sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

# 135 - 12/02/2010



O Lado Negro da força
por Alexis Peixoto
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Existem poucas ideias mais estúpidas do que querer gravar uma versão de The Dark Side of the Moon. Da Jamaica ao Pará, todo pé-rapado munido de guitarra, tambor de lata e aditivos químicos já fez a sua, transformando o clássico do Pink Floyd em dub, funk, guitarrada, bluegrass e o que mais mandar a falta de noção. E como falta de noção é justamente um dos combustíveis de Wayne Coyne e seu Flaming Lips, advinha como foi que o cidadão decidiu encerrar 2009? É, regravando Dark Side of the Moon. E para completar a suruba, ainda convenceu Henry Rollins, Peaches e os obscuros Stardeath and White Dwarfes (cuja maior credencial é empregar Danny Coyne, sobrinho do homem) a participar da brincadeira.
Confluência indigesta de protagonistas a parte, o projeto tinha tudo para dar errado. Além de ser uma idéia batida, o álbum do Pink Floyd está para o panteão do rock empoeirado assim como, digamos, os episódios antigos de Chaves estão para qualquer um que tenha tido contato com uma televisão nos últimos vinte anos. Assim como Chapolim, Kiko e Seu Madruga, Dark Side é uma entidade onipresente no cotidiano da cultura pop. Tendo vendido mais de 30 milhões de cópias no mundo desde a época de seu lançamento, é praticamente impossível que um minuto se passe sem que o álbum original toque em algum lugar do planeta.
Se a responsabilidade não afastou os predecessores menos gabaritados, que dirá os Flaming Lips, filhotes diretos de Syd Barret, sempre ávidos por uma tortice. Enquanto outros se preocuparam em adaptar os arranjos originais para suas respectivas searas musicais (acelerando, diminuindo, adicionado percussão, violões, etc), Coyne e seus asseclas preferiram primar pelo desrespeito total. Não fosse o auto-explicativo título oficial do álbum (The Flaming Lips and Stardeath and White Dwarfs with Henry Rollins e Peaches Doing the Dark Side of the Moon), um cidadão desavisado levaria alguns minutos para reconhecer aquela linha de baixo gorda embrulhada em microfonia e feedback que salta da faixa de abertura como sendo algo originalmente escrito pelo Pink Floyd. Leva quase três minutos para entrar a voz, suave e com ecio: “Breathe, breathe in the air…”
O desrespeito e o clima de jam session continuam no decorrer das faixas, que no geral demoram mais do que o convencional para de fato “começar”. Mas quando o fazem o resultado é sempre surpreendente. A tomar nota no caderninho de momentos memoráveis: Peaches se esgoelando e injetando groove e sujeira em “The Great Gig in the Sky”, os samples de relógios que abrem “Time” substituídos por uma tosse suspeita, vocoders infestando a letra de “Money”, “On the Run” despida da categoria de música abstrata e transformada numa faixa de verdade, de fazer o Rapture ter um ataque apoplético.
Infelizmente, só para comprometer o resultado, há uma freada brusca na reta final do álbum. “Us and Them”, a faixa que mais desesperadamente precisava de uma repaginada, perde o sax de motel, mas não faz muito progresso fora isso. No geral, conseguiu ficar ainda mais chata, só com teclados e a voz de taquara trincada de tio Coyne. O mesmo vale para “Brain Damage”, que afora um conjuntinho de ruídos e pedais estridentes, pouco difere do arranjo original – e se mudou alguma coisa, foi pra pior. Sorte que entre as duas há a instrumental “Any Colour That You Like”, aqui tocada com um peso nunca sonhado pelo finado Rick Wright (e com uma linha de baixo lembrando o interlúdio da não menos clássica “Echoes”), fechando com a apoteose de “Eclipse”, encharcada de wah-wah.
No fim das contas, a versão do Flaming Lips não deve ser levada tão sério. Afinal, é sempre difícil saber quando esses caras estão brincando ou não. O fato é que, independente das intenções reais por trás disso tudo, a versão dos Flaming Lips para Dark Side é a única a de fato respeitar o espírito original de ambição e grandiloqüência do álbum original. A diferença é que em vez de mudar o mundo por meio de uma discussão tediosa a respeito dos males que afligem a existência do homem, a ousadia do Flamings Lips se concentra em subverter e despir de seriedade um totem que todo mundo lambe os pés.
A conclusão a emergir desse quiproquó todo é mais simples do que a linha de baixo de “Money”: por trás da sombra clássica, restam as boas canções. E, como diz frase que encerra ambas as versões, não existe um lado negro da lua. Na verdade, é tudo escuro.

