quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

# 172 - 03/12/2010

Violent Femmes – Discoteca Básica (Revista Bizz#170, setembro de 1999)

Gordon Gano (voz/guitarra/violão), Brian Ritchie (baixo elétrico, acústico e vocais) e Victor DeLorenzo (bateria/ vocais) se inscrevem na tradição dos grandes power trios do rock. Começaram a tocar juntos em botecos de sua cidade natal, Milwaukee, nos cafundós de Wisconsin.

Testemunha de um destes shows - todos acústicos -, James Honeyman-Scott, guitarrista dos Pretenders (morto em 1982) se surpreendeu com o som de Gano e companhia, convidando-os para abrir os concertos da turnê americana da banda de Chrissie Hynde. Foi o bastante para que os Violent Femmes se projetassem: assinaram com o selo independente Slash em 1982 e, um ano depois, lançavam este álbum de estréia, produzido por Mark Van Hecke.

Rústico, cru, mas sempre com frases inspiradas de guitarra/violão, o som da banda se escorava numa cozinha pesada, em que interagiam o baixo frontal de Ritchie e as batidas eficientes de DeLorenzo. A mistura de folk tradicional (especialmente pelo uso ostensivo de instrumentos acústicos) com a pauleira das levadas frenéticas criou alguma coisa que poderia ser definido como country punk. E, além dos instrumentos originais de cada um dos integrantes, Gordon e Brian também se arriscavam com sucesso por incursões pelo violino ("Good Feeling") e pelo xilofone ("Gone Daddy Gone"), respectivamente.

Já as músicas escritas por Gano formavam um capítulo à parte: com uma revolta latente expressa nas letras, elas ressaltavam este conteúdo por meio de arranjos predominantemente acústicos, em pérolas como a abertura com "Blister in the Sun", "To the Kill" (um perfeito espelho da violência do cotidiano) e “Add it Up”(esta última, por sinal, um hino à inquietação juvenil). Tudo isso sapecado por vocais que lembravam o Lou Reed da fase Transformer (disco de 1972).

Os discos posteriores comprovaram a criatividade do grupo, apesar de não contar com a mesma energia bruta. Com projetos mais sofisticados, os Violent Femmes trabalharam com o ex-Talking Heads Jerry Harrison (em The Blind Leading the Naked, de 1986), com o produtor/tecladista Michael Beihom - no disco Why Do the Birds Sing? (1991), em que regravaram "Do You Really Want to Hurt Me?", hit do Culture Club - e desde o CD New Times (1994), substituíram DeLorenzo pelo baterista Guv Hoffman (ex-BoDeans).

As "fêmeas" nunca mais chegaram a ser tão violentas quanto em sua estréia.

por Celso Pucci

* * *

Sempre tive vontade de assistir “Quadrophenia”, o filme (ligeiramente) baseado na ópera-rock do The Who, “pero no mucho” – alguém em cuja opinião confio havia me dito que já tinha visto de madrugada na globo e era só mais ou menos. Ledo engano. É bem menos pretensioso e melhor resolvido que a adaptação de Tommy, por exemplo – bizarrinha e “ligeiramente” afetada, vamos combinar. Felizmente agora está disponível em DVD e pode ser facilmente encontrado a preço promocional – eu comprei o meu num supermercado perto de casa.

O filme, considerado um clássico Cult da cinematografia britânica, retrata a vida de Jimmy, um “mod”, uma espécie de alter-ego de Pete Towsend adolescente. Ele incorpora pra valer os “ideais” do “movimento”, o “lifestile” – sempre em festas regadas a muita soul music da motown, em cima de uma lambreta enfeitada e cheia de retrovisores (a curiosa opção estética surgiu a partir da imposição da lei britânica, que exigia ao menos 1 retrovisor) ou às turras com os “rockers”, a principal gang rival. Mas o tempo vai passando e torna-se evidente a necessidade de se fazer concessões, sucumbir, pelo menos em parte, à realidade da vida. Jimmy vê seus amigos crescerem e, supostamente, “amadurecerem”, se adaptando às exigências castradoras da convivência social. Mas Jimmy não quer crescer, não dessa maneira. O problema é que, ao que parece, ele não sabe muito bem exatamente o que quer. Não pode, por motivos óbvios, continuar sendo um arruaceiro narcisista vivendo a vida como se ela fosse terminar no dia seguinte para sempre, mas também não quer acabar acomodado e barrigudo como seus pais - o dilema típico de todo adolescente “rebelde”. Conseguirá nosso herói escapar das garras do sistema opressor ? Veja e saiba – ou não – ao final da projeção, ao som da bela "Love, Reig O´er Me", do The Who

Grande roteiro, grandes atuações, excelente reconstituição de época e a presença de um jovem Sting como o “mod modelo” que no final das contas, quando o glamour da noite passa e é necessário se render à rotina do dia a dia, se revela apenas um ...

BELL BOY !!!!

Clássico.

A.

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(Wikipedia): Mod (abreviatura de Modernismo) é uma subcultura que teve origem em Londres no final da década de 50 e alcançou seu auge nos primeiros anos da década de 60.

