sexta-feira, 10 de setembro de 2010
# 160 - 10/09/2010
Jerry Lee Lewis – Mean old man
Manic Street preachers – postcards from a Young man
Blackmore´s night – Believe in me
Aerocirco (Ao vivo no Sala Especial Loaded)
• Última Estação
• Liquidificado
(Drop Loaded)
Dead Kennedys – Holliday in Cambodia (single version)
Jello Biafra & The Guantánamo School of medicine – New Feudalism
Jello Biafra & Mojo Nixon Whit the Toadliquors – Atomic Power
Melvins & Jello Biafra – Enchanted toughtfist (Enchanted al remix)
LARD – The Power of ...
Laibach - The Final Countdown
Big Black - The Model
Road To joy – Little old town
Apanhador Só – Maria Augusta
A Banda de Joseph Tourton - # 2
Bright Eyes – Four winds
Connor Oberst and The Mistic Valley Band – Moab
Neva Dinova – Funeral Home
Yodelice – Free
(por Gus Machado)
Casa das Máquinas - vou morar no ar
The Smashing Pumpkins – Bullet with Butterfly wings
Dinosaur jr. – What else is new
Radiohead – Karma Police
Discharge – Hear Nothing See Nothing Say Nothing
Bad Brains – Big Takeover
Vice Squad – Young Blood
Infa Riot – Catch 22
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Abaixo uma entrevista com jello Biafra dos Dead Kennedys originalmente publicada em 2006 na revista Trip, aqui numa versão mais completa.
Do Blog Fudeus
Vai estudar, punk!
Caros leitores, começando neste blog as comemorações que precedem a chegada do Imperador George II em terras brasileiras, abaixo vai uma entrevista exclusiva feita com o lendário Jello Biafra no meio do ano passado. Foi publicada em versão reduzida na Trip em uma edição especial dedicada à riqueza e dinheiro. Aqui em Fudeus, vem mais gordinha e saborosa, com figurinhas diferentes e links úteis para o leitor de tempo livre.
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Um telefonema brasileiro para os EUA gera dinheiro e tributos para este país. Até na ligação atendida pela secretária eletrônica de Jello Biafra, o governo americano ganha dinheiro. Dinheiro que, de acordo com a tal gravação de voz grave, ajuda a alimentar uma perversa máquina de guerra que está fadada a arruinar o império estadunidense. A voz gravada de Jello explica dois ou três fatos recentes que faz do gabinete de Bush um reduto nazista.
Beeeeeeeep.
- Alô, Jello? …. Jello?
- Alô! Sim, sim. Posso falar agora. Seu gravador está funcionando?
- Está sim.
- É melhor você checar. Confira e me ligue em seguida.
Jello Biafra hoje um homem de 48 anos que acha o dinheiro uma das drogas mais perigosas. Que não fala nada sem prensar, cita datas e sobrenomes de governantes com requintada precisão. Que articula cada silaba em andamento leve e ritmado para que seus interlocutores o entendam bem. O homem que é um dos mais cáusticos e influentes críticos da política de seu país natal, insuflando idéias socialistas e revolucionárias para centenas de milhares de jovens há mais de 20 anos. Que já se candidatou a prefeito de San Francisco há quase 27 anos. Um homem que passa seu dia lendo e escrevendo tanto que não tem tempo nem para usar computador. Nem tem computador ou e-mail. Que, pela descrição acima, não passaria de um arcaico professor de esquerda.
Acontece que é o mesmo homem que pode ser considerado o maior punk vivo.
Ele vive perto de San Francisco em uma casa própria sem muito luxo. Tem gravadores, tintas, cola, muito papel para um de seus passatempos favoritos: colagens. Tem também uma enorme biblioteca de livros de história e política. Política, aliás, sempre foi o assunto favorito de Jello. Até porque, para ele, política e música não são coisas lá muito diferentes. Desde que chegou à fama com os Dead Kennedys, suas letras, fúria e uma incendiária ironia estão à serviço da resistência. Resistência ao disfarçado totalitarismo que, segundo ele, fez dos EUA o triunfo do facismo.
