Essa vida é mesmo surpreendente, e às vezes de onde menos se espera ... Vejamos: De onde veio parar em Aracaju, uma cidade supostamente* sem a mínima tradição “roqueira”, um guitarrista como Rick Maia? Eu acompanho o pequeno porém teimoso e ativo cenário local há quase 25 anos e não lembro de tê-lo visto em nenhuma outra banda anterior aos Mamutes. Karl Di Lion e Marcos Odara eu já conheço de outras eras, de bandas como Crove Horrorshow, Plástico Lunar, Pupilas de Quartzo e Zaratustra. O baixista, Thiago, também é velho conhecido, já tocou em bandas de hardcore e tal, mas Rick Maia, sinceramente, pra mim, é uma grande surpresa.
Uma grande surpresa porque ele toca muito, e mais do que isso: tem punch, malicia ... tem o “mojo”, como diria Austin Powers. Sem querer desmerecer os demais componentes, ele é a força motriz por trás do som da Mamutes, despejando excelentes riffs que emulam o que de melhor já foi feito em termos de “classic” rock, mais precisamente aquele bom e velho hard rock setentista, perfeitamente representado pela faixa que abre o novo single da banda, “A dama de branco”. Com uma letra “sexy”, simples porém “esperta”, os caras cometeram mais uma pequena pérola para incorporar ao seu repertório, desde já destinada a se tornar um clássico cantado em uníssono nos shows. Neste single, que conta com mais duas faixas, é notória a evolução da banda em termos de cuidado com os arranjos e mesmo numa certa ousadia em experimentar novos timbres e sonoridades sem descaracterizar a proposta original. Isso se nota especialmente na faixa seguinte, “noturna”, que começa de forma tradicional mas logo engata um andamento diferente, meio marcial, para, no meio, encaixar um pequeno solo de trompete acompanhado de palmas e castanholas. Tudo isso soaria forçado e daria em nada não fosse o talento dos caras para a composição, ou seja: independente dos arranjos mais elaborados, a música é boa, e no final das contas é isso o que mais importa. Fechando o pacote, mais um petardo hard rock movido a riffs perfeitos soberbamente acompanhados pelo vocal estiloso e “empostado” de karl e a matadora cozinha de Odara e Morcego. Grande lançamento da mamutes, não deixe de ouvir.
* Há controvérsias. A Karne krua, por exemplo, é a banda punk/hardcore há mais tempo em atividade no nordeste, e temos também Snooze e Lacertae, verdadeiros ícones do rock alternativo nacional, ambas já há quase 20 anos em atividade.
por Adelvan Kenobi
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Um rock de verdade deve causar o mesmo efeito dos cafés amargos. Quando a madrugada atropela os seus filhos insones, o hálito de cerveja e cigarro impregnando o pensamento, um riff bem executado nos ajuda a despertar e organizar as idéias. É essa energia redentora que encontramos no single que os Mamutes lançam esta semana. Hard-Rock, Proto-Punk e ecos setentistas, reconciliando os tropeços noturnos com a enfadonha claridade cotidiana.
Formado por três canções registradas de maneira cuidadosa, o single precede o primeiro disco cheio dos Mamutes, que deve ser lançado nos próximos meses. A julgar por esse pequeno apanhado de acordes, o trabalho deverá fazer justiça à energia rock and roll que eu observei em minha primeira visita ao quartel general da banda – uma espécie de alojamento coletivo, abrigo de músicos e outros malucos talentosos, estúdio, empresa e residência da turma. Convertida num palco, a sala dos caras estava entulhada de equipamento. Cases, amplificadores, cabos, pedais, pedestais e instrumentos, numa bagunça organizada para fazer a alegria de qualquer músico securento. Os Mamutes são assim.
De acordo com o guitarrista Rick Maia, que fez a gentileza de me adiantar o conteúdo do disquinho disponível no Myspace, o lançamento deve acalmar a ansiedade manifestada pelo seguidores da Mamutes. Ele explica ainda que, inicialmente, o quarteto pretendia lançar somente duas músicas. Como a composição “Noturna” foi preterida pelo júri do Festival Aperipê de Música, contudo, eles optaram por divulgar a canção por conta própria.
“Eu convido as pessoas a acessarem o nosso Myspace para conhecerem a música. Que elas façam seu próprio julgamento, comparem nossa música com as selecionadas, e deixem um comentário pra gente”.
Eles fizeram muito bem. “A dama de branco” e “Bye bye, baby” testemunham o amadurecimento da banda, que prece ter encontrado o equilíbrio necessário para acomodar os rugidos viscerais do vocalista Karl de Lyon às palhetadas que constroem as harmonias das canções. “Noturna”, no entanto, é dotada de um colorido diferente, com castanholas e um teclado cadenciado que fariam falta à unidade criativa do single. Obediente aos preceitos que orientam os caras, a composição respeita a pegada Mamutes, mas acrescenta um toque western muito oportuno ao repertório do conjunto.
Fonte: Spleen & Charutos
por Rian Santos
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Ficha técnica:
Gravado entre fevereiro e Agosto de 2010 no Caranguejo Records. Aracaju/SE/Brasil
Arte: Thiag Neuman (Cachorrão)
Técnico de gravação: Anselmo
Mixagem: Leo Airplane
Produção: Rick Maia
Arranjos: Mamutes
A Dama de Brand
Karl di Lion - voz e castanholas em noturna
Rick Maia - Guitarra, vocal e violão
Thiago Sandes - baixo
Marcos Odara - bateria e voz
Trompete em Noturna: Alexandre
1 - A Dama de Branco
(Di Lion, Maia)
2 - Noturna
(Di Lion, Maia)
3 - TE Deixando Meu Bye Bye
(Di lion, Navas)
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