sábado, 3 de março de 2012

pdrock, Hoje, só na net ...

Ao contrário da semana passada, hoje é a radio propriamente dita que está fora do ar, então o programa de rock vai rolar apenas via net, e só com musica, sem locução ao vivo. Tocarei 3 sons novos que já estavam programados (pra não perder o frescor da novidade) e depois chafurdarei na lama de nossos arquivos para fazer um programa retrospectivo. Os sons novos são "Hordes of zombies", do Terrorizer, "Double tap", do Ministry, e "Noctourniquet", do Mars Volta.

Grato pela pela audiência e pela atenção de todos ...

Adelvan.

PS: Abaixo, uma entrevista recente com o Terrorizer, publicada originalmente no site português "Misantropia extrema":

“Donos” de um dos discos que definem o que é o grindcore («World Downfall», de 1989), os Terrorizer protagonizaram um estrondoso regresso à cena em 2006 com «Darker Days Ahead» e o grupo parecia definitivamente lançado para retomar a carreira quando a tragédia se abateu sobre ele. O guitarrista Jesse Pintado falecia de doença hepática em 2006, deixando os Terrorizer com um enorme buraco por preencher na sua formação e um ponto de interrogação em relação ao futuro. Este é, no entanto, o ano de mais um regresso da banda: Pete Sandoval (bateria), Anthony “Wolf” Rezhawk (voz), a recrutada Katina Culture (guitarra) e um regressado David Vincent (baixo) gravaram um senhor petardo chamado «Hordes Of Zombies», que marca o ano em termos de grindcore e parecem mais motivados que nunca para recuperar o trono do estilo que em tempos lhes pertenceu. Wolf falou com a Misantropia Extrema.

Quando começaram a composição para este novo álbum e como decorreu o processo até terem o disco terminado?
A composição do disco começou no final de Setembro de 2008 e começámos a gravação em Janeiro de 2009. A Kat e eu escrevemos 13 músicas num fim-de-semana mais uma série de riffs extra para tocarmos em jams e possíveis ideias para quando o Pete chegasse para gravar a bateria, de modo a termos material extra se fosse necessário. Quando o Pete e eu discutimos a ideia de um possível novo disco o nosso plano era gravar uma demo de cinco faixas, mas uma vez que a providência nos deu um processo de composição suave, sentimos que tínhamos possibilidade de gravar a bateria para um álbum inteiro, especialmente porque o Pete ia ser submetido a uma cirurgia às costas. Pessoalmente achei que seria uma boa ideia, porque nos permitiria terminar o disco enquanto ele estivesse em recuperação. A princípio fizemos apenas a demo de cinco faixas. Quando a terminámos, na Primavera de 2009, enviei-a ao Leif Jensen da Clandestine Music, com quem tive o prazer de trabalhar no lançamento anterior dos Terrorizer, «Darker Days Ahead». Senti que ele seria a pessoa certa para trabalhar connosco no que dizia respeito a encontrar-nos uma editora. Quando lhe enviei a demo ele disse-me que gostava do material e que faria o que pudesse para nos encontrar uma “casa” para este novo lançamento. Infelizmente demorámos um pouco mais do que pensávamos inicialmente e não conseguimos que uma editora decente se interessasse pelo projecto até 2011. Mas somos pacientes e crentes firmes, tanto a nível físico como espiritual. Quando embarcámos nesta viagem sabia que tínhamos que ter o espírito da aranha, porque iríamos construir lentamente a nossa teia. Uma vez que já tínhamos a bateria gravada, assim que obtivemos luz verde da editora a Kat gravou as guitarras finais e eu gravei as vozes. Como a Season Of Mist estava envolvida no processo, pedimos ao David Vincent para nos ajudar na gravação. Já tínhamos pensado noutra pessoa, mas disseram-nos que faria sentido tê-lo a ele por causa do legado passado e concordámos em convidá-lo. O Pete falou com o David e disse-lhe que todo o material estava já composto e tudo o que precisávamos era que ele gravasse o baixo no disco. Ele concordou e o resto é história. Foi por essa altura que o Leif nos deu uma lista de possíveis produtores; quando vi o Dan Swanö na lista apareceu logo um sorriso na minha cara. E o facto do Leif nos ter dito que ele estava interessado fez uma grande diferença para mim. Depois de ouvir os últimos trabalhos dele e, claro, estando perfeitamente consciente do legado dele, acrescentado ao facto de ser fã do espírito musical da Escandinávia, tornou-se óbvio que não precisava de procurar mais. Ele é uma pessoa espantosa e achamos que fez um trabalho incrível com o «Hordes Of Zombies».

