Se eu fosse você, eu não tentaria "entender" GG Allin. Divirta-se, ou ignore-o. Analisar seu comportamento é perda de tempo ...
A.
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Frente a frente com G.G. Allin, o suicida hesitante - Estreando a série “Frente a Frente”: um relato sobre o punk que levou a imundície ao rock.
por André Barcinsky
Corria o ano de 1993. Eu estava em Seattle para cobrir um festival de música, quando uma notícia num jornal local chamou minha atenção: naquele dia tinha show de G.G. Allin!
Fatos como esse eram raros. G.G. Allin tinha mandados de prisão em pelo menos 15 Estados americanos, e raramente se apresentava ao vivo. Ele saíra há pouco da cadeia, onde cumprira dois anos por atear fogo à namorada na frente do sogro.
Para quem nunca ouviu falar de Allin, sugiro dar uma busca rápida na web e assistir ao documentário “Hated”. Ou a alguma das engraçadíssimas aparições de G.G. nos programas sensacionalistas da TV americana, onde ele se dizia “o Messias” e aterrorizava pais prometendo “liderar seus filhos numa revolução contra o governo, a polícia, a igreja e a sociedade”.
O cara teve uma vida e tanto. Filho de um caipira tarado e fanático religioso que o batizou de Jesus Christ Allin, G.G. tornou-se um ícone da cena punk extrema. Sua música sempre foi uma porcaria, mas suas atitudes no palco fizeram dele um astro em alguns círculos.
Os shows de Allin eram festivais de sadismo e excrementos. Ele se cortava, defecava e urinava no palco e na platéia, surrava fãs, apanhava de outros, botava fogo no palco e andava pelado para todo canto. Em 1988, prometeu que cometeria suicídio em um show na noite de Halloween. Só que o dia chegou e ele estava em cana. No ano seguinte, continuava no xadrez. Mais um Halloween chegou, e G.G. continuava preso.
A cada show, o público lotava o lugar para conferir se Allin ia cumprir a promessa. Mas ele nunca chegou às vias de fato. “Só vou me matar quando chegar no auge”, dizia.
Separei aqui alguns trechos de um artigo que escrevi sobre o show na “Bizz”, em agosto de 1993 (obrigado ao Elson Barbosa por ter me enviado a reportagem):
“O show foi no clube Under the Rail, em Seattle. Pelo menos metade da platéia era Hell's Angels ou similares. O show foi aberto pelas bandas Lesbian Muff Divers (Lésbicas Chupadoras de Xoxota) e The Sound of Fuck (O Som da Foda).
Pergunto a G.G. sobre sua nova excursão e ele se mostra pessimista: "Não posso tocar em lugar nenhum que a polícia está sempre atrás de mim. Tenho convites para shows no Canadá, mas não me deixam passar na fronteira. E, se eu por acaso passar, os Estados Unidos não me aceitam de volta!".
Sobre a mania de degustar os próprios excrementos e distribuí-los aos fãs, G.G. disse: "Me considero um deus do rock'n'roll. Por isso, meus fluidos e excrementos também são sagrados. Eu como minhas fezes porque não quero deixar fluidos sagrados perdidos por aí, em qualquer lugar".
Mas ele também tinha senso de humor: no meio do show, pegou um pôster de Eddie Vedder, rasgou o rosto do cantor e introduziu o pinto no papel. Cantou uma música inteira com Vedder pendurado no bilau.
No final do show, G.G. pegou um litro de álcool e tacou fogo no palco. O espetáculo terminou com os bombeiros em desespero tentando apagar as chamas, enquanto ele, pelado, continuava a cantar, mesmo depois que todos os outros membros da sua banda já haviam fugido do palco.”
G.G. Allin nunca cumpriu a promessa de se matar no palco.
Em 28 de junho de 1993, em um show em Nova York, G.G esmurrou um cara na platéia e uma briga violenta degenerou por todo o clube. A polícia chegou e prendeu um monte de gente. Mesmo pelado, o cantor saiu pela porta da frente e andou quatro quarteirões até a casa do líder da banda Genocide, Jimmy Puke (Jimmy Vômito). Quatro horas depois, estava morto de uma overdose de heroína.
Sua morte foi chorada por amigos e fãs. Bom, na verdade, o velório foi um festão: Allin foi colocado no caixão pelado e com uma garrafa de Jim Bean na mão. Amigos e fãs passaram o dia todo zoando o cadáver e tirando fotos obscenas com ele. Uma farra.
Uns dois anos depois da morte de G.G. Allin, eu estava andando por uma feira de antiguidades no Chelsea, em Nova York, quando vi uma comoção na rua: pessoas revoltadas se juntavam na calçada, xingando alguém. Era Merle Allin, irmão mais velho de G.G. e baixista de sua banda, Murder Junkies. Ele estava vestido de soldado nazista, com capacete e bigodinho de Hitler, e andava tranquilamente com a namorada, de mãos dadas, apreciando as antiguidades.
Fonte: BLOG do André
Sabe que eu sou chamado de careta e menino bem comportado pelos meus amigos da cena Punk e Metal, né? Que seja! Não gosto de GG Allin, não compreendo como alguém pode gostar e o considero a personagem mais estúpida e patética da história do rock mais underground.
ResponderExcluirMeus amigos adoram esse cara e me esculhambam por eu gostar de Legião Urbana! Bem, de uns tempos para cá o Punk e o Metal em Portugal se transformou num meio idiota, com adorações excessivas às drogas (pesadas), à porra-louquice, à misantropia e à indiferença. Tornou-se nalgo totalmente inofensivo, que acha que a coisa mais radical do mundo é falar palavrões com um microfone. Estou profundamente desiludido hehe
Juliano, acho que isso acontece porque você leva o punk muito a sério, como ideologia e tal. Mas se pensar bem, GG nunca se rotulou como punk - sempre vi ele se declarando como "Deus do rock and roll" ou coisas do tipo. No mais, nunca houve nem nunca haverá, acredito, um comportamento "padrão" mesmo no meio punk - alguns sempre serão mais "porra-loucas", outros mais "ideológicos", uns sérios, carrancudos, outros procurarão passar uma mensagem sem equecer a diversão, e por aí vai. Como já dizia nossa ex-Ministra do Turismo, "relaxe e goze", hehehe
ResponderExcluirNão, não levo o Punk a sério! Já levei, mas há tempos que não levo. Mas não quer dizer que qualquer comportamento de imbecil retardado possa ser aceito por essa ideia de que punk que é punk não tem regras e aceita tudo. Lembro que uma vez, uma bandinha californiana portuguesa, do mainstream mesmo, ao ser questionada sobre pertencer ou não ao Punk, disse "para nós o maior Punk da história foi Jerry Lee Lewis porque ele quimava o piano e casou com sua prima de 13 anos".
ResponderExcluirOu seja, Punk que é Punk só faz merda, querem eles dizer. Discordo disso. Não levo o Punk a sério e sequer acho que seja um movimento politizado, mas se eu também achasse que ele era o que esses caras dizem ou o que o GG Allin fazia, eu nunca teria me aproximado dele. Sempre achei que haveria alguma lucidez e sentido nos comportamentos, mesmo os mais escatológicos.
Até porque, se formos abrir tanto os horizontes do Punk só para dar uma de bonzinho e dizer "aqui não há regras, tudo é possível", podemos admitir nao-nazistas e toda uma cambada...sempre achei que o Punk teria algo de positivo na vida dos adolescência, uma forma de auto-afirmação de caráter, de individualização, etc. O que vejo em GG Allin é somente demência.