Nos anos 80, uma banda santista se destacou no cenário roqueiro independente de São Paulo, concebendo um rock com forte teor eletrônico. Tratava-se do Harry, grupo criado na cidade litorânea durante 1985, cuja formação tinha Hansen (vocal e guitarra), Cesar Di Giacomo (bateria) e Richard Johnsson (baixo). No início de sua trajetória, o então trio caminhou pelo “noisy”, em canções com letras em inglês, mas após a entrada do produtor e tecladista Roberto Verta, deu uma guinada em direção ao rock eletrônico com pitadas de The Clash e Kraftwerk. O lance era unir batida marcial, teclados espaciais e letras mórbidas/depressivas, com referências literárias de Neil Gaiman (criador de “Sandman”) e Alan Moore (autor de “Watchmen”, “V de Vingança” e “A Piada Mortal”).
Entre 1986 e 1994, a banda colocou na praça quatro trabalhos. O EP “Caos” (1986) e “Fairy Tales”, seu primeiro álbum completo e último com a participação do baterista Di Giacomo - ambos os discos foram lançados pela gravadora Wop Bob. Com a saída do músico, os remanescentes passaram a utilizar bateria e bases eletrônicas e lançaram “Vessels’ Town” (1990), pela Stiletto, e a coletânea “Chemical Archives” (1994), pela Cri du Chat, compilação de faixas dos primeiros discos com algumas composições inéditas.
Em 1996, o Harry iniciou a gravação de uma nova obra, mas com Hansen morando no Ceará, Verta no Rio, e Johnson em São Paulo, o grupo decidiu dar um tempo. Em 2005, os músicos voltaram à ativa. Hansenharryebm, Di Giacomo, Verta e Johnsson deram vida ao box “Taxidermy- Boxing Harry” , com versões remasterizadas e faixas extras de “Fairy Tales” e “Vessels’ Town”, incluindo um CD recheado de raridades e algumas faixas do projeto abortado de 96. Embalado por um belo trabalho gráfico, o box foi lançado pela Fiber Records, a divisão gravadora da Fiber Interactive, responsável também pelo FiberOnline, site pioneiro da música eletrônica no Brasil. Porém, novamente a banda deu uma parada nos trabalhos. Só que Hansen, não contente, decidiu retomar o projeto numa nova formação em 2009.
O agora H.A.R.R.Y. and The Addict tem hansenharryebm, ou simplesmente Hansen (vocal/guitarra/teclado) e Ricardo Santos (teclado e programação) e surge para sacudir o cenário independente. “O retorno surgiu da necessidade. Os outros membros da formação original ou tem seus outros afazeres, ou não tem mais interesse na proposta da banda. Ou ambos. Eu continuo produzindo material. Estou desempregado, o que pelo menos significa que tenho tempo sobrando, então resolvi tocar em frente”, diz Hansen.
Para coroar o retorno com chave de ouro, a banda foi convidada para abrir o show da banda belga Vomito Negro, em julho. “O convite surgiu do Rodrigo Cyber e da Luciana, do Projeto Ferro Velho, que tem movimentado a cena, tendo trazido para cá, no ano passado, Project Pitchfork, Plastic Noise Experience e Serpents. Agora estão trazendo o Vomito Negro. Basicamente, quem não conhece o Vomito Negro provavelmente não irá ao show. Não se ensina truques velhos a cães novos (risos)”, alfineta o músico.
Quem for ao Inferno (casa noturna de São Paulo), em 11 de julho, não irá conferir um som muito diferente daquele produzido pela antiga formação. Hansen explica: “A parte dos avanços tecnológicos, a proposta, são os mesmos. Algumas bandas fazem um rock´n´roll clássico tal qual se fazia nos anos 50. Outras, hard rock a la 70s. Nós fincamos o pé nos 80s e pretendemos manter assim. O show, tal como pretendemos fazer em julho, será um mix de músicas velhas e novas, e se alguém que não conheça o repertório não conseguir distinguir qual de qual, beleza, porque a idéia é essa”.
Em entrevista exclusiva ao CineZen, Hansen, polêmico, não poupou críticas ao mainstream brasileiro, listou suas bandas preferidas na cena independente e falou, entre outros assuntos, sobre os projetos da banda para este ano. Clique AQUI para ler a entrevista na íntegra.
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