segunda-feira, 4 de julho de 2011

# 190 - 01/07/2011

O programa de rock da última sexta-feira começou com uma homenagem aos 25 anos de lançamento do disco "The Queen is dead", dos Smiths, completados no dia 16 de junho último. Prosseguiu com outra homenagem, desta vez a recém-falecido Seth Putnann, frontman do infame Anal Cunt, com a execução de uma faixa de seu último disco, "The Fucking A", do ano passado.

Depois do Drop Loaded, vanguarda paulistana dos anos 80: uma faixa do primeiro EP da Patife Band, de 1985, outra do último do Smack, espécie de "supergrupo" formado por Pamps (Isca de Polícia), Edgard Scandurra (Ira!), Sandra Coutinho (Mercenárias) e Thomas Pappon (Voluntários da Pátria, Fellini e The Gilbertos). "3", o EP, foi lançado pelo selo carioca "Midsummer Madness" em 2008. Finalizando o bloco tivemos a bela voz de Cadão Volpato em 2 momentos: com o Fellini e com o projeto paralelo "Funziona Senza vapore".

No "Bloco do ouvinte", rock independente feito em Maringá, Paraná, trazido ao dial sergipano pelo agitador Cultural Andhye Iore, do projeto Zombilly. A partir daí, só novidades: novas do Autopsy, banda pioneira do death metal norte-americano, do Anthrax, do Cansei de Ser Sexy, de Bjork, e uma das três faixas novas que Morrissey apresentou no programa de rádio de Janice Long, na BBC de Londres. Mais uma nova do mais novo disco de Bonifrate, principal cantor e compositor da célebre banda brasiliense Supercordas, do jason (a primeira em que Leonardo Panço não toca as guitarras), do Holydays, banda sergipana que quer manter acesa a chama do hard Core californiano, e do The Baggios, que lançará seu primeiro disco na próxima sexta-feira na Casa Rua da Cultura, em Aracaju.

Pra encerrar, o primeiro single de "Godofredo", da Vendo 147.

É isso. Voltamos. Até a próxima sexta.

Adelvan

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Discoteca Básica: The Smiths - The Queen Is Dead (1986)

TaIvez ainda seja cedo demais para avaliar o verdadeiro impacto dos Smiths na história do rock' n 'roIl e da cultura pop. Poucas vezes foi tão rápido e fácil conquistar a adulação simultânea de público e crítica, pelo menos na velha Grã-Bretanha. E as primeiras manifestações mágicas da parceria Morrissey/Marr - singles preciosos como "Hand In Glove" e "What Difference Does It Make?" - já chegaram com sabor de clássicos instantâneos. Por outro lado, não é nada fácil encontrar traços de suas influências na atual geração de bandas ...

Os Smiths foram o último suspiro de originalidade no rock britânico, a última banda relevante da explosão indie e o último legado da linhagem de Manchester que havia dado Buzzcocks e Joy Division. Seus verdadeiros trunfos estavam em suas excentricidades: conseguiram soar ao mesmo tempo extremamente punk e pop, sem contar o homoerotismo celibatário, sem plumas ou paetês, desconcertante para os padrões da usina de entretenimento infanto-juvenil.

O grupo estava mais que estabelecido no Olimpo do estrelato quando atingiu a maturidade e a perfeição em The Queen ls Dead. O disco implodia de maneira grandiloqüente a enxuta estrutura musical da banda. Uma orquestra de cordas transformando algumas das canções em verdadeiros épicos era o gesto de maior risco. tornando o som dos Smiths mais deslocado no tempo do que nunca. Este era o caso da ultradebochada faixa-título, do romantismo suicida de "There Is A Light That Never Goes Out” e da quase patológica "I Know It"s Over", certamente o momento mais ousado de Morrissey, compondo uma dilacerante canção de amor e adeus para a própria mãe.