Foi difícil começar a falar num novo álbum dos Terorrizer depois da morte do Jesse?
Pessoalmente foi, mas para ser sincero era uma decisão que cabia ao Pete, porque ele é o único elemento original. Quando me perguntou se estava interessado em gravar uma demo conversámos sobre a ausência do Jesse e o ele disse-me que ele estava muito motivado e que a vontade dele seria dar continuidade ao legado. Disse-me que o Jesse quereria que continuássemos, o que para ser sincero fez todo o sentido para mim, porque quem conhecia o Jesse sabia que ele adorava música e que era uma das poucas pessoas sem uma ponta de ciúme pelo trabalho dos outros. Em vez disso, apoiava-os e incentivava-os. Durante as gravações do «Darker Days Ahead», a caminho do hotel em que estávamos hospedados, o Jesse disse-me que tinha ponderado a hipótese de se reformar como músico ao vivo mas que gostaria de continuar a compor para nós e connosco. O seu espírito vive com a música que escrevemos para este álbum.

A banda esteve, em alguma altura, em risco de não continuar?
Creio que não. Apenas precisámos de cumprir um período de luto, até para desanuviarmos os nossos corações e mentes e recomeçarmos frescos.

Como chegaram à Katina Culture para a posição de nova guitarrista da banda? Que contribuição criativa teve ela para o disco?
Essa questão leva-nos de volta a quando eu e o Pete falámos pela primeira vez em gravar uma nova demo. Ele perguntou-me quem poderíamos convidar para tocar guitarra. Sem hesitar disse-lhe que podia convidar a Kat se ele achasse bem, uma vez que eu e ela temos tocado juntos nos Resistant Culture há mais de uma década e ela tinha tocado com o Jesse quando ele se juntou à banda depois de sair dos Napalm Death, na altura em que gravou o álbum «Welcome To Reality» connosco. É óbvio que a Kat e o Jesse passaram muito tempo a fazer jams e que ele adorava tocar com ela. No que diz respeito a contribuição criativa, foi basicamente a Kat que escreveu todo o álbum. E há mais de onde este veio.

Ela tem uma grande responsabilidade em substituir o Jesse… Como se tem estado a adaptar?
Bem, a Kat tem formação clássica e toca guitarra desde os 12 anos, por isso sente-se muito confortável com uma guitarra na mão. Ele consegue ler e tocar música de uma pauta, o que a torna uma artista fantástica, por isso não é uma situação complicada, uma vez que ela está basicamente a fazer o que nasceu para fazer. Julgo que é mais a responsabilidade de cumprir o seu próprio destino.

Chegaram a pensar em outras possibilidades para o lugar?
Nem por isso. Se ela tivesse recusado, aí sim, pensaríamos noutra pessoa qualquer.

Este já é o teu segundo lançamento na banda. O trabalho que fizeste ficou mais facilitado porque já sabias basicamente o que te esperava ou as coisas correram de forma similar ao disco anterior «Darker Days Ahead»?
Desta vez foi muito mais fácil em vários aspectos. Primeiro, pude escrever todo o material com a Kat. Basicamente tinha todo o conceito na cabeça e ela ajudou-me a materializá-lo. Depois, assumi os papeis de produtor e director artístico, o que me ocupou bastante durante um bom tempo. Se tivesse havido mais gente envolvida o disco não seria o que é. Pessoalmente sinto-me satisfeito por ter desempenhado estas tarefas. O «Darker Days Ahead» não incluiu nenhuma das minhas ideias para além das letras e, para dizer a verdade, foi um pouco doloroso para mim porque estou habituado a estar envolvido no processo criativo de tudo aquilo em que me meto; seja na arte gráfica ou na música.

