, violão, flauta e clarinete, Vinicius Junqueira, baixo, Fabio Recco , teclado e vocal e Bia Mendes, vocal.

“Temos o mesmo espírito. Arnaldo Baptista e Rita Lee vivem dentro de mim. Apesar de estarmos separados, estamos perto espiritualmente e nós somos irmãos”, explica Dias.

A tour, que está na reta final, com previsão de término para o final de outubro, tem lotado todas as casas de show por onde passa e recebido criticas unânimes quanto à qualidade, originalidade e vivacidade das apresentações.

* Crédito da Foto: Ryan Muir tiradas no Webster Hall em New York, dia 8 de outubro

ALGUMAS CRÍTICAS DA MÍDIA INTERNACIONAL:

“Um triunfo rejubilante” – Mojo Magazine

“Notável por seu espírito rebelde e heterodoxia pop (…) o musical das delícias aqui são universais (…) o vocalista Sérgio Dias concebeu um universo multicolorido onde tudo parece possível – Billboard
http://www.billboard.com/album/os-mutantes/tudo-foi-feito-pelo-sol/410543#/new-releases/os-mutantes-haih-or-amortecedor-1004008198.story

“É bom ouvir uma nova gravação dos Mutantes, que leva adiante os ideais e o espírito exploratório que nos fez amar a banda em primeiro lugar. – Pitchfork
http://pitchfork.com/reviews/albums/13391-haih-or-amortecedor/

Você estaria correto se chamasse "haih” de disperso e exaustivo. Mas o grupo tem como objetivo soar como tudo e o que vem é fantástico. – Los Angeles Times
http://latimesblogs.latimes.com/music_blog/2009/09/album-review-os-mutantes-haih-or-amortecedor.html

“Para todos os enigmas verbais e arranjos camaleônicos, o revivido Os Mutantes raramente soa calculado ou artificial. Sua resposta às realidades desoladoras é inventividade maníaca e desejado otimismo. Quando eles entram no refrão (em inglês) de ‘Neurociência do Amor’ – ‘Let us sing to the rainbow of love all togethe r/ Yes, singing the music of life we are all one’, soa como se eles quisessem dizer que e que de alguma maneira os anos 1960 não acabaram”– New York Times
http://www.nytimes.com/2009/09/07/arts/music/07choice.html?_r=1&scp=1&sq=os%20mutantes&st=cse

“É um retorno bem-vindo à forma” – USA Today
http://www.usatoday.com/life/music/reviews/2009-09-07-listen-up-os-mutantes_N.htm

“Garagem, fuzz-rock riffs twist com a magia do samba; viagem das valsas da Disney em polcas enlouquecidas. Infeccioso, alvejado de sol e psicodélico - o retorno bem-vindo de uma instituição da América do Sul – Q Magazine

“Haih é muito melhor do que deveria ser” – Rolling Stone USA
http://www.rollingstone.com/reviews/album/29875034/review/30030032/haih_or_amortecedor

“O inexplicável e imprevisível é o que esta banda brasileira fez de melhor e agora faz isso de novo, quase quatro décadas mais tarde”. The Village Voice – Best of NYC
http://www.villagevoice.com/2009-09-08/music/os-mutantes-still-mutating/

“Os Mutantes continuam os principais expoentes de uma das excitantes marcas registradas internacionais do arte-rock nunca feito”. Tribuna de Chicago
http://leisureblogs.chicagotribune.com/turn_it_up/2009/09/albu-review-os-mutantes-haih-or-amortecedor.html

“O grupo audacioso, de olhos arregalados de gênero energético e sensibilidade sarcástica permanecem intactos.“ – Hartford Courant
http://www.courant.com/entertainment/music/reviews/albums/hc-tc-music-phish-0904-0908.artsep08,0,882619.story

“(...)’Haih’ é um vibrante e atemporal retorno de uma das bandas mais importantes da música mundial”. - I Like Music
http://www.ilikemusic.com/features/Os_Mutantes_Haih-7747/1

“É uma das coisas genuinamente mais excitantes que você jamais vai ouvir”. – The Independent
http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/music/reviews/album-os-mutantes-haih-or-amortecedor-anti-1781350.html

“O primeiro álbum da banda em 35 anos faz um bom trabalho ao preservar o espírito anárquico - se não o pessoal - da formação original (...) mas, há um frescor e propósito aqui que deixa mais veteranos da época na vergonha” – BBC EUA
http://www.bbc.co.uk/music/reviews/9hzf

“É bom saber que nem toda banda de rock psicodélico dos anos 70 está preso no passado.” - Seattle Weekly - Bumbershoot Review
http://blogs.seattleweekly.com/reverb/2009/09/bumbershoot_review_os_mutantes.php

LINKS PARA ÁUDIOS:

O link abaixo dá acesso ao download de 05 músicas do novo CD gravadas ao vivo no show ocorrido no Canadá no Montreal Pop Festival, dia 03 de outubro.
http://www.megaupload.com/?d=P1PXUK51

Link para áudio de show completo ocorrido em Pittsburgh PA Mr. Smalls Th, com transmissão pela rádio WXPN 88,5, na Pensylvania, dia 09 de outubro.
http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=113670505

+ Agenda da turnê pela América do Norte:

aug-28 Los Angeles CA Echoplex
aug-29 San Francisco CA Outside Lands festival
aug-30 San Francisco CA The Independent (Outside Lands Fest Afterparty)

sept-01 Humbolt CA Mateel Community Center
sept-02 Portland OR Alladin Theatre
sept-03 Vancouver BC Commodore Ballroom
sept-04 Bellingham WA Nightlite
sept-05 Seattle WA Bumbershoot festival
sept-08 Los Angeles CA Amoeba Record Store (In-Store promo appearance)
sept-19 Yosemite CA Symbiosis Festival
sept-24 Denver CO Cervantes
sept-25 Omaha NE Waiting Room
sept-26 Minneapolis MN Cedar Cultural Ctr
sept-27 Chicago IL SubTerranean
sept-29 Detroit MI Magic Stick
sept-30 Cleveland OH Beachland Ballroom

oct-02 Toronto ONT Opera House
oct-03 Montreal PQ Metropolis (Montreal Pop Festival)
oct-04 Boston MA Sommerville Th.
oct-05 Philadelphia PA World Café
oct-07 Washington DC Birchmere / State Th.
oct-08 New York NY Webster Th.
oct-09 Pittsburgh PA Mr. Smalls Th.
oct-10 Columbus OH Capital Th. (offer has $1000 for hotel rooms)
oct-11 Lexington KY WRFL Radio Festival
oct-13 Tampa FL Skipper's Smokehouse (WMNF radio is Promoter)
oct-14 Ft. Lauderdale FL Culture Room
oct-15 Orlando FL Club at Firestone
oct-16 Atlanta GA Variety Playhouse
oct-17 New Orleans LA Tipitina's
oct-18 Austin TX La Zona Rosa

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

The Baggios em Vitória da Conquista



Na Foto, já de volta e já tocando ...

Do Fotolog da banda

por eles mesmos

Saimos de Aracaju na quarta-feita, às 16hs, pegamos um onibus pra Salvador pra de lá, às 22hs, pegarmos outro ônibus para Conquista. Chegamos umas 20:30h, tempo de sobra para saborear uma pequena dose de chá de cadeira.

A ida pra conquista foi a mais tranquila possivel, onibus leito e tal, sono a tona, chegamos descansadões. PAssamos no hotel, tomamos um cafe da manhã e fomos passar o som no complexo cultural da cidade - muito bacana por sinal. Nesse primeiro dia a apresentação seria na mostra de cinema. À noite fomos ao local do evento garantir o Domeq pra combater um pouco o frio e armar nossa banquinha de camisas e cds. Algumas camisas e cds vendidos, fomos assistir o documentário "Palavra (en)cantada", sobre a musica popular brasileira. Interessante. Dai chegou a hora do show. O som tava no ponto, graves, medios e agudos definidos e um publico que ia de Punks, Alternativos, Cults a Cineastas. Foi do caralho, tocamos por 1h e preparamos a turma para nosso segundo show no dia seguinte no Viela Sebo & CAfe.

Ressaquinha controlada no dia seguinte, fomos almoçar. Como rolou um desencontro com o pessoal da van, tivemos que ir a pe do restaurante ao lugar da Mostra de cinema. Uns 25 min de caminha - bom para digestão. Demoramos pouco, assistimos parte de um filme. Perninha perdeu o celular e fomos descansar mais um pouco no hotel.
Descansados, descemos e fomos pra van. Pra nossa surpresa nos deparamos com uma menina aparentemente de 25 anos e uma senhora de uns 80. Conversa vai, conversa vem, descobrimos que estávamos lidando com a filha e a mãe do grande cineasta brasileiro GLAUBER ROCHA (NOTA: Glauber nasceu em Vitória da Conquista). Surreal. Eu ouvindo comentarios da mãe dele: "ah galuber era louco, colocou cada nome estranho nas filhas" , mas tambem " Ava Patria Yndia Yracema Gaitan Rocha" é realmente um nome comprido para se dar a uma filha, mas mesmo assim nao tiro a razao dele....

Fomos para o Viela SEbo e Cafe, lugar astral, bem bacana, uma fusão de bar e sebo. Na passagem de som tinha pouca gente, depois de 3 cervejas começamos o barulho e não alterou a quantidade de publico. Transcorridas 1h e meia de show começou a chegar a galera, ai sim deu gente! A agente já estava preste a acabar, mas resolvemos tocar mais - intervalozinho de 10 min e mais 2h de show...tava sem guentar, e ainda fui inventar de tocar RAUL - PRA QUE?! Me fudi! Mas o povo liberou agente. Ficamos ate 5h na rua pra pegar o onibus de virote que saia 6h...