A subcultura mod teve início com algumas turmas de garotos adolescentes com conexões familiares com o comércio de tecidos em Londres em 1958. Esses primeiros mods eram geralmente de classe média, obcecados com tendências da moda e estilos musicais, como ternos italianos bem justos, jazz moderno e rhythm and blues. Sua vida social urbana era impulsionada, em parte, por anfetaminas. É crença popular que os mods e seus rivais, os rockers, foram uma evolução dos Teddy boys, uma subcultura da Inglaterra da década de 50. Os Teddy boys eram influenciados pelo rockabilly norte-americano, usavam trajes Edwardianos e penteados pomposos. No entanto, não existe um contínuo histórico consistente entre os Teddy Boys e os Mods, cujas origens se encontram fora do espectro do rock and roll.

Enquanto o estilo de vida se desenvolvia e era adotado por adolescentes ingleses de todas as classes econômicas, os mods expandiram seus gostos musicais para além do jazz e do R&B, abraçando também o soul (particularmente da Motown), o ska jamaicano e o bluebeat (versão inglesa do ritmo jamaicano). Eles também deixaram sua marca no desenvolvimento da beat music e do R&B britânicos, exemplificados em bandas como Small Faces, The Who e The Yardbirds. Entre as bandas britânicas menos conhecidas associadas ao cenário mod, estão The Action, The Creation e John's Children.

Os mods se reuniam em pubs londrinos como o Goldhawk e o Marquee Club para exibir suas roupas e passos de dança. Eles usavam tipicamente scooters como meio de transporte, normalmente das marcas Lambretta ou Vespa. Uma das razões é que o transporte público encerrava suas atividades relativamente cedo, e as scooters eram mais baratas do que automóveis. Depois que uma lei exigindo a instalação de pelo menos um espelho em motocicletas foi aprovada, os mods adicionaram 4, 10, 32 espelhos a suas scooters como forma de zombar da nova lei.

Outra subcultura jovem, conhecida como rockers (associadas à motocicletas e jaquetas de couro), freqüentemente entrava em conflito com os mods, levando a batalhas em balneários como Brighton, Margate e Hastings. Em 1964, o conflito "mods versus rockers" deu origem a um pânico moral voltado contra a juventude moderna na Grã-Bretanha.

Decadência e remanescentes

Os mods eram produto de uma cultura em constante evolução, e talvez tenha sido inevitável que o cenário acabasse por devorar a si próprio. Quando Bobby Moore levantou a taça da Copa do Mundo no verão de 1966, a cena mod já se encontrava em visível declínio. Quando as culturas psicodélica e hippie surgiram, muitas pessoas se afastaram do estilo de vida mod. A cultura hippie representava um perspectiva calma da vida, em total oposto à energia frenética do mito mod. Bandas como The Who e Small Faces mudaram seus estilos musicais, e não mais se representavam como mods.

Na outra extremidade do espectro, tanto em filosofia quanto em aparência, os "hard mods" (vulgo "gang mods") eram mais violentos do que o resto de seus confrades. Com menos ênfase nas tendências da moda, e com o cabelo raspado bem curto, eles se tornaram os primeiros skinheads. Eles mantiveram a música mod original viva, tomando elementos básicos do visual mod - ternos de três botões, camisas Fred Perry e Ben Sherman, calças Sta-Prest e jeans Levi's - os misturando com acessórios da classe operária, como braçadeiras e botas Dr. Martens.

Ressurgimento e influência posterior

O símbolo usado pelo movimento mod é originário da pop art, e foi baseado no símbolo usado nos aviões da RAF durante a Segunda Guerra Mundial; supõe-se que tenha sido uma evolução da camiseta com um alvo estampado usada por Keith Moon, pois esta foi sua primeira conexão conhecida com os mods.

O filme Quadrophenia, lançado em 1979 e baseado no álbum homônimo do The Who, foi uma celebração do movimento mod, inspirando em parte um revival mod no Reino Unido no final da década de 70, seguido por outro revival na América do Norte no começo dos anos 80, particularmente no sul da Califórnia. Muitas das bandas da época eram influenciadas pela energia do punk rock britânico, e este ressurgimento foi liderado pelo The Jam. Entre outras bandas destacavam-se o Secret Affair, Purple Hearts e The Chords.

O cenário Britpop dos anos 90 demonstrou claras influências mod, com bandas como Oasis, Blur e Ocean Colour Scene.


* * *

(Wikipedia): Por apenas alguns meses em 1964 (de aproximadamente julho a outubro), o The Who mudou seu nome para High Numbers, lançando um single sob este nome antes de retornarem ao mais imaginativo e apropriado "the Who"

Pretensos mods

A mudança deu-se pela associação a Pete Meaden, um mod que durante um curto período foi empresário da banda (Helmut Gorden, um vendedor londrino, também estava envolvido nas negociações de Meaden durante esta época).

Meaden estava disposto a muder o som e a imagem da banda para relaciona-los ao movimento Mod. Isso ficou refletido na escolha do nome "High Numbers", que proclamava a bandeira do movimento.