Mais um telefonema que cai na secretária. A voz irônica, como se falasse com crianças, repete os fatos. Halliburton, a empresa que mais gerou executivos no gabinete Bush (incluindo o vice Dick Cheney, ex-presidente da corp.) , a que mais lucra com a “reconstrução do Iraque”, que ganha dinheiro com óleo, construção civil e militar, instalação de usinas nucleares e insumos para armas de alto poder, agora está tomando perigosas ações para um escrutínio genético em presos. Jello quer certificar-se de que meu gravador também entendeu o recado.
Beeeeeeep.
- Alô,.Bruno? Podemos?
Jello adora falar ao telefone. E adora falar. Mesmo quando enumera vitórias de seus desafetos ele parece sentir certa alegria vaidosa, comum nos homens coerentes. Como ao se referir aos próprios “colegas” dos Dead Kennedys, hoje inimigos declarados.
Ele ri ao contar como foi traído e usurpado de suas próprias composições depois que a banda promoveu uma caríssima batalha legal para reter o controle sobre a obra dos DK. Hoje ele não manda nos direitos, é obrigado a ver a banda em turnê em festivais pagos por corporações com seu rosto nos cartazes. E recomenda fortemente: não vá aos shows dos Dead Kennedys nem compre os discos.
Vez ou outra recebe alguma grana desses dividendos, que já tem destino certo: cobrir o inevitável saldo negativo de seu selo musical, Alternative Tentacle Records, que lança as bandas do underground americano que Jello e sua equipe apostam. Punks? Nem sempre. Música criativa, diz ele, que entre um livro e outro pode gastar tempo escutando country music, trilhas de filme, bluegrass, Mutantes ou uma nova descoberta – Dodô e Osmar.
O selo, como dito, nunca deu lucro. OK. Para um sujeito que pode ser tudo menos capitalista, seus debêntures vermelhos não passam de uma prazerosa despesa capaz de resgatar a felicidade de velhos músicos trajados de astronautas (é sério, vai lendo).
A ligação de uma hora chega ao fim. R$35,00 o custo, direto para a conta de uma grande corporação. Quanto disso vai para o governo americano não se sabe ao certo. O certo é que olhar para o chão e ver meus tênis americanos me fez suspirar. E certeza é de que Jello vai seguir firme, mesmo que a guerra já esteja perdida, lançando discos, discursando e esvaziando seus bolsos para convencer a molecada que o segue como um pastor humanista de que a última coisa que o dinheiro traz é felicidade.
Silêncio. Tomem tempo e tomem notas. A aula vai começar.
Você acredita em Deus, Jello?
Isso é da minha conta.
É uma pergunta pessoal demais?
Como eu disse… isso é da minha conta. Principalmente porque muita gente nos EUA com quem eu debati, até na TV, que queriam censurar músicas porque as consideravam satânicas, se recusam a escutar opiniões de pessoas que não acreditam no mesmo Deus que dos censores. Minha opinião agora é a de que crenças espirituais é algo pessoal demais.
Partindo desse ponto, você acha que o governo americano é realmente cristão ou é apenas uma desculpa para esconder outros interesses?
É uma combinação dos dois. Mussolini usava a igreja quando era conveniente, assim fez Geisel no Brasil nos anos 60… Mas depende da pessoa e do governo. Quer ver? O ex-secretário de justiça dos EUA, John Ashcroft, é um pentecostal fanático que acredita que assistir filmes e dançar em bailes é um pecado terrível. Ele teve o cargo mais alto da justiça americana, e nomeava juízes todo besuntado em óleo, pois era um ritual pentecostal de sua Assembléia de Deus. Ele tentou transformar o Greenpeace em uma organização criminosa nos EUA. O próprio presidente, Rei George II, era um alcóolatra e viciado em drogas. Quando ele largou isso se tornou um fundamentalista cristão, substituindo um opiácio pelo outro. Mas o que realmente assusta são os fanáticos no poder que acreditam no Juízo Final iminente. Por isso acham que as fronteiras de Israel devem ser expandidas para esperar a segunda vinda do Messias. Do meso jeito o presidente do Irã acredita que estamos perto do fim, e que o Messias dele está voltando também.
Eles estão contando com o Armagedom?