Sono estampado na cara, atraso de 40min do onibus, e vamos embora. A nossa surpresa começou ao ver o onibus, que era daqueles pé seco mesmo, mas nao seria problema pra quem tava de virote e com muito sono. 2h passadas de viajem, me deparei numa feira esquisita, numa cidade esquisita e um monte de gente esquisita entrando no onibus. De volta ao cochilo e meia hora depois a cena se repete, gente subindo e descendo do onibus, isso se repeteria por mais 15 vezes. Alem do para-para, o que nos preocupava era o ônibus que tínhamos que pegar em Feira de Santana às 15:30h. Fui perguntar ao motorista se daria tempo de chegar, ele balançou a cabeça sinalizando negativamente. Ai sim começou a inquietaçao, sono foi embora, apetite foi embora, e mesmo assim tinhamos esperança de chegar a tempo, enquanto isso ligavamos pra o pai de perninha pra consultar os horarios que a gente teria pra pegar tanto em a Salvador ou Feira, mas so tinha um 22h em salvador e 1h da madrugada em Feira. Na nossa cabeça nao daria pra chegar a tempo nem a pau pro show no cook, mas quando chegamos numa cidade vizinha a Feira, às 14:30, para nossa surpresa faltavam exatamente 1h pra chegar ate a rodoviaria, e fomos torcendo pra chegar a tempo, o que aconteceu. Desci do onibus como doido , pedindo para o onibus feira-aracaju parar e segurar enquanto íamos retirar o bilhete, alívio instantaneo. Me encarreguei de despachar a bagagem enquanto perninha iria retirar os bilhetes. 5min passado e a decepçao, os bilhetes deram problema e nao conseguimos retirar. Conlusão: "vamos mofar em salvador". Pegamos o ônibus para salvador e garantimos o de 22h. Ficamos mais de 5h de relogio numa rodoviária lotadíssima, em salvador. Ate então só tinha comido 2 maças, estava fraco que só, mas sem apetite.

Pegamos e tão esperado "Onibus das 10" e viemos pra casa, chegamos na rodoviaria às 2:40 e fomos zumbizoide tocar no cook. Agradecemos ao pessoal da Distro pela força de ter segurado a onda, tocando além do que podiam!!!! E agradecemos a Miguel pela força tambem!

Agradecimento tambem pra Gilmar que nos conseguiu essas duas excelentes datas em Vitoria da Conquista!

E que venha outro!!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

# 124 - 16/10/2009



Blue Cheer – Babaji
Blue Cheer – Doctor please

Gangrena Gasosa – Eu não entendi Matrix
Rogério Skylab – Parafuso na cabeça
Z1bi do Mato – O Alien que veio do espaço
Miami Bros. – O Exorcista (pré-mix)
Miami Bros. – Melô dos 3 pregos (pré-mix)

Drop Loaded:

Charme Chulo – Fala comigo Barnabé
Charme Chulo – Brasil Sacanagem

Bloco produzido por “Deathrow”:

Arckanum – Be Alder Aerksande bei
Beneath the Massacre – profitable killcount
Exsequiale – Sinfonias de Leviathan

Rótulo - por terra
Zander – pegue a senha e aguarde

Echo & The Bunnymen – Think I need it too
The Raveonettes – Bang !
The Jesus & Mary Chain – Happy when it rains

Agua de Annique – Beautiful one
Cocteau Twins – Seekers Who are lovers
Portishead – threads
Massive Attack – Teardrop

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Pra cantar junto:

“EU NÃO ENTENDI MATRIX”
GANGRENA GASOSA

Introdução instrumental

1ª estrofe:
UMA GOSTOSA QUE ANDAVA NA PAREDE
E DESPIROCA PELO TELHADO
ELA SUMIU NO TELEFONE
ISSO ME DEIXOU BOLADO

2ª estrofe:
UM PLEIBÓI VAI PRESO NA PARADA
NA FEDERAL A DURA É UMA PICA
OS CANA ARRANCAM A BOCA DO CARA
INDA LIBOTAM UM BISÔRO NA BARRIGA

1ª emboladinha:
ELE TOMA UMA PÍRULA
VIRA ESPELHO E SAI CARECA
COM UM MONTE DE FIO NAS COSTAS
EM UMA BACIA DE MELECA

2ª emboladinha:
ELE LUTA CARATÊ
E VAI NA TIA DO BISCOITO
ONDE TEM UM DE MENOR
QUE EMPENA GARFO SÓ COM O OLHO

Refrão (4x):
EU NÃO ENTEMDI, EU NÃO ENTEMDI
EU NÃO ENTEMDI MATRIX !

Transição com cortadão de caixa e guitarrinha noise doideira
que finaliza com pancadão de surdo

3ª estrofe dupla, que se canta tipo a emboladinha:
O PLEIBÓI SENTE A ESCAMA NO REPEAT DO MIAU
INVADE A DP DE SINISTRO E LARGA O PREGO NI GERAL
O X-9 RANGA UM BIFE E VAI PRA TERRA DOS PÉ JUNTO
O NEGÃO LEVA UM SACODE E QUASE QUE VIROU DIFUNTO

Refrão (2x):
EU NÃO ENTEMDI, EU NÃO ENTEMDI
EU NÃO ENTEMDI MATRIX !

Depois desse refrão vem o finalzinho crazy people com crescente de caixa que descamba na estrofe final.
Aí vem o riff imitando o RAGE AGAINST THE MACHINE pra cantar:
ESSE MALUCO É TÃO SINISTRO QUE NEM BALA PEGA NELE
ELE FECHA COM UMA MINA QUE ANDA PELA PAREDE
O RELOAD É MENTIROSO E REVOLUTIONS É RUIM
E NÃO TEM MAIS A MÚSICA DO RAGE AGAINST THE MACHINE

A música acaba num fade outzinho safado mas que funciona muito bem, como sua família merece!
AINDA BEM QUE TRILOGIA NO TERCEIRO ELA É O FIM...
AINDA BEM QUE TRILOGIA NO TERCEIRO ELA É O FIM...
AINDA BEM QUE TRILOGIA NO TERCEIRO ELA É O FIM...
AINDA BEM QUE TRILOGIA NO TERCEIRO ELA É O FIM...

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“Parafuso na cabeça”
Rogerio Skylab

Põe um aparelho no seu dente,
Coloca a argola na orelha,
Depois põe esse piercing na tua língua,
Injeta silicone no teu peito,
Faz uma porção de tatuagem,
Encosta na tua pele ferro quente,
Imprime no teu corpo uma palavra,
E põe um parafuso na cabeça.
Faz uma trepanação no cérebro,
Puxa, corta, rasga e aperta.
O teu sexo, o teu sexo.
Faz um pieling, põe um marca-passo,
Se mutila todo e fica vesgo,
Introduz um córneo na tua testa
E põe um parafuso na cabeça.

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“O Alien Que Veio Pro Espaço”
Zumbi do Mato

Pamonha, quem tinha pamonha cremosa?
Vem chupar minha maionese porque ela é a mais gostosa.
Marcianinha veio à Terra, não sabia o que comprar, segurou no meu rojão pensando que era raio "lêisiu".
Raio "lêisiu" é o caraio!! Vou mostrar o meu rojão, meu canhão de raio "lêisiu"!

Vai chupar cocô pra ver disco voador, hecatombe intestinal, boi zebu é maioral!

Pedra vira galinha, canta feliz & vive contente.

Morra no boot-kim, mas não cus passando em mim!
Schwarzenegger é puxa-saco de elefante!
Flor kay, flor soby, você só tá por cima porque merda não afunda.

Vai chupar cocô pra ver disco voador, hecatombe intestinal, boi zebu é maioral!

Tchá, tchá, tchá, banho gelado na preguiça
"Ale(gre) como uma cadelinha" (Funk Fuckers)

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“O EXORCISTA”
Miami Bros.
(Djason)

Tá amarrado, irmão?
Uh! Demorou!
Sai desse corpo demônio

Ele invadiu o seu corpo
Sem pedir licença
O ziza tá na área
No seu corpo faz presença

Eu vou me armar
De crucifixo e água benta
E vou ler a Bíblia
Só pra ver se ele agüenta

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“MELÔ DOS TRÊS PREGOS”
Miami Bros.
(DJason)

De braços abertos tu recebe os irmãos
Nos seus olhos refletem o brilho do cifrão
O templo mais lotado, o seu bolso estufado
Arrecadar com doação não pode ser um pecado

Pastorzinho babaca, o seu ídolo é Jesus
Vou te deixar que nem ele e te pendurar na cruz
Tenho três pregos, dois vão pra palma da sua mão
E só sobra um pra concluir minha missão

Você pensa que eu sou bobo
Você pensa que eu sou cego
Cala a boca e cruza as pernas
que eu só tenho mais um prego

Você diz que fazer o bem ao próximo é bom
E se o próximo for você, a conversa muda de tom
Tira dinheiro dos fiéis que não tem o que comer
acham que doam pra igreja, e não para você

Minha vingança à sua fé, pode crer ela faz jus
vai ficar que nem espantalho pendurado numa cruz
Tenho três pregos, dois vão pra palma da sua mão
E só sobra um pra concluir minha missão

Você pensa que eu sou bobo
Você pensa que eu sou cego
Cala a boca e cruza as pernas
que eu só tenho mais um prego

Se Deus é dez, a gangrena gasosa é meia meia meia

por Adolfo Sá

SE DEUS É 10 A SUPERVIA É 666

Senhores passageiros c/ destino a Deodoro, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Nova Iguaçu, Queimados, Japeri, Paracambi, Belford Roxo, Gramacho, Saracuruna e Vila Inhomirim: vocês estão fodidos!

