segunda-feira, 20 de maio de 2019

Necro: "Gente junta nas ruas ouvindo música é um dos pilares para a destruição do fascismo, do patriarcado e do capital.

Uma das bandas mais criativas do pais, ambientados talvez por um tropicalismo aliados a um rock progressivo, a Necro destrinchou inúmeros espaços musicais , e pudemos falar com eles sobre isso. 

Me lembro que a primeira vez que vi e ouvi falar da Necro ,foi numa performance na Galeria Olido no centro de Sp ,o que vcs se lembram desse momento?
Foi em 2013, em nossa primeira ida a São Paulo. Tocamos, além da Galeria Olido, numa virada cultural “pirata” no Anhangabaú, no finado Formigueiro, em Barueri e em São Caetano. Lembramos com muito carinho desse rolê, onde muitas pessoas puderam nos ouvir pela primeira vez e onde conhecemos pessoas muito queridas. 

Quando vcs deixaram de Necronomicon a utilizar Necro?
Por volta de 2014, quando estávamos para lançar nosso segundo disco. 

Como foi trabalhar no primeiro registro?
Gravar o “The Queen of Death” foi um grande aprendizado. Fizemos em casa, ao longo do ano de 2011, sem nenhum equipamento profissional e sem conhecimento algum sobre produção. O disco foi gravado diretamente na placa mãe de um pc velho, e usando o software Audacity (o MS Paint dos editores de áudio). Apesar de totalmente lo-fi, o disco foi bem recebido e elogiado nos nichos de rock pesado. Muitas portas foram abertas por causa dele, principalmente após ter sido prensado em LP por um selo gringo. 

Em 2015 vcs lançaram o homônimo álbum (discaço) , como foi a produção e receptividade do mesmo?
O disco foi gravado em 2014, quando já tínhamos um material melhor para gravação (uma interface de áudio e um kit de microfones de segunda mão), além de um pouco mais de experiência em gravações caseiras. Foi um salto em qualidade sonora (embora ainda bastante lo-fi para os padrões da indústria musical). Neste disco colocamos pela primeira vez letras em português e arranjos vocais mais complexos. Foi um álbum muito bem recebido, conseguimos alcançar um público inesperado e heterogêneo. Em 2014 saiu em LP pelo selo gringo Hydro-Phonic Records (o mesmo do primeiro álbum) e em 2015 saiu em CD pela Baratos Afins. 

Como surgiram os vídeos de Dark Redemption e 17 horas?
Queríamos produzir vídeos sem custo, então juntamos um equipamento que tínhamos com o de amigos e fizemos as filmagens em nossas casas. Fazer filmagens é um processo muito trabalhoso, mas conseguimos bolar um bom material em relativamente pouco tempo de filmagens. 

A parte gráfica dos materiais da banda são impecáveis , quando vcs começaram a trabalhar com o Cristiano Suarez? E como surgiu o trabalho do Fernando JFL pra alguns singles?
Trabalhamos com Cristiano desde o primeiro disco, “The Queen of Death”, em 2011/2012. Lillian o conhecia desde a adolescência (ambos são nascidos na mesma cidade, Palmeira dos Índios) e o indicou para fazer a capa do álbum. Cristiano curtiu tanto o som que nem sequer quis cobrar pela arte. Foi sua primeira capa de disco, a propósito. Seu trabalho é incrível e ele só evolui a cada novo trampo. Grande parte da exposição que a banda teve foi graças às suas artes fantásticas. O Fernando a gente conheceu nos rolês punk nordeste, quando ele tocava na Cätärro. Sempre acompanhamos seus trampos sensacionais para bandas de punk/metal. Um belo dia ele chegou nos entregando uma arte, dizendo que era um presente! Usamos como capa do single “Deuses Suicidas” e depois como postêr que acompanhou a pré-venda do LP “Adiante”. 

Há 3 anos vcs lançaram o magnífico “Adiante” que trouxe inúmeras críticas positivas e uma visibilidade mundial , nos falem sobre isso e da edição em vinil 
“Adiante” foi nossa primeira gravação “profissional” de fato. Fomos para o Rio de Janeiro gravar com Gabriel Zander no estúdio SuperFuzz (que já não existe mais). Estávamos muito afiados, tendo ensaiado as músicas durante vários meses, o que nos deixou seguros para gravá-las em apenas 3 dias. Foi o trabalho que fizemos que teve mais exposição e visibilidade, graças a uma conjunção de fatores maravilhosos: uma produção impecável do Gabriel Zander, o lançamento através do selo Abraxas (o primeiro do selo), a arte incomparável do Cristiano Suarez e as músicas em si, nosso trampo mais maduro em termos de composição, arranjos e letras. Posteriormente, “Adiante” ganhou duas prensagens em LP, uma nacional, parceria da banda com os selos Abraxas e Baratos Afins, e uma alemã, pelo selo Electric Magic (dos caras do Samsara Blues Experiment). 

O que foi referência pra confecção das canções do álbum?
Não pensamos em nenhuma referência específica. Talvez de forma geral as coisas que andávamos ouvindo na época, mas são coisas tão diversas que não sabemos até que ponto foram usadas conscientemente como referência – blues, cantoras brasileiras, jazz, música erudita do séc. XX… 

Quando surgiu o trabalho com a Abraxas?e como surgiu o split com o Witching Altar?
Por volta de 2014 a Abraxas entrou em contato conosco, explicando sua proposta de movimentar o rolê psych/stoner/etc e nos convidando para participar do cast. Topamos na hora, e assim conseguimos organizar algumas tours incríveis pelo sudeste, sul e centro-oeste. Eventualmente, Abraxas se tornou selo, e continuamos nossa parceria lançando através deles. Pela mesma época recebemos uma proposta do selo Hydro-Phonic para lançar um split com a Witching Altar. Já tínhamos contato com os caras da banda antes, então ficou tudo em casa. Neste split entramos com duas músicas ao vivo (gravadas em São Paulo em 2014) e a então inédita “Contact”. Está pra rolar uma edição nacional desse split, em breve contaremos mais sobre isso. 

Como foi a passagem por sp , recentemente?
Foi incrível! Tocamos no Sesc Belenzinho para um grande público e aproveitamos para filmar um novo clipe na cidade. Além de São Paulo, tocamos no Rio de Janeiro, em Ouro Preto e em Belo Horizonte, sempre com muita gente e muito acolhimento! 

Todos vcs possuem projetos paralelos?como conciliam?
Não costuma ser problema conciliarmos nossos trabalhos paralelos. Em sua maior parte são projetos solo, o que faz com que não tenham uma agenda de apresentações extensa. Mesmo a Necro toca bem menos hoje em dia do que há uns anos atrás.
por Pei Fon
O que planejam pra breve?
Estamos lançando agora um novo EP, “Pra Tomar Chá”, que em breve também ganhará um vídeo. Queremos fazer shows divulgando esse trampo novo. Paralelamente, estamos trabalhando nas composições de um novo álbum, cuja produção se iniciará ainda esse ano. 

Considerações finais
Sempre que possível, vão ver as bandas da sua cidade ao vivo. Gente junta nas ruas ouvindo música é um dos pilares para a destruição do fascismo, do patriarcado e do capital.

por RARO ZINE

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