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Pink Floyd - The Dark Side of the Moon (1973)
Fonte: Revista Bizz - Sessão Discoteca Básica
Edição 21, Abril de 1987

Polêmico, este disco. Gravita entre a absoluta adoração de sues fiéis e a crítica não menos feroz dos seus detratores. É bom sinal. Será mesmo a Grande Obra de Roger Waters (baixo, vocal), Rick Wright (teclados), David Gilmour (guitarra, vocal) e Nick Mason (bateria)? Alguns poderão preferir "The Piper at the Gates of Dawn", de 1967, o primeiro LP da banda, quando seu líder era um louco iluminado e genial chamado Syd Barrett, ou ainda Ummagumma, de 1970, a soma definitiva do rock psicodélico. Quem sabe os mais de 20 milhões de cópias de "Dark Side..." vendidas no mundo inteiro e sua permanência por 630 semanas consecutivas nas listas dos mais vendidos da Bilboard - recorde absoluto - possam ratificar essa escolha. Mesmo que as más-línguas digam que muitos o adquiriram apenas para testar a estéreo-quadrifonia de seu equipamento de som - o que não deixa de ser um elogio, de certa forma.
Foram oito meses de gestação nos famosos estúdios Abbey Road de Londres, em clima geral de renovação. A palavra de ordem: a música deveria ser mais amarrada, mais próxima à urgência do rock. Ao final de 1972, o material está pronto. Para fazer a mixagem, Roger Waters chama Chris Thomas, que já havia participado da mixagem do duplo álbum "branco" dos Beatles e produzido os LPs "Grand Hotel", do Procol Harum, e "For Your Pleasure", do Roxy Music. "Cada um tinha uma idéia diferente do que devia ser feito. Precisavam fazer a síntese de tudo isso." Todos concordavam com pelo menos uma coisa - a ordem dos títulos deveria transmitir uma idéia de progressão e variação em torno de um mesmo tema: "São todas as pressões da vida moderna que podem nos levar à loucura. Essas pressões têm por nome dinheiro, viagens, planejamento, que nós músicos sentimos muito mais que o homem da rua. Quando tudo vacila, chega-se ao estado patológico do lunático" (David Gilmour). Pela primeira vez o Pink Floyd aderia ao concept album.
Todas as faixas foram concebidas como filmes sonoros, feitos de bandas magnéticas preparadas por Nick Mason. Batidas de coração, respiração, passos, relógios, risos histéricos, gritos, moedas caindo e caixas registradoras não somente servem de ilustração como se integram à própria estrutura rítmica da cada composição, em particular na seqüência "Speak With Me"/ "Breathe"/ "On The Run" e em "Money", hit entre os hits. Se a força da evocação desses sons é extraordinária, eles não interferem com os momentos mais líricos do álbum, como em "The Great Gig in the Sky", onde, sobre fundo de piano e órgão Hammond, Clare Torry edifica uma interpretação vocal que ficará entre as mais pungentes e líricas da década. Em "Brain Damage", Roger Waters tece uma vibrante homenagem a Syd Barrett, numa reconstituição poética atormentada do universo poético da alienação.
Se "Dark Side..." parece trazer uma certa pasteurização do som da banda, se os caleidoscópios de cores que dominavam as longas viagens lisérgicas dos LPs precedentes se transformaram num prisma de onde as cores surgem ordenadas e limpas (uma metáfora certeira para descrever a nova importância do estúdio, agora transformado em espaço central de criação, o que torna a música mais artificial e deixa seus autores mais distantes), em compensação, os avanços técnicos primorosos exibidos por este álbum - em particular a tomada de som, a cargo de um certo Alan Parsons... - ajudaram a banda a alcançar uma força de expressão cósmica capaz de unir o passado à modernidade, que só encontra paralelo num disco lançado por coincidência no mesmo ano, a trilha sonora de "Laranja Mecânica".
Levantando as barreiras que opunham até então as gerações musicais, Pink Floyd joga as bases para a criação de uma música ao mesmo tempo moderna e universal.

