terça-feira, 18 de maio de 2010

Musica Diablo



05/04/2009 - A super banda da música extrema formada por integrantes do Sepultura, Nitrominds, Ação Direta e Dead Fish.

Três amigos tocavam juntos em São Paulo, produzindo um metal extremo e ultrapesado, só para “relaxar” fora de seus compromissos oficiais, aqueles que pagam as contas no fim do mês. Depois de muito tocar e gravar várias músicas, perceberam a necessidade de ter um vocalista para dar o tom do metal esporrento que saía dos amplificadores. Decidiram, então, chamar o vocalista do… Sepultura!

A bem da verdade o trio não pode se encaixar exatamente no termo “desconhecido”. Trata-se do guitarrista André NM, no Nitrominds, do baterista Marcão, que toca no Dead Fish e no Ação Direta, e do baixista Ricardo Brigas, o penúltimo a entrar no Musica Diablo. O último, vocês já devem ter percebido, é Derrick Green, o negão rastafári de quase dois metros de altura que desde 1998 substitui Max Cavalera à frente do Sepultura. Juntos à cerca de um ano, já têm duas músicas postadas no MySpace.com: “Demo” e “The Flame Of Anger”.

Quando o guitarrista André escutou o álbum “Dante XXI”, do Sepultura, não teve dúvidas em chamar Derrick para completar a mais nova super banda do metal/hardcore mundial. Isso porque, se o vocalista é americano e roda o mundo com o Sepultura, o Nitrominds não fica atrás como um dos grupos brasileiros que mais excursionam pelo underground europeu. A prova de que o fenômeno se dá globalmente está no empresariamento de uma firma da Dinamarca, e de mais de dez logotipos de patrocinadores/apoiadores exibidos na página do grupo.

A base da música do quarteto é o thrash metal dos anos 80, além de “todo o metal que conseguirmos absorver”, como diz a descrição dentro do padrão do MySpace. “Crescemos nos anos 80 ouvindo metal desde os dez anos de idade e tocando metal desde a primeira vez que pegamos um instrumento nas mãos. Só poderia ser metal”, diz a apresentação, já em inglês. O resultado é o metal com certidão de nascimento registrada nos anos 80, mas crescido o bastante por ter incorporado elementos da música extrema contemporânea.

O texto diz ainda que o Musica Diablo começou sem a pretensão ter uma careira comercial, nem vender tanto quanto às respectivas bandas principais de cada um dos integrantes. Mas que logo a formação de projeto se mostrou forte e consolidada como banda. Em dezembro, o grupo apareceu numa mini-entrevista na MTV, e desde o mês passado, com a volta de Derrick de uma turnê européia com o Sepultura, está em estúdio finalizando 15 músicas para um possível álbum de estréia. Podem esperar que aí vem paulada na moleira.

Confira: www.myspace.com/musicadiablo

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12/02/2010 - Musica Diablo atualiza thrash metal - Banda formada por veteranos e que tem como vocalista Derrick Green, do Sepultura, lança disco de estreia e parte para turnê na Europa.

A história é mais ou menos conhecida: veteranos que tocam em bandas de hardcore decidiram se juntar para relembrar os velhos tempos da juventude, quando, coincidência ou não, curtiam o thrash metal dos anos 80. André NM (Nitrominds, guitarra), Ricardo Brigas (Siegrid Ingrid, baixo) e Marcão (Ação Direta, bateria) começaram a tocar como quem não queriam nada até surgir a idéia de chamar ninguém menos que Derrick Green, do Sepultura, para os vocais. E não é que ele topou? Aí a coisa ficou séria e logo apareceu gente interessada em colocar o Musica Diablo no mercado.

Tão séria que Marcão teve que sair – depois de ser chamado para o atuante Dead Fish –, deu lugar a Edu Nicolini (também do Nitrominds) e foi preciso agregar a experiência do guitarrista André Curci, do Threat, com passagem também pelo Korzus. Nenhum bobo, né? Com essa formação o grupo gravou o disco de estréia, “Música Diablo”, um apanhado de faixas matadoras que modernizam o thrash metal sem abandonar suas raízes. O disco, com produção de Rafael Ramos, sai este mês, aqui e na Europa, para onde o grupo se manda para a primeira turnê, com datas agendadas na Alemanha, República Tcheca, Áustria e Polônia, entre outros países.

O Rock em Geral acompanhou parte das gravações e viu de perto a construção de riffs e solos em várias músicas, em meio ao verão senegalês do Rio de Janeiro. Agora, depois de ter acesso ao disco finalizado, conversamos com André NM, por e-mail, sobre a construção e manutenção de uma banda dependente de outras para existir, ao menos por enquanto. Ele fala das músicas, da expectativa das turnês e de como é trabalhar com o vocalista de uma das maiores bandas do heavy metal mundial. Veja:

Rock em Geral: Fale como a banda foi montada e como o Derrick entrou:

André NM: Eu e o Marcão, do Ação Direta (hoje no Dead Fish) queríamos montar alguma coisa juntos. Ele tinha um bar, eu sempre estava por lá e numa dessas conversas decidimos começar a ensaiar no meio de semana. O Brigas estava no bar também, acabou entrando por “osmose”. Ficamos ensaiando um tempo até sentir a necessidade de colocar alguém para cantar. Precisávamos de um vocalista e eu basicamente liguei para o Derrick e disse: aqui é o André, do Nitrominds, estou com um projeto tocando metal e precisamos de um vocalista. Estava escutando o “Dante XXI”, do Sepultura, e acho que sua voz se encaixaria perfeitamente no som que fazemos. Ele me disse: “manda uma demo para eu escutar” e entrou na banda.

