2) Diga para esse guitarrista nunca tocar duas notas antes de saber tocar uma nota. E nunca tocar uma nota sem um bom motivo. Se ele identificar o que você disse como uma frase do Colin Newman, líder do Wire, forme a banda imediatamente;
3) Evite covers no primeiro ensaio. Você pode sofrer a maldição do Capital Inicial e os teus maiores hits serão dos outros;
4) Demore quase uma década para compor sua primeira canção de amor. Antes de começar, você pode acabar como o Aerosmith;
5) Todas as músicas serão assinadas com o nome da banda. Sentimento de gangue é importante;
6) Depois que o seu primeiro disco sair de forma independente, negue a proposta de uma grande gravadora;
7) Permaneça independente por mais quatro discos, os executivos vão se babar de raiva e, quando você finalmente ceder, terá o maior contrato que a indústria já viu, sem perder o controle artístico;
8) Nunca se influencie por modas. Quando o grunge estiver no auge, por exemplo, lance um disco com arranjos orquestrados;
9) Se o baterista deixar a banda, nada de contratar outro e fingir que o anterior nunca existiu. Dê uma entrevista ao lado dele para explicar a saída e não ponha ninguém no seu lugar. Mutação tem limite até para uma banda chamada Mutantes;
10) Quando lançar um disco ruim, acabe com a banda. Mas antes grave um disco, aliás, dois – e bons – só para terminar por cima. Aí , sem briga ou alarde, todos anunciarão juntos: acabou.
O manual acima, apesar de perfeito, não é um manual. É a história do R.E.M. cuspida e escarrada. Ou melhor, esculpida em carrara: Michael Stipe conheceu Peter Buck em uma loja de discos. Ao fim do segundo ensaio, já tinham três músicas próprias. A primeira balada romântica é “The One I Love”. A banda demorou cinco discos para assinar um contrato, literalmente inventando o hoje famigerado conceito de banda indie. Ironicamente, a banda mais íntegra do mundo se desintegrou durante o Rock in Rio. Foi o último exemplo da carreira exemplar do R.E.M.Fonte: Rolling Stone Brasil
por Miguel Sokol
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