domingo, 11 de janeiro de 2015

Camarones Orquestra Guitarrística, uma entrevista ...

TMDQA!: Sabemos que 2014 foi um ano de muitas atividades para o Camarones. Tanto que vocês terminam o ano gravando o próximo disco. Você pode fazer um resumo do que aconteceu nesse período?

Anderson Foca: A gente começou o ano lançando uma reunião de singles, o O Outro Lado. A gente sabia que esse seria um ano de turnê intensa e se preparou pra isso. Lançamos esses singles porque tinha música cover do Link Wray, que a gente não tinha divulgado e só tinha saído na gringa, tinha também um cover do tema do filme Ghostbusters, que também nao saiu aqui, tinha todo o lado b de Espionagem Industrial e outros singles também. Então, a gente tinha um material muito interessante para lançar um disco. Foi um ano muito intenso pra gente. A gente fez uma turnê europeia enorme, fez uma turnê nacional que foi em todas as regiões do país, tocamos de Santa Catarina a Boa Vista. Foi um ano muito proveitoso para o Camarones e que nos deu um novo ânimo já que a gente mudou muito de formação. Mudamos tudo, inclusive eu mudei de instrumento. Além do teclado, comecei a tocar guitarra. E foi incrível. Estamos bem entrosados. Foi sem dúvidas um dos anos mais produtivos e ainda estamos o encerrando já com disco novo.

TMDQA!: Fala um pouco sobre o conceito de Rytmus Alucynantis, o novo disco de vocês.

Anderson Foca: Se você olhar a nomenclatura, parece até um mosquito. E na verdade é pra ser um mosquito chamado Rytmus Alucynantis que pica a pessoa e ela fica feliz, excitada, quer dançar, quer se mexer. E isso é muito a onda do Camarones, esse conceito do disco é muito o que a gente quer passar. Alegre, festivo, tendo o compromisso de tocar bem, fazer uma coisa bacana no ponto de vista do rendimento do músico no estúdio, mas isso é o segundo plano total. O primeiro plano é que as pessoas dancem, se divirtam, se identifiquem com algum momento da vida e se for um momento bom, melhor ainda. Esse é o conceito do disco e é o que a gente tá tentando fazer aqui.

TMDQA!: O que diferencia o novo álbum dos anteriores?

AF: A primeira coisa que diferencia é que a gente mudou de formação. Quando muda de formação, as referências também ficam bagunçadas no ponto de vista da composição. Muda tudo, começa tudo do zero já que você passa a se adaptar aos novos músicos e eles tem as suas levadas preferidas, os timbres preferidos. E a gente adora essa mudança. Eu sou o principal compositor do Camarones, então eu mantenho uma certa identidade, mas ao mesmo tempo vem chegando novas informações. Por exemplo, nesse disco sai a primeira música que a gente programou já que Fausto gosta disso. A faixa se chama “Tsunami” e nem soa como programação, é um reggae mais pesado. Foi uma experiência incrível. Foi a segunda música que a gente fez pro disco. No mais, é um álbum como os outros. Tem participação do Molho Negro, eles ficaram uma semana aqui com a gente e devem tocar umas 3 ou 4 faixas. Augusto gravou uma bateria, João gravou a guitarra numas 2 ou 3 músicas e também compôs alguma coisa comigo e Yves.

TMDQA!: A banda sempre conta com muitas participações, sejam elas em shows ou nos discos. Como vocês escolhem esses convidados?

AF: A gente procura fazer a coisa mais colaborativa possível porque nós somos uma banda instrumental, então é tudo muito aberto. Nunca foi uma coisa ofensiva receber gente no disco. Não é só o Molho Negro que tá participando. O Ynaiã Benthroldo, do Boogarins, gravou uma música, a metaleira do Móveis Coloniais de Acaju vai participar de outra. É muito por afinidade. A gente já tocou junto com essas bandas, tanto o Móveis quanto o Molho Negro já fizeram turnê com a gente, o Ynaiã já tocou bateria com a gente, fez turnê. Nesse disco, Leo Martinez, que era nosso guitarrista, também participa. Kaká Monteiro, que também tocava com a gente, também tá no disco. Na verdade, a banda só tá crescendo. Os que já saíram continuam participando do processo.

TMDQA!: Junto com o disco, vocês já tem uma turnê planejada para 2015?

AF: Já. Deve ter uma mudança de planos. A gente tinha pensado em fazer nesse ano metade no Brasil e a outra metade internacional, mas com o disco novo talvez seja mais inteligente fazer mais Brasil e um pouco menos internacional. Até pra esperar o que vai acontecer com essa crise, o dólar e o euro estão altos. Então, a gente tem a possibilidade de fazer um lançamento bem grande no Brasil e viajar pelo país, mas também deve pintar algo lá fora só que não na intensidade que a gente estava planejando inicialmente. Agora, o disco sai de cara em toda a América do Sul e Europa pela Scatter Records, que é um selo da Argentina. Deve sair o vinil também. Principalmente na gringa, não sei se ele chega ao Brasil tão rápido quanto lá. Ao mesmo tempo que o álbum sair no Spotify, Deezer, Itunes e pra galera baixar, já deve começar a venda fora do país.

TMDQA!: Vocês são uma banda que nunca está parada. Agora mesmo estão terminando o intenso ano de 2014 já gravando o próximo disco. E tudo isso movimenta a cena local e nacional. Como você vê o papel do Camarones dentro da tão comentada cena do Rio Grande do Norte?

AF: O Camarones é meio clássico na cena. O que muitas bandas estão fazendo agora, o que está virando rotina, nós fazíamos sozinhos ali em 2009/2010. Era fazer turnê, tocar fora, ir aos festivais, isso é uma coisa que a gente já faz há algum tempo. Eu acho que a gente foi meio que uma espécie de “É possível. Se eles estão fazendo, a gente também pode”. Acho que nossa contribuição foi encorajar a galera a fazer isso. Se você olhar hoje tem Far From Alaska, Red Boots, Fukai, Camarones, Kataphero, Mad Grinder, Moster Coyote e muitas outras. Todas essas bandas fizeram turnê em 2014 pelo Brasil. E acho que muitas outras irão fazer. Muita coisa vai acontecer em 2015. Tenho ouvido uns discos que vão sair e vem coisa boa aí. Nós estamos muito bem. Não sei se a gente já viveu um momento assim na música.

TMDQA!: Para finalizar, você tem mais discos que amigos?


AF: Rapaz, olhe, eu já tive quase seis mil discos, só que me desfiz dos meus discos pra fazer mais amigos. Fiz um bazar, chamei meus amigos e mandei eles escolherem. Era R$ 5, 10 e 15. Se você fosse puxando, não era pelo valor do disco, era pelo meu sentimental. Se eu gostasse muito do disco, ele pagava mais caro. Se eu gostasse menos, era mais barato.

NOTA DO BLOG: Camarones toca em Aracaju próxima quinta, no Maori.


#


Nenhum comentário:

Postar um comentário