quarta-feira, 24 de março de 2010

MEGADETH - Rust In Peace 20th Anniversary tour



Michael Lello do Weekender conduziu recentemente uma entrevista com Dave Mustaine. Seguem alguns trechos da conversa.

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Fonte: Rust In Page

"Rust In Peace" é considerado um álbum histórico do metal. Qual sua opinião sobre isso?

Mustaine: "(Risos) Eu adoro isso. É peculiar quando alguém diz isso, porque não foi um dos nossos álbuns mais desafiadores. Me lembra de um período dificil e sombrio da minha vida. David Ellefson e eu estávamos morando juntos e nós não tinhamos uma banda na época. Nós estavamos juntando os cacos e estávamos morando com estranhos. O álbum possui vários sentimentos diferentes pra mim."

Mustaine: Estar em um palco e toca-lo é divertido, porque os fãs se deliciam quando isso acontece. Acho que muitas pessoas achavam que o álbum não podia ser tocado ao vivo, e, quer dizer, pelo amor de Deus, eu escrevi o maldito álbum, porque não conseguiria toca-lo?"

Como Chris [Broderick] e Shawn [Drover] pegaram o material?

Mustaine: "Bem, Shawn já estava acostumado, é um conservador, então ele conhece muito bem as coisas, e Chris é um aluno incrivel de guitarra que vive pelo que faz, então ele foi capaz de aprender todas as nuances da música. Então foi apenas uma questão de mexer algumas peças, verificar as frases de guitarras, e as nuances e técnicas das minhas palhetadas, e outras coisas que fariam esse álbum soar direito, porque qualquer pessoa pode tocar o que estou tocando, mas não iria soar da mesma forma. Isso é óbvio, eles poderiam tocar exatamente com eu toco e ainda não soar da mesma forma por causa de alguns pequenos truques que eu tenho. Quando mostrei pro Chris e disse 'Isso faz sentido?' ele disse 'Sim, totalmente, cara'. Esse álbum possui um swing gelado e jazzistico nele".

Há planos pra trazer algum show do Big Four pros Estados Unidos?

Mustaine: "Não. Cabe às pessoas que organizaram isso tudo. Mas acho que isso vai exigir muitas coisas de outras pessoas. Se acontecer, e será bom pra nós, como as coisas que estão acontecendo lá fora, ótimo. Sabe, estamos em um ótimo momento, e se isso for um sucesso será ótimo pra nós. Posso dizer o mesmo dos shows do 'Rust In Peace', está sendo um sucesso, e está sendo ótimo. Me comprometo tanto com essas apresentações como me comprometeria com as apresentações do verão."

Eu percebi que vocês estão tocando apenas uma música do "Endgame" nessa tour.

Mustaine: "Só uma. Nós não temos um tempo longo pra tocar. Temos um cronograma de 75 minutos, o que não é algo longo, e tocamos um pouco acima desse cronograma, senão sentiria que estou enganando os fãs. Mas é o jeito do mundo agora, sabe? Eles agendam a banda pra tocar 75 minutos, e se tocamos os 75 minutos, então eles conseguem o que queriam e a gente recebe. Mas quem é enganado? Bem, eu, porque eu não toco o tanto que gostaria de tocar, e os fãs também, porque não escutam o tanto de música que gostariam. Nós mesmo temos que decidir. A gente se compromete e toca um pouco mais? E a resposta pra isso é um sonoro 'sim'".

Como o lance do Dave Ellefson mudou dele ter te processado por 18 milhões e meio pra um retorno para o Megadeth?

Mustaine: "Bem, não posso falar por ele, mas tudo que posso dizer é que a oportunidade apareceu sozinha, e rezei por isso, e pedi se ele queria voltar, e ele disse sim, e resolvemos tudo."

Mustaine: "É claro que teve algumas coisas que tivemos que resolver porque tinhamos um relacionamento bem próximo um do outro. Quando se é muito chegado de alguém e o relacionamento dá uma pausa ou acaba, há sempre ressentimentos, e tivemos que resolver alguns assuntos. Agora é só questão de nos inteirarmos e recuperar o tempo perdido."

Mustaine: "Toda vez que tentávamos conquistar a indústria musical e chegar ao topo, algo acontecia. Era algo muito maluco. Agora está tudo rolando direitinho e parece que esse vai ser nosso ano".

