quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Festa de debutante.

Que fique registrado nos anais (ui) da História que aconteceu, no último sábado, uma grande Festa no parque da Sementeira, em Aracaju, em comemoração ao aniversário de 15 Anos da FM Aperipê, a rádio pública de Sergipe. Foi um verdadeiro desfile de talentos apresentando uma diversidade de gêneros e estilos musicais impressionante, tudo pontuado por um único denominador comum: a qualidade dos grupos e artistas que se revezavam no palco construído à beira do lago. O rock não ficou de fora, logo, eu estive presente. Porque não tem jeito: eu sou do rock. Mas é evidente que sei reconhecer a qualidade e a relevância de outros ritmos, e acho importante que haja espaço para todos, independente do apelo comercial. Daí a importância de uma emissora pública forte e bem gerida, desvinculada das amarras limitadoras do mercado.

Se apresentaram naquela noite, dentre outras, as bandas Café Pequeno, Cabedal e Lacertae. Eu, atrasado como sempre, cheguei no meio do show do Pantera (não é o que você pode estar pensando, nem sou eu que estou delirando, é o pseudônimo de um artista sergipano). Vai meio que no esquema “voz e violão” - não é a minha praia, mas é competente no que se propõe a fazer. Na sequencia The Baggios, dupla infernal de blues-rock eletrificado que sacudiu as estruturas daquela espécie de “festa hippie” (figurinos com estampados floridos, clima bucólico ao ar livre, panos coloridos largados na grama, havia um certo clima de Woodstock no ar). Guitarras no talo, bateria espancada sem dó nem piedade, show enxuto e sem frescuras. O feeling de sempre de Julico e Perninha, amplificado pela excelente estrutura montada e pelo som de Ricardo Sá, referência de qualidade no estado desde quando eu me conheço como gente. O governador do estado, Marcelo Déda, registrou no seu twitter que tinha adquirido o EP deles e estava ansioso para ver o show, pena que não postou sua impressão final (político, né?), mas tomara que tenha gostado ao ponto de podermos sonhar com outdoors espalhados pela cidade anunciando: “Governo do Estado apresenta: The Baggios, em turnê européia”, ou algo do tipo. Sei lá, tudo é possível ...

Depois dos Baggios se apresentou o sanfoneiro Cobra Verde. Não falou nem cantou nada, apenas subiu lá e tocou (muito bem, diga-se de passagem) sua sanfona, acompanhado por um tradicional trio pé-de-serra. Muito bom. Sem papo furado, só boa música regional.

Já Patrícia Polayne fez uma apresentação mais teatral, cheia de caras e bocas, porém igualmente competente. Faz um som autoral e interessante, com boa interpretação vocal e algumas excelentes composições, como o hipnótico “hit” “Arrastada”, com o qual ganhou a Festival da Arpub (Associação das Rádios Públicas do Brasil) do ano passado. Foi ovacionada. Está quase virando uma estrela “Cult”, a garota que eu vi pela primeira vez sendo confundida com Fernanda Takai no primeiro show do Pato Fu que aconteceu em Aracaju, no extinto Batata Quente da Orla de Atalaia.

Para terminar a noite, Mundo Livre S/A, de Recife, que há bastante tempo não tocava na cidade. Já subiram mandando bem com a clássica “Free World S/A”, faixa que abre o segundo e melhor disco deles, “guentando a oia”. A partir daí foi um desfile de grandes canções que marcaram os anos 90 e os primórdios do movimento “mangue beat”, além de uma inédita que começa “malemolente” e do meio pro final vira um batidão eletrônico que remete ao Devo. Grande show, encerrado com o hit “livre iniciativa” e com a satisfação estampada na cara de Fred 04, que saudava aquela como a melhor apresentação, com a melhor estrutura e o melhor publico, que eles fizeram em Aracaju. E foi mesmo: No último show que me lembro, na extinta boate “litttle hell” (posteriormente puteiro “pantera´s drinks”), não deu quase ninguém.

Foi uma grande noite. Estão de parabéns todos os envolvidos.

Adelvan

Um comentário:

  1. Cobra verde foi massa! E estilo show punk mesmo. Sem firulas, como tudo bom deve ser!

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