quarta-feira, 13 de outubro de 2010

SWU - A Batalha de Itu

Dois palcos e pontualidade - Qualquer fã que esteja acostumado com festivais sabe que pontualidade e deslocamento entre palcos e tendas nunca é o que parece quando se chega num evento do porte do SWU. Nesse caso, a organização surpreendeu positivamente. A montagem dos Palcos Água e Ar lado a lado facilitou tanto o deslocamento do público quanto a pontualidade das apresentações. Quase nada atrasou e, uma vez na arena principal, não era difícil andar de um palco a outra para conferir os shows. A exceção foi a apresentação do Queens Of The Stone Age na segunda que sofreu atraso de uma hora.

E quanto ao deslocamento, os problemas só apareciam quando o show acontecia no palco Oi Novo Som e Heineken Greenspace que ficavam mais distantes da arena principal até por conta da acústica. Subir o terreno até a parte alta da Fazenda Maeda era bastante cansativo às vezes. Por outro lado, o próprio terreno acidentado facilitava para o público. A distância de certos locais da pista comum para os palcos principais eram compensada pela inclinação do terreno que facilitava a visualização dos shows.

Nada de chuva, mas caos e pó - A previsão estimava, dias antes da abertura do SWU, até 80% de chances de chuva na região de Itu no fim de semana do festival. São Pedro errou feio e a chuva nunca deu as caras apesar de certa nebulosidade no início da tarde dos dois primeiros dias. Em compensação, o frio deu as caras no SWU. O pôr do sol derrubava muito a temperatura e o descampado era prato cheio para um vento gelado. Só o moleton não dava conta do frio, e quem estava só de camiseta padeceu. Além, é claro, das dezenas de ambulantes que tentavam vender capas de chuva.

A chuva não veio. Mas vieram caos e pó. A entrada e saída do público nos dois primeiros dias só pode ser traduzida assim. Entradas mal sinalizadas, funcionários desinformados, muito pó, filas e espera de até 3 horas para se conseguir um ônibus que levasse o público ao estacionamento foram os relatos mais comuns de quem foi ao festival nos primeiros dois dias. A lição que fica é que, levar 150 mil pessoas em três dias para Itu não é tarefa fácil. Mas quem sabe, com um pouco mais de capricho nesses serviços essenciais para quem paga um ingresso tão caro, um eventual SWU 2011 poderia arrastar para o interior um número ainda maior.

O Cavalera Conspiracy, dos irmãos Igor e Max Cavalera, provaram, no fim da tarde desta segunda (11), no Festival SWU, que, não importa quanto tempo fiquem longe dos palcos brasileiros, seguem como nomes sagrados do metal brasileiro. E mantém uma legião de fãs. O grupo fez a primeira grande apresentação do último dia do festival que acontece na Fazenda Maeda em Itu, interior de São Paulo.

Em 50 minutos de apresentação, e com o sol ainda dando as caras na arena do evento, o Cavalera Conspiracy tocou músicas de seu único álbum, Inflikted, clássicos do Sepultura e ainda uma inédita que, segundo Max, deve sair no segundo registro da banda, programado para chegar aos fãs no ano que vem. Na plateia, rodas pipocaram na pista premium e na pista comum, fazendo levantar poeira, literalmente.

A apresentação começou com a trica que abre o disco da banda: Inflikted, Sanctuary e Terrorize. Na seqüência, a primeira para emocionar os órfãos do Sepultura: Refuse/Resist, do disco Chaos A.D. de 1993. Sem tempo para deixar alguém recuperar o fôlego, Max e Igor voltaram ao repertório mais recente e emendaram The Doom of All Fires, Hex e Hearts of Darkness, apelidada pelo vocalista como "Iron Maiden".

Dava tempo de mais Sepultura, e a banda então apelou: voltou quase 25 anos no tempo e tocaram os primeiros acordes de Troops Of Doom, do disco Morbid Visions (1986). O setlist ainda abriu espaço para mais uma do Cavalera Conspiracy e prosseguiu com Ultra-Violent, Attitude (do disco Roots, de 1996) além de uma inédita: Who Are Lord?, prometida por Max para o próximo disco do clã.

