quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Under a Bad Sign

Vou começar esta resenha sendo bastante sincero: não sou a pessoa mais indicada para fazê-la. Não sou Headbanger, nem um especialista em Metal. Tive uma fase “chifrinhos em riste” bem no início da adolescência, quando comecei a ouvir rock, mas logo meu leque de influências se ampliou e meu interesse pelo metal ficou restrito apenas a algumas das principais bandas do estilo, como Slayer e Judas Priest, dos quais sou fã (quase que) incondicional. Mas curto metal, sim, especialmente em suas variações mais (ou menos) extremas (Black metal, em geral, acho bem chato).

Do Master, eu mal lembrava. Lembro que lá pela primeira metade dos anos 90 o vinil deles que saiu no Brasil, o primeiro disco, auto-intitulado e com apenas o logo na capa, vendia bastante na loja de Silvio na época, a Lokaos, e os mais aficcionados pelo Death Metal curtiam e sempre os citavam como influência, mas eu mesmo não me recordo de ter ouvido com atenção, ou se ouvi, não devo ter tido nenhum interesse especial. Não fazia a mínima idéia de que a banda ainda existia e estava na ativa, por isso fiquei surpreso ao saber que a primeira turnê deles pelo Brasil (e olha que a banda existe desde 1983!) passaria por Aracaju. Fui pesquisar (na internet, claro) e vi que eles têm uma carreira sólida, com vários álbuns lançados, e se tornaram uma espécie de lenda-viva do metal extremo. Baixei duas musicas disponíveis em mp3 no site oficial, gostei bastante, toquei no programa de rock e fiquei na expectativa pelo show ...

Um dia antes da grande noite, a bomba: Dois dos integrantes de uma das bandas de abertura, a inglesa After Death (da qual eu nunca tinha ouvido falar), morreram afogados na praia de Atalaia, aqui mesmo, na terra do Cacique Serigy (que, segundo uma lenda local, teria amaldiçoado os descendentes dos colonizadores que o derrotaram, ou seja, todos nós, sergipanos). Baixo astral total, repercussão impressionante, primeira página de todos os jornais locais, matérias em praticamente todos os telejornais de cadeia nacional do país, mais notícias na BBC de Londres, Daily Mail e o caralho a quatro. Dúvidas quanto ao show, que foi afinal confirmado, assim como foi confirmada a sequencia da turnê.

O evento foi numa sexta-feira de pré-caju (prévia carnavalesca local, aquela papagaiada baiana de sempre, Ivete, chiclete, Claudinha Leite, blocos fardados com aquela coisa ridícula com nome ridículo), e por isso mesmo aconteceu estrategicamente no centro da cidade, bem longe da festa, já que os engarrafamentos pelos lados de lá estavam quilométricos. Para tanto, foi alugado um estacionamento na Rua de Santo Amaro, próximo ao Calçadão da Laranjeiras. Grande, porém com um telhado de zinco que deixava o ambiente quente como o inferno e a acústica pra lá de sofrível.

Cheguei por volta da meia-noite. Pouca gente na porta porém uma quantidade razoável de seres tradicionalmente fardados de preto lá dentro. Sign Of Hate no palco. É uma banda muito boa no que se propõe, aquele Death Metal brutal na linha do Krisiun, Cannibal Corpse e afins. Mandam bem porém tenho com eles o mesmo problema que tenho com o Krisiun, acho o som “retão” demais, começa aquele cacete infernal e assim vai do inicio ao fim e acaba ficando chato – mas, como avisei no início, não sou exatamente o maior dos entusiastas do estilo, então talvez não seja a pessoa mais indicada para julgar. A esta altura do campeonato você deve estar se perguntando: porque esse cara tá fazendo essa resenha, afinal ? Simples: Porque, pelo menos que eu saiba, ninguém fez, e como eu considero esse show um marco importante na cena rock de Aracaju, acho importante que tenha algum registro.