"I'm The Face" / "Zoot Suit"

A banda gravou um compacto em julho pela Fontana Records, "I'm The Face/Zoot Suit". Ambos os lados foram compostos por Meaden, com o lado-A "inspirado" em "Got Love If You Want It" de Slim Harpo, uma escolha habitual para covers de bandas nessa época (incluindo os Kinks e os Yardbirds). O lado-B é frequentemente associado a "Country Fool", um obscuro número de R&B da banda Showmen de Nova Orleans, embora a semelhança não seja tão explícita como em "I'm The Face". As letras também não passam de uma mistura do jargão "mod" e frases-de-efeito.

Relativamente muito pouco da personalidade do grupo transparece durante o disco. A guitarra de Pete Townshend, particularmente, em nada lembra seus acordes poderosos e os estridentes feedbacks dos singles do Who de 1965; seu ritmo pende mais para o jazz, e parece ser mais o trabalho de um músico contratado. O grupo também gravou mais dois covers de R&B na mesma sessão, "Here 'Tis", de Bo Diddley e "Leaving Here" de Eddie Holland, que, embora mostrando grande vantagem em relação às outras duas músicas, ainda estavam bem longe de suas grandes gravações power pop de 1965. Ambas ganhariam mais tarde um lançamento oficial em compilações dos arquivos da banda.

Retorno

O High Numbers retomou o nome The Who em novembro de 1964, trocando também Meaden pelos empresários Kit Lambert e Chris Stamp. Proposital ou não, a mudança de nome apagou qualquer estigma que poderia vir a ser relacionado ao grupo devido ao fracasso do single do High Numbers, dando ao Who a oportunidade de apresentar em seu primeiro compacto de 1965, "I Can't Explain", a estréia de uma nova banda.

Considerada uma raridade por mais de uma década, "I'm The Face/Zoot Suit" finalmente apareceu em coletâneas nos anos 70, e mais tarde em CD.

* * *

(Wikipedia): Quadrophenia é um filme de 1979 baseado no álbum homônimo do The Who. Estrela Phil Daniels no papel de Jimmy, um mod do começo dos anos 60. Também conta com participações de Toyah Willcox, Mark Wingett, John Altman, Leslie Ash, Ray Winstone e Sting.

História - Na Londres de 1964 Jimmy Cooper é um membro de uma gangue Mod - jovens bem vestidos que dirigem vespas Lambretta. Os mods estão sempre brigando com os Rockers, que vestem jaquetas de couro e dirigem motocicletas. Desiludido com seus pais e seu emprego, Jimmy só encontra uma válvula de escape para sua angústia adolescente quando está com seus amigos mods Dave, Chalky e Spider. Um feriado de três dias é a desculpa para a rivalidade entre as duas gangues chegar às vias de fato, enquanto ambas descem para a cidade litorânea de Brighton para o confronto definitivo.

Quadrophenia é uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Tatcher, documentando o narcisismo movido a anfetaminas da cultura jovem dos anos 60.Foi a estréia do diretor Franc Roddam.

Em 2004 a revista Total Film elegeu Quadrophenia o 35o. melhor filme britânico de todos os tempos.

Trilha sonora:

1. The Who - I Am the Sea
2. The Who - The Real Me
3. The Who - I'm One
4. The Who - 5:15
5. The Who - Love Reign O'Er Me
6. The Who - Bell Boy
7. The Who - I've Had Enough
8. The Who - Helpless Dancer
9. The Who - Doctor Jimmy
10. High Numbers - Zoot Suit
11. Cross Section - Hi Heel Sneakers
12. The Who - Get Out and Stay Out
13. The Who - Four Faces
14. The Who - Joker James
15. The Who - The Punk and the Godfather
16. James Brown - Night Train
17. Kingsmen - Louie Louie
18. Booker T. & the MG's - Green Onions
19. The Cascades - Rhythm of the Rain
20. The Chiffons - He's So Fine
21. The Ronettes - Be My Baby
22. The Crystals - Da Doo Ron Ron
23. High Numbers - I'm the Face

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Fantômas - Cape Fear
Sonic Youth - What a waste
Iggy & The Stooges - Gimme danger
Nine Inch Nails - Hurt (quiet)
The Flaming Lips - Borderline

The Honkers - 12 Hours
The Honkers - 24 Hours from your heart
(Drop Loaded)

(Bloco produzido por Leonardo Bandeira):
Grave Digger - paid in blood
Halford - undisputed
Virgin Steele - pagan heart

The Fall - Choc-stock
That Patrol Emotion - Candy Loves Sattelite
New Model Army - Poison street
Violent Femmes - Blister in the sun

Portishead - silence
Spiritualized - soul on fire
Scarlett Johansson - Song for Jo
Sigur Ros - All Allright

VA/The Who - "Quadrophenia" soundtrack -
# The High Numbers - I´m the face
# The Ronettes - Be my baby
# The High Numbers - Zoot suit
# The Chiffons - He´s so fine
# The Who -
* The Real me
* Love Reign O'Er Me
* I Am the sea

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