Para fechar, o prato predileto dos Cavalera para encerrar as apresentações: Roots, Bloody Roots. Apresentação memorável, principalmente para o guitarrista Andreas Kisser e o baixista Paulo Jr., ambos ainda no Sepultura e que acompanharam a apresentação de seus ex-companheiros da pista. Difícil adivinhar que tipo de sensação passou pela cabeça deles.

Renato Beolchi

Terra

* * *

O Cavalera Conspiracy apresentou-se no Palco Água do Festival SWU nesta segunda-feira (11) numa das apresentações mais pesadas deste último dia de festival. O show começou com “Inflikted”, faixa-título do álbum homônio lançado em 2008, e marcou a primeira apresentação de Max e Iggor Cavalera no Brasil desde que o primeiro deixou o Sepultura em 1996

Apesar de 2/3 do repertório ter sido dedicado às faixas do Cavalera Conspiracy, mais recente projeto da dupla, o show teve faixas do Sepultura, incluindo “Refuse, resist”, “Troops of doom”, “Attitude” e “Roots bloody roots”. O repertório de cerca de 50 minutos teve ainda a faixa “Hearts of darkness”, do Cavalera Conspiracy, que Max disse ter apelidado de “Iron Maiden”, e uma inédita do projeto dos Cavalera chamada “Warlords”. Segundo o vocalista, o segundo álbum do grupo deve sair no próximo ano.

O Cavalera Conspiracy é um dos padrinhos da nova geração de metaleiros que passa pelos palcos do festival nesta segunda-feira.

Max Cavalera fez as vezes de animador do público desde o início, pedindo palmas e inclusive "dirigindo" os fãs à beira do palco.

Yo La Tengo - Os fãs do trio de indie rock americano Yo La Tengo sofreram com o som baixo durante a apresentação do grupo às 17h desta segunda no Palco Ar do SWU.

Tocando clássicos cult como “Tom Courtenay” e “Sugarcube”, o grupo fez uma apresentação de 40 minutos, com direito a uma jam cheia de microfonias do final que incluiu o vocalista e guitarrista Ira Kaplan destruindo as cordas de uma de suas guitarras. Apesar da promessa de deixar as faixas mais lentas de fora, o repertório contou com a balada-kraut "Autumn sweater”, só com bateria e teclados.

Lucas Medina, que carregava uma placa de papelão com o nome da banda ao lado de um coração, disse que “esperava esse show há dez anos”, reclamou do som baixo e da hostilidade de alguns fãs do Linkin Park que já se concentram na frente do palco, que chegaram a vaiar o Yo La Tengo. “Eu era o único que estava curtindo”, lamentou.

g1

------------

Depois da porrada dada pelo Queens of the Stone Age no festival SWU, em Itu, o Pixies deu uma acalmada nos ânimos do público e um toque alternativo na sequência de shows desta segunda-feira (11), último dia do evento.

Cultuada por muitos fãs do rock alternativo, o Pixies possui um repertório eficaz, mas não muito garantido quando falamos de públicos grandes, caso do SWU. Mesmo assim, a trupe de Black Francis e Kim Deal conseguiu seus seguidores, que não eram poucos, contando sua escalação em um dia com Linkin Park, Incubus e Avenged Sevenfold.

Nitidamente, a briga entre os integrantes não é algo superado. A interação no palco é mínima e a execução das músicas é quase desleixada, lembrando um ensaio. Mesmo assim, cada um faz sua parte.

No baixo, Kim Deal fica com a responsabilidade de conversar com a plateia. "Obrigado", disse em português. Aproveitando a deixa, apresentou o baterista Dave Lovering, que cantou a música La La Love, um momento mais tranquilo depois de tantos grupos de rock pesado.

Seguindo com o show sem praticamente nenhuma interrupção, o Pixies tocou canções como Here Comes Your Man, Wave of Multilation, Monkey Gone to Heaven, Caribou, Mr. Grieves, Crackit Jones e Caribou. A execução de Where Is My Mind também marcou um outro ponto alto.

Assim como aconteceu com o Yo La Tengo, a escalação do Pixies nesta segunda-feira parecia um pouco perigosa para a banda, que enfrentaria fãs de Linkin Park, Queens of the Stone Age, Incubus e outros. A experiência dos músicos parece ter superado esse sentimento de estar fora de contexto, mas, se o grupo estivesse plenamente unido, poderia ter se saído melhor. No final das contas, o fato de ter uma bagagem grande em sua carreira e um repertório cheio fizeram com que eles saíssem aplaudidos do SWU.

