segunda-feira, 11 de maio de 2009

Retrofoguetes no Capitão Cook



Do Blog Viva la Brasa

Passei o 1º de maio de ressaca em casa, depois de uma noitada de surf music a 200 decibéis. Os Retrofoguetes passaram pela cidade e fizeram estragos. O show rolou no Capitão Cook, um bar perto da praia c/ uma ambiência que lembra ao mesmo tempo um pub inglês, pelo clima intimista e pouca iluminação, e um saloon de faroeste, c/ vários modelos de nós em cordas penduradas nas paredes de madeira. O lugar pertence a um argentino ‘buena sangre’ e funciona há mais de 15 anos sem interrupções. Antigamente os shows rolavam na parte de fora, mas ultimamente têm acontecido lá dentro, onde não há palco – na real, as bandas tocam num nível ABAIXO do balcão do bar.

The Baggios, um duo local [guitarra e bateria] que faz um blues rock e acaba de lançar o 2º CD-Demo, "Hard Times", fez as honras da casa. Tocaram p/ pouca gente. Geral começou a chegar mesmo lá pela meia-noite, mais ou menos a hora que Morotó, CH e Rex pegaram no batente: o inchado Morotó Slim dichavando riffs e solos 'dickdaleanos' em sua Gibson, o cabeludo CH c/ seu chapéu de caubói & linha de baixo heavy metal, e o puro-osso Rex Croctus espancando a batera – kit básico c/ bumbo, 2 caixas, cimbal e pratos.

2/3 dos Retro são ex-integrantes da clássica banda de psychobilly baiana The Dead Billies. O grupo se desfez no ano 2000, c/ 2 discos independentes lançados ["Don’t Mess With...", e "Heartfelt Sessions"] e várias apresentações memoráveis na história. O insano vocalista Glauber “Moskabilly” partiu p/ uma carreira solo estilo Zack de La Rocha – daquele tipo que ninguém sabe, ninguém viu. O baixista Joe Tromondo toca c/ a Pitty e mora em SP. Os que sobraram, Morotó e Rex, montaram o mais fudido power trio do rock nacional junto c/ o moleque CH, que tocava na Nancyta & os Grazzers.

Retrofoguetes é pura técnica e fúria a serviço da diversão. Conheço esses figuras há ‘miliano’, são uns comédias. Tocaram umas 2 horas sem parar, acho que todo o repertório do disco Ativar Retrofoguetes! [2004], mais algumas novas do novo disco que eles vieram promover, "cha cha cha", e alguns covers, tipo o tema de Havaí 5-0. O som é surf music naipe Man or Astro-Man?, Dick Dale na veia, mariachis from hell: “A banda busca uma leitura muito pessoal da surf music tradicional, trazendo p/ esse gênero influências inusitadas como psychobilly, Flash Gordon, Galaxy Rangers, música tradicional mexicana, HQ, boleros, Robô Gigante, rockabilly, Isaac Asimov e Perry Rhodan”, diz o verbete deles na Wiki.

Tinha gente saindo pelo ladrão, e quando o set list acabou a juventude roqueira não queria liberar os baianos. Os Retro tiveram que improvisar e daí começaram a aloprar também: tocaram tangos, Michael Jackson [“Billie Jean”], Iron Maiden [“Run to the Hills”], etc... Rock dus baiano doido. Melhor show do ano empatado c/ Manu Chao em janeiro, cada um na sua. Os caras já ‘tavam até contando piada entre uma música e outra p/ ver se neguim os deixava irem embora – é sério, eles estavam cercados pela horda. O Rex mandou várias hilárias, mas a melhor foi do Morotó: “O que é um pontinho branco na cabeça do pau do Marcelo Camelo?” *

por Adolfo Sá

COMPLEMENTANDO ...

