De acordo com Julio Andrade, frontman da Baggios e guitarrista da Plástico Lunar, não foi preciso evocar um pretexto específico para se debruçar sobre a vasta discografia de Raulzito. Segundo ele, a satisfação proporcionada pela pesquisa do repertório foi suficiente para convencer os envolvidos da conveniência do projeto.
“Sou fã e não nego. Gosto pra caralho de cantar a música dele. Não há obrigação, não pensamos isso pra tirar algum trocado. Me empolguei muito com esse projeto e acho que ele deve ser valorizado, pois o trabalho que exigiu não foi pouco. Estamos tratando as músicas com carinho, tentando nos manter fiéis às idéias de Raul Seixas, preparando versões inusitadas. Esse tributo não vai ser realizado nas coxas”.
Explica-se. O projeto não nasceu hoje. Sua gênese remonta a meados de 2009, quando o aniversário de 20 anos da morte de Raul Seixas foi lembrado. Na ocasião, o público lotou o Capitão Cook para cantar as músicas da época do “Raulzito e os Panteras”, passando por clássicos da era “Gita” e “Há dez mil anos atrás”, até alcançar o derradeiro “Panela do Diabo”, que eternizou a parceria do homenageado com Marcelo Nova.
Agora, além das bandas anfitriãs, personagens do calibre do cantor e compositor Alex Sant’anna (que promete entoar os versos de “Capim Guiné”), Thiago Ribeiro (que assumiu a responsabilidade pela execução dos sucessos “MDC” e “Gita”) e Daniel Torres, vocalista esporádico e membro relutante da Plástico Lunar (que vai dar o ar da graça com “Por quem os sinos dobram” e “Coisas do Coração”) tomam parte na homenagem.
Carimbador maluco – Julico me garantiu que todas as fases que pontuam a carreira de Raul Seixas serão contempladas pela festa. Segundo ele, uma média de pelo menos duas músicas por disco pontua o repertório. Para ganhar o Imprimatur deste carimbador maluco, no entanto, eles vão precisar suar um bocado.
Não admito um tributo a Raul Seixas sem a execução de canções emblemáticas como “Paranóia”, “Meu amigo Pedro”, “Eu também vou reclamar”, “Quando você crescer”, “No fundo do quintal da escola” e “Sessão das dez”. Elas talvez não figurem numa seleção óbvia, mas ajudam a explicar como um trabalho realizado há tanto tempo continua merecedor de nossa atenção, influenciando novos músicos, mais contemporâneo e relevante do que as bobagens coloridas que tomaram conta de veículos ditos especializados, que costumavam se valer de parâmetros aceitáveis para testar nossa paciência, ao contrário do que vem fazendo a MTV.
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por Rian Santos
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