O rock é teimoso, eu sempre digo. Num momento em que a cidade se ressente da falta de espaços para shows/eventos direcionados a um público mais alternativo, eis que surge uma noite totalmente dedicada ao metal num dos principais pontos turísticos do estado, o Oceanário de Aracaju, que pertence ao Projeto Tamar, dedicado à salvação das tartarugas marinhas. Fica encravado na região dos lagos da Orla de Atalaia, um cenário belíssimo e inusitado para o rock, quase sempre relegado aos guetos underground. Tem cinco aquários de água doce e 11 de água salgada - habitados, respectivamente, por peixes do rio São Francisco e da costa do estado. Um recinto com tubarões vira ponto de alvoroço às 16h30, quando os animais são alimentados e os turistas podem tocá-los. O local funciona também como centro de reabilitação de espécies.
Pensando aqui com meus botões, já rodei praticamente a cidade inteira indo a shows do meu “ritmo” favorito. O primeiro, meu “descabaçamento”, foi no conjunto Agamenon Magalhães. Lembro de “gigs” (como eram chamados os shows “punk” antigamente) nos quatro cantos da cidade, na 13 de julho, no centro (geralmente em estacionamentos), na Atalaia (Muquifo, U-Show-a, Batata quente, ATPN, BNB Clube), nos conjuntos habitacionais Fernando Collor (é, vergonhosamente nosso estado ainda tem lugares com o nome desta triste figura de nossa história) e Marcos Freire, em Socorro, no Bugio, Santos Dumont (onde uma amiga tomou um tiro na bunda), Augusto Franco, Orlando Dantas, Jardins (parque da sementeira), etc, etc, etc. Isso sem falar no interior, em Itabaiana, Estância, Carira, Glória, Poço Redondo, Tobias Barreto, Moita Bonita, Canindé do São Francisco, Lagarto, Maruim e Própria.
Pois bem, depois de uma certa confusão com os horários (divulgaram 22:00h no cartaz mas saíram espalhando que começaria às 21), cheguei cedo, apenas pra constatar que, como sempre, nada começaria na hora marcada. Tranqüilo, ir a show pra mim hoje é, muitas vezes, mais uma desculpa para sair de casa e reencontrar os amigos – e estavam (quase) todos lá, os indefectíveis RAS e Bilal e suas conversas “nonsense” (RAS falando para as meninas, por exemplo, que elas eram um colírio para seus olhos acostumados a ver Bilal e os “crossdressers” do centro toda noite), Augusto Cesar, grande artista plástico, que eu nunca mais tinha visto (descontado um breve encontro no Bar do palito), Fabio e suas panfletagens, desta vez com a acessoria feminina de Iara e Raquel “lady darkness”, Adriano, Murilo da Nucleador, Reinaldo, o “cara do farol”, Jason, Curisco, Sandra, Felipe Freire e, claro, os simpatissíssimos “donos da noite”, os caras da aniversariante Tchandala.
O show marcava o décimo quarto aniversário da banda e começou com o thrash “europeu” a la Sodom do Impact. Segundo show que eu vejo deles em menos de uma semana, sempre competentes e precisos no que se propõem a fazer. Fizeram uma apresentação enxuta e empolgante para o publico que começava a entrar. Um bom público, diga-se de passagem. Fosse num espaço menor, como o Cultiva, estaria lotado.
Já o Aliquid eu nunca tinha visto ao vivo. Não é muito a minha praia o tipo de som que eles fazem, um Heavy Metal melódico na linha do Helloween e Angra (não por acaso fizeram covers de ambas), mas é uma banda super competente que merece todo o nosso respeito. O problema maior, a meu ver, foi justamente o excesso de covers, inclusive de um clássico dos clássicos que todos se arriscam a tocar mas que não deveriam fazê-lo, pois até hoje nunca vi uma versão que fizesse jus ao poder da gravação original: a indefectível “painkiller”, do Judas Priest. O vocalista da Aliquid é muito bom, mas nessa ficou devendo – o que não é demérito nenhnum, diga-se de passagem, afinal trata-se de Rob Halford (AKA Metal God) em uma de suas melhores perfomances.
A terceira banda a se apresentar foi a Tchandala, recebida com as honras mais do que merecidas pelos presentes. Um exemplo de perseverança e amor ao metal, Dejair e sua turma fizeram o show de sempre, para o publico de sempre – novamente, nenhum demérito na afirmação. Só que não é, igualmente, a minha praia, então retirei-me ao recesso do meu lar, não sem antes fazer o tradicional pit stop para bater o velho sanduba antes de mais uma merecida noite de sono.
Ah, ia esquecendo: No "snake stand" pude conferir ao vivo as baquetas e palhetas personalizadas da Bad Snake, auto-intitulados "a banda mais perigosa de Aracaju". coisa finíssima ...
Metal is the Law.
The Law is the metal.
Adelvan k.
é rapaz!
ResponderExcluiras bandas precisam parar de "tentar" fazer cover de Painkiller... é uma daquelas que nem a banda original consegue tocar direito, kkkk
gostaria de saber melhor como foi o show da Tchandala, ja que era Headliner da noite
e... sera que o oceanaio pode se tornar mais um lugar de shows em Aju?
TOMARA que o Oceanário "abra pro rock" de vez. Seria a "salvação da lavoura", já que é um lugar do caralho, e bem localizado. Já o show do Tchandala foi ... um show do Tchandala, heheheh - é como disse no texto, não curto este tipo de som, então fica difícil pra mim dar qq tipo de opinião. Melhor ficar calado do que falar merda. Só fiz mesmo essa resenha pra que fique registrado: rolou um show de rock, rock mesmo, underground, no oceanário de Aracaju
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