terça-feira, 16 de março de 2010

20/03/2010 - + 1 Sessão Notívagos

Esta, com um sabor especial: Estará de volta a Aracaju, depois de um hiato de mais de 10 anos, o Eddie, uma das melhores e mais subestimadas bandas a surgir dos porões do Recife no início da década de 90, fruto da efervescência cultural que culminou no movimento "mangue beat". O Eddie sempre "correu por fora", nunca foi tão famoso ou aclamado quanto seus pares Nação Zumbi, Mundo Livre S/A ou Cordel do Fogo encantado, mas a qualidade de sua música pode ser atestada por pelo menos um "hit" nacional, "quando a maré encher", que foi regravada pela Nação e, posteriormente, ganhou os ouvidos do país numa versão de Cássia Eller.

Dia 20/03/2010 - Sábado - às 23:00
No cinemark do Shopping Jardins
R$ 20,00 (preço único, com direito a bebida)
Ingressos antcipados na Casa da Cópia do Shopping Jardins
Filme "A Fita Branca", de Michael Haneke
+ Cabedal
+ Eddie

-----------------



EDDIE - "CARNAVAL NO INFERNO"

Fonte: Release

Preparem-se! Pois “todas as cidades já estão em chamas”, incendiadas pelo Carnaval no inferno. Novo trabalho da Eddie, o disco é uma síntese de tudo que a banda olindense viveu nestes quase 20 anos de existência - “Longa vida ao groove!”, o grito do segundo manifesto mangue, publicado no fatídico ano de 1997, continua levado a sério... Após três CDs gravados com praticamente a mesma formação, no Carnaval no inferno a Eddie encaixa de forma ainda mais precisa seu balanço particularíssimo, confirmando sua sonoridade própria e liberdade autoral. O disco é um verdadeiro acerto de marcha da banda, que “requinta” com toda experiência sua musicalidade de acabamento “garageiro”, inspirada pelo entusiasmo das festas populares de rua.

Desta vez, as composições revelam uma vibe menos extrovertida da Eddie, como mostram as faixas “Quase não sobra” (uma parceria de Fábio Trummer com Junio Barreto), “Gafieira no Avenida” (música de Jorge du Peixe e Lúcio Maia que integra a trilha sonora do filme Amarelo Manga) e “Nada de novo” (uma homenagem de Fábio Trummer à Rafa, flautista da banda Mombojó, falecido em 2007).

No entanto, suas conhecidas levadas festeiras também marcam presença em frevos infernais como “Bairro Novo/Casa Caiada” (Fábio Trummer), por exemplo, na cadência sambista da pérola “Me diga o que não foi legal” (Fábio Trummer) e na gafieira “O baile (Betinha)” (Erasto Vasconcelos), um clássico dos salões das noites pernambucanas.

Carnaval no inferno foi inteiramente gravado com recursos próprios, nas cidades de São Paulo e Recife (nos estúdios Novo Mundo e YB – SP; Muzak e Batuka – PE). É o registro de uma comunhão com parceiros-produtores de toda vida: Buguinha (produtor musical com quem a Eddie gravou algumas demos no inicio da década de 90), Berna Vieira (outro produtor que já tocou bateria na banda) e Karina Buhr (cantora e compositora, também ex-integrante e que faz voz e backing neste trabalho). Contou com a participação dos músicos Curumim (bateria), João do Cello (violoncelo), Nilsinho (trombone/Spok Frevo Orquestra), Mestre Nico (trombone/Junio Barreto), Da Lua (percussão/Nação Zumbi) e do percussionista e compositor Erasto Vasconcelos (voz), velho companheiro de outros carnavais.

Com este novo trabalho, a Eddie segue firme a sua estrada, criando grooves, reinventando ritmos, fundindo universos e entortando as convenções na música urbana brasileira. Como diriam seus conterrâneos, na mais fina expressão roots, original Olinda style: totalmente excelente!!!