Terra

* * *

PETARDO CERTEIRO - Movido a decibéis e distorções e com sonoridade única, Queens Of The Stone Age promove encontro do rock de verdade com as massas; show do último dia do SWU foi o melhor do festival.

Quando uma banda demora cerca de 50 minutos para entrar no palco e começa o show com uma música que cita um sem número de drogas “legais”, não é preciso ser muito esperto para saber o porquê do atraso. Foi o que aconteceu quando o chefão Josh Homme detonou “Feel Good Hit Of The Summer”, dando o cartão de visitas do Queens Of The Stone Age, ausente no Brasil desde o Rock In Rio de 2001. A partir dali ninguém mais se lembrou daquele tempão marcado por empurra-empurra de parte a parte: a festa havia começado. Era uma das atrações principais da última noite do SWU Music And Arts Festival, ontem, em Itu, no interior de São Paulo.

Mesmo ainda se adaptando a ajustes do som - uma terrível constante no festival - o grupo mandou logo de cara outras duas porradas, num início matador: “Lost Art Of Keeping a Secret” e a sensacional “3’s & 7’s”. O que se vê (se sente) é uma muralha de guitarras turbinadas por efeitos de teclados e eletrônicos “do bem” guiados pelo batera mãos de aço Joey Castillo. Cada pancada que os tambores recebiam parecia reverberar ainda mais as distorções de guitarra altíssimas, até para quem não estava tão perto do palco assim. Imagine para os abastados da fila do gargarejo na Pista Premium. Foi só antes da quinta música que Josh Homme se dirigiu à platéia. “Desculpas de novo”, se referia ele ao atraso, ao detonar o riff poderoso de “Misfit Love”, elevado à enésima potência do esporro quando tocado ao vivo. O QOTSA é uma das poucas bandas da atualidade que demonstra um poder de fogo extraordinário sobre um palco, potencializando ainda mais um repertório que já é, por si só, um achado.

Mesmo quando o ritmo cai um pouco em função de músicas de andamentos menos nervosos, estão lá o peso lento que faz lembrar Black Sabbath, a eletrônica suja, porém discreta de um Nine Inch Nails e a porrada de um Motörhead atualizado numa sonoridade especial que é marca registrada do Queens Of The Stone Age e em tudo que Josh Homme mete a mão. Ouça a superbanda Them Crooked Vultures ou a produção do guitarrista no segundo disco do Arctic Monkeys e tire suas conclusões. Ao vivo, realça um poder de fogo ainda maior, a custa de uma amplificação absurda e de muito, muito esporro. “In My Head” fecha o período razoavelmente calmo para “Little Sister”, hit nato, enlouquecer o público com o riffzinho colante e quebrado e um refrão que é pura nitroglicerina.

Quando não está destruindo a guitarra em músicas de forte apelo, Josh Homme tem um semblante taciturno e pouco conversa com o público. Embora tenha arriscado alguns “obrigado”, em português mesmo, sacou a frase da noite, “A melhor maneira e agradecer é tocar pra vocês uma música que todos conhecem”, reconheceu, fazendo um trocadilho, antes de iniciar “No One Knows”, parceria com Mark Lanegan, uma das mais esperadas da noite. Precedida pela extraordinária “Go With The Flow”, de longe a melhor música da década, incendiou a plateia de vez. No meio da música, com o baixo marcando, braços erguidos batiam palmas até onde não se podia mais ver onde acabava aquele mar de gente, num dos momentos inesquecíveis do festival, mesmo para uma banda hoje rodada como o Queens Of The Stone Age.

Em cerca de uma hora as 15 músicas do grupo levaram o público a uma experiência única, movida, antes de tudo, a muito bom gosto. Não é preciso o sujeito conhecer todas as músicas para se deixar levar por guitarras colantes, refrões fáceis e riffs de alto poder de combustão. É tudo isso que faz do show do Queens Of The Stone Age um encontro com a contemporaneidade, uma visita de peito aberto ao bom rock produzido nos últimos tempos. E, por tudo isso, o melhor show do agraciado Woodstock de Itu. Rage Against The Machine em segundo.

