terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Entrevista com The Renegades of punk



por Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Fonte: Spleen & Charutos

Foto do cabeçalho: Rafael Passos

O programa de rock agradece imensamente a Rian "Calango doido" por sempre ceder seus excelentes textos e entrevistas para o nosso blog.

Nas próximas semanas, o underground sergipano recebe visitas tão ilustres quanto diversas. Além da essência garageira, no entanto, as bandas possuem um anfitrião comum. A Renegades of Punk fará as honras da casa com uma energia punk que a simpatia da vocalista Daniela dificilmente deixa entrrever.

Jornal do Dia - Não é de hoje que eu saco o trabalho de vocês. Na época do saudoso Muquifo, no estacionamento do Riomar, já me impressionava o vigor com que uma guria encarava aquele bando de roqueiro podre, e fazia todo mundo bater cabeça com alguns poucos acordes. Mesmo com tanta “experiência”, no entanto, parece que o som de vocês continua relegado ao gueto. Como você encara isso? É assim mesmo? Existe uma carência no mercado local ou o som da Renegades não sobrevive fora do underground?

Daniela – É mais ou menos por aí mesmo. Desde que eu toco em banda eu toco rock n roll é asism. Sempre algo underground. A gente sempre habitou esse mundinho dos inferninhos e pequenas casas de show. Acho que existe uma carência no mercado local, porque o som que a gente faz – punk rock – e outros que são próximos dele têm muita dificuldade em conseguir fazer eventos e manter uma vida de banda, sabe? Tocar, mostrar seu som, vender seu material. Não sei se só sobreviveríamos no underground, mas é certo que nosso som não é comercial – no sentido de ser mais fácil de ser assimilado e vendido – e nem é feito com este intuito. Mas, por outro lado, não estamos de costas viradas para outros âmbitos ou para outras experiências, não. É só que parece que estilos diferentes têm um problema em se comunicar, ao menos aqui em Aracaju.

JD - Vocês tocaram recentemente em São Paulo. Como foi a experiência? Dá pra comparar as duas cenas?

Daniela – A experiência foi muito legal. Já tínhamos (eu e Ivo) tocado por lá com a Triste Fim de Rosielene, uma banda que tínhamos, e sabíamos mais ou menos do que se trata tocar lá. São contextos incomparáveis, ao menos quando se trata de uma cena Faça Você Mesmo. Lá, o underground, o punk, ou como você queira chamar, é algo estabelecido, tem público, têm lojas especializadas nisso. Existem muitos lugares para shows, muitos shows acontecendo e as bandas existem de fato. É muito diferente, chega a rolar um choque cultural mesmo.

JD - Não sei se a angústia é justificada, mas eu acho absurdo que uma capital com tanta banda legal como Aracaju não abrigue um festival de peso, a exemplo dos saudosos Punka e Rock-SE. Dá pra ensaiar a construção de uma cena num cenário como o nosso?

Daniela – Você tem razão. Festivais são muito importantes para a consolidação de uma cena local, para que as pessoas entendam o que é isso ou se não entendam, ao menos aceitem o rock n roll como uma forma de expressão musical. Fora que um festival colocaria Sergipe de volta ao circuito, faria com que o estado tivesse mais relevância no cenário nacional e se transformasse num ponto onde bandas tivessem mais interesse de vir tocar. Foi por ir nesses antigos festivais que você citou, por exemplo, que eu entendi o que era underground, que eu conheci bandas muito boas. É como se festivais assim tivessem um papel, social, político, didático, além do musical, óbvio.

JD - Embora estejamos longe demais das capitais, muita gente tem driblado a geografia e a ingerância do poder público com as ferramentas oferecidas pela tecnologia. Como é a relação da banda com essas ferramentas? A empolgação de algumas bandas é tamanha que nem parece que a internet serve mesmo é pra disseminar pornografia.

Daniela – A gente acaba se utilizando muito dessas ferramentas. Elas fazem a informação circular com muito mais rapidez, não é? Daí, principalmente para divulgação de eventos, a gente se utiliza de blogs, fotologs, várias modalidades de sites de redes sociais… Acho que essas ferramentas são muito importantes e têm resultados efetivos mesmo. Imagine como era difícil para uma banda independente marcar uma turnê a 20 anos atrás? Tudo via carta e telefone? Agora com email, msn e etc, você agiliza tudo muito mais rápido, e fora isso, pode ouvir e fazer contato com pessoas e bandas de várias partes do mundo – coisa que demoraria anos para ser feita se não houvesse internet, como a conhecemos hoje. É claro que não somos otimistas cegos dessas coisas, a gente tenta ser crítico e ver os aspectos negativos também. A internet nos abre algumas portas e fecha outras, mas é a dinâmica natural das novas possibilidades.

JD- E os planos da Renegades para 2010?

Daniela – Bom, a gente tem idéia de fazer um videoclip e de começar a preparar um álbum para o segundo semestre. Além disso, tem uns lançamentos pra sair: um 5-way – com Os Estudantes [RJ], Homem Elefante [RJ], Ornitorrincos [RS] e Velho de Câncer [RS] – e um re-lançamento do nosso primeiro ep em um vinil de 7’’ pelo selo alemão Thrashbastard.

The Renegades of punk tem shows marcadas para as seguintes datas:

Local (dos 2 eventos): Rua Francisco Rabelo Leite Neto, 566, Atalaia (2 ruas atrás do Bar Cariri)

27/02:

VELHO DE CÂNCER (RS)
Thee Swamp Beat Brothers
The Renegades of Punk
The Baggios

06/03:

EXPOSIÇÃO DE DESENHOS DE THIAGO NEUMANN

+

WARCRY (EUA)
THE RENEGADES OF PUNK
LUMPEN (BA)
DEMONKRÄTZIE
KARNE KRUA

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