REG: Vocês assinaram com uma produtora na Europa, como isso aconteceu?

André NM: Depois da primeira demo e do primeiro MySpace, Tommy Morriello, da CBBM, um alemão que já havia morado no Brasil (hoje vive na Dinamarca), quando trabalhava no departamento artístico da EMI, me escreveu e começamos a conversar. Ele estava começando a produtora dele e queria trabalhar com a gente. Vi que tínhamos muitas coisas em comum e que ele tinha uma visão que poderia levar a banda a algum outro lugar. Fechamos com ele desde então. Ele tem no cast o Onslaught, Gama Bomb, Girl School e o Chain First.

REG: Como está o lançamento no Brasil?

André NM: Aqui está nas mãos do Silvio Golfetti (ex-Korzus), da Voice Music, Die Hard e Rock Brigade, e tem previsão de lançamento para dia 22 de maio, um pouco antes do que na Europa, que sairá pela Saol/CMM dia 28 de maio.

REG: Por que a opção de gravar o disco no Brasil?

André NM: Poderíamos ter feito o disco fora, mas tudo estava muito em cima da hora, gravadora necessitando do CD logo e resolvemos fazer por aqui mesmo. E ainda seria muito dispendioso se fizéssemos fora do Brasil.

REG: Por que a escolha de Rafael Ramos para a produção, já que ele não tem bandas de metal no currículo?

André NM: Eu conheço o Rafa desde que ele produziu o disco “Start Your Own Revolution”, do Nitrominds. Gosto do sistema de ele de trabalhar, de pegar no meu pé sem parar, uma coisa meio masoquista da minha parte. Eu sabia que ele não tem o background no metal, porém ele é um ótimo produtor e tem um estúdio a altura do que precisávamos. Ele tem bom gosto e é um “metaleiro” de carteirinha.

REG: O Musica Diablo ainda não fez nenhum show e já gravou um disco. Acredita que a banda vai funcionar em turnês?

André NM: Pois é, ainda não tocamos e já vamos sair em turnê pela Europa. Começamos como um projeto e agora somos uma banda de verdade. Sempre estivemos em função da agenda de todo mundo, agora não mais. Esse tempo todo foi ótimo, porque estruturamos a banda e tudo que ela precisa, como turnê, booking, management, merchandise, identidade visual e o disco propriamente dito. Somos músicos experientes, tocamos há muitos anos em outras bandas e as coisas foram saindo naturalmente.

REG: Tem sido difícil trabalhar com o Derrick, por conta dos compromissos dele com o Sepultura? E com os outros integrantes, que também tocam em outras bandas?

André NM: Isso tem sido um entrave, porém tudo é esquematizado muito antes de acontecer. O Sepultura tem uma grande turnê pra fazer, principalmente desde o ano passado, por causa do lançamento do CD (“A-Lex”, lançado no ano passado). Derrick tem ficado muito ocupado, estamos saindo em turnê agora porque o Sepultura tem um intervalo, para o Andreas (Kisser, guitarrista) sair em turnê com o Hail (outra banda do guitarrista, com músicos tarimbados do metal mundial). Mas eu sempre digo que “não faz é porque não quer”, sempre há um jeito quando se tem vontade. Ajeitamos as agendas de todos e vamos colocar essa banda na estrada.

REG: Embora tenha onze músicas, o disco não é muito longo. Isso mostra a urgência que vocês queriam dar às músicas?

André NM: O disco tem o tamanho que deveria ter. Onze músicas, ele acaba e você o coloca de novo para escutar. Gravamos 14 músicas, algumas dessas sairão em outras edições, como em vinil em um futuro próximo. Para ser um disco de estreia tem que ser assim, como um tapa na cara!

REG: O disco é todo bem acelerado, as músicas disponibilizadas no MySpace ficaram mais velozes no CD . Era uma premissa da banda? Vocês tocaram mais rápido no estúdio, na hora de gravar?

André NM: Musica Diablo é um mix de hardcore com metal, mais para thrash metal do que hardcore. Gostamos de tocar músicas rápidas, sem muitas frescuras, tocamos sempre assim, nos ensaios as músicas ficam até mais rápidas. O Edu senta a mão na batera!

REG: No Musica Diablo o Derrick usa vocais “mais limpos” em relação ao trabalho dele no Sepultura. Isso foi acertado entre vocês?

André NM: Na nossa banda Derrick é livre para fazer o que ele quiser, acho que nosso tipo de música pede naturalmente que ele brinque mais com a voz, e é isso que ele tem feito. Nada acertado, tudo acontece naturalmente na banda, sempre uma surpresa nova quando ele encaixa as letras nas músicas.

