Estamos no amanhecer de um novo mundo - onde estaremos todos
conectados via fibra ótica, brigando e se amando e aprendendo e votando e
transmutando a maneira como nossos cérebros funcionam e principalmente, antes
de mais nada, comprando (o shopping-orgasmo, além dos nossos mais desvairados
sonhos, agora ao alcance de seu controle remoto). Enquanto isso, milhões
apodrecerão de fome e Aids e mediocridade e analfabetismo tecnológico. Velhos
conflitos, novos problemas, soluções efêmeras - cada vez mais rápido e mais na
sua cara.
Um grupo de rock formado por quatro irlandeses está
firmemente convencido de que cabe a eles compor a nova trilha sonora, catalisar
os beats pelos quais todo o planeta dançará. Mais que isso, eles querem
articular esse universo fragmentado de mudanças contínuas de maneira artística
e militante.
Criar pontes de compreensão e comunicação. Estar ali, na
fronteira do futuro. Surfar na Terceira Onda. O disco Achtung Baby e sua
simultânea Zoo TV Tour já tentavam estabelecer as novas regras do novíssimo
jogo. Que não basta fazer música - é preciso participar! - já era um dado
fundamental no histórico do U2 (é bom lembrar The Commitments: a Irlanda está
para a Europa como os negros blueseiros para a América W.A.S.P.). Mas agora
Bono Vox, The Edge, Larry Mullen e Adam Clayton redefiniram seu conceito de
militância. O que está mudando o mundo, diz muita gente e eles acreditaram, não
é votar nos partidos de esquerda (left is right) nem militar nos sindicatos
(aparelhos obsoletos) nem fuzilar nossos governantes (primeiro porque eles
serão substituídos por gente tão bunda quanto e segundo porque só estão fazendo
seu trabalho: administrar aos trancos e barrancos as ruínas da sociedade
industrial).
Não, o que está mudando o mundo é - um, dois, três - a tecnologia.
Todo mundo sabe: na virada do milênio, o que passa na televisão passa por
realidade. A popularização do controle remoto tem mais peso político que os
conchavos dos engravatados - e a explosão da interatividade fará de cada
consumidor parte de uma rede global de conhecimento, informação, atuação e
consumo.
O indício mais óbvio deste novo mundo está nas nossas caras:
a MTV (uma vitrine empastelante criada única e exclusivamente para vender
discos!) se tornou um instrumento político fundamental. Por que você acha que
Clinton se elegeu? É outro jogo, com outras regras e o divertido é que o
próximo estágio do capitalismo tem suas regras na música e na cultura pop. O U2
sacou que este mundo novo é tão filho dos investimentos em tecnologia, que o
Pentágono bancou nos anos 80, quanto do LSD. Tão ligado ao marketing de guerra
quanto ao espírito empreendedor da cultura punk.
Economistas hardcore, samurais corporativos, futurólogos
governamentais - todos concordam numa coisa: estamos passando de uma sociedade
industrial para uma sociedade informacional, em que o principal capital será o
conhecimento. O setor estratégico da economia mundial, dizem os experts, passa
agora a ser uma interface entre telecomunicações, informática e entretenimento.
Tanto que criar uma “auto-estrada informacional” virou prioridade do governo
americano.
Que esse futuro já está às nossas portas é consenso. Não tão
divulgadas são as consequências nefastas que essa mudança radical trará. A
recessão não vai acabar. Quem ficar fora deste processo evolutivo/tecnológico
estará destinado ao desemprego crônico. Os pobres continuarão ficando cada vez
mais pobres, os ricos cada vez mais ricos. As rivalidades nacionais/ tribais
continuarão esquentando - a coisa vai do neonazismo incendiando turcos na
Alemanha unificada ao separatismo brasileiro. O que, mais uma vez, mexe com o
âmago do conceito U2 - a bronca, a militância, a luta contra a injustiça (é
careta? Pode ser, mas também é fundamental). Como dizia Norman Mailer nos anos
60, “vem uma tempestade de merda por aí”.
Você pode ver isso como os últimos espasmos da civilização,
ou como as dores de parto de um mundo novo e interessante. Descobrir de que
lado deste muro você está é a grande questão político/cultural da nossa era.
Com tudo isso rolando, é apropriado que o pop - um dos pais desse mundo de
ficção científica - tente articular essa visão moderna (e modernosa) dos anos
vindouros em termos pop. Muita gente se meteu na mesma praia antes - mais
obviamente grupos de tecno, gente que faz som para rave, industriais e
eletrônicos em geral.
Agora , até Billy Idol está lançando um disco de base tecno
chamado Cyberpunk.