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DAVE MUSTAINE: "SUPEREI MEUS DEMÔNIOS DO METALLICA" (ENTREVISTA)

Data: 25/8/2009
Título da matéria: Dave Mustaine: "Superei meus demônios do Metallica"
Entrevistado: Dave Mustaine
Entrevistador: Dave Ling (Classic Rock)

Dave Mustaine formou o Megadeth após ter sido demitido do Metallica em 1983. Doze álbuns depois, o brilhante guitarrista/vocalista continua entre as figuras mais fascinantes do metal. Classic Rock encontra Mustaine após algumas cirurgias (de Mustaine, não nossas) para falar sobre o novo álbum do Megadeth, Endgame.

Você está se sentindo melhor depois da recente cirurgia por causa de uma lesão no pescoço?
[Balançando a cabeça]: Uma agulha de oito polegadas foi enfiada no meu pescoço para descobrir o que havia de errado. Eu estava perdendo meus movimentos [balança a cabeça da esquerda para a direita] e o motivo era eu ser um headbanger. Acho que é importante que alguém diga: Cara, há repercussões. Você deve aquecer seu pescoço. E eu aqueço; talvez é por isso que eu não seja um aleijado.

Como foi enterrar ressentimentos do passado com Slayer excursionando juntos?
[Sorrindo discretamente] Eu nem falei com Kerry [King, guitarrista] ainda.

Mas ele viu o show do Megadeth do lado do palco?
Sim. Eu nunca tive nada contra Kerry - ele que começou isso tudo. Muitas coisas que ele disse sobre mim me magoaram, mas ainda estou aberto a ser amigo dele. Talvez nos sentemos juntos para beber algo; ele vai tomar Jägermeister e eu tomarei água. Eu sou uma pessoa diferente agora. Tenho 47 anos. Estou feliz com minha vida.

Mas a trégua veio pessoalmente de você?
Sim. Eu fiz muito disso. Eu fiz com o Pantera. Eu fiz com [o antigo baixista] David Ellefson. Eu recentemente jantei com Dave e ele disse que [sair da banda] foi a coisa mais idiota que ele já fez. Eu disse, está bem - eu te perdôo. Enquanto me sento aqui conversando com você agora, pensando sobre as pessoas das quais tenho ressentimentos, há zero delas. Eu estou realmente feliz com minha vida. E enquanto minha carreira se aproxima do fim, estou terminando ela no topo.

Você declarou que o novo álbum, Endgame, é o melhor que a banda fez desde Rust In Peace de 1990 - muitos dizem que Countdown To Extinction de 1992 é considerado em geral o trabalho definitivo do Megadeth.
Oh, é melhor do que Countdown... Mas essa é minha opinião. Você é um jornalista. O melhor é que desta vez eu estou participando de tudo.

O título de Endgame é inspirado pela lei assinada pelo último presidente dos EUA que poderia colocar qualquer cidadão Americano comum dentro de uma prisão como um campo de concentração.
Ele assinou essa lei sem o consentimento do Senado ou representantes da Casa Branca. Ouvi sobre isso na CNN - algo como: 'Hoje o presidente Bush assinou um documento ultra-secreto'... eu pensei, 'O que?!' Então fui mais a fundo e não conseguia acreditar no que descobria.

Você possui algum tipo de ambições na política?
Não. Nunca tive. Eu não quero ser assassinado [risos].

Esta reticência é também baseada no fato de você ter um passado artístico?
Não. Artistas já foram eleitos antes. Em Minnesota a porra de um lutador [Jesse Ventura] se tornou governador, tenha dó. Al Frankin do Saturday Night Live agora é um Senador. Ronald Reagan [antigo presidente dos EUA] e Arnold Schwarzenegger [governador da Califórnia] eram ambos atores. É que simplesmente não me atrai.

Não por enquanto, pelo menos?
[Balançando a cabeça]: Se as eleições fossem justas talvez eu tivesse mais interesse. Mas votos podem ser comprados.

