terça-feira, 9 de setembro de 2014

Max & Igor, juntos e ao vivo ...

Demorou 23 anos, desde que os vi no Rock In Rio II, no Maracanã, lançando o disco “Arise”, mas aconteceu domingo, dia 7 de setembro, em Salvador, meu reencontro com os irmãos Cavalera juntos num palco. Já vi Sepultura algumas vezes desde então – uma delas aqui mesmo em Aracaju, ainda com Igor na bateria – mas é diferente. Não gosto de Sepultura com Derrick Green. Do meu ponto de vista, ver um show do Cavalera Conspiracy é, hoje em dia, o mais próximo que você pode chegar da experiência do Sepultura na formação clássica.

Chegamos no horário marcado no site apenas pra saber que o show havia sido adiado para duas horas depois. Má noticia, já que a idéia seria voltar para Aracaju ainda naquela noite de domingo, por conta de compromissos na segunda pela manhã, mas normal. Coisas do rock. Casa cheia, público razoável – cerca de 500 “cabeças”. Entramos a tempo de ver parte do show da banda de abertura, Capadócia. Competente.

Não teria despencado linha verde afora se o show tivesse sido do Soulfly, devo confessar, mas também não concordo com a opinião de minha querida amiga Maíra Ezequiel de que Max sem Igor não é nada. Ele é tosco pra cacete, rosna, não canta, toca guitarra de maneira primitiva – o que se reflete em suas composições, evidentemente – mas foda-se: o cara é foda. Emana uma aura meio inexplicável que faz com que você se identifique instantaneamente com sua energia e atitude. Deve ser o que chamam por aí de “carisma” ...

E foi essa aura que dominou o ambiente assim que ele adentrou o palco da casa de shows “The Hall”, na Pituba – no mesmo estilo mas bem melhor, mais espaçosa e elegante do que a “nossa” Infinity Club, onde uma semana antes eu havia visto o Krisiun. A catarse já havia se iniciado alguns segundos antes, quando a silhueta de Igor ficou visível por trás da bateria, mas Max é o “frontman”, é ele que “levanta a massa”.

Sem muitas delongas, tome paulada no pé do ouvido: “Inflikted”, primeiro “single” deles, abre os trabalhos em grande estilo, já que é uma boa musica. Segue ok com “warlord”, mas o bicho começa realmente a pegar quando rola a introdução de “Beneath the remains”, clássico do Sepultura, nos alto-falantes. E quando eu falo em “bicho pegando”, em termos de Salvador, é porque lá o bicho pega MESMO: “pogo” – ou “slam dancing”, “clube da luta”, o que seja – violentíssimo, SEMPRE! A “roda” lá é pros fortes mesmo, nada da “ciranda cirandinha” que se costuma ver no Recife, por exemplo. Bonito de ver a cena, apreciada de uma distancia segura por mim – a idade somada a duas cirurgias no cotovelo e quase um ano de fisioterapia por conta dessa “brincadeirinha” deixaram marcas ...

O set list é espertamente distribuído entre coisas mais antigas, do Sepultura – sempre as mais aclamadas, claro, e com razão, clássico é clássico – e novas, do Cavalera. Com duas exceções: “Orgasmatron”, do Motorhead – só um trecho, de improviso – e “Wasting Away”, do Nailbomb – ambas tocadas de modo desleixado, mas com uma energia bruta contagiante. Idem para a novíssima “Bonzai Kamikaze”, que eu curti muito na versão de estúdio mas ao vivo ficou quase irreconhecível, uma merda. Os grandes destaques da noite, pra mim, foram “refuse/resist” e “Territory”, que não por acaso fazem parte do repertório de meu disco favorito, “Chaos AD”. “Roots Bloody Roots” também foi foda – pensei que Max fosse mencionar o clipe, gravado na Bahia ...

Não foi um show perfeito, mas foi muito bom. Max demonstrava um certo cansaço e é nítida a falta que Andreas kisser faz, mas teria valido a pena o esforço apenas para ver o segundo melhor baterista de Heavy Metal do mundo em ação. Puta que pariu, caralho, o cara é muito bom! E ainda é bonito, o “fi-da-peste”! Chega a ser engraçado o contraste dele com Max, mais evidente no final do show, quando os dois agradecem ao público abraçados no palco – um super em forma, de cabelo cortado e figurino sóbrio, o outro gordo, detonado, com imensos dreadlocks podres e o velho conhecido figurino “camuflado” em tons de cinza. Mas acima de tudo, muito bom ver a bonita amizade e a cumplicidade que os une, do tipo que consegue se comunicar com uma simples troca de olhar.

Fim de festa, volta pra casa tranqüila madrugada adentro.

Valeu, Salvador!

Quero mais!

Veja AQUI

A.

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