O melhor posicionamento do palco também melhorou sensivelmente a acústica do ambiente: o som estava num volume intermediário de bom tamanho, sem agredir os tímpanos de ninguém porém também não tão baixo ao ponto de minimizar a potência do ataque sonoro das bandas – que era, invariavelmente, pesado. Era um show de metal “puro sangue”, afinal ...
Resultado: com boas bandas, um bom público (diria que cerca de 250 pessoas), cerveja gelada, refrigerante e churrasquinho à vontade, além de banquinhas vendendo material alternativo, deu no que deu: ROCK!
Cheguei por volta da meia-noite e por conta disso perdi a Berzerkers. Entrei no show da Whipstriker, do Rio de Janeiro, um Power trio influenciadíssimo pelo Motorhead. Muito bom. Mandaram ver numa apresentação energética com excelentes musicas próprias regadas a riffs certeiros e um bom vocal, mas o ponto alto foi mesmo o cover do Discharge, quando o vocalista falou que “todo headbanger deveria ouvir Discharge, assim como todo punk deveria ouvir Venon”. É isso aí – lembrou os tempos dos eventos “united forces” com bandas punk e metal promovidos por Carlinhos “Verruga” no inicio dos anos 90. Foi o que faltou neste caso, aliás: uma pitada do bom e velho punk rock/hardcore, mas não era esta a proposta dos organizadores, evidentemente, então tudo bem. O Whipstriker, mesmo que involuntariamente, cumpriu bem essa função de fugir um pouco da ortodoxia metálica em nome do rock sujo e descompromissado. Só faltou eles proclamarem: “we are whipstriker and we play rock and roll”.
Na sequencia, os mesmos caras, mas com outra banda: Farscape é praticamente o mesmo Whipstriker, só que com um som bem mais thrash e com o guitarrista fazendo os vocais – na anterior era o baixista. Boa também. Bons solos, boas levadas, musicas mais longas porém longe da chatice na qual costuma descambar aquela velha masturbação instrumental metaleira. Aprovado. Aprovadas também as capas dos discos dos caras, que lembram os desenhos clássicos de vários álbuns do estilo dos anos 80. Alguns estavam à venda, inclusive, em glorioso vinil. Uma tentação ...
Fechando a minha noite (não fiquei até o final), Escarnium, banda baiana de Death Metal dos mais esporrentos. Demoraram um pouco para acertar o som, o que foi chato e deu a impressão de que seria apenas mais umas daquelas que só têm uma massaroca sonora sem sentido a oferecer. Não foi o caso. A massaroca sonora estava lá, em toda a sua plenitude, mas o som dos caras tem qualidade e consistência. O baterista tira onda, é muito bom. Altas viradas e coordenação perfeita entre os momentos cadenciados e as batidas ultrarápidas. O guitarrista solo também manda bem, tanto musicalmente quanto na perfomance de palco, e o outro guitarrista segura a onda, além de ser o responsável pelos urros (não dá pra chamar aquilo de vocal, né). Urros que, apesar de serem um tanto quanto desprovidos de personalidade, se harmonizam bem com o conjunto.
E foi isso, leitores. Uma boa noite de rock “pauleira” pra começar bem este ano da graça de 2012 da Era Cristã (cusp). Os que ficaram em casa chocando ovo porque “o lugar é quente”, “o som sempre é ruim”, “só tem gente feia” e demais frescuras que costumamos ler nas redes sociais, perderam. Desta vez, graças ao Satanás, deu tudo certo.
por Adelvan
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