Prática comum no rock desde os anos 1990, os álbuns-tributo costumam trazer bandas e artistas gravando canções de determinada banda ou artista que se quer homenagear. Lançado pelo selo paulista Mutilation Records, o tributo ao Headhunter tem um título longo e com reticências, como já é tradição nos discos da banda: Born to Punish The Skies... A Deathmetallic Brotherhood in Darkest Mourning for God: Tribute do Headhunter DC. Mal traduzindo: Nascido para punir os céus... Uma irmandade deathmetálica no mais sombrio luto por Deus: Tributo ao Headhunter DC – título mais do que coerente com a ideologia anticristã (ou melhor: antirreligião) da banda. “A ideia partiu do dono da Mutilation Records, o Sérgio Tullula”, conta o vocalista da Headhunter, Sérgio Baloff Borges. “Ele já tinha essa ideia há uns três anos. Aí um dia ele comentou que já estava mais do que na hora de rolar esse tributo. Fiquei honrado, claro”, acrescenta.
Dividido em dois volumes, o disco um saiu no mês passado e conta com 17 bandas do Brasil e do mundo fazendo releituras de músicas pescadas dos cinco álbuns da banda, lançados desde 1991. O volume dois, segundo Baloff, “sai no primeiro trimestre de 2015”. “É um projeto complicado, por que você lida com muitas bandas e fica dependendo da agilidade delas. Só esse volume um levou um ano e meio para ficar pronto”, conta.
Se vacilar, sai um terceiro
Quem acabou coordenando toda a produção foi o próprio Baloff, que convidou bandas com as quais o Headhunter tem afinidade: “São bandas que tem um elo com a gente – ideológico e musical”, define. Com o tempo, a notícia da organização do tributo acabou se espalhando na comunidade death / black metal: “Inicialmente, seria um volume só. Mas foi tanta banda entrando em contato, querendo participar, que tivemos que fazer em dois volumes. Se vacilar, sai até um terceiro”, diverte-se.
"Na sua maioria, são bandas de death metal mesmo. Mas tem de outros estilos, como a Pure Noise, de Vitória da Conquista, que faz noise core, um estilo bem 'anti-música', que pegou uma faixa de nosso primeiro álbum, que é mais ou menos do mesmo estilo deles. No segundo volume vai ter uma banda de black meta, que tocal sem deixar de ser death, mas é bem legal, a Eternal Sacrifice, daqui de Salvador. Não é bairrismo termos quase que só bandas de death, mas é que tem mais a ver", detalha.
"Até acho que seria bem interessante ver uma banda de heavy metal tradicional fazer um cover nosso, mas como costumo me referir a este tributo, ele meio que uma congregação de death metal. É mais que um tributo: é uma celebração ao death metal em si", define Sérgio.
"As bandas de fora do Brasil são bandas com quem já tenho contato há há alguns anos, como a Dead Conspiracy (USA), de quem eu já era fã em 1988, tinha demo tape deles, era fanático pelo som deles. Então é interessante hoje eles participarem de um tributo para gente. Fiquei muito honrado com a banda da Alemanha (Revel in Flesh), que fez uma versão foda que abre o disco. Mas no geral fiquei bem satisfeito com todas as bandas. Agora, como são bandas diferentes, gravando em estúdios diferentes, você sente diferenças de gravação e de qualidade. Aí o que a gente faz é nivelar os volumes, para não ficar um mais baixo que o outro. Fora isso, não mexemos em frequência nenhuma. Basicamente, o volume e damos uma masterizada para dar uma encorpada no som, mas não mexemos em mais nada. Foi tudo masterizado e compilado aqui mesmo em Salvador. A coordenação foi toda minha", continua Sérgio.
Obsessão com reticências
"A concepção da capa que fizemos com o Juanjo, que já tinha feito a capa do nosso último CD, um trabalho fantástico dele aliás. A ideia foi justamente pegar elementos de cada capa de nossos discos ficou bem interessante. Agora, essas reticências no título é meio uma obsessão minha. Não tem muita frequência essa sua pergunta, aliás. É como se fosse um sentido de continuidade, mesmo. Tenho obsessão com reticências. Nosso único disco que não tem reticências no título é o segundo, que foi do nosso ex-baixista. Se fosse meu...", ri Sérgio. "Sim, é coisa de louco obcecado, mesmo. Tenho obsessão com reticências e os números 13, 7 e 666", conta.
No encarte, o vocalista e baixista Jeff Becerra, pioneiro do death metal com a banda californiana Possessed, elogia o Headhunter: “Banda incrível, de estilo old school e avant garde ao mesmo tempo, serei sempre fã e tenho sorte de ser um irmão para eles”, escreve. "Pô, esse cara do Possessed é o pai do death metal. Ele deu um depoimento por que é meu amigo pessoal mesmo. Já dividi o palco com ele em 2008, fui no show deles ano passado em São Paulo. Fiquei mais do que honrado com as palavras dele", agradece Sérgio.
Parceiro de cena baiana, Lord Vlad, da Malefactor, ecoa as palavras do americano: “Esse próprio disco-tributo já é a prova do que te digo: se não fosse brasileira – ou melhor: baiana – o Headhunter teria muito mais reconhecimento”, afirma. "No nosso caso, escolhemos uma musica que é mais diferente até para eles mesmos, pois é mais cadenciada, não tão acelerada. Não foi fácil, mas ficou mais plausível. Ficaria forçado fazer alguma faixa que não tem nada a ver com a gente", conta Vlad.
“De sábado em diante tocamos todo fim de semana até o fim do ano. Dia 22, Boqueirão Rock Metal Festival (Cícero Dantas). Dia 30, no Festival Suiça Baiana (Vitória da Conquista). Dia 6, no Bahia Metal Festival (Alto do Andú, Salvador). E dia 14, no Zoombie Ritual Open Air (Rio Negrinho - SC). O culto não para”, avisa Sérgio.
Born to Punish The Skies... Tribute to Headhunter DC Vol.1 / Vários artistas / Mutilation Records / R$ 22 / Vendas: www.facebook.com/HeadhunterDc
por Franchico
rock loco
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