Quer um exemplo? Isso é assustador demais. Bob Woodward, o cara que desmascarou o escândalo de watergate, perguntou para Bush se ele imaginava como a história julgaria seu governo. Ele respondeu: “Que história? Nós todos estaremos mortos.” É um sujeito tão estúpido que nem percebe que não é o presidente, que Dick Cheney manda no mundo. E esse adora plantar na cabecinha burra de Bush que para Jesus voltar precisamos do Armagedom mesmo. De uma guerra final. Muita gente diz que parece uma coisa de Nero, do fim do império romano, mas eu me lembro realmente de Francisco Solano Lopez. Ele herdou o Paraguai do pai e fez tantas guerras megalomaníacas que arruinou seu país. Bush é assim.
Falando assim você parece dizer que estamos começando uma terceira guerra mundial.
Talvez sim, mas isso se diz há muito tempo.
Há pouco correu uma informação de que Hugo Chavez disse ao presidente do Irã que guardaria na América do Sul eventuais ogivas nucleares produzidas por lá.
Bem, eu acho que o mundo seria mais seguro se Hugo Chavez tivesse armas nucleares em vez do presidente do Irã. Porque acho que Chavez não as usaria. Mas se ele realmente disse isso, porque eu não creio em nada do que a imprensa fala em geral, acho que foi apenas para parecer legal e irritar o Bush. Se ele realmente fizer isso, eu acho que os EUA invadem a Venezuela e acabam com ele rapidinho. E eu odiaria ver isso.
Você então simpatiza com a esquerda da América do Sul?
Sim. Sei que Lula e Chavez são muito contra a ALCA. Isso é ótimo, porque se o primeiro mundo que tem todo o dinheiro e armas já foi dominado pelas coorporações, o terceiro mundo ainda carrega esperança para parar essas empresas de dominar o mundo todo e controlá-lo como uma ditadura feudal.
Os EUA estão à beira da ruína?
Acho que a grande questão agora vai ser se a queda do império americano será extrema e cruel como a queda de Roma ou a da União Soviética ou se será lenta como a do Império Inglês quando as pessoas sentiram alívio pelo fim da opressão sem uma grande tragédia econômica. Eu acho que é cedo demais para dizer. Acho que pode ser durante nossa vida ou pode ser lento e assustador como o próprio processo que fez as corporações tomarem o mundo.
Você vota?
Sempre voto no partido verde e em candidatos radicais para presidente e outros cargos. Mesmo que eles não ganhem, eu prefiro votar em algo que eu quero e não ganhar do que votar em algo que não quero e ganhar.
Então você acredita em democracia?
Eu acredito em democracia, mas não acho que vivemos em uma. Os EUA é uma democracia administrada por empresas, onde até a imprensa é domada. Muito parecido com a Rede Globo no Brasil. Significa que as pessoas têm uma ilusão de escolha entre partidos, mas não interessa em quem eles votem, o povo perde e as corporações ganham. E a imprensa nunca cobre as eleições locais, mesmo em noticiários pequenos. E pra mim as eleições locais acabam sendo as mais importantes porque é onde o dinheiro é gasto no fim das contas. Eu sempre digo para meu público que se a gente se organiza e vota maciçamente em candidatos bons, temos uma chance de ter boas leis novas.
Você pensa em se candidatar de novo?
Eu fui candidato há muito tempo, para a prefeitura de San Francisco em 1979. E nem naquela época eu planejei ser candidato, só veio a idéia na minha cabeça quando o baterista dos Dead Kennedys disse que eu falava tanto que deveria ser candidato à prefeitura e eu disse, “ok, sou candidato”. Depois o falatório foi tanto que eu não pude recuar. Escrevi minhas plataformas em um guardanapo em um backstage. Algumas eram bem boas: como a polícia deveria ser eleita nos distritos que ela patrulha. Assim elas seriam menos racistas e defenderiam sem muita injustiça suas jurisdições.
Você já pensou em deixar os EUA?
Minha resposta é não. Esse é um país tão estranho e bizarro que eu não gostaria de morar em outro lugar. Onde mais um fundamentalista cristão queima um coelho da páscoa gigante em uma praça alegando ser um ídolo profano e é preso porque e fumaça poluiu o ar? Isso aconteceu mesmo. Eu não me daria bem no Brasil sem falar português e não sei se há por aí boa comida mexicana. Mas me lembro bem de como a comida italiana era boa em São Paulo. Aliás, me impressionou muito como os brasileiros comem tanto!