Mas foi Achtung Baby e a Zoo TV Tour que levantaram essa
bola futurista em termos de massa. Afinal, o U2 ainda é “a maior banda de rock
do mundo” (se é a melhor ou a que vende mais não vem ao caso, mas que é a
maior, ninguém discutirá). Daí o swing oriental de “Misterious Ways”, remixado
para as pistas (duas fronteiras da nova era interligadas: a visão
multiculturalista e os garotos chapados de designer drugs dançando a noite
toda). Daí as táticas situacionistas, o apoio ao Greenpeace (a política do
amanhã está nas organizações informais, flexíveis, não-governamentais). Daí a
auto-referência, o senso de humor, o terno dourado.
Daí a banda vestida de mulher em revistas de moda (e na capa
desta revista), a embaralhação de signos tradicionais do superstar, e daí a
monstruosa blitz de mídia em 91/92 (e agora 93, da qual fazemos orgulhosamente
parte - é bom de vez em quando estar do lado que vai ganhar). E daí Zooropa
disco e a tour - o mais ambicioso disco do U2 a mais ambiciosa tour da história.
Sem fronteiras
Em 91/92, era a Zoo TV Tour. Zooropa 93 é uma versão muito
revista e muito melhorada. São trinta datas, começando 9 de maio em Roterdã e
acabando 31 de julho em
Estocolmo. Os menores shows são para 30 mil; os maiores, para
70 mil. Se todos os shows lotarem, U2 terá sido visto por quase dois milhões de
pessoas durante três meses. Para pagar os custos de cada show, é necessário que
pelo menos 85% dos ingressos tenham sido vendidos. Ao mesmo tempo, o U2 não
aceitou nenhum patrocínio corporativo, com exceção de um acordo de cobertura
especial com a MTV Internacional.
Para compensar a ausência de patrocinadores, a tour oferece
um dilúvio de merchandising de todos os tipos - bonés, camisetas, fivelas para
cinto, adesivos e até uma nota falsa de ECU (o novo dinheiro da Europa
unificada). Entre os que estão abrindo para o U2 em shows diversos estão grupos
tão variados quanto Velvet Underground, Belly, Einstürzende Neubaten, Stereo
MCs e o DJ Paul Oakenfold. Os telões da Zooropa 93 foram especialmente
desenvolvidos para a banda pela Philips, pioneira na área de TVs de alta
definição. A empresa controla a PolyGram e através dela a Island. U2 aceitou
dez por cento da propriedade da Island, sua gravadora, em troca de royalties
atrasados. U2 e Philips são, portanto, sócios.
A programação de vídeo de cada show varia. Ela vem de três
fontes: um grupo americano que trabalha com sampleagem e colagem de vídeo, o
Emergency Broadcast Network; o produtor/diretor/músico Kevin Godley, da dupla
Godley & Creme, ex-10 cc; e de filmagens feitas com e pela platéia durante
cada show. Bono controla parcialmente o que está nos telões, via controle
remoto. O show inclui todos os grandes hits do U2, Achtung Baby e Zooropa
praticamente inteiros, uma versão de “Satellite Of Love” de Lou Reed, mais
músicas compostas pelo grupo para outros artistas, inclusive “Prodigal Son”
(que foi gravada pela banda mas não entrou no novo disco, mas estará só no do
cantor de soul americano Al Green, que Bono considera a maior influência sobre
seu estilo de cantar) e “The Wanderer” (que está em Zooropa, na voz do cantor
country e um dos inventores do rock´n´roll, Johnny Cash. A música foi composta
especialmente para Cash). Os shows sempre abrem com “Zooropa”, e geralmente
terminam com “Are You Lonesome Tonight”, o velho clássico de Elvis.
É na última parte do show que Bono aparece como “MacPhisto”
(uma piada: Mefisto, o demônio tentador, que faz qualquer negócio em troca de
uma alma - só que irlandês). Usa terno dourado brilhante, sapatos plataforma,
maquiagem pesada e chifres vermelhos. É neste alter ego cafona, uma
paródia/auto-referência, que Bono interpreta alguns dos maiores sucessos da
banda - inclusive a mais famosa balada do U2, “With Or Without You”. Sobre o
personagem, Bono disse: “não sei de onde ele vem, nem sei para onde ele está me
levando. É excitante e amedrontador ao mesmo tempo”. É mais um dos muitos jogos
de cena de Bono, que escandalizaram/ deliciaram os fãs do U2 nos últimos
tempos. Entre os mais chamativos estiveram posar vestido de mulher (você já
viu); rebolar, apalpar e encoxar bailarinas durante os shows desta turnê;
aparecer bêbado carregando uma garrafa de conhaque em entrevistas coletivas e
fazer editoriais de moda para a Vogue ao lado da modelo Christy Turlington,
seminua.