REG: O disco tem grande inspiração no thrash metal dos anos 80. Como vocês fizeram para atualizar esse tipo de som para 2010?

André NM: Boa pergunta! Não sei, acho que isso está no nosso sangue.

REG: Num paralelo com os anos 80, o Musica Diablo está mais para Slayer do que para Metallica? Quais bandas dessa época foram referência para a banda?

André NM: Basicamente Nuclear Assault, Slayer, Exodus, Metallica, Kreator, Dark Angel, Forbidden… Tudo que crescemos ouvindo e bastante hardcore, crossover como GBH, Discharge, DRI e tudo que é de bom dos anos 80. Cresci ouvindo essas bandas e tocando covers deles. O disco “Kill ‘Em All”, do Metallica, sempre foi minha inspiração na hora de fazer riffs.

REG: “Lifeless”, de outro lado, é a cara do Exodus. Fale sobre essa música:

André NM: Eu acho que ela tem um “que” de pura desgraça, com Dark Angel, Death, porque é a mais rápida do disco e tem um meio poderoso que lembra ás vezes o Forbidden.

REG: “In The Name Of Greed” é uma das melhores do disco, apesar de ser mais cadenciada e nem ter solo. Como surgiu esse riff poderoso?

André NM: Essa estava limada do disco, talvez por que não seja rápida. Mas o Derrick encaixou um puta vocal com uma ótima letra. Essa foi a nossa segunda música a ser feita, há dois anos. Confesso que estávamos meio de saco cheio dela, mas ficou ótima e concordo que ela é uma das melhores do disco.

REG: “Sweet Revenge”, escolhida para abrir o CD, pode ser considerada a música que melhor representa o som da banda?

André NM: Acho que sim, ela tem uns riffs super rápidos à Nuclear Assault, depois uma parte hardcore inglês no refrão com um meio cadenciado. É bem isso mesmo que é a banda.

REG: O clima tenso de “Underlord” tem semelhança com o metal contemporâneo europeu. Fale como essa música foi criada:

André NM: Essa nasceu em uma época que eu estava pensando em brincar mais com as notas, fazer dobras em 3# ou em 5#. Eu gravo tudo no meu computador e mando um mp3 tosco pra galera ouvir. No ensaio vamos encaixando as partes pertinentes da música. Estava ouvindo bastante uma banda chamada Light This City nessa época.

REG: Como tem sido a resposta ao lançamento do disco lá fora, em nível de mídia e convite pra shows? Há turnês agendadas?

André NM: Tem sido muito boa. Muita gente fica com o pé atrás por causa do Derrick ser do Sepultura, sempre tem aquele fã do Sepultura que mete a boca em qualquer coisa que seja diferente deles, mas tem muita gente gostando mais do Derrick no Musica Diablo. São duas bandas completamente diferentes, dois sons distintos, nada haver um com o outro. Tem um apelo muito bom, estamos indo agora para uma turnê promocional curta e já estamos com propostas de voltar em novembro em algo mais extenso. Aqui no Brasil vamos fazer a estreia da banda em setembro, no Porão do Rock, em Brasília.

REG: Você e o Edu tocam hardcore no Nitrominds há muitos anos. Por que agora partiram para o metal?

André NM: Eu e o Edu tínhamos bandas de metal aqui no ABC nos anos 80, nunca paramos de escutar metal. Ele tocava no Menace e eu no Guillotine, uma vez ele até tocou guitarra no Guillotine. A gente se conhece há mais de 20 anos, sempre tocamos em uma banda ou outra. Nitrominds é hardcore, mas também tem um pé no metal, coisa que não dá pra esconder. Não partimos para o metal, somos do metal desde criança. Punk/harcdore também é lindo, eu sou hardcore pra caralho. Punk é um filosofia de vida, eu cresci nessa atmosfera, nos anos 80, escutando Slayer e GBH ao mesmo tempo. Somos músicos podemos querer tocar qualquer estilo de música.

REG: Acredita que o Musica Diablo possa se tornar a banda principal do Derrick Green, no caso de uma reaproximação de Max Cavalera e Sepultura? Esse assunto é tratado na banda?

André NM: Eu gostaria muito que isso acontecesse. Hoje o Sepultura é o que paga as contas dele, e o Nitrominds paga as minhas. Essa história de reunião é um boato, acho que todo mundo queria ver o Max de volta, e eu também, seria do caralho ver um show desses, mas isso infelizmente nunca irá acontecer. Eu não falo isso por causa de uma visão de ter o Derrick focado apenas no Musica Diablo, mas porque acho o Sepultura umas das melhores bandas do mundo, que colocou o Brasil no mapa. A gente nem fala nisso na banda. O Derrick, pra gente, é o nosso vocalista e não o cara do Sepultura. Nosso amigo de dois metros de altura. Ele é talentoso e gente fina pra caralho, veste a camisa da banda. É isso que está em pauta pra gente, se ele fosse um mané ou só um famosinho qualquer, estaria fora.

por Marcos Bragatto

Rock Em Geral

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