quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DK ÜBBER ALLES

Fazer uma banda de punk rock é muito fácil. Mas ser lembrado, décadas depois, como uma das representações punks mais influentes, corrosivas, avant garde, ameaçadoras e engraçadas de todos os tempos é outra história: é a história do quarteto norte-americano Dead Kennedys, que agora tem parte de sua trajetória narrada em livro.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos], de Alex Ogg, traça o início da banda formada em 1978 em San Francisco, uma das cidades mais prafrentex dos Estados Unidos e na qual, já nessa época, havia um pequeno movimento embrionário de bandas e ativistas punks. A narrativa cobre apenas o período inicial do grupo, entre meados dos anos 1970 e 1981, quando eles lançaram seu primeiro LP, o superlativo Fresh Fruit for Rotting Vegetables.

No Brasil saiu em vinil branco. Edição pirata ...
Músico de certa experiência em bandas de bar, o guitarrista Raymond John Pepperell, mais conhecido como East Bay Ray, colocou um anúncio em um jornal alternativo, buscando músicos para formar “uma banda punk ou new wave”. Logo um tal de Eric Boucher, que foi do Colorado para a Califórnia em busca de oportunidades, respondeu. Apesar de estar há pouco tempo em San Francisco, ele já era conhecido nos inferninhos da cidade, como um dos malucos locais. “Parte do que levou as pessoas a nos assistir pela primeira vez foi ‘Ah, esse cara tem uma banda agora. Vamos ver o que é’”, conta Eric, ou melhor, Jello Biafra, vocalista do DK.

Plataforma eleitoral

Assim como um acidente de avião ocorre por conta de vários fatores em conjunto, uma banda também só se torna fundamental quando há uma espécie de encontro entre pessoas que, sozinhas, jamais alcançariam os mesmos resultados de que capazes em conjunto. O Dead Kennedys é um desses casos. Quando East Bay Ray, um guitarrista criativo, fã de surf music e Frank Zappa, se encontrou com Jello Biafra, frontman frenético e destemido terrorista cultural, o resultado foi uma das bandas mais explosivas e subversivas da história do rock.

Biafra era tão ousado que, em 1979, concorreu à prefeitura de San Francisco. Sua plataforma previa decretos como obrigar os executivos a se vestirem de palhaços no horário comercial e erigir uma estátua de Dan White (assassino do ativista gay Harvey Milk), somente para servir de alvo para ovos e carne podre, além da legalização de squats (ocupações) e a proibição da circulação de carros no centro. Terminou a eleição em quarto lugar (entre dez candidatos), com 6.591 votos.

O primeiro álbum do DK elevou o então nascente subgênero do hardcore ao status de arte. “Fresh Fruit oferecia uma combinação perfeita de humor e polêmica amarrada a um suporte musical que era tão raivoso e criativo quanto os devastadores ataques verbais de Biafra”, observa Alex Ogg, no prefácio.

Foi de Fresh Fruit que saíram verdadeiros clássicos não apenas do punk, mas do rock universal, como California Übber Alles, Holiday in Cambodia,  Kill the Poor e Drug Me, entre outras  No livro, Ogg relata tim tim por tim tim cada detalhe da criação, arranjo e gravação desses petardos, com direito a confrontação dos depoimentos entre os membros, já que, desde 1986, Biafra e os membros remanescentes do DK travam uma verdadeira batalha jurídica e verbal, disputando, bem, basicamente tudo, da autoria do logotipo à ordem das canções.

Em texto leve e bem humorado, Ogg também traça perfis acurados dos membros do DK, além de seus primeiros passos como músicos e ativistas. A edição ainda conta com vasto material gráfico, como as inestimáveis fotos de Ruby Ray, flyers, cartazes, as colagens de Jello no poster que vinha encartado no Fresh Fruit e trechos de uma HQ biográfica da banda.

Um livro recomendadíssimo não apenas aos fãs do DK, mas a qualquer um que valorize o pensamento livre, a anarquia como filosofia de vida e a independência artística.

Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotting Vegetables [Os Primeiros Anos] /  Alex Ogg / Ideal/ 240 p./ R$ 39,90 / Capa dura: R$ 59,90

NOTA DO BLOG: Segundo o contador do Blogspot, esta é a milésima postagem que faço por aqui. Parabéns para mim pela resistência e muito obrigado a quem visita regularmente este cantinho da grande rede. Agradecimento especial para o grande Cícero "Mago" pelo apoio e incentivo.

KEEP ON ROCKING IN THE FREE WORLD.

Texto da matéria por Franchico

Rock Loco

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