Você pode apontar porque está em um estado tão bom agora?
Minha fé [em Deus] está por trás de eu estar tocando bem, e como me livrei dos meus demônios. O fato de eu ter sido salvo não é algo que eu empurre nos outros, mas me ajudou. Isso lembra o que disse sobre Slayer no início. Eu disse que eu nunca tocaria com bandas satânicas. Apesar das pessoas não saberem disso, eu também disse que não tocaria com bandas que atraem grande público feminino porque eu não queria ir lá e ficar olhando para garotas no público. Mas quando minha vida mudou eu deixei isso tudo de lado. Eu percebí que poderia tocar com bandas que atraem público feminino; afinal de contas, caras gostam de ir a shows onde terá mulheres - mesmo gordas, pois há caras gordos - e comecei a relaxar. É disso que se trata. Agora eu estou feliz, alegre, livre... Eu sou seu amigo, o cara que você conheceu toda sua vida. Você disse coisas ruins de mim; você disse ótimas coisas de mim. Mas somos amigos; a amizade tem lados bons e ruins.

Claro, você também teve experiências com o lado obscuro da religião
Eu não queria mais fazer isto. Quando eu praticava bruxaria e jogava feitiços nas pessoas, elas funcionavam. Mas também tiveram repercussões em mim. Eu me tornei opressivo espiritualmente. As pessoas pensam, 'Dave é cruel' ou 'Dave é maluco', mas [isto é porque] eu praticava bruxaria.

Você está aprovando uma auto-biografia.
Já aprovei. Está terminada.

Alguém deveria ficar preocupado com o conteúdo? Que tipo de livro é este?
Não é mal-intencionado, mas eu tentei fazê-lo realista. Por exemplo, fala sobre Jeff [Young, guitarrista de 1987-89] tentando pegar minha noiva, Diana, uma namorada de seis anos.

Então você jurou ser verdadeiro, não importa o quão doloroso seja?
[Balançando a cabeça]: Mesmo que eu me incrimine. Outro exemplo: Eu deixei Jay Reynolds [guitarrista, 1987] se juntar a banda porque ele era um traficante. [Discrente]: Mas quando chegou no estúdio, ele disse 'Vou chamar meu professor de guitarra para vir aqui e me ensinar como tocar esta parte'. Então aparece Jeff [Young]. Seu cabelo era perfeito e ele parecia Farrah Fawcett e ele estava usando uns shorts tão curtos que parecia que seus testículos estavam saltando pra fora. Achei que ele tinha saido daquele vídeo do Elton John que era cheio de caras afeminados [I’m Still Standing], mas quando ele tocou... wow. Então resolvemos cortar fora o barato e colocar Jeff na banda. Eu lidei com o lance do Jay muito mal - em parte porque eu tinha problemas não resolvidos com o jeito que fui expulso do Metallica. Isto afetou a maneira que eu tratava as outras pessoas. E olhar de volta pra tudo isto foi muito catártico. Eu avisei Jay [sobre sua saída] pelo telefone. Eu disse: 'Hey Jay, aqui é o Dave. Olha, cara, tenho más notícias pra você. Resumindo, Jeff está dentro e você está fora'.

Ai!
Sim. Ai. Eu fui um filho da puta. Então no fim de cada capítulo, eu expressei minha contrição e restituição em relação a estas situações. Quando eu li as duas últimas palavras do livro eu o fechei e comecei a chorar. Eu estava muito feliz. Pela primeira vez na minha vida eu me senti compreendido.

Como você se sentiu em ser escolhido como número 1 no recente livro de Joel McIver, o The 100 Greatest Metal Guitarists?
Foi especialmente legal quando descobri que Joel escreveu livros sobre o Metallica. Eu olhei a minha cópia do livro - eu não estava na capa ou contra-capa. Imaginei que estaria em algo como número 69. Então eu o folheei; é um livro bem compreensível, bom livro. Eu cheguei na posição 50 e pensei, 'Estou aqui?' Me falaram que eu estava, mas não falaram a posição. Então vi a posição 16 e vi Hetfield. Pensei, 'Wow', pois eu respeito James. Sou um melhor guitarrista solo que ele, mas ele é um dos três melhores guitarristas base do mundo.

