Mosckabilly, Rex Crotus, Morotó Slim e Joe Tromundo, quarteto que fez história com o Dead Bilies, resolveram se reunir novamente, 13 anos anos depois, e gravar um disco novo. Pela primeira vez, desde as gravações de ‘Heartfelt Sessions’ em 1999, os quatro entraram em um estúdio para tocar juntos e registrar músicas inéditas, inclusive faixas do período em que ainda tinham a banda. Desde o início decidiram que o projeto, batizado como Los Mismos, não seria uma banda nova, não faria shows e não assinaria como Dead Billies, seria uma reunião de amigos que tocaram juntos durante muito tempo e queriam se reunir novamente.
As tentativas de fazer com que o Dead Billies voltassem pelo menos para shows foram muitas, inclusive de produtores de festivais de fora da Bahia. Nunca aconteceu, mas finalmente os quatro integrantes da banda resolveram se divertir juntos novamente e aproveitar a amizade que possuem há muitos anos para colocar um projeto em prática. “A ideia era reunir os amigos de novo e fazer algo que satisfizesse a gente. Cada um estava passando por problemas pessoais delicados e a gente sempre teve essa preocupação de um com o outro. Pensamos em reunir a turma, que não fosse o Dead Bilies, mas que juntasse os quatro. Meio que um bálsamo para todos ao mesmo tempo. Algo que fosse de proveito para todos nós juntos. Dai surgiu a ideia do projeto. Nada megalomaníaco, é uma reunião de amigos”, explica Rex, um dos responsáveis pelo reencontro.
Inicialmente pensado como um EP, o trabalho acabou virando um álbum cheio, que já teve as gravações finalizadas e deve chegar aos ouvidos do público em breve pelo selo Garimpo. São 14 faixas, incluindo quatro ou cinco da época do Dead Bilies, criadas logo após o lançamento de ‘Heartfelt Sessions’. Outras são composições antigas guardadas por Glauber Guimarães, Mosckabilly, ou pelos outros integrantes do grupo, além de músicas novas surgidas durante o processo de gravação.
Além das tradicionais composições em inglês na pegada da antiga banda, com psychobillies com referências de filmes B, o disco traz canções em português e uma em espanhol. A sonoridade segue o caminho que a banda ganharia se prosseguisse em 2001, com sons mais garageiros, que já apareciam na última gravação da banda. Mas tem também as misturas de influências que sempre marcaram o Billies, que já fez a antológica valsa Vampire e agora ataca com um bolero, que deve soar daquele jeito próprio deles.
Os quatro amigos, que fizeram parte de uma das melhores e mais importantes bandas do rock baiano e do Brasil (por que não?), e se cercaram de amigos para esse novo trabalho. A produção é de andré t, que já assinava as produções dos discos da Retrofoguetes e foi um dos maiores entusiastas e estimuladores do projeto, segundo o próprio Rex. “Quando a banda terminou já tínhamos iniciado uma pré-produção com andré, existia uma frustração que em 2001 a gente começou e não terminou. Iniciamos de onde a gente parou. Aproveitamos cerca de 4 ou 5 músicas dessa época, Glauber tinha outras composições e outras surgiram durante o processo. No estúdio fluiu bem, rolou como a gente esperava. Tinha uma química, uma energia, por mais que isso seja clichê”, conta o baterista Rex.
Para o produtor andré t, essa química entre os quatro músicos realmente existe e é algo especial que eles conseguiram manter até hoje e eixaram presente no novo projeto. “Achei fantástico uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos se reencontrar. Parecia que nunca tinham deixado de tocar juntos. Acho que realmente eles têm algo especial, que se vê muito raramente. Só acho uma pena que eles não deverão se reunir para tocar esse material no palco, porque sei que pegaria fogo…”, lamenta andré.
Além da produção do disco, os amigos ajudaram também a registrar o encontro e as gravações em vídeo. Alexandre Xanxa, Mauricio Caires e Mauro Pithon filmaram todas as sessões, captando todos os momentos, numa espécie de making off disco. A ideia é lançar esse material junto com o álbum.
Se para os amigos, os fãs e os curiosos este novo projeto é aguardado com ansiedade e como forma de abrandar a ausência do Dead Billies, para seus integrantes o disco serviu para exorcizar os problemas e uma pendência de anos, ou pelo menos deveria ser assim. “É um trabalho bonito, musicalmente ficou muito bom, mas talvez as intenções não tenham sido alcançadas, já que foi feito pra gente ficar feliz, sem intenção de grana ou qualquer outra coisa. Era pra trazer um bem estar, uma alegria, mas isso não foi alcançado da forma que a gente queira, ou não alcançou todos. Ele é muito de verdade, e a vida de verdade tem conflitos, não é um sonho, uma coisa perfeita que é 100% perfeita e bacana, têm tensões atrás desse projeto”, diz Rex.
Sem entrar em detalhes dos bastidores, o baterista fala que apesar da amizade houve dificuldades que permanecem. Para o público fica a expectativa de mais uma contribuição para o rock feito na Bahia. “A gente sabia q estava mexendo com uma bomba relógio e rezando para não explodir. Explodiu, fazer o que?”, diz Rex.
Se o Los Mismos se encerra com o disco, os outros projetos de Glauber, Rex, Morotó e Joe continuam. Glauber com suas diversas facetas artísticas e projetos como Teclas Pretas, glauberovsky orchestra, entre outros. Rex, Morotó e Joe, que começaram o Retrofoguetes logo após o fim do Dead Billies, seguem com a banda. O grupo, que está se adaptando às últimas mudanças, segue na ativa, com músicas inéditas e avaliando quando gravam um novo trabalho. Os shows continuam. Outro projeto que une Rex e Morotó, o Retrofolia, ganha mais autonomia e se desvincula do Retrofoguetes, sendo agora um projeto próprio. Com isso além dos dois e Julio Moreno, foram efetivados definitivamente Kaverna nos vocais, Fábio Rocha no baixo e Paulo Chamusca completando o trio de guitarras baianas.
por Luciano Matos
el Cabong
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