Set list completo:

1- Feel Good Hit Of The Summer
2- Lost Art Of Keeping a Secret
3- 3’s & 7’s
4- Sick, Sick, Sick
5- Misfit Love
6- Monsters In The Parasol
7- Burn The Witch
8- Long Slow Goodbye
9- In My Head
10- Little Sister
11- Do It Again
12- I Think I Lost My Headache
13- Go With The Flow
14- No One Knows
15- Song For The Dead

A Batalha de Itu - Em noite histórica e de correções do passado, Rage Against The Machine supera problemas e convence com o rock furioso, técnico e contagiante; banda encerrou a primeira noite do SWU sabado, em Itu.

Era pressão demais. Quase duas décadas de ansiedade acumuladas pelos fãs do Rage Against The Machine tinham que explodir de uma vez só e de maneira que beirou o descontrole. O show marcou o encerramento da primeira noite do SWU Music and Arts Festival, ontem, em Itu, no interior de São Paulo. Queda do sistema de som, tentativa de invasão das grades de controle do público, interrupção dos shows para acalmar os ânimos e muitos atendimentos médicos. O que esperar de uma banda que sugere, já no nome, raiva contra (preencha você próprio)?

Mesmo já cascudos, os integrantes da banda mostraram uma disposição incrível. O vocalista (e ativista) Zack de la Rocha continua com o carisma na ponta dos cascos, cantando cada sílaba de suas letras/protestos come se fosse pela primeira vez. Preparo físico também não lhe falta. No momento crítico do show, justamente após ter dedicado “People Of The Sun” ao MST, coube a ele pedir que o público desse um “passo bem pequeno para trás e que cada um cuidasse do outro”, para que eles continuassem. O show havia sido interrompido por uma ameaça de queda da grade que separa o palco da Pista Premium, que, a essa altura, de VIP não tinha mais nada. Sabe-se que, curiosamente, nessas ocasiões o melhor a se fazer é continuar o show, e foi o que aconteceu.

Zack de La Rocha é acompanhado por um Tom Morello que, além de exímio guitarrista, atua como se fosse um técnico de manutenção guitarras, extraindo sons extraordinários e ambíguos de seu instrumento, utilizando os controles de timbre e volume. Ora parecia um theremin, ora uma turbinada pick up de um raro DJ interessado no verdadeiro peso de uma guitarra. Muitas vezes ofuscado pelo saliente groove da retaguarda formada por Tim Commenford (baixo) e Brad Wilk (bateria), ele tirou a prova dos nove com sobras, fazendo a necessária correção da história justamente em cima do palco. Enquanto isso a massa saltitante – público total estimado em 50 mil pessoas – se acabava. Os problemas aconteciam mais por causa do leiaute infeliz da área dos palcos principais - com a torre de som espremendo o público na grade da Pista Premium - do que pelo show em si.

Ainda na primeira metade do set, o som do PA caiu completamente, mas a banda, abastecida pelas caixas de retorno do palco e pelos fones, não percebeu e continuou cantado. Enquanto isso, vaias do público para a produção do festival, no previsível coro “hey, SWU, vai tomar no…”. A situação se repetiu uma vez e teve gente jurando de pés juntos que o desligamento era proposital, a fim de acalmar os ânimos. Apesar de tudo, o domínio da situação era total por parte da banda. Quando o som voltou, de la Rocha improvisou uma jam em ritmo de reggae que serviu para esfriar a situação e, ao mesmo tempo, testar os equipamentos. Num legítimo free style, o vocalista, claro, soltou o recorrente discurso, citando mais uma vez o MST para os abastados que podem frequentar festivais de rock de ingressos caros como o SWU.

