(NOTA: Uma coisa tem que se admitir: os caras são persistentes!) Enquanto era embalado no colo da mamãe, o Sepultura lançava o álbum “Arise”, que consolidaria de vez a carreira internacional da banda. Mas na próxima sexta, quando o grupo iniciar uma nova turnê pela Europa, na Alemanha, Eloy Casagrande estará lá no fundo, espancando a bateria como faz desde os sete anos. Hoje com 20, o batera prodígio foi convocado para substituir Jean Dolabella, que teve que optar pela proximidade da família à correria das longas turnês de uma banda estabelecida no mercado internacional.
Eloy leva bateria a sério desde os 13 anos, e ganhou notoriedade no grupo de apoio de Andre Matos, além de ter entrado recentemente para o Gloria, com quem se apresentou no Rock In Rio. Quem já o viu tocando sabe que o rapaz é um verdadeiro animal das baquetas. Com uma pegada pesada e agressiva, cai certinho no Sepultura. O site Rock Em Geral, de Marcos Bragatto, conversou rapidamente com ele para saber como aconteceu esse salto na carreira, e também com o guitarrista Andreas Kisser, que fala da saída de Jean e da escolha de Eloy. Primeiro os mais velhos:
Rock em Geral: A saída do Jean pegou o público de surpresa, já que ele parecia bem integrado à banda, depois da gravação desse novo álbum e da turnê. Qual foi o motivo da saída dele? Partiu de quem essa decisão?
Andreas Kisser: Ele estava bem integrado, sim, mas a demanda de shows e longas turnês foi muito para ele. Ele e a família não se adaptaram ao ritmo, e ele nao aguentou, sofria muita pressão de casa e não conseguia mais se concentrar nos shows e na vida profissional. Ele resolveu sair, até mudamos a agenda para o ano de 2011, com mais folgas e tempo para vir ao Brasil, mas isso não mudou a decisão dele. É uma pena que ele tenha saído no meio do ciclo de um álbum, deixou o trabalho incompleto, mas respeito a decisão dele. Desejo muita sorte, ele foi muito importante nestes anos de Sepultura, mas infelizmente o ritmo da banda foi demais para ele.
REG: A saída do Jean tem a ver com a contusão que ele sofreu na turnê europeia?
Andreas: Não tem nada a ver com a contusão, aquilo foi um acidente de percurso e ele se recuperou rápido para que a gente pudesse terminar a turnê na Europa.
REG: Na ocasião, o Jean foi substituído pelo baterista do Torture Squad, Amílcar Christófaro. Vocês cogitaram ele para ser integrante permanente?
Andreas: Não, o Amílcar é baterista do Torture Squad. Aliás, é um dos membros principais da banda, e ele faz isso com muita energia e paixão. Nós tivemos sorte de ele estar na Europa quando o acidente com o Jean aconteceu, e ele fez um trabalho magnífico, poucos músicos teriam a capacidade de pegar um set de musicas em tão pouco tempo. A gente agradece muito o “input” dele, foi fundamental para que a gente nao cancelasse alguns shows na Europa.
REG: Como vocês optaram por chamar o Eloy Casagrande? Vocês fizeram testes com outros bateristas?
Andreas: Sim, fizemos testes e tínhamos algumas opções fora do Brasil também, mas o Eloy mostrou um talento incrível. Apesar da idade ele tem experiência internacional com o Andre Matos, tem a sua própria estrutura, já tem patrocínios de várias marcas e conhece muito o material do Sepultura. Ele tem um estilo explosivo e muita técnica, tocou o material antigo da banda como se estivesse com a gente desde o início. Acho que o Sepultura mantém a tradição de ter uns “monstros” na bateria, mais um “monstro” brasileiro que a gente mostra para o mundo.
REG: Incomoda o fato de o Eloy ter tocado no Gloria, que não é, digamos, uma banda muito querida pelos fãs do Sepultura?
Andreas: Não incomoda em nada, ele já fez parte de algumas outras bandas e tenho certeza que a experiência dele no Gloria foi muito positiva, isso mostra que ele é capaz de tocar qualquer estilo com propriedade.
REG: O Eloy é mais novo que o tempo de existência do Sepultura. Vê alguma dificuldade quanto à diferença de idades entre ele e os demais integrantes?
Andreas: Isso não tem nada a ver. Como disse, apesar da idade, ele é muito experiente. Essa coisa de idade é muito relativa, para mim nao diz muita coisa.
REG: Como você recebeu o convite para entrar no Sepultura?
Eloy Casagrande: Faz um mês mais ou menos que apareceu essa notícia. Quem me ligou foi a Monica Cavalera, que é a empresaria da banda. Ela falou que tinha interesse em me chamar para a banda. Foi uma surpresa realmente, eu não esperava, foi um choque. Não é todo dia que você recebe um telefonema para entrar para o Sepultura. É uma honra receber um convite desses.
REG: Foi feito um teste?
Eloy: A gente marcou um dia para tocar algumas músicas, para ver como a banda sentia, se encaixava. Fizemos um ensaio, eu tirei umas músicas do repertório dessa última turnê e tocamos para ver o que acontecia. E rolou.
REG: Foi difícil aprender a tocar esse repertório?
Eloy: Desde moleque eu ouço falar do Sepultura, já conhecia algumas coisas. Toda vez que saía um disco eu pegava para dar uma escutada. Não tem como não conhecer o Sepultura. Eu tive umas duas semanas para aprender as músicas, algumas eu até já sabia, foi um esquema rápido.
REG: Quando vai ser a sua estreia?
Eloy: Vai ser no dia 25, sexta agora, na Alemanha. Vamos vai fazer uma turnê de 23 shows em 25 dias. Viajamos nessa quarta.
REG: E qual é a expectativa?
Eloy: Eu tô ansioso. O Sepultura tem muitos fãs espalhados pelo mundo, e recebemos muitas mensagens de muita gente, de várias partes, isso é legal pra caramba. Acho que vai ser bom, nós ensaiamos bastante. Vai ser do caralho!
REG: Desde quando você toca bateria?
Eloy: Eu comecei com sete, mas a sério mesmo foi com uns 10, 12 anos. Porque quando você é criança não quer saber de estudar nada. Eu comecei as estudar de verdade quando tinha 12 anos.
REG: Como é entrar para uma banda que tem mais tempo de vida do que você?
Eloy: Ah, é estranho. Quando eu tava nascendo, eles lançaram o “Arise”. Eu com três meses e eles lançando o “Arise”. Chega a dar medo…
por Marcos Bragatto
reg
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