quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vida louca vida ...

Em autobiografia, Keith Richards, guitarrista da banda inglesa Rolling Stones, admite que cheirou as cinzas do pai, transou com mulheres de amigos e diz que Mick Jagger tem pênis pequeno.

por Natalia Rangel


É verdade. O guitarrista da banda britânica Rolling Stones, Keith Richards, realmente inalou as cinzas mortais do pai, morto em 2002. Ele admite o fato e dá outros detalhes em sua autobiografia intitulada “Life”, um livro com mais de 500 páginas, que terá lançamento mundial na terça-feira 26 (a versão em português sai no Brasil em novembro pela Editora Globo).

Richards recebeu adiantados US$ 7,3 milhões para escrevê-la, o que fez em parceria com o autor americano James Fox. Uma legítima obra sobre sexo, drogas e rock’n’roll narrada por ninguém menos que uma das maiores autoridades no assunto: o roqueiro e genial guitarrista rotulado como um dos mais doidões e anárquicos de sua geração e que, sabe-se, só abandonou a cocaína em 2006 depois que uma queda nas Ilhas Fiji o levou a uma delicada cirurgia no cérebro. Hoje, aos 66 anos, Richards vive em Connecticut, nos EUA, com a esposa, Patti Hansen – deixou a Inglaterra para fugir dos impostos da coroa. É um colecionador de livros e se interessa particularmente por publicações sobre rock e a Segunda Guerra Mundial – tem duas organizadas bibliotecas em suas casas da Inglaterra e dos EUA.

A sua banda, que já vendeu mais de 200 milhões de álbuns em todo o mundo, tem a trajetória revista sob a ótica de um dos seus fundadores. Keith Richards, criador de inesquecíveis riffs de guitarra como se ouvem nas músicas “Jumpin’ Jack Flash” ou “Honky Tonk Women”, abre a sua biografia pela turnê de 1972, que ficou conhecida como “O Alvorecer da Cocaína e da Tequila”. Foi a primeira vez que a banda tinha regalias como viajar no próprio avião, com a famosa língua vermelha pintada na aeronave, e alugar hotéis inteiros para garantir privacidade. As histórias que se seguem retratam a rotina de jovens roqueiros recém-alçados ao estrelato, vivendo a vida intensamente. Richards conta, por exemplo, como ele e Bobby (músico colaborador da banda) puseram fogo no banheiro de um hotel, mas estavam dopados demais para perceber isso. Foram surpreendidos pelo arrombamento da porta, enquanto repetiam: “Está mesmo muito esfumaçado por aqui, não é?” Relembra uma risível viagem de três dias pela Inglaterra com John Lennon: “O que houve, nem eu nem John nunca nos lembramos plenamente. Havia pelo menos uma garota conosco e um chofer, porque não estávamos em condição de dirigir. Eu disse a John que não ia viajar naquele Rolls-Royce psicodélico ridículo. Fomos mais discretamente no meu pequeno Bentley azul.” Richards chama Lennon de um “silly sod”, ou seja, um cara idiota mas não desprezível. Relembra festas em que Lennon comparecia com Yoko Ono para pegar drogas. “Acho que John nunca saiu de minha casa em outra posição que não a horizontal.”

Keith Richards mostra-se à vontade ao falar de drogas e de como fazia para consegui-las e rememora algumas passagens constrangedoras. Entre 1960 e 1970, quando era um consumidor voraz de heroína e cocaína, sempre portava armas de fogo. “Eu saía armado para buscar heroína – tive rifles, uma Luger e uma Smith & Wesson (a mais perigosa de todas). Era mais seguro assim, especialmente nos EUA.” A arma também ganhou protagonismo nas festas. Ele relata: “Em algumas das minhas noites mais ultrajantes eu só podia saber o que realmente tinha acontecido diante de evidências incontestáveis. Quando alguém indagava: ‘Você não lembra dos tiros? Levante o carpete, olhe as perfurações no piso, cara. Lembra que tirou a cueca e se balançou nu pendurado ao candelabro?’ E eu, embaraçado: ‘Não, não me lembro de nada.’ Regra básica de uma festa realmente boa: não se lembrar do que aconteceu.” E expõe no livro a sua explicação para ter sobrevivido aos excessos todos: “Atribuo isso à boa qualidade das drogas que eu consumia. Mas também ao controle que tinha sobre a quantidade que ingeria. Nunca colocava uma dose a mais para ficar um pouco mais louco. É nessa hora que a maioria das pessoas se dá mal. Essa voracidade nunca me dominou completamente.”

Ele se orgulha em dizer que mesmo com tantas extravagâncias, jamais perdeu um show. Mas Richards chegou a dormir durante um concerto: “Estava com o pé sobre o pedal do volume e apaguei quando tocávamos a chatíssima “Fool to Cry”...Despertei quando o volume ficou insuportavelmente alto.” Além das festas, das drogas, do embate artístico histórico entre Richards e o vocalista Mick Jagger, e de muitas anedotas do cotidiano dos músicos, Keith Richards aproveitou para criticar posturas assumidas pelo parceiro em sua trajetória – especialmente o rompimento temporário, quando Jagger decidiu seguir em carreira solo: “Seu trabalho perdeu o rumo.” E também provoca o amigo com indiscrições infantis, ao dizer que ele tinha um ‘pênis minúsculo’ (uma rivalidade tão antiga quanto a amizade dos dois, que se conhecem desde os 4 anos de idade). Eles trocaram namoradas – assunto que Richards confessa nunca ter engolido muito bem, referindo-se a época em que sua companheira Anna Pallenberg teve um caso com Mick Jagger. O mesmo deve valer para o próprio Richards, que se vingou indo para a cama com a musa de Jagger, Mariane Faithfull. Num trecho, ele relata a noite que fugiu pela janela quando ele e Mariane ouviram Jagger chegando em casa. Saltou com as roupas nas mãos e esqueceu suas meias. “Marianne e eu até hoje temos essa piada. Às vezes, ela envia a mensagem: ‘Ainda não encontrei as suas meias.’”

Fonte: Istoé.

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