Chegamos no horário marcado no site apenas pra saber que o
show havia sido adiado para duas horas depois. Má noticia, já que a idéia seria
voltar para Aracaju ainda naquela noite de domingo, por conta de compromissos
na segunda pela manhã, mas normal. Coisas do rock. Casa cheia, público razoável
– cerca de 500 “cabeças”. Entramos a tempo de ver parte do show da banda de
abertura, Capadócia. Competente.
Não teria despencado linha verde afora se o show tivesse
sido do Soulfly, devo confessar, mas também não concordo com a opinião de minha
querida amiga Maíra Ezequiel de que Max sem Igor não é nada. Ele é tosco pra
cacete, rosna, não canta, toca guitarra de maneira primitiva – o que se reflete
em suas composições, evidentemente – mas foda-se: o cara é foda. Emana uma aura
meio inexplicável que faz com que você se identifique instantaneamente com sua
energia e atitude. Deve ser o que chamam por aí de “carisma” ...
E foi essa aura que dominou o ambiente assim que ele
adentrou o palco da casa de shows “The Hall”, na Pituba – no mesmo estilo mas bem
melhor, mais espaçosa e elegante do que a “nossa” Infinity Club, onde uma
semana antes eu havia visto o Krisiun. A catarse já havia se iniciado alguns
segundos antes, quando a silhueta de Igor ficou visível por trás da bateria,
mas Max é o “frontman”, é ele que “levanta a massa”.
Sem muitas delongas, tome paulada no pé do ouvido:
“Inflikted”, primeiro “single” deles, abre os trabalhos em grande estilo, já
que é uma boa musica. Segue ok com “warlord”, mas o bicho começa realmente a
pegar quando rola a introdução de “Beneath the remains”, clássico do Sepultura,
nos alto-falantes. E quando eu falo em “bicho pegando”, em termos de Salvador,
é porque lá o bicho pega MESMO: “pogo” – ou “slam dancing”, “clube da luta”, o
que seja – violentíssimo, SEMPRE! A “roda” lá é pros fortes mesmo, nada da
“ciranda cirandinha” que se costuma ver no Recife, por exemplo. Bonito de ver a
cena, apreciada de uma distancia segura por mim – a idade somada a duas
cirurgias no cotovelo e quase um ano de fisioterapia por conta dessa
“brincadeirinha” deixaram marcas ...
O set list é espertamente distribuído entre coisas mais
antigas, do Sepultura – sempre as mais aclamadas, claro, e com razão, clássico
é clássico – e novas, do Cavalera. Com duas exceções: “Orgasmatron”, do
Motorhead – só um trecho, de improviso – e “Wasting Away”, do Nailbomb – ambas
tocadas de modo desleixado, mas com uma energia bruta contagiante. Idem para a
novíssima “Bonzai Kamikaze”, que eu curti muito na versão de estúdio mas ao
vivo ficou quase irreconhecível, uma merda. Os grandes destaques da noite, pra
mim, foram “refuse/resist” e “Territory”, que não por acaso fazem parte do
repertório de meu disco favorito, “Chaos AD”. “Roots Bloody Roots” também foi
foda – pensei que Max fosse mencionar o clipe, gravado na Bahia ...
Não foi um show perfeito, mas foi muito bom. Max demonstrava
um certo cansaço e é nítida a falta que Andreas kisser faz, mas teria valido a
pena o esforço apenas para ver o segundo melhor baterista de Heavy Metal do
mundo em ação. Puta que pariu, caralho, o cara é muito bom! E ainda é bonito, o
“fi-da-peste”! Chega a ser engraçado o contraste dele com Max, mais evidente no
final do show, quando os dois agradecem ao público abraçados no palco – um
super em forma, de cabelo cortado e figurino sóbrio, o outro gordo, detonado,
com imensos dreadlocks podres e o velho conhecido figurino “camuflado” em tons
de cinza. Mas acima de tudo, muito bom ver a bonita amizade e a cumplicidade
que os une, do tipo que consegue se comunicar com uma simples troca de olhar.
Fim de festa, volta pra casa tranqüila madrugada adentro.
Valeu, Salvador!
A.
#
Nenhum comentário:
Postar um comentário