Eddie – Breve Histórico

Olinda, 1989. Datar como de costume, como de costume, na Marim dos Caetés, quebrada-cenário de nossos manuais de história e chapações. “Lembra quando Nassau...? E daquela cachaça?” Duvido! Mas, recordo que foi neste ano que ouvi Pixies+Ramones+Dead Kenneds+frevo, entre outros pesos e bossas, ecoar na rua do Sol (salve o velho Pocolouco!). Todos liquidificados num só nome: Eddie.
A verdade é que desde o fogo holandês que varreu a velha vila, não se via tanto calor, transformado agora em massa sonora. Olinda e seus arredores, ainda pré-manguebeat, traduzia sua pegada, seus tipos, seus desejos, em 3 acordes e muita maloqueiragem - o Original Olinda Style em seu legítimo cavalo...
Mas as labaredas do incêndio, desta vez, não ficaram só por ali. Propagaram-se pelo mundo nas turnês da banda pelo Brasil e pela Europa (2005, 2006, 2007). Espalharam-se também através dos seus 4 registros em discos, tocados nos mais dignos sound-systems: Sonic Mambo (Roadrunner, 1998), Original Olinda Style (independente, 2002), Metropolitano (independente, 2006) e Carnaval no Inferno (independente, 2008).

Hoje, depois de várias formações, a Eddie é composta por Fábio Trummer (guitarra & voz), Urêa (percussão & voz), Andret (trompetes, teclados & samplers), Kiko (bateria) e Rob (baixo), contando sempre com a parceria especial de Erasto Vasconcelos, o verdadeiro farol de Olinda. Um escrete com sonoridade própria, cheia de grooves peculiaríssimos e experimentações inflamáveis. Capaz de incendiar até o mais frio dos terreiros do velho mundo, de levantar o fogo morto de ritmos quentes abafados pelo discurso da tradição, como o próprio frevo (o hit “Quando a maré encher” é frevo, meu bem!), entre outras façanhas infernais.

Fica, então, o alerta: a Eddie é combustão certeira. Cuidado, principalmente se você brinca com álcool...

Por Roberto Azoubel, a.k.a. Doutor Estranho (www.doktorestranho.blogspot.com)

-------------

CABEDAL

por Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Fonte: Spleen & Charutos

Assumi o compromisso de conversar com os caras da Cabedal e conhecer o que pensa essa juventude rebelde que leva a vida desenhando acordes, numa felicidade imatura, como se defendesse a longevidade de Oswald de Andrade e destruísse monumentos históricos com um sorriso. O vocalista Saulo Sandes dedicou dois minutos de atenção a esse escriba e, como em suas canções, reafirmou uma das máximas do movimento antropófago. A alegria continua sendo a prova dos nove.

Jornal do Dia - Parece que colocaram alguma coisa na água de Aracaju. Nos últimos anos, nasceu uma porrada de banda boa aqui na terrinha. Entre essas, eu posso citar pelo menos duas – a Elvis Boa Morte e os Boas Vidas, além da Vila Carmém – que parecem beber na mesma fonte que inspira a Cabedal. Em que medida esse afeto crescente pela música brasileira pode ajudar a nossa música a se livrar de um certo bairrismo, observado principalmente na geração de 80?

Saulo Sandes – Acho o que está acontecendo em Aracaju é reflexo do que está ocorrendo no Brasil do século XXI e da internet banda larga. Está havendo uma crescente valorização da cultura brasileira e da música que foi produzida décadas atrás. Isso tudo, somado com a cultura global que aspiramos dia-a-dia, resultou no surgimento dessas novas bandas. Bandas de jovens com seus vinte e poucos anos, ligados ao mundo moderno e abertos a vários estilos de música, com clara ênfase na música brasileira. Acho que a conseqüência disso tudo é uma música sergipana, ao mesmo tempo brasileira, ao mesmo tempo global, distante de bairrismos ou de qualquer barreira que possa ser imposta a ela. Podemos falar, e falamos de Sergipe nas nossas músicas de um modo meio sem pretensões, sem a obrigação que artistas da década de 80 carregavam.