Jean-Yves de Neufville

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Da Wikipédia: (The) Dark Side of the Moon (ou pela abreviatura DSotM; O "The" inicial é incluído em algumas versões do título) é um álbum conceptual de 1973 do Pink Floyd que fala sobre as pressões da vida, como tempo, dinheiro, guerra, loucura e morte. É considerado por muitos críticos e fãs a obra prima da banda. Foi um marco do rock progressivo com músicas que eram ao mesmo tempo elaboradas e bem aceitas pelas rádios comerciais, tais como "Money", "Time" e "Us and them". O álbum é uma ponte entre o blues rock clássico e a nova (na época) música electrónica. No entanto, são os tons mais suaves e as nuances líricas e musicais que fazem com que este álbum seja uma obra à parte. The Dark Side of the Moon é o nono álbum mais vendido de todos os tempos no mundo inteiro.[carece de fontes?]Atingiu o primeiro lugar no Billboard 200 e também no Billboard Pop Catalog Chart, tendo o híbrido SACD editado em 2003 atingido o mesmo feito. Estima-se que 1 em cada 14 pessoas com menos de 50 anos, nos EUA tenha uma cópia deste álbum.
O tema de Dark Side of the Moon terá sido em parte precipitado pela saída de Syd Barrett, um dos membros fundadores dos Pink Floyd.
O álbum contém alguns dos mais complicados usos dos instrumentos e efeitos sonoros existentes à época, incluindo o som de alguém correndo à volta de um microfone e a gravação de múltiplos relógios a tocar ao mesmo tempo. Uma versão quadrifónica foi também editada com novas misturas. Durante as gravações o Pink Floyd desenvolveu novos efeitos tais como gravações em duas pistas das vozes e guitarras (permitindo a David Gilmour harmonizar consigo próprio impecavelmente), vozes dobradas e efeitos estranhos com ecos e separação dos sons entre os canais. Até hoje, Dark Side of the Moon é uma referência para os audiófilos que o usam para testar a fidelidade de seus equipamentos.
Outra característica do álbum são os trechos de diálogos entre as faixas. Eles entrevistaram várias pessoas, perguntando-lhes coisas relacionadas com os temas centrais do álbum, como a violência e a morte. O roadie "Roger The Hat" aparece em mais que uma ("giv'em a quick, short, sharp, shock...", "live for today, gone tomorrow, that's me..."). A frase no fim do álbum "there is no dark side of the moon really... matter of fact it is all dark" é do porteiro do estúdio Abbey Road, o irlandês Jerry Driscoll. Paul McCartney foi também entrevistado mas as suas respostas foram consideradas demasiadamente cautelosas para serem incluídas
Dark Side of the Moon é o o álbum que ficou por mais tempo na Billboard 200, tendo permanecido 741 semanas consecutivas, pouco mais de 14 anos.[1] O álbum chegou a Nº 1 nos EUA, Bélgica e França. Até 2002, 30 anos após o seu lançamento, foram vendidas nos EUA mais de 400.000 cópias, fazendo do álbum o 200º mais vendido desse ano. Em 2003 mais de 800.000 cópias do híbrido SACD de Dark Side of the Moon foram vendidas apenas nos EUA. “Time", "Money", e "Us and them" foram bastante tocadas nas rádios (sendo o single "Money" um grande sucesso de vendas ).
Dark Side of the Moon foi editado em "Super Audio Compact Disc" (SACD), com uma mistura de som surround 5.1 DSD a partir das fitas de estúdio de 16 faixas, por ocasião do 30º aniversário do seu lançamento. Tornou-se algo surpreendente o facto de James Guthrie ter sido chamado para fazer a mixagem do SACD em vez de Alan Parsons, engenheiro do LP original. Esta edição do 30º aniversário ganhou 4 prémios do "Surround Music Awards" de 2003.
Quando o álbum é tocado simultaneamente com o filme de 1939 The Wizard of Oz (O Mágico de Oz, no Brasil, O Feiticeiro de Oz, em Portugal) ocorrem algumas correspondências entre o filme e o álbum. Alguns momentos que indicam isso são:
• Quando Dorothy está na fazenda e ela olha para o alto, no audio surge barulho de avião.
• O som da caixa registradora no princípio de “Money” (dinheiro) aparece exatamente quando Dorothy pisa pela primeira vez a estrada dos tijolos amarelos; que é também o momento em que o filme passa de preto e branco para cores. Outra referência é a aparição da fada dourada;
