sexta-feira, 2 de abril de 2010

+ Plástico Lunar

Acho que já deu pra notar que a gente gosta muito da Plástico Lunar aqui no programa de rock né ...

Abaixo, as últimas novidades sobre a banda, prestes a pisar pela primeira vez num dos palcos mais importantes do cenário alternativo brasileiro, o do Abril pro rock, em Recife.

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Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Fotos: Fernando Correia (primeira) & Snapic

O Capitão Cook é cenário de milhares de fotografias. A maior parte desses registros se encontra espalhada pelos recintos cardíacos dos malucos sergipanos. Aquelas quatro paredes, que já viram de tudo, no entanto, ainda podem se deslumbrar. Pelo menos é no que apostam os veteranos da Plástico Lunar, que realizam uma última apresentação no templo informal de nosso underground, amanhã à noite, antes de arrumar as malas para conhecer os trinta minutos mais importantes de sua trajetória no palco do Abril Pro Rock. Eu conversei com o guitarrista Júlio Andrade para conhecer a expectativa da banda. Eles estão cientes de que agora é daqui pra frente.

Jornal do Dia – Há alguns meses, quando a Plástico se preparava pra mais uma aventura além de nossas fronteiras, nós conversamos a respeito da dificuldade de cavar espaço em outras paragens. Naquela época, lamentamos juntos a ausência de festivais de grande porte em Aracaju, que permitissem um intercâmbio mais intenso com outras cenas do país. Agora, prestes a participar do Abril Pro Rock, sonho de consumo de dez entre dez músicos independentes, o que rola na cabeça de vocês? Será que a participação da Plástico no evento pode abrir portas pro resto de nossa galera se fazer conhecida no país inteiro?

Julico – Eu conheço o Abril Pro Rock desde que comecei a colecionar revistas de rock. Bandas que idolatrava e idolatro passaram por lá. Qualquer cara que se mete numa banda de rock sonha em pisar naquele palco. O Evento é uma grande vitrine. Estamos muito ansiosos. Esperamos que tudo corra bem e que a gente fique bem visto na parada. O que sinto é contentamento e a certeza do reconhecimento do trabalho da banda nesses quase 10 anos de estrada.

JD – Embora seja um admirador declarado da Plástico, como qualquer maluco com um pingo de juízo, sempre critiquei uma suposta ausência de compromisso da banda com seu próprio trabalho. O convite para participar do festival me obriga a engolir essas ressalvas, ou alguma coisa mudou nesse meio tempo? Como surgiu o convite para participar do Abril Pro Rock?

Julico – No último ano a banda se movimentou mais, produziu mais e se apresentou em festivais de grande porte, o que fez com que a gente mostrasse a cara no circuito independente nacional. O Paulo André já sacava a Plástico, namorava a banda, e tinha esperança de nos colocar pra tocar no festival. Somente agora, no entanto, com o disco (Coleção de Viagens Espaciais) em mãos, depois da experiência acumulada em outros festivais, ele teve certeza de que queria a gente lá.

JD – O show do Abril Pro Rock vai ser calcado no “Coleção de Viagens Espaciais”, ou a galera que se mandar pra Hell Cife vai ter alguma surpresa? A Plástico tem planos para lançar algum trabalho novo nos próximos meses? Depois de tanto tempo com o mesmo repertório, vocês ainda têm fôlego para compor?

Julico – Agente vai apresentar algumas composições novas, mas a maioria do repertório será baseado em nosso disco, pois ele ainda não foi explorado devidamente fora de Sergipe. Aqui, a turma pode conhecer as músicas de trás pra frente, mas para outros lugares o disco é uma novidade. Mesmo assim, securentos que somos, não deixaremos de apresentar musicas novinhas em folha.
Pretendemos iniciar as gravações do novo disco no segundo semestre. Já estamos com 90% do disco pronto.