Durante 2 dias desta semana, uma pequena guerra civil foi travada nos trilhos que partem da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Começou na manhã do dia 07/10, c/ um trem enquiçado nas imediações da estação de Nilópolis. O maquinista abandonou a composição e deixou os usuários presos nos vagões lotados – a maioria ali a caminho do trabalho. Após 20 minutos sem notícias, geral começou a forçar as portas e saltar pelas janelas. Alguns pés quebrados e tornozelos torcidos. Muita revolta.

A população voltou aos guichês da estação p/ exigir seu din-din de volta. A empresa responsável recusou-se a devolver o real, e um protesto instantâneo irrompeu: o povo indignado destruiu a bilheteria, arrancou uma das catracas, invadiu a linha férrea e ateou fogo num trem.

Na tarde de quinta, 08/10, um novo protesto causado por atraso nos embarques fechou a Central por mais de 1 hora. O Batalhão de Choque da PM foi chamado e conteve o tumulto c/ bombas de gás e tiros de escopeta. Mais de 20 feridos contabilizados nesses 2 dias. Na manhã de ontem, os trens no ramal de Deodoro a Santa Cruz circularam c/ atraso novamente. Desta vez não houve revolta popular. Aparentemente, as pessoas cansaram de apanhar.

PAGUE P/ ENTRAR, REZE P/ SAIR

“Trens não se compram como sapatos ou bolsas nas lojas, é preciso encomendar e esperar”, diz o Secretário de Transportes do Rio, Júlio Lopes.

A SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário S/A, administradora da malha [sub]urbana carioca, alega que a pane da manhã de quarta e os atrasos dos últimos dias ocorreram “devido a problemas em uma subestação de energia”. Em entrevista concedida ontem ao programa RJTV, da Globo, o secretário Lopes ‘garantiu’ que vai cobrar da empresa um plano de emergência. Ele admitiu a precariedade do sistema de transportes da capital fluminense, mas condenou as manifestações: “Pessoas mal intencionadas se incluem no meio dos usuários e praticam vandalismo, o que aumenta ainda mais o sofrimento dos passageiros que precisam utilizar os trens p/ trabalhar”.

O Estado é ausente, a polícia é repressora, a iniciativa privada é mal intencionada e o povo é quem paga o pato. “Em 2007 um acidente provocado pela empresa, o pior em 10 anos, deixou 8 mortos e 111 feridos, o que também gerou a revolta da população”, informa o site do Partido da Causa Operária. Além de incompetente, a SuperVia é reincidente em maltratar seus clientes.

Quem não lembra das cenas gravadas em abril de funcionários da concessionária chicoteando os passageiros pendurados em portas e janelas, p/ que entrassem nos vagões? "Em relação às imagens na estação de Madureira, a SuperVia informa que os agentes de controle são orientados a coibir tentativas de depredação ao patrimônio público, atos de vandalismo e condutas que coloquem em risco os demais passageiros e a operação regular dos trens", informou em nota.

RAP DO TREM

“Pegar o trem é arriscado/ trabalhador não tem escolha/ então enfrenta aquele trem lotado”, já rimava o rapper Sandrão há 10 anos. Ele e todos os integrantes do grupo RZO são de Heliópolis, periferia de São Paulo. No Rio, outra banda de suburbanos também fez música p/ o sistema ferroviário de sua cidade: “A SuperVia Deseja a Todos Uma Boa Viagem” é uma homenagem de Ronaldo ‘Chorão’ aos serviços prestados pela famigerada companhia.

Morador de Campo Grande e trabalhando das 8:00 às 18:00 de segunda à sexta, o vocalista da Gangrena Gasosa sente na pele as agruras de 2 viagens diárias em trens sob condições subumanas: "Senhores passageiros a SuperVia informa/ Hoje todos os ramais operam com atraso/ Senhores passageiros a supervia informa/ A composição vazia só vai fazer manobra", canta o refrão.

Mais conhecidos pelo satanismo afrodescendente, Chorão e a Gangrena provam que basta morar longe da zona sul carioca p/ se sentir um frango de despacho numa encruzilhada: “As letras são um crossover do dia-a-dia do brasileiro tosco c/ temática de macumba. Você não precisa estudar p/ falar disso, basta viver no Rio de Janeiro e ter o dom de rir das desgraças."


Fonte: Viva La Brasa

SARAVÁ !

Clostridium perfringens é o nome da bactéria causadora da gangrena gasosa, uma infecção que produz gás entre os tecidos do corpo. Geralmente ocorre em áreas traumatizadas e feridas cirúrgicas, evolui rápido e é caso grave. Se não for tratada a tempo, o enfermo entra em estado de hipotensão, insuficiência renal, choque, coma e, por fim, óbito.

Ronaldo de Souza Lima é o nome do ‘Chorão 3’, um dos vocalistas da Gangrena Gasosa, banda que comemora 20 anos c/ o 4º disco: SE DEUS É 10, SATANÁS É 666, prestes a ser lançado pela gravadora Freemind. O grupo surgiu nos anos ’90 em meio a uma onda do rock nacional em que novas bandas eram associadas a um determinado ritmo ou movimento: Chico Science liderava o manguebeat, os Raimundos vinham c/ o forró-core, e o Planet Hemp cantava a maconha. A Gangrena falava de macumba, e sua música foi batizada como 'SARAVÁ METAL'. Lançaram seu 1º disco em 1994, Welcome to Terreiro, ainda na época do vinil, pelo selo Rock It!, do ex-Legião Dado Villa-Lobos. Participaram de 2 coletâneas emblemáticas, No Major Babes, do jornalista Marcel Plasse, e Traidô!! - Tributo ao Ratos de Porão, produzido pelo Phú, da banda de HC de Brasília DFC [Distrito Federal Caos].

Em 2000 saiu Smells Like a Tenda Spirita, pelo selo Tamborete do amigo Leonardo Panço, e em 06 de junho de 2006 foi a vez do EP independente 6/6/6. Nascida sob o signo de Satã [ou do Exú, como preferirem], a Gangrena Gasosa passou por várias fases e formações, c/ algumas baixas resultantes da energia pesada c/ que a banda trabalha – o vocalista Paulão, ex-Seletores de Freqüência e atualmente em carreira solo, deixou o grupo depois de sofrer um atentado nas mãos de devotos fundamentalistas do Candomblé: “Isso é p/ aprender a não brincar c/ coisa séria”, teria dito um deles após aplicar-lhe algumas facadas [REZA A LENDA, pois Chorão não gosta de comentar o episódio].

“Metaleiro, gótico que anda de preto em cemitério, nego dá conselho: ‘Larga disso meu filho, fica direitinho’... Mas ninguém vê um adolescente entrar no mundo da macumba achando que isso é uma fase que vai passar quando crescer. Macumba é coisa mais séria, e ninguém gosta de mexer c/ essas coisas, não. Neguinho se borra mesmo”, diz Chorão. Conheci o ‘Omulú’ em ‘96, durante um Hollywood Rock no Rio. O White Zombie tinha acabado de tocar e rolava a apresentação do Smashing Pumpkins, e Ronaldo bradava: “Porra, esse The Cure é chato pra caralho!” Haha!.. Chorão [o ‘3’ ele acrescentou depois, por haver outros 2 Chorões mais famosos que ele] é tosco, suburbano, sinistrão. Mas também é culto, inteligente, engraçado – e acima de tudo verborrágico.

Isso pode ser comprovado na entrevista reproduzida a seguir, postada pelo paulista Márcio SNO no portal Rock Press. As palavras saem como uma hemorragia. O negão abre o verbo sobre a trajetória da Gangrena, a fama de malditos, a responsa de ser pai e a paixão por Adelvan Kenobi. C/ vocês, as simpatias, mandingas & quizumbas de Chorão 3, puro suco da maldade. Chuta que é macumba!

Quem ouve o som deve achar que vocês se vestem de demônio, moram em cemitério e tomam água de vala. Quem são vocês afinal?

Eu não bebo água de vala, não, mas não sei se alguém da banda bebe. Veja um caso verídico que aconteceu c/ a gente. A Lana Romero, nossa manager, fez contato c/ a produção de um evento que rolou em Cabo Frio, chamado Rock Humanitário. Daí o cara que organiza falou assim pra ela: “Eles mexem c/ coisas muito sérias e não quero nada negativo no meu evento”. E adivinha quem toca... Quem? Quem? Quem? O KRISIUN!!! É mole? Tem troço mais DEATH que o Krisiun? É fácil não ter medo de Satã, Beelzebuth, Astarot, Demon, que são diabos gringos. Mas ninguém quer mexer com Exu, Tranca Rua, Pomba Gira e Zé Pilintra.

Os nossos santos de casa são mais poderosos que os importados?

Eles são mais nervosos, metem mais medo, eles estão aqui, né, meu? Nas esquinas e encruzilhadas da(s) (nossas) vida(s). Se quiser ver Belzebu e Lúcifer que estão láááááááááááá na Noruega, ou Voldermort (esse é do Harry Potter, nem meu filho tem medo mais...) você compra um CD, aluga um filme, entra na internet, você tem essa opção... Agora c/ a macumba, não, Tranca Rua e Exu Caveira, tá amarrado, né, mano? Você pode trombar c/ um despacho em qualquer esquina. Cara, tem gente que se muda de casa por causa de tambor de terreiro de macumba. Falam que é porque o som incomoda, mas acho que é medo mesmo. Eu tinha uma bobeira quando era pequeno, que sempre achava que meu pirú ia cair se eu pisasse em despacho de macumba, ou que a minha perna ia secar. Porra, quando aquele livro do Bispo Macedo [‘Guias, Caboclos e Orixás - Deuses ou Demônios’] foi parar lá em casa, eu parei até de comer doce de São Cosme e São Damião c/ medo, porque o livro falava que esses doces são oferecidos ao diabo antes de dar pras crianças. Isso é sério! A minha mãe compra doce pro meu filho em dia de Cosme e Damião, mas ela não deixa ele comer do saquinho de jeito nenhum. E eu respeito essa atitude dela, sei lá, né, meu, vai saber...

