sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Autoramas na Sessão Notívagos


Autoramas pela terceira vez em Aracaju, desta vez na Sessão Notívagos, que acontece periodicamente no Cinemark do Shopping Jardins com a exibição de um filme seguida da apresentação de duas bandas no saguão do cinema.

Fotos: Skull Valentine & Janaina Amarante

Antes do show recebi os rockers para um bate-papo ao vivo no programa de rock. Confesso que estava empolgado por ter ouvido de novo, depois de muito tempo, o primeiro disco do Little quail e por isso programei 3 músicas deles para tocar, o que gerou um protesto do Gabriel. Por ele não rolava nenhuma, mas com o apoio da baixista Flavia falei que eu que mandava naquela porra e pelo menos uma ia tocar, então mantive o megahit “aquela”, sucesso na versão dos Raimundos. De quebra, ainda encaixei uma da AxBax, uma tosqueira, a primeira banda do Gabriel, na qual ele tocava quando tinhas seus 13, 14 anos.

A entrevista transcorreu num clima descontraído. Falamos sobre gravadoras, tours pelo mundo, cenário independente e sobre a relação deles com a lendária banda de garagem japonesa Guitar Wolf. Eu já era fã da banda e de Gabriel, especificamente, por sua trajetória brilhante no cenário independente (Gabriel Thomaz é “gente que faz”), mas naquela noite virei tiete de todos. Flávia é A baixista, classuda, elegante, uma verdadeira “rocker” e substituta à altura (ou talvez melhor) de Simone “Dash”, membro-fundadora da formação original. E Bacalhau, putz, o Bacalhau é sensacional. Gente finíssima, inteligente e divertido.

Jantei com eles e por isso perdi o início do filme, mesmo a sessão tendo começado com um grande atraso. Cheguei na sala a tempo de ver Jeff Bridges na cama com Maggie Gyllenhaal. Grandes atores, belíssima atuação. Bom filme, mas talvez não tenha sido a escolha apropriada para a noite, pois trata-se de um dramalhão daqueles de partir o coração embalado em musica country – que eu detesto. Mas BOA música country, frise-se bem. É apenas uma questão de gosto pessoal. Jeff Bridges está realmente fenomenal no papel de um artista decadente que é forçado a se dobrar às duras realidades da vida, no caso, o sucesso de seu pupilo em contraponto ao seu ostracismo e a incapacidade de se relacionar de forma decente com as pessoas que ama, por culpa de seu gênio irascível e do alcoolismo. É “classudo”, mas não deixa de ter aquele clima de “supercine”. Boa parte da platéia “chiou”, mas achei injusto: o filme é bom.

Bom também foi o show da Nantes. Não sou exatamente um apreciador do som que eles fazem (folk rock com influências da psicodelia dos anos 60), mas salta aos ouvidos que é uma banda super competente e que sabe compor. Mais uma vez, talvez não tenha sido a escolha ideal para tocar junto com Autoramas, que é uma banda de rrrrock, mas mandou muito bem o seu recado. Estão para lançar seu primeiro disco “oficial” – fiquem de olho, é um dos grandes nomes do atual cenário alternativo sergipano e merece ser prestigiado. Não posso dar muitos detalhes sobre a apresentação pois estava tendo uma verdadeira “conferência” com Bacalhau e Gabriela Caldas sobre a viabilidade de se produzir shows de rock alternativo “fora do eixo” e fora do “fora do eixo”. Confesso que o otimismo deles não me contagiou, contaminado que estava pelo clima caótico e pelas dificuldades que presenciei nos bastidores da produção do evento. É um território pantanoso, “onde os fracos não tem vez” . Admiro e apoio no que for possível quem faz, mas estou fora.

Por fim, Autoramas. Começaram “desplugados”, mas sempre rock. Excelente presença de palco – dos 3 ! A baixista Flavia há tempos já deixou de ser uma novidade mas ainda impressiona pela entrega, pela elegância e pela competência. Uma coisa realmente bonita de se ver, e com um belo figurino – adorei os óculos ! (veja a foto). Gabriel é aquela simpatia, nem há muito o que comentar. O cara é O frontman. Mas quem estava especialmente inspirado naquela noite era o Bacalhau. Além de detonar na bateria, como sempre, foi pra frente do palco, pogou e teve seu “momento stand up comedy” ao microfone. Musicalmente, não há destaques, tudo muito bom, mas que fique registrada a arrasadora perfomance de “surfin´bird” dos Thrashmen, aquela do “paumama-papapau-ma-ma-ma” imortalizada pelos Ramones. Rock and roll na veia e na artéria – mais uma grande noite pra ficar na memória de quem foi.

Por falar em “quem foi”, o público, pra variar, foi aquém do esperado – mas em quantidade, que fique bem claro. No quesito “qualidade” foi ótimo, animado e participativo. Foi bom pra mim, foi bom pra quem foi.

Foi bom pra vocês, Autoramas ?

Texto: Adelvan Kenobi

2 comentários:

  1. Realmente, Autoramas é A banda!

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  2. Dificuldade p/ se fazer um show de rock existe até na capital cultural do Brasil, Rio de Janeiro. E isso desde a década de 80. me lembro do Renato Russo no fim dos 80 reclamar que não existia espaços p/ se tocar rock. Acho que o que falta hoje para fazer o público crescer é o que sobrava antigamente: revista, loja especializada, uma rádio ou webradio e uma "meca" em cada estado, ou seja, um lugar fixo p/ shows alternativos de rock.

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