Adolfo retirou-se em meio a uma tempestade com sua senhora sem saber até onde iria aquela insanidade. Eu fiquei até o fim. E o show só acabou porque o baterista Rex, literalmente, fugiu pela janela. Foi impressionante, o publico simplesmente não deixava a banda ir embora. Além dos cover citados acima rolou até ÁGUA MINERAL da Timbalada "puxada" por Raphael da comunidade "Aracaju" do orkut. RUN TO THE HILLS foi o ápice da noite, levada em batida rockabilly por Rex e cantada a plenos pulmões por um maluco lá da platéia, com direito inclusive a gritos de "scream for me Aracaju". Memorável. Um dos melhores shows que eu já vi por aqui em toda a minha vida.

por Adelvan Kenobi

Créditos das fotos:

a primeira, "borrada", é de Adolfo Sá.
As demais são de Victor "Balde"

Abaixo, uma entrevista publicada em outubr de 2006 pelo site Bahiarock

Entrevista - Retrofoguetes
Por Márcio Costa e Ramon Prates
Entrevista realizada por e-mail


Os fantásticos Retrofoguetes ganharam recentemente o Prêmio Rock Independente Bahia na categoria melhor banda ao vivo, e ficaram em segundo lugar na categoria melhor banda. Usando isto como desculpa, realizamos a tão esperada entrevista com eles, via e-mail, pois transcrever uma entrevista realizada com Rex (bateria) é bastante trabalhoso, já que o cara fala demais. Ele e CH (baixo) se juntaram para responder as perguntas, e preferiram nos poupar dos absurdos que Morotó (guitarra) respondeu. Brincadeiras à parte, confira o que rolou.

Quais são os novos planos da banda? Existe alguma possibilidade de um novo CD até o começo do ano que vem?

REX: Estamos compondo o repertório do próximo disco. Inicialmente, o plano era gravar a parada ainda este ano, mas queremos amadurecer mais as músicas e acho que a gravação vai mesmo ficar pro ano que vem. Não temos compromisso com gravadora, com o mercado ou qualquer outra porra desse tipo e o melhor de tudo isso é poder fazer o trabalho com cuidado, critério, no tempo que for preciso ser gasto pro disco ficar como estamos imaginando.

CH: Fazer uma lipo em Morotó! Estamos trabalhando material novo, mas é difícil fazer uma previsão. Quando "Ativar Retrofoguetes!" ficou pronto ainda esperamos um ano até que o selo pudesse lançá-lo.

Vocês ganharam o prêmio Rock Independente Bahia na categoria de melhor banda ao vivo, e ficaram em segundo na categoria melhor banda. Qual a importância deste prêmio para vocês?

REX: Para falar a verdade eu não me ligo muito nesse negócio de prêmio não, não sei nem quem ganhou o quê, só sei que sou o melhor baterista da minha rua, mas acho bacana as bandas terem seus trabalhos reconhecidos, afinal de contas, todos têm trabalhado bastante.

CH: Acho essa iniciativa importante para a cena como um todo. Esse prêmio ainda não teve a atenção que merece, mas está crescendo. Temos consciência do trampo que desenvolvemos e é sempre bem vindo o reconhecimento disto por outras pessoas. Pergunta aos organizadores: Onde está nosso troféu? Acho uma injustiça Rex não ganhar o prêmio do “mais bate fofo”.

Numa festa a fantasia recente vocês tocaram travestidos de LOU. De quem foi essa idéia genial e o que vocês estão preparando para a festa em quadrinhos?

REX: Sempre achei as meninas da LOU umas fofas, não podia perder essa oportunidade. A surpresa foi perceber que nós conseguimos ficar ainda mais “fofas” que elas. Andei até recebendo umas propostas indecentes de Jera. Festa em Quadrinhos? Talvez de homens invisíveis. Os Impossíveis seria perfeito. Morotó, é claro, seria o homem mola!

CH: Sugestão ao prêmio Rock Independente Bahia: Categoria Melhores Transformistas. Essa idéia surgiu de Rex e todos gostaram da piada. Para a festa em quadrinhos ainda não conversamos a respeito.

Expliquem o que realmente ocorreu no festival de música instrumental em 2005, o famoso caso Zeca Freitas.

REX: Oh, não! Zeca Freitas de novo não!