C/ essas mensagens que abordam em suas letras, como vocês lidam c/ os seus lados espirituais? Vocês também pedem licença quando cruzam por um despacho?

Eu tenho medo de praga de madrinha, de olho grande, de inveja, de mau olhado, de espírito obsessor, tenho medo de macumba, tenho medo de ver O Grito e O Chamado sozinho, tenho medo de Poltergeist até hoje (“foram eles, mamãe...”), tenho medo até do Gasparzinho querendo ser meu amigo... Tenho medo de tudo que eu não posso agredir e nem meter a porrada. Acho que cada um da banda tem sua maneira de se benzer dessas zicas que a Gangrena mexe. Mas não peço licença pra passar no despacho, não... Eu passo pelo outro lado da rua!

E esse ‘trabalho’ de lançar 3 discos de 6 em 6 anos? Foi um pacto mesmo ou ironia do destino?

Ahahahahahaha, todo mundo sempre pergunta se a gente tem pacto c/ o ‘capira’, mas isso não rola. Tem horas até que eu penso: “antes tivesse...”

Mas então esse lance de 6 em 6 anos foi estratégia p/ promover o EP 6|6|6?

Em relação ao nome do EP, c/ certeza. Mas a data foi um ‘dead end’, um prazo pra gente botar o disco na rua. Trabalhar sem prazo é uma merda... Tira a meta e fica muito largado, faz quando pode, quando dá... Quando você estabelece uma meta, você põe o trabalho à prova, se é viável ou não é. Também você avalia o grau de interesse (até o meu próprio) de quem tá junto no projeto. Vai chegando a hora de lançar e os assuntos cabeludos vão voltando junto: grana, show, grana, divulgação, grana, ensaio, grana etc. Mas também acontecem verdadeiras ‘declarações de amor’ pela banda. Eu e o Ângelo conversamos coisas e trocamos impressões que eram de chorar, literalmente. Acabei ouvindo também coisas do Vladimir e do Moreno que eu não esperava, que me surpreenderam muito, de saber o PESO que a banda tem na vida de cada um. Isso foi na época do EP, ainda não tinha o Renzo nem o Dread na banda. Quando vimos as músicas prontas, pensamos: “porra, se isso ficasse bem gravado ia dar um show do caralho...”

As letras demonstram bons conhecimentos de entidades de umbanda e candomblé. Foi feito algum tipo de pesquisa?

As letras são um crossover do dia-a-dia do brasileiro tosco com temática de macumba. Você não precisa estudar pra falar disso, basta viver no Rio de Janeiro e ter o dom de rir das desgraças. Hoje em dia, quem diria! Zé Pelintra é adesivo de carro!!! Tem o adesivo da frase clássica ‘amigo do Zé’ e aquele outro c/ ele encostado no poste, e isso vende na banca de jornal. Um adesivo de recorte eletrônico em 4 cores vende que nem água, por 2 cruzeiros o pequeno de uma cor só, e por 3,50 o grande colorido. A gente podia usar como merchandising da Gangrena na cara de pau! Até São Jorge é pop, tem uma porrada de gente c/ tatuagem de São Jorge matando o dragão, quem nunca viu isso? Tem adesivo pra carro também, que nem o Zé Pelintra. O nome do disco novo – Se Deus É 10, Satanás É 666 – vem de um adesivo dos crentes: “Deus é dez”. Vamos fazer vários adesivos desses pra vender como merchandising da banda, uma versão ‘defona’ dos adesivos crentes: “Tudo boto naquele que me fortalece”, “Foi Satanás que me deu”, “Dirigido por mim, guiado por Lúcifer”, “Deus é 10, Satanás é 666”, “Azazel Inside”, mas quero ver quem vai colar isso no carro.

Quando foi formado o Gangrena ninguém tocava nada e hoje a banda já conta com uma formação bacana (que tem até o Renzo do DFC), sem falar no monte de gente bacana que passou pela banda. Diante dessa referência, vocês poderiam imaginar que o som tosqueira da primeira demo iria ter esse formato de hoje?

Não, a gente não podia imaginar, mas a entrada do Vladimir na banda foi um divisor de águas pra essa mudança. Metaleiro do inferno, cabelão comprido e tudo... No primeiro ensaio foi logo tocando o riff de ‘Holly Wars’ do Megadeth, imagina! Meu cabeção pirou! Eu falei assim: “caralho, a palhetada desse cara é uma grosseria! Agora vai ser metal mêismo, mêu!”

Quando lançaram o disco Welcome to Terreiro, muita gente apostava que a Gangrena ia ‘acontecer’. No entanto, o que ocorreu foi o primeiro sumiço da banda. O que aconteceu por não ter rolado o sucesso em tempos de Mamonas Assassinas e Raimundos?

O que aconteceu é que a gente não era o Raimundos nem o Mamonas Assassinas. Neste último caso, graças a Deus, né, não? Aliás, graças a Deus nos dois casos, o Rodolfo virou crente... A Gangrena era underground mesmo. A gente mexe com macumba, a gente emporcalha de farofa todo lugar que a gente toca. Imagina se isso acontece no Gugu (eu ia adorar)! Velho, a gente é toscão à vera, não é firulinha, não. Não dá pra Gangrena tocar no Criança Esperança nunca, eu ia querer mandar o Didi calar a boca porque acho ele sem graça pra caralho. Como a Gangrena ia “acontecer” com uma letra tipo ‘Timbalada de Caveira’? Será que a gente ia ser chamado no programa da Hebe (gracinha) ou da Ana Maria Braga? Eu ia querer roubar o Louro José e dar pra minha mãe botar na estante da sala. Mas o beijinho da Hebe Camargo eu dispenso. Acho que ia me sentir como se estivesse beijando o Imotep da Múmia. Apesar de que essa mulher é coroa mas ela tem umas coxonas grossas, né, cara? Quem será o Escorpião Rei que sacode a Hebe Camargo?

Ah, bicho, se pegar as letras do Raimundos o que não falta é palavrão... Mas diante dessa declaração, então, não podemos esperar um lançamento de vocês nem num Pânico na TV?

Pode ser, no Pânico, pode ser, sim. Também tem o Hermes & Renato, os programas do Gordo, do Zé do Caixão... Tem espaço pra gente também. Já fomos no Gastão (Musikaos) e no Zeca Camargo quando era da TV Cultura. Mas o esquemão tipo Jô Soares de novo, Faustão, não sei, não... Isso sim tem mais espaço pro Raimundos (que eu gosto), pra Pitty (que eu gosto), pros Detonautas (que eu gosto), pro NX Zero (que eu odeio), essas paradas são rock também mas são menos nervosas. E têm um formato que dá pra rolar bem em playback se for preciso. Já fizemos playback no Caderno Teen da TVE e odiei isso, é muito fake, é muito escroto. Não nego que a TV é uma puta divulgação pra banda, em qualquer canal, fazendo qualquer programa, mas no nosso caso, acaba sendo um tiro no pé. Porque os fãs da banda não curtem playback, e quem não conhece não entende a proposta. Pra isso funcionar, tinha que rolar a gente tocando c/ a legenda das letras, que nem no clipe de ‘A SuperVia Deseja a Todos Uma Boa Viagem’, assim vale a pena até fazer playback mesmo. Assim eu iria amarradão, porque faria toda diferença entre ser ridículo e pagar um puta lelê, e ter a oportunidade de mais gente conhecer nosso trabalho.

Quais são as principais diferenças de ter uma banda na adolescência e depois dos 30 anos, com filho, família, essas coisas?

Você não ter mais disposição pra dar murro em ponta de faca... Não ficar mais aturando certas babaquices de gente que pensa que está te fazendo um favor não te cobrando venda de ingressos pra tocar... Não sei se é assim em São Paulo ou em outros estados porque estou muito por fora da cena, mas no Rio de Janeiro tá assim hoje... Mas acho que deve ser aqui mesmo, porque o que eu vi na produção do ETHS [banda de new metal da França] feito pela Sob Controle, de São Paulo, fiquei impressionado c/ a puta estrutura que a banda teve no evento. Não só estrutura, mas acho que a palavra certa mesmo é suporte, logística, achei foda. O ETHS sobe no palco c/ um puta equipamento, roadie pra caralho, uma bateria zerada, o cara conta 1,2,3,4... BRAMMMMMMM!!! Tá ligado? Já manda um MI bordão na guitarra que parece um VRÚ (se existisse essa nota musical), som limpinho, tudo alto pra caralho... Me dá motivação de voltar c/ a banda e batalhar p/ alcançar esse nível de estrutura num evento. Os caras da Sob Controle são foda mesmo, não sei se estou fazendo propaganda gratuita, só respondi no contexto da pergunta, mas pra mim, o efeito foi que nem pegar um iPhone pela primeira vez na mão: me impressionou. Principalmente num meio em que todo mundo choooooooooooora pra caralho que tá ruim, tá ruim, tá ruim... Será que o público também não está cansado de sair de casa, pegar três ônibus pra ver 500 bandas sem previsão de horário pra começar o evento? Será que não estão de saco cheio de ver o nome de várias bandas no cartaz e ouvir o som igual ao do Atari Teenage Riot p/ todas as bandas saindo dos amps? Não sei, é uma pergunta...

Em Barra Mansa/RJ tem a banda Miami Brothers, que bebe da água da Gangrena e faz um som que coloca Edir Macedo no alvo. O que vocês acham dessa disseminação? Há outras bandas que seguem o estilo de vocês?