A grande surpresa do disco estava, porém, no humor desenfreado, trazendo leveza de alma e os confortos do ceticismo à artilharia pesada que avacalhava a família real sem misericórdia em "The Queen Is Dead": imaginava mortes sádicas para Margaret Thatcher em "Bigmouth Strikes Again"; ridicularizava todos os medíocres do planeta em "Franky Mr. Shankly" e extraía boas gargalhadas da obsessão pelo sexo com a impagável "Some Girls Are Bigger Than Others". Nem um amigo como Howard Devoto - outro grande letrista de Manchester, líder do Magazine - escapou ileso da febre zombeteira que tomou o vocalista dos Smiths. Em "Cemetery Gates", ele compõe um hilariante manifesto narrando um passeio dos dois entre lápides e exibições de erudição, para concluir: "Você tem Keats e Yeats ao seu lado, mas perde/ Porque Oscar Wilde está no meu." A mensagem é fechada, para quem desconhece a literatura inglesa de século passado, mas basta dizer que, celebrando a vitória do mais leviano senso de humor sobre a sisudez, o idealismo e o classicismo, Morrissey resumia em uma cápsula o espírito do disco. Tentando sacudir seus conterrâneos para acordarem de seu "passado glorioso" antes que McDonalds, Pizza Hut, Tom Cruise e Demi Moore tomassem conta, o bufão da agonia fracassou de maneira retumbante. Como popstar. porém, não se deu mal: seus discos solos podem ser irregulares mas nunca entediantes (mesmo perdendo as insuperáveis melodias de Johnny Marr) e suas tumês americanas atraem multidões de adolescentes histéricas. O mesmo não se pode dizer do parceiro-guitarrista que hoje se dedica no derivativo duo Electronic, em que ele e Barney Summer sujam a reputação de Smiths, Joy Division e New Order - isto é, pelo menos 80% do melhor rock de Manchester.

É realmente intrigante para a geração que deixou a adolescência pela chamada idade adulta nos anos 80 (ouvindo coisas como Echo & The Bunnymen e Smiths) estar representada hoje, no megaestrelato, por baba diluída como REM (afinal, Michael Stipe tietou Morrissey incansavelmente!) e U2 (provando que Brian Eno realmente transforma água em vinho!). Mas, assim como o Oasis xeroca os Beatles, ainda podem surgir alguns moleques ingleses para refrescar a memória coletiva bebendo na fonte de Morrissey e Marr.

por José Augusto Lemos

Fonte: Revista Bizz - Edição 141, Abril de 1997

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Não lembro quando ouvi The Smiths pela primeira vez, mas na metade dos anos 80, não era difícil dar de cara com o quarteto inglês na TV, no rádio ou em revistas. As mídias “oficiais” da época eram muito mais abertas a boas novidades, e poucas coisas andavam tão bombadas quanto Morrissey, Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce. Nos quatro cantos do planeta, quem não tinha sido consumido pelo pop esfuziante de Michael Jackson, Madonna e a turma da new wave voltava os olhos para o rock alternativo feito na Inglaterra, onde os Smiths dominavam os corações e as mentes dos jovens.
No dia 16 de junho de 1986, eles caíram definitivamente de joelhos e levantaram as mãos para o céu, em sinal de idolatria, quando The Queen is Dead, o terceiro álbum da banda, chegou às lojas levantando polêmica, a começar pelo título que decretava “a rainha está morta”. Seguia a morbidez da capa (com Alain Delon) e as provocações da faixa-título (“Querido, Charles, você não anseia aparecer na frente do Daily Mail vestido com o véu de noiva de sua mãe?”), algo que não se via desde que o Sex Pistols lançou God Save the Queen. O tom das letras de Morrissey, em geral, é mesmo amargo e até raivoso, como em Frankly, Mr. Shankly e Bigmouth Strikes Again, um dos maiores hits smithianos. Por outro lado, o grupo atingiu o apogeu em termos de de melodias e riffs, extrapolando o lirismo em The Boy with the Thorn in His Side, Cemetry Gates, There is a Light that Never Goes out e Some Girls are Bigger than Others.
A proximidade da perfeição levou The Queen is Dead pras paradas nos dois lados do oceano, confirmou Marr como herói da guitarra e sua parceria com Morrissey, uma das mais aclamadas da história do rock. Pra além disso, é o trabalho que fará os Smiths permanecer eternamente na lista dos melhores álbuns de todos os tempos. Nesta quinta (16), quando tiverem se passados 25 anos, ficará ainda mais claro que ele não perdeu um grama de seu peso e importância.