JD – Embora seja uma banda nova (vocês se reuniram quando, mesmo?), a Cabedal conquistou o reconhecimento da cena muito rapidamente. Infelizmente, no entanto, parece que isso ainda não foi suficiente para estreitar a relação com o numeroso público que vocês já conquistaram, através das apresentações. Na opinião de vocês, faltam espaços ou eles precisam ser utilizados de maneira mais democrática?

Sandes – Passamos muito tempo sem tocar. Foram 6 meses produzindo nosso disco. Além disso, nesse interim, houve a saída de Edvan (baterista) e a entrada de Ravy. Voltamos a tocar agora e já temos um site no ar (myspace.com/cabedalmusica) – que adianta ao público 4 músicas do nosso disco.
Acho que a banda, definitivamente, passou a existir agora. Essas músicas estão circulando na internet e nas rádios de Aracaju, dispostas a chamar a atenção de novos ouvintes e estreitar a relação com nosso público que, felizmente, vem crescendo.
Já em relação aos espaços de show, acho que há uma falta deles aqui. Aracaju carece de um bom local de pequeno/médio porte que facilite a produção de eventos. No entanto, acho que, ainda assim, bons shows estão sendo feitos (a maioria com produção das próprias bandas). O pessoal novo está driblando o problema. Com o pouco que temos, dá sim pra estreitar os laços com nossos ouvintes, mas seria realmente muito bom se existissem lugares mais adequados para eventos pequenos em Aracaju.

JD – Na qualidade de observador do underground local, fico muito feliz quando a galera conquista alguma atenção além de nossas fronteiras. Isso ocorreu recentemente com vocês, selecionados entre mais de 400 candidatos para participar do Festival Grito. Não é meio estranho ser obrigado a sair de casa para poder participar de um evento como esse? O que aconteceu com os festivais sergipanos?

Sandes – Foi uma surpresa boa sermos convidados para tocar lá em Recife, no Festival Grito Rock, um festival ligado ao fora do eixo e que acontece em várias cidades da américa latina num mesmo período. Foi uma pena Aracaju não ter entrado na jogada esse ano, mas tomara que no próximo tenha esse festival aqui.
Hoje em dia, aqui no Brasil, estão ocorrendo festivais muito bacanas. Festivais que estão praticamente determinando os rumos da produção musical brasileira e que cada vez mais estão chamando atenção da grande mídia especializada, como o Goiania Noise (GO), Abril Pro Rock (PE), Rec Beat (PE). Ter que sair daqui do estado pra tocar em eventos como esse não nos assusta muito pois todos sabemos que Sergipe, infelizmente, não tem tradição de ser um forte pólo cultural, como é Pernambuco, por exemplo. Anos atrás, existiam bons festivais aqui em Aracaju, o Punka e o Rock-SE. É uma pena não existirem mais, mas torço e acredito no aparecimento de um festival legal por aqui.

JD – Eu acabo de (re) ler o Verdade Tropical, de Caetano Veloso, umas das influências declaradas da banda. Dessa vez, no entanto, a leitura deixou muito evidente, para mim, como a discussão cultural chega atrasada em Sergipe. Embora por razões bem diferentes (a canalização dos recursos para determinado segmento), o sectarismo observado na música brasileira nos tumultuados anos 60 parece, finalmente, ter dado as caras por aqui. Esse negócio de músico disputando espaço é muito feio, né?

Sandes – É uma coisa estranha, pra não dizer feia. Acho que muitos se preocupam demais em firmar espaço, e deixam de lado uma discussão cultural produtiva e, o pior de tudo, acabam esquecendo da verdadeira qualidade de suas obras.

JD – Durante o show no Projeto Verão, vocês prometeram lançar um disco ainda esse semestre. Como é que anda o projeto? O disco já tem nome? O que a Cabedal espera conquistar com esse registro?

Sandes – Sim, o disco tem previsão de lançamento para o final de março e não tem uma nome definitivo. Um provável nome é “O grande pastiche”. A produção do disco foi quase artesanal. Ele foi produzido com pouco recurso e com muito trabalho. Mas ficamos bem felizes com o resultado alcançado. Mérito de Leo Airplane que fez um misto de mixagem e produção do disco. A consequência que esse nosso primeiro trabalho vai trazer pra gente, ninguém sabe. Mas esperamos, com ele, atingir e dispersar nossa música entre as pessoas.




