sexta-feira, 26 de junho de 2009

DEP - Véio, ex-baixista do Concreteness



por Adelvan Kenobi

De vez em quando apareciam, no underground, algumas bandas que se destacavam por fazer um som original, fugindo dos estereótipos recorrentes do meio, quase sempre preso a fórmulas - muitas vezes de forma absolutamente competente e por isso mesmo relevantes, mas mesmo assim presas a fórmulas. Me lembro especialmente de dois grupos REALMENTE diferentes, dos anos 90: Pato Fu e Concreteness. Ambos surgiram de repente, meio que do nada, com um som inovador e empolgante. O Pato Fu via Cogumelo Records de BH com seu clássico primeiro disco, "rotomusic de liquidificapum", um verdadeiro OVNI no catálogo de metal underground da gravadora do Sepultura. Galgaram alguns degraus rumo ao mainstrean - não chegaram lá, mas se mantêm até hoje como um nome respeitado no universo do pop rock nacional. Para isso, no entanto, tiveram que fazer concessões ou, pelo menos, privilegiar a veia mais acessivel da banda representada por Fernanda Takai em detrimento dos experimentalismos alucinados de John. O Concreteness até fez uma concessão, trocaram o inglês da primeira fita-demo pelo português do primeiro disco, mas não foi o suficiente. Seu electro-rock (lembremos que não havia ocorrido ainda o "boom" da fusão do rock com a eletronica do final dos anos 90) era um pouco demais para o anêmico mundinho limitado da musica brasileira que tocava/toca no radio. Morreram na praia, no sentido de alcançar projeção nacional (não sei se eles tinha esse objetivo, acho que sim, mas tenho certeza de que mereciam), mas não sem antes deixar uma marca profunda no cenário alternativo da época. Era uma banda que, literalmente, "corria atrás", fazia acontecer. Tanto que tocaram, inclusive, aqui em Aracaju, algo bem dificil para uma banda independente baseada no sul/sudeste mesmo hoje, muitissimo mais no já longínquo 1995. E foi um evento memorável, inesquecivel, no Mahalo, saudosa casa de shows, em sua fase já próxima à orla. Por conta mesmo dessa energia da banda em querer tocar para o máximo possivel de pessoas consegui ver 3 shows deles, o já citado, mais um no Abril pro rock, em Recife, e um no BHRIF, em Belo Horizonte, ainda divulgando a primeira demo.

Pois bem, este mês morreu um dos componentes, o único não-Maluf (ao que consta, sem relação de parentesco com aquele outro tristemente célebre homônimo), da banda. O Baixista, Véio. Não conheci pessoalmente nem via carta nenhum dos membros do Concreteness, por isso não tenho nenhuma experiencia pessoal para contar, mas clicando aqui você lê um texto de Alexandre Mathias, do Trabalho Sujo, falando do Véio e do Concreteness, num relato emocionante de alguém igualmente muito talentoso que o conheceu e que chegou até mim através de um e-mail enviado por Panço, do Jason.

Abaixo, imagens da Fita-demo e do primeiro CD do Concreteness.
As fotos são dos shows deles no BHRIF e no Abril pror rock.













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