Ter músicas novas faz muita diferença para a banda?
Black Francis: Pessoalmente, sim. O álbum está saindo agora, então não sei o que isso significa na coisa como um todo, mas certamente nos sentimos bem fazendo algo diferente em vez de fazer “Monkey Gone To Heaven” novamente.
Foto por Samantha Saturday |
Joey Santiago: Somos uma banda agora. Bandas fazem turnês e fazem música. E havia um barulho nas redes sociais dizendo que eles queriam um novo disco. Tivemos que tirar um tempo para isso. Havia algo para provar? Só queríamos fazer nossa música. Continuamos criativos.
Francis: Não acho que nós analisamos isso muito. Não lançamos uma música nova nos últimos 10 anos porque, basicamente, não tínhamos um acordo para ir ao estúdio, mesmo tendo havido algumas tentativas de fazer isso acontecer. Não conseguíamos realmente entrar em concordância até uns dois anos atrás. Sim, queremos fazer sucesso, não queremos ser criticados, não queremos ter uma crítica dando uma de 10 estrelas ou qualquer coisa do tipo [risos]. Não queremos nada disso, mas nós estamos perfeitamente dispostos a aceitar isso tudo. No fim das contas, o que importa é que só queremos fazer música. É uma banda de rock. Vivemos na realidade a maior parte do tempo, até que tomemos alguns drinques. Somos bem experientes. Fomos ao Brasil e encontramos um dos nossos velhos roadies, o George, o cara que " sabe todos os acordes”. Estávamos passeando pelo saguão e ele disse, “Caras, é tão bacana ver vocês na estrada”, e ele estava tipo, “Vocês fizeram um disco e agora estão de volta – podem agora tocar essas músicas durante cinco anos”. Aquele foi o conselho dele. Em certo ponto, eu percebi que ele estava certo.
Francis: Demorou um tempo para descobrir como funcionaríamos. Ajudou o fato de que a banda estava esperando por algo ansiosamente. Não posso simplesmente dar a eles a primeira música que vem à minha mente. Trouxemos [o produtor] Gil Norton e ele foi bem importante nesse papel de dizer: “Isso sim, aquilo não”.
Terminar o disco serviu para encorajar vocês?
Francis: Tivemos todo esse problema quando a Kim [Deal] saiu quando o disco estava na metade, então foi um desafio interessante. Não acho que vamos querer esse tipo de desafio da próxima vez que entrarmos em estúdio.
Se o show do Imagine Dragons, no primeiro dia de
Lollapalooza, exaltou a felicidade pop e fácil, o Pixies, em sua
terceira passagem pelo Brasil, provou que continua seco e introspectivo,
apesar da variedade de novas canções e da baixista recém-chegada Paz
Lenchantin. É possível dizer que a banda vai de encontro a qualquer tipo
de definição de “rockstar” ou celebridade, tendo tocado 22 músicas em
pouco mais de uma hora (um dos setlists mais gordos do festival), sem
trocar sequer uma palavra com a plateia.
Black Francis (aniversariante do dia, completando 49 anos que,
obviamente, não foram comemorados no palco), Joey Santiago, David
Lovering e Paz Lenchantin chegaram sem alarde ao palco Skol, às 17h35,
para encontrar com uma multidão à sua espera. Sem “olá”, “boa noite” ou
“obrigado”, as canções foram “cuspidas” a partir dali, em máxima
velocidade, uma atrás da outra, a começar por “Bone Machine”, sendo que
essa foi a primeira oportunidade que os brasileiros tiveram de dar
boas-vindas à baixista argentina Paz Lenchantin (assumindo os graves
após a saída de Kim Deal e, posteriormente, de Kim Shattuck). Ela
demonstrou personalidade, dando seu toque às linhas de baixo da banda,
e, é claro, fazendo os backing vocals obrigatórios no som do Pixies –
ainda que o volume, tanto do baixo quanto do microfone, estivesse mais
baixo do que na época de Kim Deal.