Quem seriam os outros dois?
Malcolm Young [do AC/DC] e eu mesmo. Malcolm se manteve básico mas trouxe um estilo totalmente novo de tocar como guitarrista base. Então eu cheguei ao top 10... eu ainda não estava ali. A cada página que eu virava, eu ficava mais excitado. Eu cheguei na posição 5 e estava Kirk [Hammett], e pensei, 'Obrigado, Deus'. Naquele ponto não importava [em que posição eu estava]. Ser melhor que ambos [James e Kirk] significava muito - é um dos pequenos incômodos da minha carreira e eu nunca soube como lidar com isso. Eu não percebí que havia tanto em minha vida. Então cheguei ao número 2 e vi John Petrucci [do Dream Theater] e congelei. Eu era o número 1. O que tornou melhor foi o que o cara escreveu: 'Isso não é sobre Dave como pessoa, pois ele é um cuzão" - [risos] - 'Essas quatro páginas são sobre tocar guitarra, que é o melhor. Há pessoas que são melhores em algo que Mustaine faz, e outras são melhores que outras, mas ninguém é bom em tudo.' Tudo que pensei foi...eu venci!

De alguma forma isso representou um encerramento?
Exatamente. Eu não sou viciado em mais nada. Eu não estou mais lutando com demônios do passado de outra banda [Metallica]. O jogo acabou. Lars [Ulrich] me chamou e ofereceu a chance de ir ao Rock And Roll Hall Of Fame e não ser homenageado, mas sentar com o público [ao invés disso]. 'É apenas para pessoas que estiveram nos discos' foi o que ouví. Isso teria sido estranho. Então eu não fui. Há obviamente algumas questões não resolvidas da parte do Lars. Mas sabe de uma coisa? Se Deus me quiser no Hall of Fame, eu estarei lá.

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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM DAVID ELLEFSON (ENTREVISTA)
Data: 21/2/2009
Título da matéria: Entrevista exclusiva com David Ellefson
Entrevistado: David Ellefson
Entrevistador: Daniel Molina (Rust In Page)

Rust In Page: Bem, em primeiro lugar obrigado por abrir esse espaço para agente na sua corridíssima agenda, David.

David Ellefson: Sem problemas, vamos lá.

RIP: Bom, antes de se tornar um baixista você tocava piano e saxofone, como foi essa transição para você?

Ellefson: Piano (que na verdade era o orgão Wurlitzer que pertencia a minha mãe) foi como fui apresentado a música quando ainda tinha 8 anos. Na quinta série eu tive a chance de entrar na banda da escola então escolhi o sax porque achei que era bacana. Meu verdadeiro amor pela música apareceu quando eu tinha 10-11 anos quando comecei a escutar umas bandas fodas de hard rock no rádio e foi isso que me fez criar interesse no baixo, interesse que me foquei, fui obstinado e virou uma paixão. Nada importava mais pra mim do que tocar baixo, então comecei a montar bandas quando tinha 12 anos, e eu tinha começado a tocar baixo havia apenas alguns meses.

RIP: Quando você se mudou para Los Angeles tinha certeza que algo grandioso iria acontecer ou foi apenas instinto.

Ellefson: Puro instinto. Apenas segui minha intuição e me mudei para L.A, algo que queria fazer desde que tinha 16 anos. Dois anos mais tarde me mudei para lá e o resto é história.

RIP: Seu primeiro encontro com o Mustaine foi um tanto quanto diferente, com ele jogando um vaso no seu ar-condicionado. Você tinha alguma idéia de quem ele era naquela época?

Ellefson: Não tinha a mínima idéia. O Metallica estava começando a cultivar uma boa base de fãs ao redor do mundo, mas eles ainda eram uma banda de metal independente, e ainda não havia chegado nada deles em Minnesota, que é de onde eu tinha vindo.

RIP: Você acredita que naquele momento você tinha encontrado um "parceiro no crime"?

Ellefson: Não, na verdade não estava procurando por um parceiro em si, mas apenas por um companheiro de banda.

RIP: Você e Mustaine por vários anos foram os pilares do Megadeth. Como você viu e se sentiu com todas as mudanças de formações durante o tempo que esteve na banda?

Ellefson: Eu cresci vendo bandas que não mudaram muito a formação quando já estavam dando certo. Bandas como Iron Maiden, Kiss, Van Halen, BTO e mais tarde o Led Zepellin e Black Sabbath. A maioria dessas bandas tiveram poucas mudanças, se tiveram alguma, durante o período em que eu as escutava. Mudanças de formação parecem sempre quebrar o ritmo e certamente alguns fãs, assim como eu, não estavam gostando dessas mudanças também. Toda banda é diferente, então não se pode dizer que as mudanças de formações não podem ocorrer, porque obviamente precisam, especialmente quando algo não vai bem.