Rapaz, eu acho que o Miami Brothers tem as letras mais toscas do mundo. A ‘Dança do Crucificado’ e a ‘Melô dos Três Pregos’ têm os refrões mais ‘defonildos’ que eu já vi. Aquele zine que o Xan faz, INFERNO PUB, é muito foda! E eles têm umas sacadas ótimas também: ‘Templo É Dinheiro’, ‘Umbanda Larga’ e ‘Paga que Eu Te Escuto’. Acho muito bom mesmo. As outras bandas, como disse na pergunta lá em cima, não têm como fazer um trabalho falando de macumba que não lembre a Gangrena. Tem tipo o Ocultan, mas o som é muito diferente do nosso, e a temática parece mais séria. O importante é que o pau ronca! E isso é muito legal, tem uma música deles que eu ouvi, ‘Poderoso Exu Sete Crâ-ni-ôssssss’... Defão mesmo! Também vi no MySpace uma banda de death chamada Gangrena Febrosa que tem um logotipo parecido c/ o nosso, se não acredita, vai lá ver: www.myspace.com/gangrenafebrosa. Essa banda tem temática de splatter, doenças e desgraças afins. Fora isso, meu sonho é ver uma banda tocando uma cover da Gangrena. Acho que eu ia me sentir ‘a pica que matou Cazuza’ se uma banda tocasse uma cover da Gangrena! Coisa de artista, maior bronca de famoso, né, não? Eu teria coragem até de juntar dinheiro e bancar um tributo pra Gangrena Gasosa – tipo o Phú fez c/ a coletânea TRAIDÔ!!, no qual a Gangrena participou c/ a versão de ‘Beber até Morrer’ e ‘Vida Ruim’, transformado em ‘Benzer até Morrer/ Kurimba Ruim’ – , só pra ouvir esse CD e ficar me masturbando...

Chorão, em outras entrevistas você fala de possíveis relações mais profundas c/ rapazes do rock como Phú (DFC) e Adelvan (Programa de Rock de Aracaju), por exemplo. Como você explica a música ‘Emboiolada’?

Não, sai fora, brincar disso c/ o Phú é furada! O Phú come travesti mesmo! E isso sairia do campo da aventura p/ o campo do amor, e eu não quero casar c/ o Phú nunca... O único amigo que comeria por amor seria o Adelvan de Aracaju, faço qualquer coisa por aquele nariz! Largo até minha mulher pra casar c/ o Adelvan se ele me quiser.

Uma vez seu pai queimou uma pilha de cartas suas na ‘Fogueira Santa de Israel’ e colocou o seu nome na corrente de oração da Igreja Universal. Me fala, o que mudou na sua vida nesse período?

Fiquei careca, casei, engordei 20 quilos (minha mulher cozinha bem pra caralho) e estou mandando melhor no sexo apesar da minha pança extreme noise terror. E o meu pai saiu da Universal e foi pra Quadrangular. Mas tem o seguinte, agora que sou pai, percebo que os pais erram querendo o melhor pros seus filhos, e c/ o meu não foi diferente.

Então, talvez seja o caso de você dar o seu testemunho... Ou seu testemunho você não dá?

Tipo o que Rodolfo dos Raimundos fez? Não, isso, não... Não dou meu testemunho porque acho que ele não seria sincero... Acho que quando você descobre que as coisas não são só átomos (também não estou dizendo que são Jesus, nem Satã, nem Buda, nem Maomé, nem Alan Kardec, não é isso...) bate uma chapação, tipo um ‘PLÁ!!!’ na sua mente, e tem pessoas que querem falar isso no microfone pra todo mundo ouvir. Acho que é uma mudança de conceito muito grande e as pessoas querem, sei lá, compartilhar isso, penso que seja isso... Mas eu não tenho essa piração, pra isso eu tenho a Gangrena, que eu posso subir no palco, grito pra caralho, mas as pessoas que estão ouvindo vão lá QUERENDO ouvir isso. Acho um saco essas pregações que os crentes querem te empurrar goela abaixo porque estão arrependidos de cheirar, de fumar maconha, de fazer macumba pra separar marido, pra aleijar os outros, de dar o cu, de ser piranha, de roubar... Acho isso caído. E vêm c/ essa postura de que estão te fazendo um puta favor de mostrar o caminho do céu, e você que é um ingrato, não quer escutar o que eles têm a dizer... Já vi testemunhos sinceros, já aceitei orações sinceras também, porque acho que boas intenções não têm religião. Dos meus avós, dos meus pais, dos fãs e amigos da banda, aceito de coração quem quiser desejar boas coisas pra mim. Não sou ‘defão’ de mandar crente tomar no cu, essas paradas. Mas sei que tem muita picaretagem no meio também (minha vó falava que era “crente do cu quente”) e meto o pé quando vêm na minha direção pra entregar papelzinho e dizer que Jesus Cristo tem uma grande obra pra fazer na minha vida, mas falta eu comprar o material...

Já rolou algum processo por parte de espíritas, crentes ou mesmo pelo Lulu Santos?

Não, somos café pequeno pra eles, crentes e espíritas. E o Lulu Santos gosta da gente, eu também acho muita coisa do Lulu Santos bem legal.

O Lulu curte a Gangrena mesmo depois da ‘homenagem’ que fizeram pra ele no encarte do Smells Like a Tenda Spirita?

O Lulu Santos é ‘diabo de mídia’ e ele sabe disso. Como disse, eu tenho vários discos do Lulu Santos, pediria autógrafo se o conhecesse pessoalmente – e se os CDs fossem originais... Sem nóia!

Existe uma especulação de que o disco Roots, do Sepultura, foi inspirado em vocês. Definitivamente: isso é fato ou lenda?

Definitivamente o Roots é um crossover de Korn no som c/ Gangrena Gasosa no conceito. O clip de ‘Roots Bloody Roots’ é Gangrena até o caroço. Mas também, todo mundo que fala de macumba no Brasil vai remeter a alguma lembrança da gente, não tem jeito. Mas nós não somos donos de toda macumba do mundo e, além disso, o Roots é um disco foda (não, não é o melhor deles, prefiro Chaos A.D. e o Beneath the Remains). Ninguém tem a patente das boas idéias, e em contrapartida, esse brá lá lá que rolou c/ o Sepultura nos ajudou na época, na tour da Alemanha a gente sempre era relacionado c/ o Sepultura e o Ratos de Porão, era a melhor referência que eles tinham pra situar o nosso som. No problem! Sepultura é uma puta banda. Mas isso de fazer macumba não deu muito certo pra eles, porque a banda perdeu muito espaço depois disso e o Max virou mendigo... Meu Deus, que cabelo é aquele, né, velho? Tem uma foto dele na revista Rolling Stone que ele tá sem um dente... Cruz credo... Que onda errada... Ele acha que isso é bonito? Já pensou como ele vai falar pro Zyon escovar os dentes se ele não dá exemplo pro garoto?

E você, na Gangrena, depois que teve filho passou a rever algumas posturas suas para não dar esse anti-exemplo igual ao do Max?

Claro que sim, eu não fico dando mole, não, porque sei que sou referência e não vou colaborar ensinando mais merda do que as que ele já vai encontrar fora da escola e de casa. Eu não fico mostrando Playboy pra ele porque ele é homem, meu filho não tem nem 12 anos. A Playboy vai servir pra que? Pra ele sentir tesão? Ele não faz sexo c/ essa idade, pra que vou incentivar isso? Pra dizer pros amigos e vizinhos que ele não é viado? Acho isso babaquice... Você tira por uns pequenos lances que você observa (pra ser pai TEM QUE OBSERVAR SEMPRE), meu filho já veio me pedir cerveja em churrasco, tipo pra mostrar pros outros moleques que já era adulto que nem o pai. Não dei uma bifa nele mas dei um sabãozinho de leve no canto e ele bebeu foi Coca-Cola mesmo. Eu, hein, mano, não fode! Sinceramente, quando eu vejo essa molecada fumando maconha e bebendo até cair na sarjeta, sei lá... Me dá muito medo. Hoje em dia vejo filmes como Alpha Dog, Kids, Requiem for a Dream, Trainspotting, e isso agora é filme de terror pra mim. Fico na merda vários dias dormindo mal, cheio de paranóias... É foda... Além disso, tem as outras coisas que meu filho vai ter contato dentro de casa mesmo, pela internet, não me iludo quanto a isso, ele sempre vai dar um jeito, como eu dei o meu jeito quando tinha a idade dele... Tem muita putaria e maluquices rolando na internet... Não dou lição de moral pra ninguém, porque sei que ninguém quer ouvir lição de moral do Chorão 3, que agora só porque é pai de família virou moralista. Mas, respondendo a sua pergunta, ser pai mudou isso na MINHA cabeça e esses são meus medos hoje em dia, quem não entende vá ser pai e veja qual é a bronca... Isso vai passar quando meu filho tiver 20 anos, mas quando ele tiver 30 vou ser avô, e aí vai começar tudo de novo...

Tem alguma música da Gangrena que você se recusa a cantar? Por quê?

Não, me recusar a tocar, não, todas são músicas da banda, mas tem umas que acho chatiiiiinhas pra cacete, tipo ‘Pomba Gyra’ e ‘Pegue o Santo or Die!’... Tem outras também, mas o fato é que curto as músicas mais porradas e c/ mais percussão.

Em 2001 vocês se aventuraram na Alemanha e Áustria fazendo alguns shows. Como foi essa experiência e como eles receberam a proposta da Gangrena? Ou não entenderam nada e tudo bem?

