segunda-feira, 23 de março de 2015

MINISTRY, PORRA !!!!!!!!!!!!

Foto: Edi Fortini
Cerca de 700 pessoas compareceram no dia 06 de março de 2015 ao Audio Club, em São Paulo, para presenciar a primeira passagem do Ministry, banda pioneira do rock industrial, pelo Brasil. “Banda” em termos: trata-se da lenda-viva (há quem diga que por pouco tempo) Al Jourgensen acompanhado de uma competentíssima “trupe”que ele definiu numa entrevista à revista Rodie Crew como, basicamente, “o Prong com um vocalista melhor”: Tony Campos (que também toca no Soufly) no baixo, Aaron Rossi na bateria, John Bechdel (Fear Factory, Killing Joke) nos teclados e Monte Pittman – que, acredite, toca há anos com a Madonna! – numa das guitarras. Na outra guitarra a única exceção, o californiano - com cara de mexicano - Sin Quirin. Que nunca tocou no Prong.

Foto: Edi Fortini
A platéia, por conta dos mais de 20 anos de atraso, se transformou num verdadeiro ponto de encontro de roqueiros doidões de meia-idade vindos de todas as partes do Brasil. Dentre eles, alguns “pesos-pesados” do jornalismo musical safra década de 1990, como Regis Tadeu e os Andrés Barcinsky e Forastieri. Eu revi amigos de longa data do Rio – Hudson, eterno ex-INP$ - Goiânia – Marcio Jr., do Mechanics e da Monstro Discos – e de SP mesmo – Eduardo Abreu, ex-diretor de filmes pornô e editor da revista 100Tribos. Uma verdadeira festa de confraternização de luxo, com sonorização de primeira.

Não teve discotecagem, apesar de João Gordo constar no “cardápio”. A julgar pelo que eu havia visto na noite anterior não perdemos muita coisa. Nem banda de abertura. Teve atraso, o que na verdade veio a calhar, pois contribuiu para que acontecessem os encontros descritos no parágrafo anterior. Nevermind: o que importa é que os caras estavam lá, fizeram um puta show e deu pra ver tudo de forma confortável, relativamente perto do palco mas a uma distancia segura da insanidade que, previsivelmente, se materializou na “linha de frente” ...

A visão de quem entrava na casa já era de arrepiar: o característico pedestal com osssadas à frente e um telão com o nome da banda ao fundo. Telão que passou a mostrar imagens muito bem editadas que ilustravam as letras das músicas à medida que estas iam sendo  executadas - em alto e bom som! Não tão alto, nem tão bom, mas ok.  Tudo quase perfeito, da perfomance ao repertório, que ignorou o fato de que aquela era a primeira vez deles por aqui e seguiu o roteiro da tour, com destaque para músicas do disco mais recente, “From Beer to eternity”. Blocos de músicas de álbuns específicos executados em sequencia, na verdade. Às vezes na exata sequencia em que estão nos discos, como no caso das quatro primeiras, “Hail to His Majesty”,  “Punch in the Face”, “PermaWar” e “Fairly Unbalanced”. Do “Rio Grande Blood”, por exemplo, tivemos faixa-título e as matadoras “Señor Peligro” e “LiesLiesLies”, esta última com o refrão cantado a plenos pulmões pela platéia.

Saltava aos olhos – e ouvidos – à esta altura a qualidade técnica dos músicos, especialmente de Quirin, que debulhava a guitarra em solos fantásticos sob o olhar de aprovação do “Uncle” Al. A massaroca sonora era precisa, opressiva e impiedosa, mas soava como um bálsamo auditivo para quem esperou quase que uma vida inteira pra ver – e ouvir! - aquela desgraça ao vivo.  O show prossegue com duas “dobradinhas”: “Waiting” e “Worthless”, do “Houses of the Molé”(2004), e “Watch Yourself” e “Life Is Good”, do “The Last Sucker”(2007). E então o mundo acabou ...

... porque eles entraram, finalmente, na fase áurea da banda, do final dos anos 80 ao início dos 90, com uma sequencia absolutamente matadora: “NWO”, “Just One Fix”, “Thieves” e “So What”. Sangue, suor e lágrimas. Por todos os lados.

Já teria valido a pena só por estes quatro petardos, o que torna passível de perdão o bis preguiçoso e anticlimático, com a arrastada “Khyber Pass”, do “Rio Grande Blood”, e “Enjoy the quiet”, uma colagem de ruídos que serviu de trilha sonora para uma decida de Al até a platéia para cumprimentar os que estavam colados na grade.

Aquele foi o tipo de noite que se recusa a acabar, então saímos eu e meus camaradas Reinaldo, Hudson e Marcio Jr. atrás de um boteco para comemorar o feito. Encontramos. Bebemos. Comemoramos.

E nunca esqueceremos.

A.

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Set list:

Hail to His Majesty
Punch in the Face
PermaWar
Fairly Unbalanced
Rio Grande Blood
Señor Peligro
LiesLiesLies
Waiting
Worthless
Watch Yourself
Life Is Good
N.W.O.
Just One Fix
Thieves
So What

Khyber Pass
Enjoy the quiet

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3 comentários:

  1. Cara... pelo jeito foi um negócio acachapante, o inferno na Terra mesmo. Só essa dobradinha "Señor Peligro"/"LiesLiesLies" e a seqüência com os clássicos já deve ter compensado essa peregrinação industrial-metálica. Valeu pelo review destruidor.

    Abraço!

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  2. Ministry no Rock in Rio, porra!!!!!

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  3. Melhor e mais surpreendente notícia do ano, de longe. Pena que eu não vou - Nunca pensei que fosse dizer isso sobre o rock in rio, rs ...

    Espero que passe na televisão ...

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