RIP: Vocês tiveram muitos altos e baixos durante a carreira de vocês. Como vocês lidaram com tudo?

Ellefson: Bem, no começo eu usava muita droga então isso ajudava um pouco!! Depois disso, quando fiquei limpo, foi uma questão de amadurecer, e isso ajudo muito também.

RIP: Não há dúvida que vocês foram um dos fundadores do Thrash/Speed Metal e uma das maiores entre o Big 4 (5?), vocês tinham alguma idéia que ia haver aquele bum na cena thrash?

Ellefson: Não tinha a minima idéia. Não sabia o que estava acontecendo, aquela cena toda, até eu chegar em Los Angles em 83 e então o Metallica, Anthrax, Exodus e eventualmente o Slayer eram nossos parceiros naquilo tudo.

RIP: Todos sabemos que quando uma banda cresce animosidades e discussões ocorrem. Você testemunhou algum momento assim? Você teve algumas discussões durante seu período na banda?

Ellefson: Em todas as bandas ocorrem discussões. O truque é amadurecer com isso e seguir em frente, como em uma irmandade ou parceria.

RIP: Durante a tour Clash of The Titans Mustaine teve algumas desavenças com membros de outras bandas. Sobre o que se tratava?

Ellefson: Bom, não sou a pessoa correta para responder isso, seria melhor perguntar a ele sobre isso. hahaha

RIP: Quando o Marty se juntou a banda, o álbum Rust In Peace estava praticamente finalizado, mas você acha que ele influenciou algumas partes com o lado melódico que ele possui?

Ellefson: Todas as músicas estavam escritas, mas apenas em três partes. Então, sim, a influência que ele trouxe com os solos dele ficam evidentes nas versões finais das músicas. A presença dele também como um guitarrista de metal que tinha habilidades muito além de um músico de metal foi algo que teve uma influência súbita e poderosa em todos nós. Acho que as influências dele começaram a aparecer quando começamos a escrever o álbum que eventualmente seria o Countdown, dois anos mais tarde. Realmente gostei das influências dele, o que ajudou a banda a crescer além do Thrash Metal porque o mundo estava mudando e continuávamos a crescer com ele. Se não tivéssemos essa influência talvez nem estaríamos conversando agora.

RIP: Você acha que a formação do RIP foi a melhor que o Megadeth já teve?

Ellefson: Sim, criativamente sem dúvida alguma. Eu acho que ao vivo a formação do Rude Awakening era a mais sólida, mas isso provavelmente se deve ao fato do amadurecimento de todos durante os anos.

RIP: Depois de gravar um álbum avassalador de thrash vocês lançaram logo em seguida o Countdown To Extinction, que tem uma pegada mais de heavy tradicional do que de thrash. Foi algo que aconteceu ou foi algo pensado?

Ellefson: Eu me lembro de um momento durante a tour "Clash of the Titans" onde ficou claro para mim, e para o resto da banda que isso era o ponto mais alto que o movimento poderia atingir. Metallica estava no topo do mundo, e o sucesso que obtivemos com o Anthrax e Slayer foi pela combinação de esforço de todos. Ver o Alice In Chains no cartaz foi um indicador que a cena de Seattle estava vindo com força e o thrash não seria mais o estilo queridinho do momento. Eu não acho que isso influenciou o modo como escrevemos o Countdown, mas acho que nos forçou a buscar por algo diferente, ir mais fundo e realmente acreditar nas nossas forças como músicos e compositores, força que outras bandas não tinham.

RIP: Li em uma entrevista um tempo atrás, onde Chuck Behler dizia que o trecho da Symphony pertencia a ele. Isso é verdade?

Ellefson: Não me lembro de nada disso. Chuck foi um ótimo baterista "pocket" e um cara bacana, mas não era um compositor naquela época, não que eu me lembre.

RIP: Bom, não sei se vai querer responder isso, mas vou perguntar mesmo assim. Porque o Menza foi demitido?

Ellefson: Bem, O Nick disse que estava com problemas de saúde onde ele precisa se tratar imediatamente, e tínhamos que tocar no Ozzfest 98 logo em poucas semanas, então tivemos que chamar um substituto, Jimmy DeGraso. Quando ele entrou acabou virando um membro fixo.

