segunda-feira, 18 de maio de 2009

Etapa Aracaju do Festival Nordeste Independente

09/04/2009 - no Capitão Cook

por Adelvan kenobi

Fotos: Snapic.

“Nordeste Independente” é uma lista de discussão bastante ativa que já existe há algum tempo e da qual participam produtores, membros de bandas e demais indivíduos interessados em trocar idéias para tornar viável a produção musical independente por aqui. Desta lista surgiu a articulação de um Festival que ocorre por toda a região. Nos dois últimos anos aconteceu também em Aracaju.

Como não poderia deixar de ser, foi no Capitão Cook, e contou com a presença de dois ilustres visitantes, um estreando em terras sergipanas, os campinenses do Vênus Volts, e outro velho conhecido porém sumido, os baianos do The Honkers. As honras da casa foram feitas pelos locais Snooze e Nautilus, que articularam toda a produção – totalmente independente.

Snooze está com uma (já não tão) nova formação e a competência de sempre, porque há sempre um snoozer de partida e outro pronto a se juntar á família, como foi o caso do exímio guitarrista Luiz (também perdeu a Língua e The Renegades of punk), que substituiu recentemente Duardo, mais um a tomar seu rumo, desta vez com destino a Salvador (onde, hoje, compõe a formação do reformulado e interessantíssimo grupo instumental VENDO 147, que já tocou aqui uma vez numa das edições do Festival NADA PODE PARAR O ROCK e está voltando às terras do Cacique Serigy, aguardem novidades). Grande show, como sempre, mas sem muitas surpresas. Snooze é, sem nenhuma conotação depreciativa, uma instituição do rock alternativo sergipano (e brasileiro).

Já a Nautilus é uma banda BEM mais nova, mas igualmente competente e honesta no que se propõe a fazer. Têm uma proposta mais pop, especialmente calcada no que se convencionou chamar de “brit pop’nos anos 90. Uma boa banda, com belas melodias – talvez não tenham, por enquanto, nada que os faça se destacar de forma gritante de outras que tenham a mesma proposta, mas certamente têm um grande potencial de crescimento e amadurecimento. O tempo dirá se sobreviverão à árdua tarefa de, apenas, seguir adiante fazendo um trabalho autoral desvinculado de modismos neste verdadeiro deserto cultural no qual aparentemente estamos jogados. Um ponto a seu favor já tem: a disposição para construir oásis em meio ao nada, como foi o caso deste evento, no qual estavam na linha de frente da produção. Aliás, um parêntese deve ser aberto aqui no tocante à produção: tiveram o bom senso de finalmente esvaziar o ambiente no qual as bandas se apresentariam de mesas e cadeiras e com isso tornaram bem mais confortável a estadia dos que para lá se deslocaram para também ver os shows, e não apenas reencontrar amigos para ficar ouvindo som de mala de carro e batendo papo na porta. Inverteram também a posição onde acontecem às apresentações, inovaram na decoração e na iluminação, repaginaram o Capitão Cook, enfim. Estão de parabéns, pois ficou bem melhor.

Eu não conhecia a Vênus Volts, e tive uma boa surpresa. Rock dançante e energético, boas composições, bons vocais femininos da Trinity, bons riffs de guitarras distorcidas, boas linhas de baixo, enfim, um show muito divertido que empolgou e colocou a galera pra dançar, feito muitas vezes difícil em se tratando do quase sempre tímido publico sergipano. Mas em termos de “agitação” nada se compara às sempre explosivas perfomances do The Honkers. Fazem um mix de ska, punk rock, psychobilly e demais “roquices” para chacoalhar o esqueleto. Os shows são sempre insanos (às vezes até um pouco exagerados e pouco espontâneos, pra dizer a verdade, em muitos momentos dá a impressão de que a banda se sente meio que na obrigação de incorporar um personagem) e este não fugiu a regra. Dois destaques: a cover de “monkey man”do specials (“que já fazíamos antes da Amy winnehouse”, fez questão de deixar bem claro o vocalista Rodrigo) e um de suas melhores “hits” próprios, “something’s wrong with my girl”, que não estava no set list mas teve que ser incorporado de ultima hora por insistência do publico. Muito tempo e um quase streap-tease do vocalista interrompido pela funcionaria do bar (havia uma criança no recinto, a filha dela, por sinal linda e animadíssima, a roqueira mais jovem de Aracaju) depois, resolvi ir embora, vencido pelo cansaço e pela promessa (não sei se cumprida) de Rodrigo de que “o show estava apenas começando”. Ok, tava tudo muito bom, mas eu já estava satisfeito, chega de rock por mais aquela noite. Uma grande noite, por sinal. Que venham as próximas.

7 comentários:

  1. opa, compareça aos próximos. Tem (quase) sempre um show bacana rolando no Capitão Cook. Próxima sexta, por exemplo, tem. Dia 30, também. E em breve outra banda baiana muito boa, Vendo 147.

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  2. nteressante ler essa resenha depois de anos...o pior de tudo...é que não creio que seja uma obrigação...quando subo no palco enlouqueço mesmo...mas é foda, pq sempre tou na minha viagem, se ela é "menas"...a galera reclama...pergunta "poxa, hj vc tá mais quieto", só falto matar-me da próxima vez pra galera ficar feliz...mas é uma onda que faço por mim mesmo...tem certos exageros? creio que sim...mas são coisas do momento...e que fica no momento...quando se viu...passou...que nem um furacão...essa noite foi bem divertida...só banda foda, tirando a minha claro-hheheehh
    mas creio que é espontâneo sim, não posso falar do que se passa na kbeça no momento do som...vou "reparar" nisso...imagino se iggy pop, lux interior, jello biafra ou outros tb passaram por essas perguntas, muitas vezes faz parte do espetáculos de certas bandas, muita gente vai pra ver isso, eu procuro sempre me divertir no som...mas kd um enxerga de um modo diferente...e é interessante ouvir esse tipo de "crítica", pq estamos lá pra tocar e se divertir...e as vezes me divirto demais...abraços...saudades de tocar aí...a última vez foi em março do ano passado...quase um ano...dessa vez eu procuro me comportar-hehehehe

    Eu imagino um show do who...como num seria se os caras fossem quietinhos...num quebrassem nada...embora eu goste deles de qq maneira...mas num podemos deixar de comentar que os caras quebrando tudo deixava a galera de queixo caído...e ali fazia parte do cachet...ehhehehe


    abraços!!

    boa resenha!!!


    Ps.: Tem que rolar aí um show comemorando os 17 anos dos Honkers, que foi no começo desse mês!

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    1. Copiei e colei a resposta pra ficar tudo num post só...tinha colocado separado...aí ia poluir o post...preferi colocar tudo junto...

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    2. os exageros ficam por culpa de ter visto muito cinema mudo...expressionismo alemão...heeheheeh...do teatro...

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  3. Uma coisa massa da internet é isso, os textos ficam aí, para serem lidos no calor do momento ou (re)descobertos no futuro.

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  4. eu tinho lido na época que saiu...só tive uma outra leitura por esses tempos...quero mais som aí pra vcs resenharem!!

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