CH: Zeca Freitas demonstrou uma total falta de sensibilidade artística, foi arrogante, preconceituoso e burro. Ficou feio para um cara que se diz maestro, uma infelicidade.
(NE: Antes da apresentação da banda no festival de música instrumental no Teatro Castro Alves, o tal Zeca Freitas falou que eles tinham arranjos muito simples e que era meio injusto com outros artistas com suposto maior estudo musical que eles)

Como está o projeto Maicols (no qual Rex e CH juntam-se a Nancyta no vocal e Enio na guitarra tocando covers de Michael Jackson)? Existe a possibilidade de mais shows este ano?

REX: A idéia dos Maicols é juntar a galera de vez em quando pra se divertir tocando as músicas do sujeito e ganhar um cachê extra. Além disso, é bacana o desafio de tocar as músicas do cara. O trampo é difícil porque além das músicas serem bastante complicadas, a gente tem que fazer com baixo, guitarra e batera o que ele fez com uma puta orquestra. Vamos fazer um show dia 28 de outubro na Casa da Dinha e na seqüência deve rolar um show por mês da parada.

Vocês pensam em lançar algum videoclipe ainda este ano?

REX: Uma coisa de cada vez! Primeiro a gente vai se concentrar no disco, até porque, não faria sentido fazer um clipe de uma música do Ativar Retrofoguetes, depois de dois anos do disco ter sido lançado. A gente conhece uma galera muito talentosa, e certamente conseguiríamos fazer alguma coisa bem bacana, por outro lado, a parada custa caro e precisa ser muito bem planejada.

CH: Temos visto bons trabalhos na cena. Não pretendemos trabalhar nisto agora, pois estamos mais concentrados no próximo disco. Depois pensamos a respeito, mas para este ano não vai rolar.

E este Natal? Poderemos esperar uma segunda versão do Natal dos Retrofoguetes?

REX: Se todos se comportarem bem, talvez a gente possa dar outro presentinho esse ano. Quem sabe?

CH: Se fosse possível teríamos até um especial de natal na Globo. Tipo aquele especial de fim de ano de Roberto Carlos.

Com o fim do ano chegando, vocês poderiam fazer um balanço do quão positivo foi o ano de 2006 para o Retrofoguetes e para o Rock Baiano?

REX: Vou sempre dizer que já vi a cena em dias melhores, mas acho que esse ano foi bem interessante pra gente. Tocamos bastante por aqui, viajamos muito também e ainda temos outras viagens pra fazer até o fim do ano, o nosso trabalho continua recebendo boas críticas e estamos cada vez mais ricos e bonitos. Acho que a ansiedade em ver alguma coisa maior acontecer ficou lá atrás, na época dos Dead Billies, e isso deixa a gente numa posição muito confortável porque quando não se espera por nada, tudo que pinta é lucro. Meu grande barato hoje é tocar bateria com meus amigos, fazer o som que eu curto, fazer bons registros disso e me divertir um pouco vendo a galera se descabelar atrás do “sucesso”.

CH: Lançamentos de bons discos; bons videoclipes, ganhando prêmios inclusive; as bandas viajando e participando de festivais em todo Brasil. O caminho é esse, mas precisamos de mais investimento e incentivo cultural do governo local. Isso é uma realidade em outros estados. Os festivais são financiados com a ajuda do governo. Aqui infelizmente só uma pequena parte se beneficiou (e muito) disto. Nós sabemos quem são. Esses benefícios precisam ser melhor distribuídos.

3 comentários:

  1. Muito boas as fotos do Balde.
    Só faltou o final da piada do Camelo, quem quiser saber a resposta é só ir lá: www.vivalabrasa.blogspot.com

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  2. Deveriam divulgar também entre as pessoas que tem gostos afins.
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    Na comunidade no Orkut: PERRY RHODAN BRASIL notoriamente há inúmeros fãs de Rock.
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    Acho que devido a época; a série Perry Rhodan fez muitos fãs nas décadas de 70 e 80, onde o Rock imperava.

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  3. que viagem, eu lia Perry Rhodan !!! Vou checar essa comunidade.

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