Eu gosto de contar uma passagem em particular que me deu muito orgulho dessa tour. Um dia fomos tocar num squat de três andares e lá em cima tinha um punk dormindo que acordou com o som e desceu pra ver a gente. Ele disse pro dono do bar o seguinte sobre nosso show: “Eles são tão agressivos quanto o Slayer, tão pesados quanto o Venom e tão loucos quanto o Prodigy”. Pra mim que sou a minha pessoa pessoalmente isso valeu qualquer custo que tive pra viajar naquela tour. Considerando que o cara não falava português e não entendia nada das nossas letras, tenho muito orgulho de ser da Gangrena Gasosa por isso. Se eu não fosse da Gangrena, seria fã pra caralho da banda.

Notei em diversos momentos nessa entrevista que você cita Deus. Quem é Deus para você?

Deus p/ mim, atualmente, é um crossover de Stephen Hawking, doutor em Cosmologia, c/ todas as tradições místicas e ciências ainda não desenvolvidas e estudadas da face da Terra. Um conceito tipo o do físico Amit Goswami. Eu ainda estou sob efeito do filme Quem Somos Nós? e essa pergunta é complexa demais, porque eu mesmo já me fiz essa pergunta e juro por Deus que não sei a resposta... Acho que Deus é um conceito muito pessoal, e eu ainda estou correndo atrás dessa compreensão. Saí do materialismo mental que venho pregando (vociferando) grosseiramente (sem conhecimento de causa, quero dizer) desde a minha adolescência, e estou deslumbrado demais c/ os novos conceitos c/ os quais tenho tido contato. O bom desse momento que estou vivendo é que (ainda) não fiquei chato o bastante p/ ficar pregando meu ponto de vista pra ninguém. E espero permanecer assim por muito tempo, acreditando em Deus, mesmo que eu não saiba explicar quem ou o quê Ele é.

O que podemos esperar da Gangrena nessa nova fase?

Sinceramente, eu também gostaria de saber. Eu me faço essa mesma pergunta todo santo dia...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Morre Dickie Peterson, do Blue Cheer



Fonte : The New York Times, via portal terra

por William Grimes

Dickie Peterson, cujo vocal ruidoso e linhas de baixo pulsantes ajudaram a conduzir o trio de rock-blues psicodélico Blue Cheer ao território musical que um dia viria a ser definido como heavy metal, morreu na segunda-feira (12) em Erkelenz, Alemanha. Ele tinha 63 anos, e dividia seu tempo entre as cidades alemãs de Erkelenz e Colônia.

Ron Rainey, o seu empresário, informou que a causa da morte foi um câncer de fígado.

O Blue Cheer, um grupo de San Francisco formado no final de 1966, adotou como nome uma "marca" de LSD vendida nas ruas da cidade, mas jamais ostentou o pique de paz e amor difundido por grupos daquela era, como o Jefferson Airplane e Grateful Dead. Sua marca era um som cru, animalesco e ruidoso, como o prova a versão feroz e acelerada de Summertime Blues que se tornou o maior sucesso da banda.

Diante da bateria selvagem e forte de Paul Whaley e dos uivos da guitarra de Leigh Stephens, Peterson, o vocalista principal da banda, terminou por adotar a única estratégia possível como cantor: abria bem a boca e emitia sons primais, em altíssimo volume.

"As pessoas continuam tentando dizer que nós éramos heavy metal, ou grunge, ou punk, que éramos isso ou aquilo", ele declarou em entrevista ao site Stoner Rock, em 2005. "A verdade é que somos apenas um power trio, e tocamos ultrablues - ou seja, rock. O que fazemos é realmente simples."

Richard Allan Peterson nasceu em 12 de setembro de 1946 e se criou em Grand Forks, Dakota do Norte. Começou a tocar baixo aos 13 anos de idade, influenciado por seu irmão, Jerre, guitarrista em uma versão inicial, com seis integrantes, do Blue Cheer.

Peterson se transferiu para San Francisco na metade dos anos 60, com seu irmão, e começou a tocar com ele no Group B. Foi expulso da banda porque insistia em tocar hard rock, um estilo que ele desenvolveu ao máximo com o Blue Cheer.

A formação original da banda, com seis integrantes, foi rapidamente reduzida a um trio, a fim de permitir um som mais pesado, disse Peterson à revista Rockotober, em 2007. Em 1968, a banda lançou o álbum Vincebus Eruptum, em geral considerado como o seu melhor trabalho. O disco incluía uma cover de Summertime Blues, sucesso de Eddie Cochrane, e o single chegou ao 14° posto na parada da revista Billboard, enquanto o álbum atingia a 11ª posição.

O grupo lançou diversos outros discos em rápida sucessão, entre os quais cabe destacar Outsideinside (1968), New! Improved! Blue Cheer (1969) e Blue Cheer (1969), antes de se dissolver em 1972.

O primeiro casamento de Peterson acabou em divórcio. Ele deixa sua segunda mulher, Ilka, de Erkelenz; uma filha, Corrina Peterson Kaltenrieder, que vive em Fort Worth, Texas; e um neto.

Em diversas configurações, mas sempre com Peterson nos vocais, novas formações do Blue Cheer gravaram diversos álbuns de estúdio e ao vivo, ao longo dos anos. Peterson gravou dois discos solo nos anos 90, Child of Darkness e Tramp, e realizava frequentes turnês com o Blue Cheer nos Estados Unidos e Europa.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

# 123 - 09/10/2009



BAIXE AQUI

The Flaming Lips – Evil

Fox Hound – Mon ´n´dad
Rotten Horror – Maybe
Demonkratzie – Che está morto, e agora ?
Nucleador – Atomic Cockroaches

Drop Loaded:

Wolf Attack – Attack of the wolves
Wolf Attack – Old West

Distro – Mímico
The Baggios – Cosmopolita
Nautilus – without the Sun

Entrevista e pocket show AO VIVO com a Nautilus

Bloco produzido por Chorão 3 (Gangrena Gasosa):

DRI – thrashard
Napalm Death – Greed Killing
Yellow Machinegun – Again
LARD – Forkboy

Lamashta – Desolation in eternal values introjects
Impact – social blindness
Sign Of Hate – Purify fire

Entrevista com membros das bandas
Sign Of Hate
Lamashta
Impact

V Sessão Notívagos

Quando eu comecei a fazer fanzines, começava as cartas que mandava aos meus contatos com o cabeçalho: “Cu do Mundo, tanto de tanto de mil novecentos e tanto”. Hoje pode parecer exagerado – e era - “pero no mucho”. Um poeta disse que “o sentimento mais provinciano que existe é o desejo de sair da província”. Quando comecei a viajar mais fui percebendo que Sergipe não era exatamente essa merda toda que eu imaginava, e que alguns dos problemas que tínhamos por aqui não eram exclusividade nossa. Compreendi também que muita coisa que me incomodava, como a escassez de opções de entretenimento e uma programação cultural mais diversificada, eram características típica dos locais “longe demais das capitais”, não tinha como evitar – não dá pra exigir de Aracaju a mesma movimentação de São Paulo, Rio, Londres ou New York. São mundos diferentes. Ou você se adapta ou tem que se mudar mesmo.

Me adaptei, mas sempre com o sentimento de que poderia melhorar, e muito. E melhorou. Meio que aos trancos e barrancos, sempre batendo num muro de limitações provocadas por nossa posição geográfica, situação econômica e pensamento médio provinciano mesmo, mas aos poucos temos avançado. A Aracaju de hoje é MUITO, mas MUITO diferente mesmo da de 15 anos atrás, e a maioria das coisas, felizmente, mudou para melhor. Especialmente no que toca à movimentação cultural. Há 15 anos seria impensável, por aqui, algo como a última Sessão Notívagos, que reuniu numa mesma noite a exibição de “GUIDABLE”, documentário produzido de forma totalmente independente e que conta a Historia do Ratos de Porão, banda pioneira do punk-rock e Hardcore no Brasil (e na America latina), e um show, no hall do cinemark, em plena madrugada, dentro do maior shopping Center da cidade, da Karne Krua, também pioneira no estilo, em Sergipe, e provavelmente uma das mais antigas ainda em atividade em todo o nordeste.

Verdade que o número de pessoas presentes poderia ter sido maior pois estava acontecendo, na mesma noite, um grande Festival de bandas cover que tem atraído um público significativo e, certamente, tirou da Sessão Notívagos alguns (muitos) prováveis pagantes. Mas também não foi nenhuma tragédia: no final tudo correu relativamente bem (pelo menos aparentemente). Porque apesar do perigo, para os produtores, de se estar dividindo publico numa cidade pequena como a nossa, não dá pra ficar refém dos eventos de maior porte. É preciso CRIAR opções, e isso a Sessão Notívagos (e o Cine Cult, em geral) tem feito com louvor. Lembrando ainda que na mesma noite ocorreu, lá mesmo no cinemark, mas um pouco mais cedo, o encerramento do Festival Curta-Se.

Mas vamos ao filme em si: Excelente. Uma verdadeira passada a limpo na carreira da banda, pela visão dos próprios membros da mesma e de algumas pessoas que fizeram parte daquela historia. História que é narrada em ordem cronológica, partindo do início literalmente no lixo (catavam latas na rua e as esvaziavam para montar a primeira bateria) até as extensas e recorrentes turnês pelo mundo afora. E tudo contado de forma absolutamente descontraída, desencanada e apaixonante. Um verdadeiro banquete para os fãs, e uma peça rara de humor involuntário (ou não) e curiosidades para os leigos.

Não tem como não se encantar e cair na gargalhada com a tosquice de figuras como Jão e Jabá, autênticos representantes daquela já velha tribo homenageada até pelo ex-ministro “Zelberto Zel” na “clássica” “punk da periferia”. Nota-se que o filme foi feito sem muitos recursos (não há depoimentos de Max do Sepultura, por exemplo, certamente porque ele mora nos Estados Unidos e a produção não tinha como ir lá filmar sua participação), mas isso não só não compromete o resultado final como se encaixa perfeitamente na trajetória dos próprios retratados, uma banda absolutamente pobre de recursos que conseguiu se destacar no talento e na raça.