Queres revelar-nos um pouco do conceito em que as letras do disco se baseiam? Não é puro gore como o título sugere, pois não?
O único tema mais ligado ao gore desta vez é possivelmente o tema-título, que fala basicamente do papel que a humanidade está a desempenhar na destruição do ambiente, devido à falta de uma verdadeira perspectiva. A maioria dos humanos são zombies a passar pela vida, negligenciando a sua verdadeira natureza e destruindo tudo o que encontram pelo caminho. Na minha opinião, as motivações por detrás deste comportamento são a ganância e a religião, as duas principais filosofias da cultura – ou civilização – dominante, que mantém toda a gente cega e com medo. A maioria das canções fala dos assuntos sociais, políticos ou ambientais que afectam o mundo actualmente. Em alguns casos apontam um comportamento ou doença, mental ou espiritual. Se os títulos das faixas parecem ameaçadores não é porque estejamos a escrever temas gore só para serem gore; é, antes, o facto da própria vida ser, nesta altura, um pouco assustadora. Pessoas sem emprego, abrigo, comida saudável, água potável, ar puro, etc… São este tipo de coisas que fazem os “típicos” filmes de ficção científica tornarem-se realidade nas nossas vidas quotidianas. O facto de estarmos a espoliar o planeta de todas as suas reservas naturais também é assustador. Esta civilização depende dessas reservas e, como tudo o resto, uma vez que abusamos delas, vão eventualmente esgotar-se. Quando isso acontecer todos os zombies vão erguer-se à procura da nossa comida, água, combustível, etc. A não ser que corrijamos ou redireccionemos a nossa energia para algo mais auto-suficiente e levemos uma forma de vida menos consumista, temos um bilhete só de ida para a total aniquilação do ser humano.

Os Terrorizer têm na sua discografia um dos grandes clássicos do grindcore: o «World Downfall». Encaram-no como uma espécie de “adversário”, com que todos os vossos novos lançamentos vão sempre ser comparados?
Não o encaramos como adversário de forma nenhuma, mas obviamente como em qualquer banda queremos sempre fazer o melhor produto possível. E nesta altura não preciso de sublinhar que lançar um novo disco é sempre um enorme desafio. Acho que cada trabalho marca um tempo e espaço… O que é bom nesta banda é que todos carregamos o fogo sagrado da música extrema bem dentro dos nossos corações e almas.

Com o Pete e o David nos Morbid Angel, achas que vai haver possibilidade dos Terrorizer promoverem este novo disco ao vivo?
Vão com certeza existir concertos dos Terrorizer. O Pete não está a tocar nos Morbid Angel neste momento e já expressou a sua vontade e interesse em tocar ao vivo com os Terrorizer nesta fase. O David foi um baixista convidado para a gravação e, como sabes, ele está muito ocupado com os Morbid Angel, por isso o mais certo é que não vá para a estrada connosco.

Este é o segundo álbum que lançam num período de seis anos. Achas que este projecto se pode tornar numa banda “a sério” e lançar discos a um ritmo regular? Já existem, por exemplo, conversas sobre o próximo lançamento?
Oh sim! Já estamos a planear o próximo disco. Temos muitas ideias novas e estamos ansiosos por gravá-las em estúdio. Devemos começar a compor material novo muito em breve, porque gostaríamos de continuar a ter um fluxo contínuo de novos álbuns.

Como estão os Resistant Culture actualmente?
Os Resistant Culture estão bem, obrigado. Já temos um novo álbum pronto a gravar e posso dizer que contratámos os serviços de mistura do Dan Swanö. Já temos uma demo de quatro faixas pronta e soa muito bem! É brutal, com um cheiro de poder místico. Estamos mais que prontos para começarmos a procurar uma editora. Uma das coisas que nos define é que adoramos um bom desafio e não temos medo de trabalhar no duro.

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