-----------------

Michael Haneke aplica a relação de crime e castigo de Caché para a Alemanha pré-nazismo
por Marcelo Hessel

Fonte: Omelete/Revista Set

A Fita Branca

Das Weiße Band
Alemanha / França / Áustria / Itália , 2009 - 145m
Drama

Direção:
Michael Haneke

Roteiro:
Michael Haneke

Elenco:
Christian Friedel, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Burghart Klaussner

Crimes de ódio não são novidade nos filmes de Michael Haneke (Violência Gratuita), e em A Fita Branca (Das Weiße Band), Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2009, ele procura a origem do crime de ódio mais filmado e analisado do século 20, o Holocausto.

Estamos em um vilarejo na Alemanha às vésperas da Primeira Guerra Mundial, e o vínculo com o nazismo é montado já na fala do narrador, que conta que ali, naquela comunidade, pequenos eventos prenunciam o que aconteceria com o país todo, anos depois. Haneke começa o filme, portanto, amarrado conscientemente nessa analogia com o Holocausto - e, ao seu modo habitual, começa a ditar o tipo que reação que espera do público.

O primeiro mistério é filmado com impacto: o médico do vilarejo está voltando para casa, montado num cavalo, quando um arame esticado entre cercas derruba o animal. Não se encontra o culpado pelo arame. Tempos depois, o filho do barão local se torna vítima. Em comum, os crimes têm a forma de castigo. Como em Caché, esse flerte com o subgênero do whodunit se reveste de comentário social - existe algo escondido ali, e não é só a identidade do criminoso.

O fato é que a punição, embalada como disciplina, está enraizada no vilarejo - e a fita branca do título, que o pastor local força dois de seus filhos a usar, como sinal de vergonha por pecados cometidos, é obviamente a antevisão da futura etiquetação antissemita de judeus nos princípios da Segunda Guerra. Costuma-se crer que Hitler chegou ao poder auxiliado pelo rancor que os alemães sentiam após a devastação do país na Primeira Guerra, mas para Haneke o embrião do mal é anterior.

E a maneira que o diretor austríaco encontra para dar rosto a esse mal é agressivamente despojada: close-ups de caras limpas, de feições sem traços de culpa ou de remorso, sem traço mesmo de ódio - ainda que esse ódio, nós sabemos, exploda de tempos em tempos. Um personagem diz, em algum momento, certeiro, que se trata de um ódio pior: os linchadores odeiam a si mesmos. De novo, como em Caché, a questão é entender quem é de fato a vítima.

Se A Fita Branca está preso à analogia com o nazismo, pelo menos a exerce com lampejos de brilhantismo, como no plano final, da missa na igreja, com sua arquitetura que lembraria depois um salão do Terceiro Reich. Independente da crítica que se faça à postura de Haneke diante do espectador, é inegável que ele está se fazendo entender.

-----------

Nem pureza, nem inocência

por Celso Marcondes

Fonte: Carta Capital

Uma voz em off informa no começo de A Fita Branca que irá contar a história vivida numa pequena aldeia no interior da Alemanha no começo do século XX. Uma sucessão de atos criminosos abalou então a vida dos habitantes, sem que sua origem tivesse sido claramente desvendada. O narrador, que era o professor do pacato povoado, já com a voz de um idoso, preocupa-se em explicar que tudo tinha se passado havia muito tempo e que sua memória não era precisa a ponto de garantir total exatidão dos fatos que iria relembrar.

O austríaco Michael Haneke entra com fôlego no terreno do mistério, mas a busca de explicações para os intrigantes acontecimentos - sempre com traços trágicos - é apenas um recurso usado para que nos apresente, naquele diminuto limite geográfico, uma fotografia do estado da sociedade alemã às vésperas da Primeira Guerra Mundial.

Ele vai revelando toda a pirâmide social da aldeota. No seu topo, o personagem central é o barão, dono da grande propriedade rural da região e que emprega mais da metade dos seus habitantes. O senhor das terras, que todos respeitam, porque o temem. Aquele que dita as regras e as punições, que explora seus empregados com um trabalho incansável e patrocina um fugaz momento de festa e comemoração.