RIP: Depois disso vocês gravaram o Youthanasia e o Cryptic Writtings, o que para mim foi uma progressão natural do que estavam fazendo. Mas você acha que o Risk foi natural como eles ou uma tentativa de deixar a banda mais comercial?

Ellefson: Para mim o Risk era algo que a banda tinha que fazer e um momento que tinha que passar.

RIP: Apesar de todo o sucesso e tudo o mais as vezes o Mustaine ainda se comparava ao Metallica. Isso era frustrante pra vocês como era para ele?

Ellefson: Eu não tive nenhuma conexão ou nada com o Metallica, então estava sempre focado no NOSSO sucesso, não no deles. Além disso, era grato ao Metallica, porque sem eles nossa carreira não teria se iniciado, e eles certamente derrubaram algumas barreiras para todos nós que fazemos parte do mundo metal no mundo todo.

RIP: Em 2001 vocês lançaram The World Needs A Hero, primeiro álbum de verdade sem o line up clássico. É verdade que o álbum era para ser chamado de Capitol Punishment mas alguns empecilhos ocorreram com a gravadora, e vocês tiveram que adicionar algumas músicas e lançar como The World Needs A Hero?

Ellefson: Certíssimo, esse era para ser o nome do álbum, mas o título acabou sendo utilizado para o lançamento do nosso greatest hits pela Capitol.

RIP: Você acha que o TWNAH foi um álbum de volta as raízes meio forçado e que no final acabou soando fraco?

Ellefson: Sim, foi uma tentativa de voltar às raízes do thrash, pelo menos com alguns riifs pesados, diferente do Risk. Lembro de ter ficado muito feliz com o resultado final do álbum na época porque achei que Dave havia escrito alguns riffs bons para o álbum.

RIP: Depois que o Megadeth deu um tempo você surgiu com o F5, que é uma banda ótima mas com uma abordagem diferente do que os fãs estavam acostumados. Como foi para você começar tudo de novo?

Ellefson: Não tinha nenhuma intenção de montar uma banda quando o Megadeth acabou. Pus tudo de mim, o meu melhor ali, que parecia algo fútil começar algo de novo. Parecia que tinha tomado um chute no estomago e ficado sem ar. Bem, mas a vida segue, e depois de trabalhar duro em alguns projetos, escrevendo e produzindo, o F5 acabou nascendo no quintal de casa aqui em Phoenix, Arizona. Aquela banda foi a primeira em muitos anos onde mal podia esperar para ir na casa do nosso guitarrista, Steven Conley, para poder escrever e gravar músicas toda semana. Estava claro para mim que o F5 não seria uma banda de thrash mas a vibe da banda era ótima, a música poderosa, então apenas tentei capturar a essência que o grupo estava formando do que tentar seguir a trilha da minha antiga banda.

RIP: Além do F5 você também possui outros projetos, como o Avian, Killing Machine, Temple of Brutality e Iron Steel. Qual a sua favorita e tem prioridade total da sua parte?

Ellefson: F5 é a minha prioridade, sem dúvida, mas foi muito legal gravar os outros álbuns e fazer a tour com o Temple of Brutality. Era uma banda divertida ao vivo.

RIP: Recentemente Ilias Papadakis o convidou para tocar em uma das músicas dele, ao lado de Jeff Waters e Nick Menza. Como foi tocar ao lado do Nick novamente? Você ainda mantem contato com ele e com o Marty?

Ellefson: Antes de mais nada eu adorei a música do Liked Ilias e tocar algo com o Nick é bom para todos nós e é algo que os fãs vão gostar. O Nick anda meio longe dos holofotes então acho que isso pode ser uma ponte para todos nós. Eu adoro o modo que o Jeff toca, então fazer parte do projeto com ele foi muito emocionante para mim, especialmente por ser um fã do Annihilator também. Eu mantenho contato com o Marty via e-mail, uma ou duas vezes ao ano. Pessoalmente, acho que Marty e eu nos damos muito bem, provavelmente porque crescemos em cidades pequenas e ouvindo as mesmas bandas na nossa adolescência. Bandas como Kiss, Angel, Starz eram algumas coisas em comum que tínhamos.