Apesar das baixarias no decorrer da turnê, o grupo encontrou
alguns de seus heróis literários. William Burroughs - padrasto do movimento
beat e uma lenda americana - participou de um show de TV com a banda. Salman
Rushdie, até hoje sob ameaça de morte por parte dos xiitas iranianos por causa
do livro Os Versos Satânicos, se encontrou com eles num fórum sobre censura em Dublin. Charles Bukowski ,
afiliado distante dos beatniks e bêbado escroto de marca maior, assistiu ao
show em Los
Angeles. Gunther Grass, autor de O Tambor e um dos
intelectuais mais respeitados da Alemanha esteve com o grupo em Berlim.
No futuro próximo o U2 pode mudar de cara. Correm boatos de
que Adam Clayton pode deixar a banda (ele é o único não-crístão da banda e está
noivo da modelo Naomi Campbell). O futuro imediato da banda? Bono fará um dueto
com Frank Sinatra para seu próximo disco, produzido por Quincy Jones. Willie Nelson
e Al Green gravarão faixas especialmente compostas para eles por Bono. Em
outubro sai outro lançamento, com cinco faixas deste disco remixadas para pista
- quais, ainda não foi anunciado. E o mais interessante: o U2 está produzindo
em acordo com a gigante dos videogames Sega um CD-Rom - não um jogo, mas um
produto interativo que une música, vídeo, texto. Mais um passo na direção certa.
Apocalipse experimental
E depois que Zooropa 93 acabar Bono já anunciou que esta
turnê só acaba definitivamente depois que a banda tiver tocado nos cinco
continentes. Resta portanto os países do Pacífico - que provavelmente receberão
uma versão um pouco diferente da excursão ainda este ano - e América Latina.
Tanto os fãs de “Sunday Bloody Sunday” quanto os de “The Fly” vão estranhar. A
nova parceria do U2 com Brian Eno - produtor que fez o estouro da banda de The
Unforgettable Fire para frente - vai mais longe do que qualquer supergrupo já
foi.
Zooropa, o disco, é a cara de Zooropa 93, a tour - uma
superprodução que embaralha completamente o que se espera do U2 com o que o
grupo espera de si mesmo. Antes de mais nada, porque é um disco conceitual. A
ambição explícita é retratar um mundo que vive na fronteira da revolução
eletrônica - e como isso afeta o cotidiano das pessoas comuns deste planeta.
Como viver num mundo em constante transformação afeta os sonhos, as aspirações
políticas, as angústias pessoais e as expectativas espirituais do cara aí na
esquina. E ambição demais para um mero disco. Muita gente boa já gastou
milhares de páginas tentando articular essa visão, inclusive o escritor William
Gibson, o mais importante criador da ficção científica cyberpunk e segundo Bono
o grande inspirador de Zooropa.
As gravações foram realizadas em intervalos desta turnê
européia. Quando o grupo tinha uns dias livres, voltava rápido para o estúdio, em Dublin. Esse método
de composição e gravação se refletiu no feeling final do disco. E um trabalho
muito europeu, dos temas das letras aos timbres usados. O resultado final
remete imediatamente à virada dos anos 70 para os 80: o David Bowie berlinense
de Low, Lodger, Heroes: o refinamento do Roxy Music; as experimentações de base
pop do Japan. E alguma coisa difícil de definir, talvez a angústia, do Joy
Division.
Claro que Zooropa não é um xerox amarelado dessa fase do
rock. O disco soa moderníssimo: Flood e Brian Eno cuidaram disso. Flood foi o
engenheiro de som. E um dos mais importantes produtores de música eletrônica do
mundo. É colaborador local” do selo Mute, onde produziu (e/ou remixou) quase
todo mundo que é alguém no tecnopop britânico. Seu associado mais famoso e o
Depeche Mode.
Brian Eno vai um pouco mais longe. Eno é um dos grande
experimentadores da história da música. Começou no Roxy Music, no início dos
70. Trabalhou muito com Robert Fripp, outro grande experimentador, inclusive na
´trilogia Berlim” de David Bowie. E um dos pioneiros da música ambient - que
hoje se infiltra até no maior domínio do ritmo, a dance music. Fez o influente
disco de world music ambiental (na época, o rótulo era etnopop) My Life In The
Bush Of Ghosts, com David Byrne. Recentemente voltou ao pop com John Cale, no
disco Wrong Ways Up. Continua sendo vanguarda - seja lá o que isso quer dizer.
No meio dessa história toda, Eno achou tempo para produzir o
disco que estourou o U2 mundialmente - The Unforgettable Fire - e ainda o
seguinte. The Joshua Tree, que sedimentou definitivamente o status da banda.
Zooropa não tem nada a ver com esses discos. Demorou, mas finalmente o U2
(visceral, obcecado por ritmos americanos, tocando rock de arena com refrões
poderosos) e Brian Eno (dandy, esteta, sutil, mago de estúdio) sincronizaram
seus interesses. O resultado deste encontro é modular, monotônico, hipnótico.