http://wp.clicrbs.com.br/orelhada/2011/06/15/25-anos-the-queen-is-dead-envelheceu-bem/?topo=84,2,18,,,84

Com este álbum os Smiths atingiram sua maturidade artística. Foi seu terceiro álbum e é certamente o melhor trabalho da banda. Um conjunto fabuloso, cujo álbum debut The Smiths, em 1984, já demonstrava que estávamos diante um super grupo. Uma combinação de tensão pop (Morrissey dizia sempre que era apenas um grupo pop) e rock (Marr dizia que era um grupo de rock), adicionando algumas letras incomuns do poeta Morrissey. Temas que falavam de suicídio, abuso de menores e assassinato de crianças. Além das melodias impecáveis de Marr, fizeram dessa banda uma das mais importantes da década de 1980.

The Queen Is Dead – que quase se chamaria Margaret On The Guillotine – produzido pela própria banda foi lançado em 16 de junho de 1986 no Reino Unido pela Rough Trade Records. A Sire Records lançou o álbum nos Estados Unidos em 23 de junho de 1986. A capa traz o ator francês Alain Delon ainda jovem no filme L’insoumis, de 1965, e as canções traziam texturas sonoras mais refinadas do que seus trabalhos anteriores, sem perder a intensa carga emocional.

O álbum abre com a canção “The Queen is Dead”, comandada pelas guitarras sobrepostas de Marr que assustou pelo peso incomum nas músicas da banda, apenas um pretexto para um ataque sarcástico e bem humorado a família real britânica. Já em “Vicar in a Tutu” a vítima dos ataques de Moz é a igreja. “I Know It’s Over”, uma triste balada de adeus que Morrisey fez para sua mãe.

“The Boy With The Thorn In His Side”, que foi lançada anteriormente como singles, tornou-se sucesso instantâneo, inclusive no Brasil – o que ajudou a popularizar a banda no país. “Bigmouth Strikes Again” também foi single e contém uma curiosa participação no backing vocal de uma tal de Ann Coates, mas que na verdade é a voz do próprio Morrissey alterada de forma proposital. “Cemetry Gates”, obviamente uma homenagem a um dos vários heróis de Morrissey, no caso, Oscar Wilde.

The Queen is Dead é uma trabalho de canções impecáveis, que fica difícil de destacar alguma. No entanto, não podemos deixar de render louvores para “There Is A Light That Never Goes Out”, uma das melhores letras de Morrissey e ainda por cima acompanhados por uma melodia à altura.

A dupla Morrissey e Marr em tão pouco tempo de carreira (1982-1987) fizeram uma quantidade enorme de prolíficas canções – espalhados em álbuns e incontáveis singles – que só pode ser comparada à verve criativa de Lennon e McCartney à época dos Beatles. E todo sucesso alcançado pelos Smiths foi graças a uma única particularidade: talento. E é interessante lembrar que toda obra da banda foi lançada de forma independente pelo selo Rough Trade. Isto que é ser indie!

http://bagarai.com.br/the-queen-is-dead-classico-da-banda-the-smiths-comemora-seu-aniversario-de-25-anos.html

Ex-guitarrista dos Smiths fala sobre o álbum The Queen Is Dead que hoje completa 25 anos.

Como não existe mais a Bizz, o Blog do Marcelo Fialho resolveu furar a Billboard e a Rolling Stone (mas não a New Musical Express) e entrevistar com exclusividade o legendário compositor sobre o álbum fundamental da banda de Manchester

Durante a composição de The Queen Is Dead que artistas você estava ouvindo principalmente ?
Sente que tiveram influência direta no som do álbum?