Chama a atenção a análise deles próprios sobre seus discos, com opiniões sinceras e precisas. Também acho o “Descanse em Paz” estranhíssimo: eles estavam tentando experimentar o crossover com o metal sem o devido talento e virtuosismo para os solos e riffs que o estilo exigia, o que resultou num som extremamente original. A banda fala que não gosta do resultado final, mas os fãs adoram o disco. Eu sou fã e assino embaixo – aliás foi o primeiro disco do Ratos que tive. Lembro que minha irmã, adolescente na época, achava a capa horrível, chegou a sonhar com aquela mulher morta. Quando eu queria irritar ela era só mostrar a capa. Também acho o “Brasil” o auge da carreira da banda (eles curtem muito apesar de, pelo que entendi, preferirem o “Carniceria tropical”, que pode até ser o mais bem gravado de todos, mas não tem o repertorio perfeito do “Brasil”). E também acho o “Just another time in massacreland” o mais fraco, com o som mais descaracterizado. Também, assim como a banda, não curto muito o “Anarkophobia”, com suas musicas exageradamente longas e “metalizadas” (“Vivendo Cada Dia Mais Sujo e Agressivo” é mais feliz na dosagem do crossover), e acho o “RDP Vivo” muito bom, muito bem gravado.

O comportamento do publico durante a sessão não foi o de exemplares cavalheiros de origem britânica, mas a mim não chegou a incomodar não. A não ser num momento em que uma garota pareceu achar que havia se transformado na Mulher Invisível e permaneceu por alguns longos minutos em pé na minha frente. E a “maresia” em plena sala de cinema foi até interessante – parecia que o filme tinha cheiro.

O show da Karne Krua, que aconteceu logo depois da sessão, em plena madrugada, no Hall do cinemark, foi quase perfeito. Depois de sanados alguns problemas com o som já no início, engataram um pique ininterrupto de grandes clássicos e excelentes composições mais novas com a pegada vigorosa e precisa dessa nova formação, que está dando uma revigorada, um “novo gás”, no som da banda. O publico curtiu, a ponto de abrir uma roda de pogo inusitada, dado o cenário. Foi um show curto e grosso (até demasiadamente curto, mas mesmo assim satisfatório), encerrado com a faixa-título do eternamente adiado novo disco, “Inanição”, um verdadeiro “neoclássico” da Karne, no mesmo nível de canções marcantes da historia da banda, como “cenas de ódio e revolta”, “o vinho da história”, “suicídio” ou “instantes irreversíveis”. O único fato negativo foi um episodio lamentável que Roberto, o produtor da Sessão, relatou ao microfone, de que os seguranças do shopping haviam pego uns moleques fumando maconha nos corredores do nobre estabelecimento comercial e, ao invés de tomarem suas providencias, foram reclamar a ele, como se ele tivesse poder de policia ou fosse, de alguma forma, responsável pela situação. Segundo o próprio chegou a ser ameaçado pelos nobres guardiões da segurança privada, aos gritos de “você não sabe o que é cultura”.

Patético.

por Adelvan Kenobi

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Outra resenha, retirada do blog http://ninguemvaileressamerda.blogspot.com/

por [Kleber]

Bom, nunca resenhei nenhum filme por aqui. Mas a ocasião é especial por se tratar de algo que fez e ainda faz parte da minha vivência. Estamos falando do documentário “Guidable: a verdadeira história do Ratos de Porão”. São 121 minutos divertidíssimos, informativos (pra quem gosta da banda) e ainda tem uma lição de moral no fim (quase uma fábula). O filme foi rodado entre os anos de 2007 e 2008 pela proutora Black vomit. Se é a verdadeira história do Ratos de Porão eu não sei dizer. E sei dizer menos ainda se é um bom documentário no tocante a sua produção. Enquanto algumas bandas e artistas investem um bom dinheiro para que suas histórias sejam exibidos nas grandes salas, como é o caso dos Paralamas do sucesso e do "ilustre" deputado Frank Aguiar, dá pra notar que Guidable foi um filme de baixo orçamento. Mas isso não é algo tão essencial a se considerar, até porque não existe uma relação diretamente proporcional entre a qualidade de um filme e seu orçamento. Não imaginaria a História do Ratos de Porão narrada em forma de um longa-metragem, como o que foi feito para contar as peripécias burguesas de Cazuza, por exemplo. Não há nada de novo na forma de contar a História do grupo. A narrativa é linear e tem como eixo a discografia do RDP. O bom é por ser uma síntese sobre a memória de três décadas dessa importante banda do rock/hardcore brasileiro através da seleção de fontes, que geralmente se encontram dispersas na internet, em revistas, arquivos pessoais e na cabeça dos próprios integrantes e entrevistados. Destaque para a riqueza dos depoimentos que não mascaram os conflitos existentes entre antigas formações da banda e das considerações feitas por figuras do punk nacional, como o Redsón do Coléra. Em certos momentos o filme ganha um ar de terapia de grupo com platéia quando ouvimos as queixas e mágoas acumuladas por 30 anos.

Tudo isso são constatações óbvias e essa que vêm é mais ainda: Narrar a História do RDP é a narrar um pedaço da História do movimento punk no Brasil e as dificuldades de se “viver” da música e da arte independente. Eu poderia até ir mais longe e dizer que o documentário fornece um exemplo sobre os malefícios do abuso de drogas descrito pela boca dos próprios integrantes do RDP, mas acho que seria uma lição muito boba e fácil, até por que eu fiz mais rir do que refletir sobre isso. Vamos deixar essas lições para outros segmentos da cena alternativa que tem mais propriedade para falar sobre o assunto. O documentário foi apresentado em Aracaju na sessão Notívagos do Cine Cult, na virada do dia 03 para o dia 04 de Outubro. Reclamou-se da data e do choque com outros eventos da cidade. Bom, se quisermos tanto sair da nossa suposta “condição provinciana” não podemos agir como tal e achar que por ser cidade pequena todo organizador tem que marcar eventos em dias diferentes pra todo mundo possa assistir e não chocar com mais nada. Uma característica do circuito cultural de grandes cidades é justamente a possibilidade de escolher aonde ir.

Quanto ao filme, destaco alguns pontos. São hilárias as passagens sobre as “baianagens” (palavra do guitarrista Jão) da primeira turnê do RDP na Europa ou as apresentações do RDP no Gugu e em programas infantis para cumprir obrigações contratuais com a gravadora Eldorado.Tudo isso tá no youtube. Mas, uma coisa em especial me toca nesse documentário. O fato de ser a história de uma banda de pobres. Parece que é mais gostoso ver um monte de caras saídos da merda ganharem o mundo fazendo o que gostam ao invés de celebrar o sucesso dos bem nascidos. Em qualquer lugar presenciamos isso e a forma como esse tipo de banda enche a boca pra dizer que batalharam muito tempo. Na verdade sempre tiveram todas as condições de mudar de estado, comprar boa aparelhagem e um monte de amigos infiltrados nos grandes canais de comunicação. Aqui em Aracaju a coisa é mais escancarada, por que tudo é tratado no personalismo e de forma bem aberta. Perdoem a leitura meio classista, mas eu acho que quem tem ou já teve banda e já juntou dinheiro do trabalho pra comprar um pedal de guitarra, um amp, um kit de pratos de bateria ou gravar uma demo sabe do que estou falando e se identifica com as histórias sobre não tocar por falta de material ou não ter dinheiro pra prensar seu próprio material etc e tal.

A sessão apresentada no shopping Jardins terminou com o show da Karne Krua, que também tem uma longa estrada e, inevitavelmente, era a banda ideal para fechar a noite. Gostaria de terminar com um leve exercício de colunismo social destacando como digno do “porão” o comportamento de algumas pessoas. Fumaram quando pediram que não fumassem, falaram alto durante o filme incomodando quem queria assistir, levantaram e passaram toda hora na frente da tela. Teve cara que saiu de casa pra dormir durante a sessão e colocar os pés na cadeira das pessoas em frente. E durante o show conseguiram o impossível: chamar mais atenção do que a atração da noite fumando um baseado que podia ser apreciado melhor em outro lugar. Seria ótimo se o público amadurecesse junto com o crescimento do cenário alternativo. Na verdade, seria o ideal, mas vivemos a arte do possível.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Enquanto isso, no Ceará ...



( confirmada mais uma data do Exploited no nordeste )

Festival Ponto.Ce confirma programação da 4ª edição

O festival retorna à Praça Verde do Centro Dragão do Mar – palco das primeiras edições. Nos próximos dias 6 e 7 de novembro, o Ponto.Ce acontece pela quarta vez em Fortaleza. Os escoceses do The Exploited, ícones do punk mundial, estão recém-confirmados para o evento. Confira a programação completa

A quarta edição do festival Ponto.Ce se aproxima com uma série de novidades. Marcado para os dias 6 e 7 de novembro, em Fortaleza (CE), o Ponto.Ce retorna à Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – onde foram realizadas as duas primeiras edições (2006 e 2007). Para este ano, pela primeira vez, o festival intercala a programação de 15 shows musicais com intervenções de dança, através de performances da Cia Vatá, e com a exibição de vídeos realizados pela produção do Nóia – Festival Nacional de Cinema e Vídeo Universitário que este ano acontece no final de outubro.

Além das exibições, a banda vencedora da Mostra Cearense de Bandas do festival de cinema ganha a oportunidade de abrir a segunda noite do Ponto.Ce. Entre as atrações locais, as veteranas (e já extintas) Jumentaparida e Switch Stance farão shows “revival”. A escalação de casa aponta para a diversidade, com a presença do Fulô da Aurora, e para o que as bandas cearenses têm feito Brasil afora, com Plastique Noir – hoje uma referência para a cena gótica nacional. Ainda pelo line up local, a Alegoria da Caverna volta com nova formação após uma longa pausa. E a banda Ignição abre a primeira noite.