Refrões são desimportantes. Quase nenhuma música permite se cantar junto, muito
menos assobiar. Ao todo, são dez faixas. A primeira é a música-tema “Zooropa”.
Imagine ouvir “Until The End Of lhe World” numa estação de rádio que não está
bem sintonizada e dá para imaginar. A música estabelece o clima do disco todo.
É épica mas contida: não tem um pingo de paixão. Quando a guitarra fala alto,
não é uma explosão: é estática calculada. Se a bateria martela não é para
ninguém dançar, e sim para sugerir os passos sincronizados de nazistas
marchando. A letra é um amontoado de slogans publicitários.
Depois desse inferno sombrio, “Babyface” parece um alívio.
Parece uma baladinha eletrônica feita por David Bowie. Só que o romance é com
uma criança. “Devagarzinho… deixa eu desamarrar sua renda… abre a porta… deixa
eu desarrumar minha mala… você está vindo a mim (gozando sobre mim), direto do
espaço sideral.”
Uma banda famosa por ser católica cantar as delícias da
pedofilia já seria estranho o suficiente. Bem mais estranha é a faixa seguinte,
“Numb´, ter sido escolhida como primeiro single/clip. “Numb” não tem refrão,
não tem explosão, não tem atitude. A voz de Bono está irreconhecível. A letra
se limita a dizer “não”. É “não faça/não se mexa! não pense/não ouça a
banda/não viaje de trem/não sussurre etc. etc. As palavras são repetidas
baixinho, como um mantra que veio do espaço; a base é circular; tudo que não é
a voz ou a base é textura, estática, intervenção.
“Lemon” tem mais cara de hit. Repetitiva como todo o resto
do disco - aliás a ideia de repetição e reciclagem é um dos temas fundamentais
de Zooropa -,funciona como canção de amor, como trilha para raves e homenagem
atravessada a Prince e aos new romantics. Sintetizadores e um majestoso arranjo
de cordas são cortesias de Brian Eno. “Stay (Faraway, So Close!) tem aquela
melancolia lenta de quem está na estrada. Diz “tão longe, tão perto/para frente
com a estática e o rádio, com a TV via satélite/você pode ir a qualquer
lugar/Miami, Nova Orleans, Londres, Belfast e Berlim”.
É a coisa mais parecida com o U2 de antigamente no disco,
talvez porque não tenha a participação de Brian Eno. Mas “Daddys Gonna Pay For
Your Crashed Car” também não tem Eno e é uma das músicas mais ousadas de
Zooropa. É o U2 se reinventando como uma parceria imaginária do My Life With
The Thrill Kill Kult com Stereo MCs e Tackhead. Contém um sample de fanfarra,
tirado do disco As Canções Favoritas De Lenin, e outro de “The City Sleeps”,
música do duo industrial texano MC900 Ft Jesus. Tem cara de sucesso de pista. O
tema, disse Bono numa entrevista, é ´heroína e dependências de todos os tipos”.
“Some Days Are Better Than The Others” se parece bastante
com “The Fly”, só que numa versão estilhaçada. Recoloca a questão básica
presente em Zooropa, e do mundo que este disco quer representar. Como uma coisa
tão melódica, tão grandiosa, tão tipicamente U2/anos 80 pode soar tão
alienígena? A pergunta não tem resposta, só reforço: “The First Time”, uma
canção de amor daquelas de tocar ao violão, acabou virando um tema ambiental
que presta homenagem atravessada a Lou Reed (”Kill Your Sons”) com timbres de
cold wave e Brian Eno ao piano.
O fim se aproxima com “Dirty Day”, homenagem ao escritor
Charles Bukowski. A letra, como o homenageado, romantiza a vida na sarjeta
apresentando-a da maneira mais realista possível. Formalmente, esta é a última
música do disco - e ele fecha repetindo as características principais que
atravessam o trabalho todo.
Resta para o final o grande momento de Zooropa. “The
Wanderer” foi composta quando Bono soube que Johnny Cash estava em Dublin. Cash é um dos
sobreviventes da era dourada do rock´n´roll, os anos 50. Era um dos integrantes
do “quarteto de um milhão de dólares”, ao lado de Jerry Lee Lewis, Carl Perkins
e Elvis Presley. Como cabia às suas raízes caipiras, se virou para o country -
country de macho, nômade, falando de coisas como dor de cotovelo, solidão,
trabalho, falta de grana, falta de amor.
É o próprio Johnny Cash que canta “The Wanderer”. E
tristonho sem ser meloso, desiludido sem perder a vergonha na cara. Uma típica
canção de cowboy para o fim do milênio. Periga ser o momento mais emocionante
de Zooropa e Bono nem está presente. Melhor assim, sem maiores frescuras. A
união de Johnny Cash e Brian Eno fecha da melhor maneira possível o que já é um
dos melhores discos do ano.
por André Forastieri
(Bizz, 93)
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