Sério?
Eu fui em uma cantina e trouxeram pães, depois uma salada enorme, depois uma tigela gigantesca de massa e depois um prato principal. E todo mundo come tudo isso e não engorda. Apesar do João Gordo não ser exatamente assim…
Mas você sabe que o Gordo mudou bastante? Emagreceu, faz exercícios.
Isso é bom. Queria encontrar com ele novamente. Ficamos bem amigos em 1992 quando fui ao Brasil.
Recentemente o próprio Gordo foi patrocinado pela Nike para correr uma maratona. E as marcas parecem gostar cada vez mais de associar sua imagem ao punk e a comportamentos subversivos como forma de parecerem “cool”. Como você lida com isso?
Isso eu não sabia sobre o João. Eu acho que cada artista deve decidir como lidar com esse assalto das corporações, mas um dia eu recebi um disco de uma banda brasileira chamada Gangrena Gasosa e fiquei chocado com a quantidade de logotipos de empresas no encarte. Entendo que o Brasil é pobre e que as pessoas precisam arrumar dinheiro, mas, no meu caso sou radicalmente contra isso. [Nota de Fudeus: Na verdade Jello se enganou. Os logotipos no encarte do Gangrena na verdade são paródias aos logos reais das empresas, uma crítica ao patrocínio.] Minhas músicas e minha pessoa não são feitas para serem feitas de comercial. Por isso eu sou cruelmente punido pelos meus ex-colegas do Dead Kennedys.
Como assim?
Eles recorreram a grandes advogados e me processaram durante seis anos porque eu não deixei “Holiday in Camboja” servir de trilha para um comercial da Levi´s. Eu disse pra eles no tribunal: “se quiserem ser prostitutas das corporações tanto assim, escrevam vocês as músicas.” Mas eles deram um jeito de dizer que as músicas eram deles também e o júri engoliu. Os direitos agora pertencem aos Dead Kennedys e são controlados por uma firma que não respeita a posição original da banda. Eu não posso decidir onde minhas músicas e minha voz serão usadas. A banda virou republicana. Os caras tocaram em um festival patrocinado por uma cerveja que patrocina políticos de extrema direita. Agora eles ainda fazem turnês com um vocalista que parece o Vanilla Ice e colocam minha foto nos anúncios.
E você ganha dinheiro disso?
Ganho algum dinheiro. Mas não sei se é todo o dinheiro que eu deveria receber, já que não posso ver a contabilidade.
Você fica com a grana?
Se eu não ficar com esse dinheiro eles ficam com tudo. Não acho errado eu ganhar esse dinheiro, ainda assim me sinto roubado. Porque a coisa não está sendo administrada como os Dead Kennedys, mas sim como o Blink 182.
E como você gasta seu dinheiro “excedente”?
Eu gastei muito do que ganhei com meu selo, ajudando outros artistas. Algo que adoro fazer: dar ao público esse monte música legal que está sendo feita. Meu selo, Tentacle Records, nunca, nunca deu lucro. Todo mês eu coloco dinheiro no selo, pago aluguel, ajudo bandas… É o que mais gosto e tem muitas recompensas.
Tipo o que?
Por exemplo. Eu achei uma fita de uma banda dos anos 70 chamada Zolar X. Uma banda totalmente genial, bizarra, de uns caras que usavam roupas de astronautas mas nunca lançaram esse disco. Meu selo desenterrou esse álbum e eles voltaram à ativa, muita gente vai a seus shows, e estão gravando um disco novo. Mas o que me deixa feliz mesmo foi ver o guitarrista deles, que era um homem triste e quebrado morando no deserto, hoje feliz, compondo novas canções e usando novamente sua roupa de astronauta. Fazer isso por uma pessoa que tinha desistido da própria vida é demais. Isso me inspira muito.
Você é um homem rico?
Não (silêncio). Eu não nasci rico, meu pai era assistente social e minha mãe bibliotecária. Mas eram muito bons em lidar com dinheiro. A gente não gastava com coisas de luxo e brinquedos, mas guardaram dinheiro para viagens e faculdade. Hoje eu tenho mais dinheiro do que muita gente do underground e tento não guardar mais dinheiro do que o necessário.