JD – Quando a gente se dedica à tarefa ingrata de descrever o som da Plástico, obviedades como a sonoridade calcada nas décadas de 60 e 70 possuem lugar cativo. Acontece que trocentas bandas possuem as mesmas influências e podem ser definidas da mesma maneira. O que existe de tão especial no som da Plástico?

Julico – Eu, particulamente, acho que a Plástico é uma banda com composições muito ricas, pois cada membroi da banda compõe do seu jeito. Eu faço meus sons mais hendrixianos; o Junior puxa mais para o Rock Progressivo; Daniel já é um cara baladeiro, que também explora muitos riffs e melodias psicodélicas sessentistas, e por aí vai. Cada música é uma história. Acho que isso torna um disco ou um show menos cansativo.

JD – Daniel realmente abandonou a banda? O que muda na Plástico com a nova formação?

Julico – A ausência de Daniel nos forçou a compor mais, até porque tem algumas músicas que tocávamos só colam com o vocal dele. Então Junior começou a tirar suas músicas do baú, eu comecei a apresentar outras composições, e seguimos andando. Mas Daniel ainda é uma interrogação. Não acredito que ele abandonou a Plástico. De repente, ele pinta por aqui novamente.

JD – O que a galera pode esperar do show dessa noite? Será que a gente pode encarar a apresentação como uma prévia do que a banda vai mostrar em Hell Cife?

Julico – Nesse show agente vai apresentar duas músicas novas, que já é uma boa novidade. Ele será bem maior que no Abril, pois lá só teremos 30 min para mandar nosso recado. Mas grande parte das novidades que apresentaremos mo Festival vão ser testadas no show no Capitão Cook.


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Confirmado: Plástico Lunar no Abril Pro Rock 2010.

por Adolfo Sá

Fonte: Viva La Brasa


Presentão de aniversário pro ‘Plástico’ Jr., garganta, baixo & coração da banda, que comemora amanhã, dia 02, c/ um show no bar Capitão Cook. “Era pra eu ter nascido 1º de abril, mas os médicos não acreditaram quando minha mãe falou que a bolsa tava estourando”, diz o figuraça. Desde que gravei o clip de ‘Gargantas do Deserto’, nos tornamos grandes amigos. Liguei pra ele ontem. “E aí Adolfo, vai no show de sexta?” Vou sim, jurei. “Você sempre diz que vai mas nunca vai, seu mentiroso!” Heheh.


O Abril Pro Rock nasceu junto c/ toda aquela cena manguebeat no início dos anos 90. “Em 18 anos, foi responsável por levar à Recife nomes como Motorhead, Jon Spencer Blues Explosion, Sepultura, Soulfly, Placebo, dEUS, Bloco Vomit, The Queers, Asian Dub Fundation, Stephen Malkmus, Aterciopelados, Camille, Marky Ramone, Lee Perry, Los Alamos, Diplo e Stereo Total”, enumera o expert Adelvan Kenobi. “Serviu de projeção nacional e passagem de algumas bandas fundamentais da música pop brasileira. Skank, Chico Science & Nação Zumbi, Paralamas do Sucesso, Planet Hemp, Ratos de Porão, Pato Fu, Lenine, Korzus, O Rappa, Mutantes, Tom Zé e Arnaldo Antunes”, escreveu A.K. no Escarro Napalm: “Também foi palco da formação de uma nova cena de bandas independentes como Cachorro Grande, Matanza, Forgotten Boys, MQN, Retrofoguetes, Volver, Vamoz, Pitty, Moptop, Shaaman, Orquestra Imperial, Los Hermanos e Zefirina Bomba.”


Demorou pro Paulo André – produtor do evento e dono da marca – chamar meus chapas lunáticos. “A Plástico e o Abril Pro Rock já vêm flertando há anos”, Júnior abre o jogo: “Começou quando Jorge Du Peixe e DJ Dolores elogiaram a gente e passamos a trocar e-mails c/ o Paulo André, ele sempre cobrava nosso disco, mas rolou todo aquele processo...”


