NÃO É O HATEBREED !!! |
Não há mais praticamente ninguém daquela época na banda hoje
em dia – apenas Shane, o baixista, que, mesmo assim, não é membro-fundador e não
estava no lado A de “Scum”. Mas a banda mantém uma linha evolutiva tão coerente
que ninguém liga muito pra isso, na verdade. Até porque a atual formação já está
junta há BASTANTE tempo – desde o quarto álbum, “Utopia Banished”, de 1992. Foi
muito bom vê-los ao vivo, finalmente, e ainda em tão boa forma ...
Boa forma e humildade: acabada a apresentação da banda de
abertura, Fórceps (chatinha, death metal “genérico”), Mitch, o guitarrista –
supreendentemente jovem para sua idade – e Shane, o lendário contrabaixista que
toca também no Brujeria e numa série de outros projetos paralelos, subiram ao
palco do Circo voador sem nenhuma cerimônia para fazer o que, em qualquer outra
banda com o tempo de estrada e a estatura deles, seria feito por roadies e técnicos
contratados: afinar os instrumentos e ajustar e testar o som. Ficamos lá, extasiados,
vendo nossos ídolos (nenhuma conotação hierárquica na palavra, aqui) trabalhar,
esperando pela avalanche que estava por se formar ...
Ela vem, a avalanche, quando Barney Greenway, o vocalista, sobe
finalmente ao palco para entoar o hino “Multinational Corporations”, logo
emendada com “Silence is deafening”, de “The Code is red... Long live the code”(2005).
Catarse total no recinto, clube da luta instaurado, salve-se quem puder! Recuei
um pouco, para fugir do ringue em que se transformou a pista – em outros tempos
estaria lá, no meio, mas com 43 anos nas costas e um cotovelo esmigalhado e
reconstruído por duas cirurgias por conta dessa “brincadeirinha”, a gente fica
naturalmente mais contido.
O tom da noite estava dado: o set list passearia por toda a
carreira da banda, mesclando sons de todas as fases de uma extensa – e impecável!
– discografia. Com efeito, a terceira, “Everyday pox”, já foi sacada do último
disco, “Utilitariam”(2012). Entre uma musica e outra, muito diálogo com a platéia
– iniciado com um singelo “caso não saibam, somos o Napalm Death, de
Birminghan, Inglaterra”. Discursos politizados contra a homofobia, o racismo e
a exploração capitalista dão o tom da apresentação de clássicos como “unchallenged
Hate” – total grindcore na veia – e “Suffer the Childrem” – da época em que
eles começaram a flertar com o Death metal. Não por acaso, a época de “Harmony
Corruption”, que marca o surgimento desta nova formação, com uma reformulação
quase que completa do line up – o baterista, Mitch, seria substituído no disco
seguinte.
Formação que é frequentemente lembrada pelo vocal potente e característico
de Barney – que “mastiga arame farpado temperado com chumbinho mata rato”, segundo
o precioso relato de Marcos Bragatto no seu rock em geral – mas que tem um
outro imprescindível pilar na impressionante máquina de esporro produzida pelo
guitarrista Mitch Harris. E olha que, ao contrário do que acontecia antes, quando
contava com o auxilio do já falecido Jessé Pintado, hoje ele comanda a “bagaçada”
sozinho – ok, nem tanto, tem Shane, que preenche muito bem as lacunas com seu
contrabaixo de som pra lá de saturado. Mitch faz, também, os backing vocals, sempre
“rasgados”, numa dobradinha perfeita e típica do estilo que criaram.
Destaque para a seqüência final, com vários clássicos do
primeiro álbum, “Scum” – iclusive “You suffer”, que já figurou no livro dos
recordes como “a musica mais curta já gravada” – são precisamente 1,316
segundos. Seqüência quebrada, apenas, pelo já tradicional cover de “Nazi Punks
Fuck Off”, do Dead Kennedys. Fiquei pensando com meus botões que eles bem que
poderiam ter feito uma gracinha e tocado “Troops of Doom”, do Sepultura, que já
gravaram num célebre disco de covers ...
Uma noite que tinha tudo para ser perfeita, caso o Napalm
não fosse – notem bem o absurdo! – A BANDA DE ABERTURA! Nem sequer o pano de
fundo deles estava lá: tocaram sob o nome do Hatebreed, como se fossem uma
bandinha iniciante para a qual se estava “dando uma chance”. Simplesmente patética
a atitude, por parte da produção – da parte deles, da banda, uma impressionante
demonstração de humildade e um grande FODA-SE para os esqueminhas viciados da
industria cultural. Por conta disso, o show foi curto – o que eu mais temia
quando estava no sacrossanto recesso do meu lar, em Aracaju, tentando decidir
se valeria ou não a pena ir ver meus ídolos nestas condições adversas.
Valeu! Muito! Foi curto, porém intenso.
Foi GRINDCORE, sem sobra de dúvidas.
por Adelvan
Hatebreed (QUEM?), Napalm Death e Forceps
Rio de Janeiro
Circo Voador
26/09/2014
22H
Set List do Napalm Death
1-
Multinational Corporations
2- Silence Is Deafening
3- Everyday Pox
4- The Wolf I Feed
5- Unchallenged Hate
6- Suffer The Children
7- When All Is Said and Done
8- Errors in the Signals
9- Human Garbage
10- Success?
11- On the Brink of Extinction
12- Social Sterility
13- Protection Racket
14- Mass Appeal Madness
15- Scum
16- Life?
17- Deceiver
18- The Kill
19- You Suffer
20- Nazi Punks Fuck Off
21- Siege of Power
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2- Silence Is Deafening
3- Everyday Pox
4- The Wolf I Feed
5- Unchallenged Hate
6- Suffer The Children
7- When All Is Said and Done
8- Errors in the Signals
9- Human Garbage
10- Success?
11- On the Brink of Extinction
12- Social Sterility
13- Protection Racket
14- Mass Appeal Madness
15- Scum
16- Life?
17- Deceiver
18- The Kill
19- You Suffer
20- Nazi Punks Fuck Off
21- Siege of Power
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