domingo, 27 de julho de 2014

DON´T MAKE MUSIC, MAKE NOISE !!!!!!!!

“Isso não é coisa de Deus não”, foi o que me veio à cabeça quando a cabecinha vermelha do braço do meu pick up repousou sobre a bolachinha de vinil também vermelha que me foi enviada por minha amiga de longa data Marli, do No Sense. Os sulcos transmitiram aos alto-falantes o monstruoso som de uma banda cearense da qual já tinha ouvido falar, mas nunca ouvido o som: Obskure. “Uterus and grave”, sua primeira demo-tape, de 1990, foi relançada em vinil num belíssimo split com o “debut” dos pioneiros do grind core de Santos, “Confused Mind”.

As capas e encartes reproduzem fielmente o design original xerocado – com uma ligeira adptação ao novo formato, evidentemente – obra do gigante George Frizzo! Como a do Obskure ficou na frente, consideirei-a o lado A e ouvi primeiro. Me impressionei: trata-se de uma musica sombria e extremamente barulhenta, com três faixa relativamente longas – para o padrão do “grind” – que combinam um instrumental poderoso a letras opressivas vociferadas por um vocal pra lá de gutural.


Já a do No Sense, do mesmo ano, é uma velha conhecida, mas que tomou uma nova dimensão ao ser ouvida assim, em pleno século XXI e em glorioso vinil colorido. Tem 20 faixas(!!!!), sendo as 10 primeiras barulhinhos “from hell” intitulados “noise song”. A primeira coisa mais parecida com uma musica é a faixa título, “confused mind”, na qual já podemos sentir o vocal de Marly ainda “verde” – se comparado aos dias de hoje e mesmo ao que foi gravado na época, posteriormente – e com uma pronuncia em inglês pra lá de tosca, beirando o risível – “Devastation and massacre”, em suas palavras, virou “devastation and massêicre”! Normal, ela tinha apenas 13 anos quando gravou esta pérola! Era, aliás, uma das peculiaridades que mais contribuíram para chamar a atenção para a banda, na época. Isso e o fato de que eram REALMENTE bons, com um som que fugia do barulho óbvio e monocórdico, como pode ser constatado na própria faixa citada, um pequeno clássico que se destacava do conjunto por ter um ritmo mais cadenciado e uma melodia mais reconhecível.

Grande resgate de uma página gloriosa – e obscura! – de nossa música feita à margem dos padrões pré-estabelecidos pela ditadura do “bom gosto” – ênfase nas aspas. Por obra e graça de um selo alemão, “Winter productions”, sediado em Hamburgo.

DON´T MAKE MUSIC, MAKE NOISE !!!!!!!!


A.


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