O disco de estréia da banda, ‘Coleção de Viagens Espaciais’, lançado ano passado pela Baratos Afins [SP], demorou uns 2 anos sendo produzido, a maior parte do trampo feito no estúdio caseiro do tecladista Léo Airplane, que também toca acordeon nas bandas Naurea e Corações Partidos. “Quando a Naurea viaja pra Europa o Léo gasta todo o dinheiro que ganha c/ placas e aparelhos eletrônicos”, diz Nah, produtora da banda sergipana e irmã de Léo e do também músico Alex Sant’Anna: “O Alex é outra história. Vem c/ a mala cheia de vinho.”


Voltando ao Júnior: “Então, já era pra Plástico ter tocado em 2008, mas como a gente ainda não tinha disco, foi a Rockassetes, banda do nosso ex-guitarrista Rafael Costello. O ‘Coleção...’ saiu em 30 de março do ano passado, muito em cima pro Abril, aí o Bruno Montalvão [ex-empresário da banda] encaixou a Vanguart. Quer dizer, estamos sempre sendo passados pra trás!” Pausa p/ risos.


A Plástico Lunar não é astronauta de 1ª viagem em festivais. Somente em 2009, fizeram o Psicodália no carnaval de Santa Catarina, a Feira de Música em Fortaleza/CE no mês de agosto, o DoSol em Natal/RN em novembro, a Conexão Vivo em Recife/PE em dezembro [mês de lançamento do ‘nosso’ clip] e novamente Psicodália/SC, onde tocaram na véspera do ano-novo. Sem falar da tour Nordeste Fora do Eixo e dos shows no Sudeste no lançamento da coletânea 'Brazilian Pebbles vol.2'.


No início de 2010, tocaram no palco principal do Projeto Verão, evento anual da prefeitura de Aracaju que costuma trazer nomes como Nação Zumbi e Manu Chao. “Gostei pra caráleo de tocar lá”, diz Jr., “só que o som ficou um pouco mais baixo do que o ideal. Eu insistia pro nosso técnico aumentar o volume, mas ele dizia que a mesa já tava equalizada pra Fernanda Takai e ia dar muita diferença no P.A., aí eu falava: -Deixa de ser frouxo, homem! Estoura essa porra!” Mais risos.


“A banda hoje está desfalcada de um de seus membros-fundadores, Daniel Torres”, lembra Adelvão, “mas segue em frente com Júlio Dodges (sempre detonando) na guitarra e vocal, Plástico Jr. no baixo e vocal, Léo Airplane nos teclados ‘vintage’ e uma locomotiva movida a rock and roll e demais substancias afins que atende por Marcos Odara na bateria. Aos poucos vão se inserindo no circuito de festivais alternativos.” A platéia do A.P.R. terá a oportunidade de ver o novo quarteto e ouvir composições saídas do forno, como ‘América’ do guitarrista Julico e ‘Nem Aí’, de Júnior, entre outras.


A 1ª passagem da Plástico por Recife já rendeu boas histórias. A Conexão Vivo rolou no circuito ‘off’ da Feira da Música Brasileira, e muitos grupos sergipanos tocaram lá. Via de regra, seus integrantes aproveitaram a oportunidade p/ fazer um corpo-a-corpo c/ produtores e representantes de gravadoras do sul/sudeste. Os plásticos não. “Ficamos num hotel distante de onde estavam acontecendo as coisas. Olinda, um lugar bonito, você conhece né?”, me pergunta Jr. Conheço sim, conheço bem o lugar. “Pois é, ficamos curtindo uma de turista...”, haha, eu não contenho o riso outra vez: “O hotel tinha uma piscina massa, a gente ficava lá tomando cerveja, saía pra ver o pôr-do-sol, voltava pra piscina...”


É a banda mais rock’n’roll que eu conheço. E amanhã eu vou ao show. Pode acreditar.

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