O jeito de agir e se vestir dos integrantes, assim como a configuração do palco (nem mesmo o nome da banda é colocado no telão) revelam o mote do Pixies ao vivo: fazer música para eles mesmos, e se o público gostar, objetivo conquistado. Canções antigas como “Gouge Away”, “Cactus” e “Broken Face”, tocadas no começo da apresentação, provaram que não seria difícil para o grupo ter o público ao lado. Entretanto, muitas músicas novas (do disco Indie Cindy, compilação que sai em 29 de abril e reúne os três EPs lançados desde o segundo semestre do ano passado) levaram quem assistia ao show a uma certa apatia. “Blue Eyed Hexe”, “Bagoboy” e “Indie Cindy” cresceram ao vivo, dando a entender que se tivessem mais tempo de “digestão” pelo público brasileiro, poderiam ser mais apreciadas.
Entretanto, e como não poderia deixar de ser, foi com os hits “Monkey Gone To Heaven”, “Where Is My Mind”, “Here Comes Your Man” e “Hey” – esta, especialmente, funciona muito bem ao vivo – que a banda entrou em comunhão com a plateia. “La La Love You”, com o baterista David Lovering cantando firme e grave, soou cômica, e contrapôs à seriedade que prevaleceu no rosto de Black Francis e Joey Santiago – eles mal sorriram enquanto estiveram no palco. É possível dizer que, sem frescuras, o Pixies promove o show da espontaneidade no festival.
Devido às músicas novas e a certa "antipatia" dos integrantes no palco, o show do Pixies no Lollapalooza 2014 pode ter sido o menos interessante da banda no Brasil (eles tocaram por aqui no SWU de 2010, e em Curitiba, em 2004). Porém, com uma baixista de personalidade – que parece se firmar na formação – e o fato de as músicas novas terem soaram bem ao vivo, o Pixies pode pensar em um futuro pelo menos digno do seu passado, ainda capaz de agradar multidões, como a que viram Black Francis e companhia no Lollapalooza Brasil.
por Steve Appleford - entrevista
e Lucas Brêda - resenha
rs Brasil
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O jeito de agir e se vestir dos integrantes, assim como a configuração do palco (nem mesmo o nome da banda é colocado no telão) revelam o mote do Pixies ao vivo: fazer música para eles mesmos, e se o público gostar, objetivo conquistado. Canções antigas como “Gouge Away”, “Cactus” e “Broken Face”, tocadas no começo da apresentação, provaram que não seria difícil para o grupo ter o público ao lado. Entretanto, muitas músicas novas (do disco Indie Cindy, compilação que sai em 29 de abril e reúne os três EPs lançados desde o segundo semestre do ano passado) levaram quem assistia ao show a uma certa apatia. “Blue Eyed Hexe”, “Bagoboy” e “Indie Cindy” cresceram ao vivo, dando a entender que se tivessem mais tempo de “digestão” pelo público brasileiro, poderiam ser mais apreciadas.
Entretanto, e como não poderia deixar de ser, foi com os hits “Monkey Gone To Heaven”, “Where Is My Mind”, “Here Comes Your Man” e “Hey” – esta, especialmente, funciona muito bem ao vivo – que a banda entrou em comunhão com a plateia. “La La Love You”, com o baterista David Lovering cantando firme e grave, soou cômica, e contrapôs à seriedade que prevaleceu no rosto de Black Francis e Joey Santiago – eles mal sorriram enquanto estiveram no palco. É possível dizer que, sem frescuras, o Pixies promove o show da espontaneidade no festival.
Devido às músicas novas e a certa "antipatia" dos integrantes no palco, o show do Pixies no Lollapalooza 2014 pode ter sido o menos interessante da banda no Brasil (eles tocaram por aqui no SWU de 2010, e em Curitiba, em 2004). Porém, com uma baixista de personalidade – que parece se firmar na formação – e o fato de as músicas novas terem soaram bem ao vivo, o Pixies pode pensar em um futuro pelo menos digno do seu passado, ainda capaz de agradar multidões, como a que viram Black Francis e companhia no Lollapalooza Brasil.
por Steve Appleford - entrevista
e Lucas Brêda - resenha
rs Brasil
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