The Exploited (Escócia) é o principal nome internacional do Ponto.Ce este ano. Com 30 anos de estrada e uma vasta discografia, o grupo é uma das referências do punk rock mundial e faz duas únicas apresentações no Nordeste. Além do Ponto.Ce, os escoceses estão escalados para a programação do Festival DoSol, em Natal (RN). É o mesmo caso do Pulverhund, da Noruega. No entanto, o trio norueguês ainda se apresenta em João Pessoa (PB).

A Vinil Laranja (PA), banda de Belém que participou do festival texano South by Southwest (EUA), e o novo projeto Infa & Os Inflamáveis (PE) tocam pela primeira vez em Fortaleza. E o Ponto.Ce completa sua programação com atrações bem conhecidas do público cearense: a exemplo dos cariocas do Moptop e da Maldita; e dos pernambucanos do Mombojó e do Del Rey – banda de versões do “Rei” Roberto Carlos que fechará esta edição.

Realização – O Ponto.Ce é promovido pela Bandeira R Produções Artísticas e selo Empire Records. Em 2009, o festival conta com patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro. O evento é filiado a Associação Brasileira dos Festivais Independentes (Abrafin).

Serviço – Festival Ponto.Ce 2009: Dias 6 e 7 de novembro na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Praia de Iracema), em Fortaleza (CE). Abertura dos portões: 18h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Passaporte 2 dias: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). À venda a partir de 14 de outubro nas lojas Chili Beans (Iguatemi, shopping Aldeota e Jardins Open Mall) e Tent Beach (North Shopping). Info.: (85) 3253.6439 – www.pontoce.com.br

Confira a ordem da programação:

06/11/2009 (Sexta-Feira) – A partir das 19h

Ignição (CE)
Plastique Noir (CE)
Alegoria da Caverna (CE)
Vinil Laranja (PA)
Maldita (RJ)
Moptop (RJ)
Mombojó (PE)

07/11/2009 (Sábado) – A partir das 18h30

Banda da Seletiva Nóia
Fulô da Aurora (CE)
Infa e os Inflamáveis (PE)
Pulverhund (Noruega)
Switch Stance (CE)
Jumentaparida (CE)
The Exploited (UK)
Del Rey (PE)

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Plastique Noir é o grande nome da atual cena Gótica/Dark wave brasileira. Abaixo, uma entrevista publicada no site do Festival Ponto CE 2009, onde irão se apresentar.

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© 2009 Festival Ponto.CE 2009

Entrevistamos a banda Pastique Noir (CE), presença certa no Ponto.Ce 2009. Agradecemos desde já a colaboração e disposição do produtor da banda Rafael Lucena e ao grande vocalista Airton S.



Por que e como o nome da banda surgiu? Plástico Negro? O símbolo da mosca, o que representa? Embalagens de cadáveres…

Eu e o Mazela tínhamos vários nomes já nas primeiras sessions voz-e-violão da banda, quando nosso propósito ainda era levar a banda for fun (só depois, com o crescente feedback, passamos a encarar mais a sério): Sleep Hollow, Gothan, Phantascope (ou Phenakitoscope, o precursor do cinematógrafo dos irmãos Lumiére)… No fim, optamos por Plastique Noir mais em função do conceito noir – luz e sombras, o glamour retrô. Só depois cogitamos a idéia dos sacos pretos que envolvem corpos mortos, concomitantemente a nossa música envolver corpos (?)vivos(?). Depois, com o Dead Pop, eu quis ilustrar esse conceito de sermos hienas que riem sobre os restos mortais da indústria como a conhecíamos, com alguma forma pequena, icônica, recorrente a todo ambiente. A mosca cumpriu bem esse papel, além de ter ligação com a morte.



Por que vocês se vestem de terno preto e gravata? Qual o significado? Sempre utilizam essas roupas nas apresentações?

A gente tenta fugir dos clichês. O que o senso comum espera de um gótico é que ele apareça de couro, coturnos, correntes e moicano eriçado. Mas desde que resolvemos “abrir” o som (embora sem necessariamente “iluminá-lo”), o figurino teve que acompanhar essa sutil ruptura também. Nem sempre usamos o figurino do ensaio promo para o Dead Pop (terno e gravata). Muitas vezes acontece até algo engraçado: eu levo um figurino bem elaborado para o camarim e depois de horas, acabo decidindo colocar uma t-shirt leve para facilitar a movimentação em palco e os quilos de roupa voltam para casa sem eu sequer ter mexido na bolsa (risos). Depende muito do lugar em que tocamos, também. Se a cidade é fria ou quente…plastipng2



Como a banda recebeu a notícia de ser convidada para a edição de 2007 do maior festival gótico do mundo, o Wave Gotik Treffen, que acontece em Leipzig, Alemanha?

Foi meio assustador, porque já sabíamos que eles só bancam os headlines e naquela época do convite não tínhamos tanto dinheiro para viajarmos para a Europa. Show na gringa só vale a pena quando você arma uma tour inteira por pelo menos outras cinco cidades, do contrário o resultado é um grande desperdício de grana e stress. A melhor coisa foram os contatos que ficaram, os quais até hoje reverberam na forma de matérias para revistas a cada lançamento que soltamos, propostas de selos e visibilidade na cena mundial como um todo. Passada aquela edição do WGT, estive em alguns festivais mais ao norte no mesmo ano e a experiência in loco serviu pra compreender melhor o mecanismo da coisa. Numa futura outra oportunidade vamos estar melhor preparados.



Vocês falam de política nas músicas de vocês? Qual a visão Política da banda em relação ao Brasil, à Fortaleza e ao mundo?

Toda arte, toda expressão é política, inclusive isso que acabo de falar. Não somos engajados em causas institucionais, se é o que perguntou. O Mazela costuma dizer que nosso compromisso é com a arte e nisso eu estou com ele. O que não quer dizer que não tenhamos nossas opiniões sobre a merda de cidade/país/mundo em que vivemos e algumas delas são até impublicáveis. No geral, os três integrantes da banda tem uma postura parecida em relação a assuntos dessa natureza: estamos sempre nos informando e tentamos agir da forma mais ética possível, mas sem abraçar causas ou levantar bandeiras e sempre sob um certo pesar niilista, que não é improdutivo e tampouco forçado a fim de casar com o conceito da banda – na verdade, lá no fundo não somos caras muito felizes, mesmo. Talvez por isso a gente recorra tanto às saídas hedonistas para escapar da neurose.



Qual o ponto em comum entre a banda?

Vários. A priori somos caras individualistas mas que sabem casar o talento peculiar de cada um de forma que o grupo não entre em colapso – pelo contrário, é aí que nos tornamos uma bola mortífera girando sempre pra frente. Temos o consenso e o comprometimento com a produção de uma música minimalista, de cunho melancólico/reflexivo/agressivo e que tenta versar de forma inteligente sobre questões ora pessoais, ora escapistas, exteriores, abragentes, sem jamais esmorecer ou temer mudar os rumos criativos quando necessário. Gostamos de coisas B, trash, de ficar ébrio, não temos frescura com quase nada e encaramos com muita raça as barras que às vezes rolam nas viagens. Agimos infantilmente às vezes, mas na maioria das vezes somos adultos lúcidos. Para o bem e para o mal somos impulsivos, nunca paramos muito pra pensar “será que dá?”, a gente vai lá, mete as caras e faz, estamos pouco nos fodendo pras consequências. Mas o pior (melhor) de tudo é: sabemos no que cada um de nós se sai melhor e não hesitamos em usar isso como arma uns contra os outros ou contra o mundo (risos). Relendo a resposta que acabo de dar, convido vocês a perceber comigo: já repararam como tudo que se refere ao Plastique Noir é sempre dúbio?



O fato de estar no palco faz comer muita gente ou isso é lenda?

Somos conservadores no que se refere a sexo. Comemos gente dentro de quatro paredes, nunca no palco. Bem, tirando talvez o Mazela, que não raro é expulso de boates por promover indevidamente a superlotação mista de toaletes.



Quem é o cara mais chato da banda e por quê?

Não queiram jamais convidar quaisquer de nós três para tocar na sua banda, você vai se arrepender e não vamos durar nem três ensaios. O Mazela é um erudito indisciplinado de inteligência majoritariamente emocional e jamais lógica, o Danyel é um virtuose lacônico cheio de mistérios e que gosta de passar por cima de todo mundo feito um rolo compressor e eu sou um apaziguador prolixo que se vale da própria habilidade conciliadora para galgar status nas hierarquias em que se insere, além de sofrer de DDA crônico. Não bastasse tudo isso, somos ególatras pra caralho. Mas no fundo também somos almas sensíveis, do tipo que chora em finais de filme e que abraça e beija o outro quando está bêbado. Não temam, aproximem-se, que vocês vão acabar gostando da gente (risos). Até então eu tenho tentado responder a entrevista de forma que os três integrantes estejam incluídos nas respostas. Mas acabo de cogitar uma resposta alternativa aqui, que exclui o Mazela justamente por advertir sobre o mesmo: se o encontrarem bêbado por aí, afastem-se. Fujam para as montanhas. Mulheres, crianças e góticos primeiro.



Os roadies são bem tratados? Vocês batem neles?

Quem bate neles é o Bebeco, vulgo Master Blaster!



Myspace da banda http://www.myspace.com/plastiquenoir

SIte: http://www.plastiquenoir.net/index2.htm

Fotolog http://www.fotolog.com.br/plastiquenoir

Orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=5365324

Twitter http://twitter.com/plastique_noir