Na sequencia Predator, do RS. Mesma linha do Sign of Hate, barulho infernal, som embolado, não entendi nada, só sei que foi violento e a galera curtiu e se esmurrou na frente do palco, especialmente quando eles executaram uma musica lá que eu não identifiquei qual era mas imagino que seja algum clássico de alguma banda clássica do estilo, pela histeria dos presentes na “linha de frente”. Na verdade já tinha visto o Predator aqui mesmo anteriormente, num show que eles fizeram numa segunda-feira na Rua da Cultura, com um som bem melhor. Lembro que achei legal, porém meio feijão com arroz. Aquele Death Metal de sempre.

Por fim, O Master. Em minhas pesquisas acabei simpatizando bastante com o líder e, que eu saiba, único membro original da banda, Paul Speckmann, um verdadeiro batalhador do underground. Afinal não é pra qualquer um, do alto de seus bem-vividos 46 anos, continuar na estrada mesmo num esquema tão tosco quanto este de fazer uma turnê tão extensa por um país de terceiro mundo com dimensões continentais . E ele estava lá, firme, com sua enorme barba grisalha, tomando conta da banquinha de merchandising e super solícito para dar autógrafos e tirar fotos com os fãs (algo que, por sinal, eles já tinham feito à tarde na Freedom, a loja de Silvio da Karne Krua, única especializada em rock na cidade, que fica na Rua Santa Luzia, 151, no centro, próximo à catedral). Simpatizei também com suas idéias, ao saber que ele hoje em dia mora na Republica Tcheca e é extremamente crítico quanto ao posicionamento político de seu país, os Estados Unidos, especialmente na malfadada “era Bush” (não sei o que ele acha de Obama). Chegou inclusive a lançar um disco chamado “Four more years of terror” em 2005, numa clara alusão à reeleição da Besta-Fera do apocalipse.

E o show foi muito bom, com cerca de uma hora de duração. Notaram que a acústica não ajudaria por isso baixaram o volume. É meio estranho ouvir um show de Death Metal num volume baixo, mas é melhor do que ficar com os ouvidos sendo inutilmente agredidos por uma massaroca sonora sem sentido. Seguem uma linha “old school” (não por acaso, já que são pioneiros do estilo, contemporâneos de bandas como Possessed e Morbid Angel), sem muitas firulas técnicas, na verdade se aproximando um pouco do crust, um som cru e pesado, muito pesado. Entre uma pancada sonora e outra Speckmann murmurava coisas incompreensíveis e mandava mais uma porrada no pé do ouvido. E o público respondeu à altura, agitando ao ponto de quase derrubar a torre de iluminação.

Haveria ainda a In The Shadows, banda de Doom Metal que foi formada em Anápolis, Goiás, pelo organizador do evento, conhecido como Júnior, um cara muito gente boa que vim a conhecer melhor uma semana depois, na Rua da Cultura, apresentado por Fellipe CDC, outro guerreiro do underground, no caso, de Brasilia, que estava de férias aqui na terra dos cajueiros dos papagaios. Já era avançado da madrugada e o show demorou a começar, então resolvi me retirar ao recesso de meu lar, mas fiquei feliz ao saber que, apesar do público abaixo do esperado (cerca de 250 pagantes, quando o ideal seriam 350), os produtores não tiveram prejuízo graças, principalmente, à venda de cerveja, que foi disputada a tapas e chegou inclusive a faltar. Na verdade o Junior me confidenciou, naquele já célebre encontro na Rua da Cultura, que teve um lucro de, tchan tchan tchan tchan, adivinhem !!! 60 Reais! E ele, acredite, não demonstrava nenhuma insatisfação com isso, muito pelo contrario, demonstrava orgulho pelo feito que conseguiu, apesar do estresse extremo c ausado, principalmente, pela tragédia com os garotos do After Death. Deixou sua marca na cena local mesmo morando aqui há apenas 10 meses. Isto, meus caros, é atitude de verdade, não aquela palavra vazia que costuma estampar roupas de grife compradas em shoppings. Isto é o combustível que move essa coisa misteriosa e teimosa que é o rock underground.

Texto: Adelvan Kenobi
Fotos: Reinaldo

11 comentários:

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