Johnny Marr: Velvet Underground, também acho que há influência de Stooges em “Never Had No One Ever”.

As coisas aconteceram tão rápido para os Smiths.. quando produziam o The Queen Is Dead você sentiu que ele era tão especial para permanecer tanto tempo como um dos maiores álbuns de todos os tempos ?

J. M: Estava apenas tentando fazer o disco certo para nós no momento. O que foi um trabalho grande o suficiente, só achei que era um grande álbum quando foi acabado, mas você não imagina
coisas como “melhor de todos os tempos” ou coisa assim.

Você já sentiu, com os compositores que trabalhou mais tarde, uma espécie de “sincronicidade” próxima da que havia entre você e Morrissey?

J.M.: Não sei se houve “sincronicidade”, éramos muito muito próximos e trabalhavamos muito bem juntos.

Pode citar artistas atuais que mostram influência dos Smiths? Não só musicalmente, mas no discurso, com a mistura de ironia e crítica ? Ainda há rebeldes no rock ou só bandas de videoclipe?

J.M.: Não acho que é trabalho de músicos fazer crítica de artistas em público. Não sou um crítico. Acho que há rebeldes no meio, mas talvez não no mainstream. Isaac Brock do Modest Mouse Modest é um dos poucos. Ele é um artista.

Você ouviu alguns desses vários álbuns tributo vários (incluindo Smiths Is Dead)? O que gostou neles?

J.M.: Ouvi algumas versões cover ao longo dos anos. Não sei se estão nestes álbuns. Gosto da versão do Low de “Last Night I Dreamt that Somebody Loved Me”, também a versão de TheTreePeople para “Bigmouth Strikes Again” era boa quando a ouvia.

Os Smiths eram tipo uma gangue. Você sentiu algum medo ou solidão para encarar o início na carreira solo ?

J.M.: Tá brincando? Estou sempre rodeado de pessoas. Muitas pessoas às vezes.

Você veio para o Brasil com Pretenders para um grande festival (1988). Que lembranças tem ?Conhece/gosta de música brasileira? Uma volta ao Brasil está em seus planos ?

J.M.: Minha viagem ao Brasil foi muito divertida. Conheci algumas pessoas legais e ouvi boa música. Definitivamente voltarei.

Na minha opinião, seu estilo de tocar tem como marca registrada a oposição à distorção. Como você o descreve brevemente ?

J.M.: Acho que o som pelo qual sou mais conhecido é claro e de toque melódico. Tento expressar uma emoção forte e às vezes é alegre e, às vezes triste e muitas vezes, as duas coisas. Gosto quando é assim porque é como a vida é.. tento tocar o que sinto na vida.

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The Smiths - The Queen is dead 25 Anos
# The Queen is dead
# There´s a light that never goes out
# I know it´s over

Anal Cunt - Fuck yeah

Unfactory - Sex & Fight
(Drop Loaded)

Patife Band - Pregador Maldito
Smack - Excomungado
Funziona Senza Vapore - flor da espera
Fellini - Amanhã é tarde

Salamanders – “Reverse on the road”
Professor Astromar & Os Criadores de Lobisomem – “1952”
A Sexta Geração da Familia Palim do Norte da Turquia – “Quero jogar sinuca na casa do Inri”
Brian Oblivion & Seus Raios Catódicos – “Espectro de Plank”
(por Andhye Iore)

Autopsy - Dirty gore whore
Anthrax - Fight then ´till you can´t
Morrissey - The kid´s a looker
Bjork - Crystalline

CSS - Hits me like a rock
Bonifrate - A farsa do futuro enquanto agora

Jason - A incrível arte de errar em tudo
Hollydays - Go back to my home (intro for destruction)
The Baggios - Aqui vou eu
Vendo 147 - vingador

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