Na base da pirâmide, os trabalhadores, vivendo em condições quase miseráveis, representados centralmente por uma numerosa e triste família, cujo chefe é um homem resignado com a pobreza, mas sempre rude e mal-humorado.

Situada entre os dois extremos, a “classe média” local. Somos apresentados às figuras, importantes no filme, do administrador da fazenda do barão, do pastor religioso, do professor, do médico e da parteira. De cenas do cotidiano de suas famílias e da relação entre elas, vai se desenhando a narrativa, tendo como fio condutor a busca do professor pela solução do mistério que envolve os tais acontecimentos estranhos, que não param de se suceder.

Um elo une os lares de todos os personagens: as crianças. O pastor, o administrador e o trabalhador têm muitos filhos. A parteira é quem os coloca no mundo, mas vive sozinha, com um único filho, deficiente mental. O médico tem outros dois, é viúvo. O professor não tem filhos, é ainda solteiro, mas conhece todas as crianças. Já o barão tem apenas dois filhos, mas a baronesa prefere delegar os cuidados com eles a uma babá.

Com o transcorrer da história vão ficando nítidos os traços de uma sociedade que, além de desigual, é triste, violenta e depressiva. Sobretudo, perversa e cruel no seu cotidiano, criando a cada dia o caldo de cultura que transborda nos fatos incomuns que sempre produzem vítimas. Os acontecimentos misteriosos são todos perversos. Intrigam e amedrontam o conjunto dos habitantes. Porém, eles convivem entre as paredes dos seus lares e nas relações entre as famílias com doses permanentes de violência e desprezo.

Choca a todos quando uma das crianças desaparece e depois ressurge toda machucada, mas sem coragem de contar quem foi seu agressor. Entretanto, as surras e os açoitamentos acontecem corriqueiramente em vários dos lares, pais castigando duramente os filhos e ensinando que a força é o principal instrumento de educação.

As crianças têm que aprender apanhando. E as mulheres, seja a baronesa ou a parteira, seja a adolescente ou a namorada do professor, são sempre figuras subalternas, servis, sem direitos. Usadas e abusadas, dominadas na sociedade patriarcal e machista.

Neste cenário – mais que sombrio e acentuado pelo preto e branco da película – a “fita branca” a que alude o título é símbolo de “pureza e inocência”, como nos explica o pastor. A igreja é o refúgio que abriga a todos nas manhãs dos domingos. É onde o pastor resume em seus sermões os parâmetros desta sociedade desigual, mas também é onde o barão transforma o púlpito em palco para suas ameaças e imprecações, cumprindo o papel de representante da lei e do Estado no vilarejo.

Os únicos contatos com o “mundo exterior” acontecem quando a baronesa, já farta daquele ambiente vil, parte para a Itália com os filhos. E quando o barão, sentindo-se incapaz de decifrar pelos seus métodos as razões e os causadores dos fatos estranhos, resolve contratar dois policiais detetives, vindos da capital, para solucionar o mistério. Eles chegam trazendo esperanças, mas se utilizando também da coerção e da violência para lograr seu objetivo.

Não por acaso a história termina quando começa a I Grande Guerra. Exatamente no momento em que a violência explode no mundo. Para a guerra vão ser chamados os homens adultos da aldeia e dela vai nascer outra Alemanha, pronta para parir Hitler e o nazismo. Quando as crianças do filme já estariam adultas e, supostamente, pela experiência que tiveram na infância naquele vilarejo, aptas para ingressar nas fileiras do partido ou do exército nazista.

A Fita Branca foi vencedora da Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes 2009 e vencedora do Globo de Ouro 2010 de filme estrangeiro. É um dos indicados ao Oscar na mesma categoria (também o é pela fotografia). Não assisti a nenhum dos outros concorrentes, mas este mais que justifica sua presença entre os cinco finalistas. Ele supera Caché, outra bela obra da lavra de Haneke. É um filme absolutamente perturbador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário