sábado, 19 de setembro de 2009

# 121 - 18/09/2009

Rammstein – Pussy
Megadeth – 1-320
Obituary – List of dead

Bloco produzido por Jô:

Bloodbath – At the beehest of their death
Death – Evil Dead
Sinister – To mega therion
Carcass – Carneous Cacoffony

Drop Loaded :

Ponyboy – Minerva
Rosie and me old folks – new year

Úteros em Fúria – You Just Follow All the rules
Lisergia – Boneco de lata

Raul Seixas – Ouro de tolo

Tributo a Raul Seixas AO VIVO, com Julio Dodges, Plástico jr. e Leo Airplane

Kid Vinil Experience – everywhere with Helicopter
Superguidis – everybody thinks I´m a raincloud when I AM not nothing
Lê Almeida – King and Caroline
Surfadelica – Allright
Continental Combo – Echos Myron
Snooze – Bulldog skin

Chamada AO VIVO para o Festival “Eu sou do rock”
Com Estranho e Adriano (Karne Krua)

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(por Adelvan) Lembro-me bem quando ouvi “ peace sells ... ” do Megadeth pela primeira vez. Foi um choque. Virei fã imediatamente. Já era fã do Metallica e fiquei feliz ao constatar que aquele primeiro e obscuro guitarrista de minha banda favorita, que havia sido expulso por bebedeira antes mesmo da gravação do primeiro disco, “Kill´em´all”, tinha dado a volta por cima e montado uma banda tão original e energética. Parte da originalidade do Megadeth vinha, inclusive, da conhecida voz de “pato rouco” de Dave Mustaine, algo que todos estranhavam no início mas que se incorporou ao estilo do grupo de tal forma que se tornou uma das principais características de seu som (o que me lembra um comentário meu numa resenha de um post anterior onde citei esse mesmo estranhamento inicial seguido de uma incorporação perfeita ao som com relação ao vocal de uma conhecida – e querida – banda local). Pois bem, continuei admirando e acompanhando a carreira deles por um bom tempo até, mais recentemente, me decepcionar completamente com o comportamento de meu antigo ídolo. Me causou especial estranheza e desgosto as atitudes dele com relação à política na época da administração Bush, quando se revelou um direitista empedernido e militante, algo que ele, definitivamente, não era. Mas a pá de cal veio mesmo com sua participação no último filme do Metallica, “some kind of monster”, onde aparece pateticamente (e quase que literalmente) chorando mágoas do passado, se humilhando até, aos pés de Lars Ulrich. Em todo caso, Megadeth tá com disco novo na praça. Nada de muito novo, o velho thrash cheio de solos e riffs ensurdecedores e palavras cuspidas ao microfone pela boca torta e babona do Sr. “injustiçado patriota que ama Deus, sua pátria e sua família". Não é nenhuma obra-prima mas vale uma conferida, em nome dos velhos tempos. - até porque riffs de guitarra não falam besteira nem têm ideologia.

Abaixo, reproduzo a polêmica que tomou conta do mundo do metal na época do lançamento do disco anterior, “united Abominations”.

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A direita do rock
Matéria publicada na edição nº 2024, de 05 de setembro de 2007, da revista Veja.

Dave Mustaine, do Megadeth, compra briga
ao revelar sua faceta conservadora

por Sérgio Martins

No mundo americano do entretenimento, um muro ideológico separa os artistas de música country dos astros do rock. Os primeiros, grosso modo, são conservadores e têm um discurso nacionalista. Os roqueiros, por sua vez, se alinham em peso com os políticos e as políticas liberais (caso não sejam completos alienados, o que também é freqüente). Por isso, cada vez que um artista se desgarra de sua respectiva fileira e pula o muro, o acontecimento é motivo de discussões acaloradas ou mesmo de animosidade explícita – um estado de coisas que só fez se acentuar desde o 11 de Setembro. Em 2003, por exemplo, o popularíssimo trio feminino de country Dixie Chicks foi banido da programação de 262 rádios americanas porque, num show, uma das vocalistas tentou levantar uma vaia contra o presidente George W. Bush e a intervenção no Iraque. Agora, a polêmica se repete – mas no sentido inverso – com a briga entre o Megadeth, grupo que se notabilizou por tocar rock em velocidade acima da permitida, e a Organização das Nações Unidas. United Abominations (Abominações Unidas), novo disco da banda, acusa o órgão de conluio com grupos terroristas e repisa uma suspeita de corrupção envolvendo o filho de Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU.
O outro protagonista da briga é Mark Leon Goldberg, jornalista do blog UN Dispatch – apoiado pela Fundação ONU, mas sem vínculo editorial com a entidade. Goldberg dissecou todas as canções de United Abominations e ironizou – com razão – os ralos dotes intelectuais de Dave Mustaine, vocalista e guitarrista do Megadeth. "O sujeito confunde Hamas com Hezbollah; que dirá de outras questões que coloca no disco", ironizou o jornalista. Mustaine revidou dias depois, dizendo que o álbum poderia até conter informações erradas, mas refletia o que sentia como "um patriota que ama Deus, sua pátria e sua família".
Mustaine já foi um roqueiro que defendia causas liberais. Sua conversão em conservador, porém, não é inédita no showbiz. No começo de carreira, na década de 50, o cantor Elvis Presley era tido como uma ameaça aos bons costumes. Em 1970, enquanto ainda corria a Guerra do Vietnã, ele baixou na Casa Branca para saudar Richard Nixon – ocasião em que foi também alçado ao posto de "embaixador da juventude" dos Estados Unidos e criticou os Beatles e os Rolling Stones, que, segundo ele, incentivavam os jovens a consumir drogas. (Detalhe: quando fez tal declaração, Elvis só funcionava à base de substâncias ilícitas.) Outro caso curioso é o do cantor canadense Neil Young. Nos anos 70, ele protestou contra o governo Nixon e, na canção Ohio, acusou o presidente de ser cúmplice num massacre de estudantes universitários. Na década seguinte, Young surpreendeu ao declarar seu apoio ao também republicano Ronald Reagan. Na ocasião, ele se explicou dizendo que não acreditava na divisão entre liberais e conservadores, mas sim entre bons e maus governos. Young, pelo visto, não estava falando da boca para fora, visto que recentemente advogou o impeachment de George W. Bush. Bem mais raros são exemplos como o de Johnny Ramone, líder do grupo punk The Ramones, que se orgulhava de ter votado em todos os candidatos do Partido Republicano e, certa feita, terminou um discurso de agradecimento com a frase "Deus salve George W. Bush e a América".
Vale frisar que, nos Estados Unidos, mesmo os roqueiros mais à esquerda reservam uma postura pública de solidariedade aos seus soldados – por não serem eles os artífices das guerras, mas suas vítimas potenciais, e também em virtude de uma tradição consolidada na II Guerra, quando todas as celebridades se dedicavam a apoiar ou animar as tropas. Não é por essa linha mais razoável que segue o Megadeth. "Sou um soldado hi-tech. / Tenho infravermelho, tenho GPS, / tenho o bom e velho chumbo.... / Nossas tropas limpam o lixo para a velha e boa América", prega uma das letras de Mustaine no novo álbum. E ele a canta com um fervor de deixar qualquer conservador de carteirinha no chinelo.

Agora uma resposta de um fã publicada no site WIPLASH

Por Bruno Aquino | Em 13/09/07

Venho expor o meu completo desapontamento com a matéria "A Direita do Rock", escrita pelo senhor Sérgio Martins e publicada na edição nº 2024, de 05 de setembro de 2007, da revista Veja. Ao tentar demonstrar as incoerências existentes entre os discursos de certos ídolos do Rock e suas atitudes, o artigo toma como exemplo principal o guitarrista Dave Mustaine, líder da banda norte-americana Megadeth. Mas, ao longo do texto, percebe-se o total desconhecimento do autor sobre o assunto abordado ao tentar interpretar letras de músicas da banda de forma equivocada, colocar declarações de Mustaine fora do seu contexto original e, como se isso já não bastasse, ainda impingir ao Megadeth a autoria de uma música que jamais fez parte de seu repertório, nem foi composta por qualquer de seus integrantes.

Dave Mustaine sempre foi um músico politicamente engajado e usa sua música para divulgar suas opiniões. Ao contrário do que o Sr. Sérgio afirma, ele nunca foi nem é um conservador de direita. Em grande parte de sua obra, ele critica, de forma ácida até, as muitas ações belicosas e infundadas praticadas pelo governo de seu próprio país. Álbuns como "Rust In Peace", "The System Has Failed" e, mas recentemente, "United Abominations", transbordam mensagens que desnudam a total ingerência dos EUA - principalmente - e da ONU nas relações políticas internacionais e a incompetência de ambos em solucionar situações de conflito de forma civilizada.

De forma descontextualizada, foi citada uma frase de Mustaine para dar ao leitor dessa revista a impressão de que ele concorda com as ações do governo americano. Ao se defender de uma crítica feita por um jornalista sobre uma suposta confusão de nomes de grupos terroristas em uma de suas músicas, o guitarrista teria dito que o álbum poderia até conter informações erradas, mas refletia o que sentia como "um patriota que ama Deus, sua pátria e sua família". Ora, amar a Deus, sua pátria e sua família não significa necessariamente ser um Positivista Comteano. Justamente por amar a Deus, sua pátria e sua família é que ele se põe ferrenhamente contra tudo o que seu país representa no cenário político mundial. Um bom exemplo de como não ser um conservador.

Nessa mesma tentavitiva de mostrar um Dave Mustaine que não existe, o autor do artigo em questão deixa claro o seu desleixo, ao pesquisar o tema, citando, numa tradução sofrível, um trecho da música pró-América "Iraq And Roll", de Clint Black, dizendo, errôneamente, ser uma das canções integrantes do último trabalho do Megadeth. Um constrangedor equívoco, haja vista que estamos falando de algo que foi plublicado em um veículo de comunicação de abrangência nacional e que, portanto, pressupõe-se que seus colaboradores pelo menos confirmem a origem e/ou veracidade de seus argumentos antes de os colocarem ao alcance dos leitores.

Quanto à expressão "ralos dotes intelectuais" cunhado pelo Sr. Sérgio ao se referir às idéias políticas do guitarrista americano, devemos nos lembrar que Mustaine não é um sociólogo e nunca pretendeu escrever um tratado sobre a Nova Ordem Mundial. Ele é apenas um músico que tentar conscientizar seus fãs sobre um mundo que está perdendo sua humanidade e que os princípios fundamentais de liberdade, igualdade e fraternidade não são meramente palavras pintadas em uma bandeira revolucionária. Acho que os "ralos dotes intelectuais" podem ter sido um tiro pela culatra.

Entristece-me saber que uma revista do porte da Veja tem, em seu quadro de funcionários, pessoas que escrevem críticas sem conhecimento de causa, permeados por erros bisonhos, primários, e que esconde um ranço preconceituoso sobre o objeto discutido.

Tenho 31 anos, sou servidor público federal concursado, bacharel em Direito e tenho o Rock em todas as suas vertentes como o meu estilo preferido desde 9 e posso dizer, sem pestanejar, que o Rock sempre teve muito mais a dizer do que qualquer outro estilo musical e que, só a discografia do Megadeth põe qualquer esquerdista de carteirinha no chinelo.




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