Não se sabe se, em meio a esses altos e baixos, o grupo acabou encurtando o repertório, que resultou num show de cerca de 1h40min, incluindo as paralisações. Sabiamente, as músicas escolhida foram, em sua maioria, as do primeiro álbum. “Bombtrack”, a segunda da noite, “Bullet In The Head”, logo depois das paralisações para conter os ânimos, e “Guerrilla Radio” foram as que mais fizeram o público vibrar, saltitando como fazem Zack e Morello o tempo todo, ou com o punho esquerdo erguido – “para trazer esperança para a América do Sul”, dizia o vocalista. No bis, depois do Hino da Internacional Socialista ao fundo, o RATM arrematou a noite nervosa com “Freedom” e “Killing In The Name”, o maior sucesso deles e um dos belos retratos da década de 90. No fim, pairou no ar a sensação de alívio e de que todos saíram vencedores daquilo que, doravante, vai ficar conhecido como a Batalha de Itu.

A Arte do exagero - Mars Volta transforma músicas que já eram experimentais em inesgotáveis viagens no palco do SWU.

O sujeito que se dirige a um show do Mars Volta esperando ver uma banda tocando as músicas que fazem parte da discografia quebra a cara. Não que grupo só toque músicas inéditas – o que seria ridículo -, mas cada uma das versões ao vivo passa a ser algo completamente diferente. O quinteto, comandado pelo porto-riquenho Omar Rodriguez-Lopez (guitarra) e Cedric Bixler-Zavala (vocal), enverada por surpreendentes improvisações que não têm fim, para o bem ou para o mal. Para se ter uma ideia, “Cotopaxi”, a primeira da noite, chegou a incríveis 15 minutos, enquanto no álbum “Octahedron”, o mais recente deles, o registro é de pouco mais dos convencionais três minutinhos adorados pelas FMs. E o que fazem os caras nesse tempo todo? De tudo um pouco: é baterista surrando os tambores e pratos sem dó, é solo de guitarra, é baixo cavernoso, é uma gritaria só.

Se tal performance experimental passa pela virtuose dos músicos, é inegável a pegada punk que eles trazem do At The Drive In, grupo do qual a dupla saiu, e que já se diferenciava pela forma com que os integrantes evoluíam técnica e musicalmente. Sabe quando punk sujo começa a aprender a tocar um instrumento de verdade, um pouco além dos três acordes, mas prossegue sendo punk? É mais ou menos por aí. Ou, por outra, vai além, porque quem esteve no sábado no Palco Água do SWU viu (e ouviu) psicodelia, fusion, jazz, música latina e o escambau. Em “Eriatarka” (não repare nos títulos, eles são assim mesmo), por exemplo, o minimalismo quase punk, mas fruto de técnica rebuscada, recebe doses cavalares de efeitos por conta de Rodriguez-Lopez , que consegue distorcer a guitarra em meio a texturas sem cair em solos infindáveis – muito embora eles também tenham vez, só que acompanhados, quase sempre, por uma barulheira geral.

Quando não acompanha com gritos esganiçados, Bixler-Zavala também faz das suas. Até demais. Além de se apoiar no pedestal de microfone branco, personalizado, ele desanda a fazer passos de funk de raiz como se fosse um James Brown doidaço, numa configuração das mais desconexas. Não que ele ele faça isso timidamente; o sujeito parte para a frente do palco numa exibição sensacional, caso a música de fundo fosse “Sex Machine”. Mas é apenas “Goliath”, outra viagem musical que tem de tudo, menos funk. E isso com um look à The Experience, a banda psicodélica que serviu de apoio para Jimi Hendrix ganhar o mundo. Aliás, se ele e o baterista interpretassem Noel Redding e Mitch Mitchell numa cinebiografia do guitarrista ninguém acharia estranho. Enquanto isso, do outro lado do palco, Omar Rodriguez-Lopez curte a onda com um terninho verde musgo de doer. Que punk sujo que nada.

É a política do exagero de tudo que ultrapassa a veia musical dessa turma de malucos, e que, certamente, fez boa parte do público ir saindo de fininho para o show do Rage Against The Machine, que começaria em seguida, no Palco Ar. Porque, o que tem de experimental, o som do Mars Volta tem também de indigesto: é duro curtir por mais de 40, 50 minutos seguidos.

por Marcos Bragatto

REG

2 comentários:

  1. a 2ª parte do post só tem foto foda e ilustra bala...
    vc foi nesse swu tb?!

    ResponderExcluir
  2. Fui nada. Nem vi pela TV, que não tenho TV a cabo - vi só 3 do Rage na globo. Tentei ficar acordado ontem pra ver Pixies e qotsa mas dormi.

    ResponderExcluir