Tem gente que se ressente disso?
Hoje eu sou cobrado pelo que tenho pela comunidade punk underground. Parte é ressentimento pela minha banda ter tido sucesso. Mas eu nunca tive mansão ou andei de limousine. Nunca foi esse o jeito que eu quis levar a vida. O curioso é que normalmente quem condena a grana e me acusa de vendido, são brancos de classe média. Enquanto isso as pessoas que fazem música vinda das partes realmente pobres da sociedade, como muito do hip hop, estão muito mais preocupados em ganhar muito dinheiro e exibir carros de luxo e correntes de ouro, coisas assim. Isso me confunde e me desaponta.
A cena punk é decadente?
Depende. Por um lado sim. Tem tanto punk diferente, estilos, modos de vida. E acho que muita gente prejudica a criatividade e a solidariedade do underground por rotular tantos gêneros e discriminá-los. Acho que as pessoas teriam mais a ganhar se escutassem e criassem músicas sem pensar a que categoria elas pertencem. Talvez por isso mesmo o punk brasileiro seja tão interessante. A primeira vez que escutei Ratos de Porão e Olho Seco eu fiquei chocado com aquele som de guitarra que parecia uma serra elétrica. A técnica de gravação era horrível, mas eles não tinham outro jeito de fazer. Hoje muita banda tente fazer aquele som e não consegue. Isso me cansa tanto, escutar tanto moleque tentando imitar o que já fizemos a tanto tempo e ignoram novos sons.
E o que você tem escutado de bom hoje em dia?
Fiquei muito feliz de ganhar o disco novo do Pupilas Dilatadas, de Porto Alegre. O baixista deles me apresentou também músicas de trio elétrico, Dodô e Osmar, coisas assim. Eu nunca escutei nada assim. É tão estranho e maluco. A única coisa que eu posso comparar é o bluegrass americano, mas só porque são pessoas tocando com instrumentos pequenos e muito, muito rápido. Cheguei até a combinar com o Max do Sepultura de montar um trio elétrico de metal. Seria demais, mas nunca tive tempo. Outro dia estava em Nova York e me deparei com uma placa anunciando show dos Mutantes. Eu tive que ir. E fiquei chocado com eles. Poderia ser aquelas turnês deprimentes de bandas velhas, mas eles estavam tão felizes e à vontade. Parecia música clássica de tão preciso e ao mesmo tempo tão natural e improvisado.
Você dedicou todo seu trabalho a instigar pessoas a reagir a um mundo injusto. Acha que as pessoas tem ânimo para mudar o mundo?
As pessoas pobres e os países menos favorecidos têm mais ânimo. Aí no Brasil mesmo vocês tem movimentos grandes como o MST, o Fórum de Porto Alegre que os EUA ignoram simplesmente. Por outro lado, aí mesmo no Brasil, eu vi uma pessoa jogando fora um monte de sacos plásticos quando chegou em casa e disse que fazia isso porque a economia estava indo bem e que agora o brasileiro já tinha o direito de desperdiçar. Eu procuro não pensar na humanidade como um todo e me inspirar e torcer pelos milhares que protestam no mundo inteiro para achar um jeito diferente de organizar o mundo.
Você se considera pessimista?
Todos esses rótulos eu tento evitar e pensar de assunto em assunto. Se eu sou anarquista? Não exatamente. Se eu sou socialista? Talvez sim, mas não em todas as áreas. Eu tento basear minhas opiniões, minhas crenças e meu voto no que faz sentido.
Você é um homem feliz?
Ás vezes.
Mas se tivesse que responder sim ou não…
Não sei. Todo mundo na minha família é inclinado à depressão e eu não sou diferente. Mas eu tenho orgulho das minhas conquistas. Às vezes eu encontro gente com quem estudei, velhos amigos, antigos companheiros de música e vejo o que eles fizeram com as vidas deles e olho para quantas fabulosas e bizarras aventuras eu tive minha própria vida e percebo que as coisas deram certo pra mim no fim das contas. Mas ainda sinto que falta muito para fazer ainda. Ainda gosto muito de surpresas.
Para saber mais de Jello, aliás, Eric Reed Boucher, entre em sua empresa: www.alternativetentacles.com
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