sexta-feira, 23 de novembro de 2012

"Coração Metrônomo", The Renegades of punk - por Sílvio Campos

Sabem de uma coisa? O que me estimulou a falar sobre “ Coração Metronomo” não foi nem o fato de ser uma banda que faz algo voltado ao punk, suas letras e sonoridade. Eles têm um público que vai além do punk, de indies e rockers atuais, pode-se dizer assim, e que talvez sejam distantes do que muitos pensam sobre o que é realmente uma banda e público essencialmente punk. As idéias e atitudes da banda, isso sim, me fazem tentar falar. Sua vida e a vontade de fazer algo pelo estilo do qual as pessoas vejam de forma mais respeitada. Se por um lado ainda vemos gigs com a precariedade dos tempos das cavernas, a Renegades, por outro lado, tenta melhorar ao máximo essa cara, e isso é mais que positivo. Nem tudo que leve o slogan do punk  tem que ser necessariamente ruim ou precário! Além de tudo a R/P ainfa faz sua historia e seu caminho Sergipe e Brasil afora.

Ação: “Coração Metronomo”, a primeira faixa, começa instigadissima! Punk rock cheio de quebradas e muito, muito nervosa, e uma letra que coloca o consumismo e individualismo burro, digamos assim, abaixo de tudo. Muito legal, e ainda te faz pensar, começando muito bem o álbum. Em “Me Testa” a banda continua com a mesma pegada e energia, nervosa, característica natural da R/P. Melodia marcante, refrão ótimo e sentimento na interpretação. Já em “Ghost” parecem buscar algo mais introspectivo, pois uma certa melancolia rodeia toda a musica. Em seguida vem uma das melhores da banda, “Fake”, rápida e com uma letra mais no padrão punk: direta, na veia.

As faixas “Você Faca Coração”, com seu ótimo ...”fucking lies”... e “Mistura Meus Olhos”, com um riff matador, sustentam toda a sequencia do álbum mantendo a energia nervosa da banda. Nesta segunda citada a letra me parece uma certa critica à doideira junkie(?) - é só minha visão. Aí está a maior influencia, a meu ver, da R/P - o velho Dead Kennedys. Na veia, sonzaço.

Em “We Seem So Close” mais som reto, influencias do velho punk rock, sensacional os arranjos. A guitarra de Dani parece fazer a outra parte de voz, isto é, canta com ela, aparece o tempo todo e isso serve também para a faixa seguinte, “Algo Que Não Tenho”, que por sinal é uma  ótima letra. Temos em seguida “Um Leão Por Dia”: som punk de verdade, letra e uma sonzeira "da gota"! A guitarra mais uma vez detonando com acordes nervosíssimos, muito estilo.

“Coisas Belas” vem com uma letra bem interessante e o baixo em sua melhor performance, ótima faixa. Mais rebeldia e protesto em “La Reprise” - essa faixa vem curiosamente cantada em francês! Trata-se de uma releitura de uma outra banda a qual integrantes da R/p fizeram parte, REVER, louca nervosa, sobrando adrenalina. É o som para agitar, extravasar ...

Não posso esqucer aqui  a parte gráfica da obra no formato de envelope duplo, bem bacana. Acompanha encarte com as letras, capa ultra original e cheia de estilo, e ai chegamos ao final com a “Vida Real” - esta soa como aquele tipo de desabafo/protesto que costumamos fazer todos os dias. É climática e tem uma sonoridade diferente na guitarra, o que dá um toque muito original. A bateria na sua crueza junta-se à ótima linha de baixo, definindo assim toda a sonoridade desta renegada banda de punk rock Sergipana.

                                                                                                    Silvio Campos (Zine Microfonia)

O disco da renegades está à venda na Freedom.
O resto você já sabe.

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