Cheers !
A.
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Nos dias em que bandas se destacam por não apresentar nada relevante, o que é incrível, ouvir um disco onde as músicas são bem elaboradas, até com harmonias vocais, é muito bom. Um sopro de esperança em meio a uma massa que acha que guitarras altas significa qualidade.
O mercado musical nacional, digo o independente, tem seus ciclos para eleger os favoritos. Muitos ficam de fora. E as vezes possuem trabalhos mais relevantes do que os que estão na crista da onda prontos para dropar e entrar no tubo. A Nantes é uma delas. Não tem guitarras distorcidas, não tem vocais gritados, não tem letras que falam de encher a cara e pegar mulher.
A banda já se chamou Daysleepers, mas decidiu mudar para um nome mais fácil, mais pop, tal quel o trabalho que é calcado no som produzido na década de 60 por nomes como Beatles e Beach Boys, para ficar em dois, porque há muito mais gente boa e que deixou excelentes trabalhos. Os Beatles tem que ser citados sempre, até porque o álbum Alvorada abre com “Um dia na vida”. Letra que fala até de Deus. E quem não lembra, os garotos de Liverpool fizeram uma das mais belas canções de todos os tempos chamada “A Day In The Life”.
Com pouco mais de dois anos a banda sergipana conseguiu criar um álbum que prima pela qualidade musical. Tudo no álbum é bem elaborado: sonoridade com vários instrumentos, vocais, letras que fogem do lugar comum mesmo falando do cotidiano. Caso de “Tempo” que é auto-explicativa. Muitas vezes o melhor remédio é a paciência, o tempo. Já “A 8ª Capela” é só vocal. A introdução de “O Céu” me lembrou Hyldon, um dos mestres do soul brasileiro. Mas na sequência a música desemboca para uma musicalidade que remete a um pôr do sol a beira mar.
“Talvez você possa cantar” remete ao folk. Coisa que a banda sempre faz questão de lembrar também com fotos em meio a plantas, a cenários bucólicos. E como atesta a capa do disco e a bela canção “Bem vinda chuva”. Que assim como uma chuva na hora certa, traz uma calma. “Os Castelos” encerra o álbum mostrando que muitos dos muros levantados por nós, são incorporados de maneira tal que não enxergamos o outro lado. As vezes derrubar é a única maneira de seguir em frente. Em outros momentos é melhor se resguardar dentro das muralhas, andando pelos corredores.
Alvorada é um disco delicado. Para curtir sem pressa. Cada música tem um instrumento que se sobressai, e letras compostas por Arthur Matos que trazem sentimentos a tona. Remetem a uma lembrança, uma sensação.
Por Hugo Morais
O Inimigo
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A Dinosaur Jr., que toca hoje no Teatro da UFPE ( NOTA: Em Recife ) fechando a programação do festival No Ar Coquetel Molotov, é daquelas bandas que merecem o exaurido termo “seminal”. Ela surgiu em meados dos anos 80, quando as paradas eram dominadas por nomes como Van Halen, Michael Jackson, Guns ‘n’ Roses, Bon Jovi ou o metal glamourizado do Mötley Crüe e Twisted Sisters. Porém, na contramão do status quo pop, surgia uma nova onda, logo rotulada de “alternativa”. À frente dela estavam a Dinosaur Jr., Sonic Youth e outras bandas que mudariam o curso do rock and roll.
É até estranho que esta turnê que J. Mascis, Lou Barlow (baixo), e Murph (bateria) estão fazendo (tocam amanhã em Salvador, na edição soteropolitana do Coquetel Molotov) seja a estreia do grupo em palcos brasileiros. J. Mascis, vocalista e guitarrista, dizia ontem que não tinha ideia porque o grupo nunca veio ao Brasil: “Não temos ideia, nem sequer perguntei para alguém. Espero ter uma boa surpresa. Não conheço música brasileira, só sei que sempre quis tocar aí”. O trio, nascido em 1984, em Amherst, Massachusetts, fechou para balanço em 1997 e voltou à estrada há cinco anos. Pelo visto com todo gás, com um repertório meio coletânea: “Eu vou com os caras antigos (Lou Barlow e Murph). Vamos tocar muitos hits de quase todos os discos. Só não terá músicas do álbum do Fog”. O Fog a que ele se refere é a banda que formou em 1999, e com a qual gravou dois CDs.
O fim do grupo em 1997, deve-se à roda viva em que se meteu depois de vender milhões de discos, por uma grande gravadora. Embora Mascis tenha sabido conviver com o sucesso, ao contrário do contemporâneo Kurt Cobain, que não conseguiu equacionar o dilema de ser alternativo e, ao mesmo tempo, idolatrado por milhões de fãs: “Acho que quando começamos éramos uma banda alternativa, com certeza. Nem tínhamos fãs. Mas sabíamos que tipo de música queríamos fazer e escutar. Não tínhamos ideia que iríamos parar em uma major e vender tantos discos”, diz Mascis, garantindo que foram aparadas as arestas que levaram à dissolução da Dinosaur Jr.: “A nossa relação está boa agora”.
Em anos recentes tem-se visto o reagrupamento de várias bandas dos anos 80 e 90 (e até dos 60). J. Mascis tem uma resposta simples para o fenômeno: “Eu acho que existe o interesse em música boa. Quando você gosta de um disco, você sempre vai gostar do disco e isso vai criando mais fãs com o tempo”. O documentário The year punk broke, dirigido por Dave Markey, que registra a turnê europeia da Sonic Youth, em 1991, lançou os holofotes também sobre a Dinosaur Jr., e foi fundamental para tornar o grupo mais conhecido fora dos EUA. Mascis concorda com a importância do filme de Markey: “Sim. Foi ótimo ver o Nirvana crescer. Ver algo que deveria acontecer, acontecendo. As coisas no universo parece que fizeram sentido por um momento. Embora tenha ficado famoso pela quantidade de decibéis que extrai dos amplificadores nos shows da Dinosaur Jr, J. Mascis adianta que acabou de gravar um disco acústico, que será lançado no próximo ano.
* Publicado no Jornal do Commercio - Caderno C – 25/09/2010
Por José Teles
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Goreslave – Screams of pain
MDV – Hail to the New poor
Nantes – Um dia na vida
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Jack Nitzsche – The last race
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