• No momento em que a bruxa do Oeste aparece, é tocada a palavra "black" (preto);
• A cena em que Dorothy encontra o espantalho (personagem que alegava não ter cérebro) é acompanhada pela música "Brain Damage" (dano cerebral), e quando a letra da música começa a tocar: "the lunatic is in my head..." (o lunático está na minha cabeça), o espantalho inicia a dançar freneticamente como um lunático;
• O bater de coração no fim do álbum ocorre quando Dorothy tenta ouvir o coração do homem de lata;
• No momento em que a bruxa do oeste lança uma bola de fogo contra Dorothy e seus companheiros, a música grita "run!" (corra);
• No momento que Dorothy encontra Oz, entra a música "Us and Them", soando Us como Oz bem quando aparece a 1a imagem de Oz;
• Várias frases das letras contidas nas músicas coincidem com os mesmos atos sendo executados pelos atores no mesmo momento;
• A duração da maioria das músicas coincide precisamente com a duração das cenas no filme.
A banda insiste que isso são puras coincidências. Quando este facto começou a vir a público em 1997, despertou um enorme interesse no fenômeno. Uma pequena comunidade espalhou-se à volta de vários 'sites' para explorar melhor a idéia. Quer as correspondências sejam verdadeiras ou imaginadas, alguns fãs do álbum gostam de ver "Dark side of the rainbow", como é chamada muitas vezes esta combinação. A sincronização é conseguida fazendo pausa (de preferência a versão em CD) mesmo no principio e parando a pausa quando o leão da MGM ruge pela terceira vez.
Os membros dos Pink Floyd desmentem qualquer relação entre o álbum e o filme num MTV especial sobre o grupo em 2002. Eles afirmam que não poderia haver esta relação planejada por não poderem reproduzir o filme no estúdio, tendo em visto que na altura não existirem ainda os videogravadores.
LP original de 1973
Lado A
1. "Speak to Me/Breathe" (Nick Mason, David Gilmour, Roger Waters, Rick Wright) - 3:59
2. "On the Run" (Gilmour, Waters) - 3:35
3. "Time/Breathe (Reprise)" (Gilmour, Waters, Wright, Mason) - 7:04
4. "The Great Gig in the Sky" (Wright, Torry) - 4:48 (originalmente somente por Wright. Cedida parte da autoria a Claire Torry depois da mesma ter exigido parte dos direitos de autor por ter improvisado por cima do famoso instrumental)
Lado B
1. "Money" (Waters) - 6:24
2. "Us and Them" (Wright, Waters) - 7:49
3. "Any Colour You Like" (Gilmour, Wright, Mason) - 3:26
4. "Brain Damage" (Waters) - 3:50
5. "Eclipse" (Waters) - 2:04
Banda
• Roger Waters - baixo, guitarra, teclas, vocal, sintetizador VCS 3, efeitos gravados
• Nick Mason - percussão, bateria, efeitos gravados
• Richard Wright - teclas, vocal, sintetizador VCS 3
• David Gilmour - guitarra, teclas, vocal, sintetizador VCS 3
Participações
• Dick Parry - saxofone
• Lesley Duncan - vocal de apoio
• Doris Troy - vocal de apoio
• Barry St. John - vocal de apoio
• Liza Strike - vocal de apoio
• Clare Torry - vocal em "The Great Gig in the Sky"
Técnicos de Produção
• Pink Floyd - produtor
• Peter James - assistente de engenheiro de som
• Chris Thomas - mixagem
• Alan Parsons - engenheiro de som
Equipe de Produção Artística
• Hipgnosis - design, fotografia
• Storm Thorgerson - design das edições de 20º e 30º aniversário
• George Hardie - ilustrações, sleeve art
• Jill Furmanosky - fotografia
• David Sinclair - texto no relançamento do CD

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Nantes – à espera do sol
Smashing Pumpkins – Widow wake my mind
Smashing Pumpkins – A song for a son

The Flaming Lips (fet. Henry Rollins) – Speak to me/Breathe
The Flaming Lips (fet. Henry Rollins) – On the run
The Flaming Lips – Time/Breathe (reprise)
The Flaming Lips (fet. Peaches) – The Great Gig in the Sky

Drop Loaded:

Continental Combo – Retiro
Continental Combo – Na estrada cinza

7 Seconds – straight on
Murphy´s Law – shut up
Kraut – gateway
D. I. – Johnny´s got a problem

Johnny Suxx – Addicted
Superguidis – Não fosse o bom humor

Bloco produzido por Ronaldo de Souza Lima:

Asian Dub Foundation – Flyover
Skin Dred – Nobody
Def Com Dos – El Dia de La Bestia

Finitude – Way of wisdom
Aliquid – Pay the price
Warlord – God kill the king
The End – The Nightmare

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