RIP: Marty lançou alguns álbuns depois que saiu do Megadeth. Se ele o convidasse para se juntar a banda dele você iria?

Ellefson: Na verdade falamos sobre eu tocar baixo na tour do cd dele "Music for Speeding" o que seria algo bacana, porque o Jimmy também tocou naquela tour. No entanto, estava num ponto onde estava muito envolvido com o F5, então tive que optar pelo F5.

RIP: Queria te dizer que achei o The Reckoning um álbum muito bom, a banda parece estar bem coesa e tudo parece estar no devido lugar. Como foram as gravações do álbum?

Ellefson: Obrigado, estamos felizes com o álbum. O processo de gravação foi divertido e foi um pouco tenso porque estávamos trazendo o Jimmy para tocar com a gente. Já tinha tocada tempo bastante com o Jimmy e sabia que ele ia fazer bem o trabalho dele, mas a banda já tinha um estilo formado e sempre há aquele momento de dúvida quando se traz um novo membro. Mas conforme o esperado, Jimmy aumentou a natureza progressiva da música a um ponto onde queríamos chegar como uma banda.

RIP: Sei que vocês estão fazendo vários shows em diversos lugares. Como os fãs estão reagindo? Vocês escutando muitos pedidos da platéia para tocarem Megadeth?

Ellefson: Já que é uma banda relativamente nova muitas pessoas ficam boquiabertas quando assistem um show nosso. Bem coesa, poderosa e realmente acho que Dale Steele surpreende as pessoas com suas habilidades como vocalista. Até agora, a gente toca apenas nossa música, fora os covers que decidimos gravar. No entanto, as coisas sempre podem mudar...

RIP: Não há dúvidas que você deixou uma marca enorme no Megadeth. Como se sente quando escuta que o Dave pede aos seus baixista para tocarem com palhetas para soarem como vocês?

Ellefson: Isso é um grande elogio porque o som da palheta é um tom do baixo que gosto de por nos álbuns e ao vivo, especialmente naqueles antigos álbuns rápidos e pesados de thrash. Creio que houveram comparações com meu modo de tocar e o de Cliff Burton, pois ele foi uma lenda no baixo e grande influência para vários baixistas. Então, para mim, dar um passo a frente e criar meu próprio modo de tocar com a palheta foi uma conquista quando olho para trás.

RIP: Você ouviu os álbuns do Megadeth que foram lançados depois da sua saída?

Ellefson: Eu ouvi eles, e só. Não os dissequei. É uma banda diferente agora então não escuto como escutaria se fosse um álbum que tivesse gravado.

RIP: Situação hipotética, imagine que Dave está procurando por novos membros para a banda. Quem você recomendaria?

Ellefson: Depende em qual parte da banda ele queira fazer a alteração...

RIP: Vocês vieram ao Chile para tocar com uma banda tributo chamada Hail? Quem teve a idéia de formar a banda?

Ellefson: Bom a idéia original surgiu do meu empresário aqui nos E.U.A. Daí, ele e eu falamos da formação e começamos a elaborar o set list que seria uma forma de mostrar nossos legados e também fazer um tributo as bandas com as quais crescemos ouvindo. O Hail! foi criado para os fãs de metal, por nós músicos que também somos fãs de metal. E aparente todos adoraram.

RIP: Por falar na América do Sul, muita gente está ansiosa para ver o F5 por aqui. Há alguma chance disso acontecer?

Ellefson: Estamos em negociação, mas sempre existem empecilhos quando se trata de trazer uma banda de fora. Espero que aconteça em breve pois amo tocar na América do Sul.

RIP: Bom acho que já fiz perguntas demais. Quais são seus planos para 2009? E por favor, sinta-se a vontade para deixar uma mensagem para seus fãs no Brasil.

Ellefson: Temos planos para que o novo álbum do F5 ganhe força na Europa e Japão (espero que na América do Sul também) e fazer mais alguns trabalhos com o Hail! também. Gostaria de agradecer todos os fãs do Brasil pelo apoio durante todos esses anos. Sempre foram muito leais e espero vê-los logo nesse país maravilhoso.

Agradecimentos: Primeiramente a David Ellefson por ter encontrado tempo e paciência na agenda corrida dele. E para meus companheiros da Rust In Page, Maurito Dobrador e João Vitor por me auxiliarem com a pauta.

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