(Vinnas) Conheci você no final dos anos 90
tocando sons indie com a Snooze, hoje no entanto você é dos
músicos mais ativos e ecléticos da cena sergipana, tocando jazz,
rock, freelancers etc. Como se deu essa metamorfose e a que você
credita sua credibilidade e versatilidade atuais?
(Rafael) As coisas não acontecem da noite pro dia, foi um processo que durou muito tempo, a longo prazo mesmo. Foi difícil, no início, me dissociar da imagem de “rockeiro” ou “baterista da Snooze”. As pessoas não me chamavam pra tocar. A primeira oportunidade que tive de tocar música popular veio com a Maria Scombona em 1995, eu era muito “duro” ainda e tinha dificuldade de tocar ritmos do Nordeste e com dinâmicas mais baixas... Depois vieram trabalhos com Joésia Ramos, Nino Karvan, Alex Sant´anna, bandas de cover que tocavam no Tequila Café, etc. E aí veio a Sulanca, que me ajudou muito. Paralelamente, eu tocava música clássica com a Orquestra Sinfônica, e tudo isso junto foi me dando um certo background pra atuar de forma consistente em diversos “ramos”, digamos assim. Outra coisa que ajudou muito foi tocar em barzinho com dinâmica baixa, acompanhando cantores de MPB com vassourinhas (o mais constante foi Eddy Felix, durante uns 2 anos no Teimonde, todo sábado). O jazz veio depois, há menos de 10 anos pra cá, e foi outra nova escola pra mim. A versatilidade vem disso tudo aí “junto e misturado”. Sobre credibilidade, acho que vem da seriedade com o trabalho, do bom relacionamento com as pessoas, etc. Procuro cumprir todos os horários e compromissos da melhor forma possível, procuro manter a comunicação fácil e fluida, procuro respeitar todos os colegas de profissão... São regras básicas de convivência, que aliadas ao fato de fazer bem os trabalhos, geram essa tal credibilidade a que você se refere.
(Rafael) As coisas não acontecem da noite pro dia, foi um processo que durou muito tempo, a longo prazo mesmo. Foi difícil, no início, me dissociar da imagem de “rockeiro” ou “baterista da Snooze”. As pessoas não me chamavam pra tocar. A primeira oportunidade que tive de tocar música popular veio com a Maria Scombona em 1995, eu era muito “duro” ainda e tinha dificuldade de tocar ritmos do Nordeste e com dinâmicas mais baixas... Depois vieram trabalhos com Joésia Ramos, Nino Karvan, Alex Sant´anna, bandas de cover que tocavam no Tequila Café, etc. E aí veio a Sulanca, que me ajudou muito. Paralelamente, eu tocava música clássica com a Orquestra Sinfônica, e tudo isso junto foi me dando um certo background pra atuar de forma consistente em diversos “ramos”, digamos assim. Outra coisa que ajudou muito foi tocar em barzinho com dinâmica baixa, acompanhando cantores de MPB com vassourinhas (o mais constante foi Eddy Felix, durante uns 2 anos no Teimonde, todo sábado). O jazz veio depois, há menos de 10 anos pra cá, e foi outra nova escola pra mim. A versatilidade vem disso tudo aí “junto e misturado”. Sobre credibilidade, acho que vem da seriedade com o trabalho, do bom relacionamento com as pessoas, etc. Procuro cumprir todos os horários e compromissos da melhor forma possível, procuro manter a comunicação fácil e fluida, procuro respeitar todos os colegas de profissão... São regras básicas de convivência, que aliadas ao fato de fazer bem os trabalhos, geram essa tal credibilidade a que você se refere.
Quais as influências de Rafael
Jr.? Na bateria e na Música em geral?
São tantas que não dá
pra listar tudo. Como baterista eu me divido em vertentes, de acordo
com o que toco e ouço. Meu início foi no rock e Neil Peart era a
principal referência, hoje me vejo cada vez mais distante desse tipo
de “super baterista”, técnico e virtuoso, apesar de admirar
muito. Então cito sempre o que ficou em mim, que é o estilo mais
básico e ao mesmo tempo explosivo de Ringo Starr, John Bonham, Keith
Moon e Carmine Appice, autor do método que estudei no início e que
ainda uso pra dar aula a iniciantes. Num outro campo, os bateras de
jazz que ouço mais são Buddy Rich e Gene Krupa, ainda são
atualíssimos e impressionantes. Na música brasileira, gosto de
samba jazz (Edison Machado, Milton Banana, Dom Um Romão, Rubinho
Barsotti, Wilson das Neves, Airto Moreira, Robertinho Silva) e
preciso citar Paulinho Braga e Nenê como pilares da bateria moderna
brasileira, em trabalhos que devem ser ouvidos com gente como Hermeto
Paschoal, Egberto Gismonti, Elis Regina, João Bosco e Milton
Nascimento. Uma última vertente, que entrei de cabeça nos últimos
10 anos, é a soul music, e ouço basicamente os caras que tocavam
com James Brown (Jabo Starks e Clyde Stubblefield), bateristas das
gravadoras Motown e Stax (Al Jackson Jr), etc. Outros que tenho
ouvido muito nos últimos 5 anos são Zigaboo Modeliste (The Meters)
e o nigeriano Tony Allen, que tocou nos discos de Fela Kuti e
inventou o “afrobeat”.
Ao mesmo tempo que citei
todos esses bateristas, digo que ouço música sem pensar
especificamente na bateria, mas em termos gerais. Normalmente esses
caras estão envolvidos com grandes artistas e compositores,
produzindo ótima música com sutileza, groove consistente e/ou
idéias simples ou originais. Gosto de coisas básicas e cruas
também, ainda ouço punk rock! Um de meus artistas prediletos é o
Elvis Costello, e as pessoas que tocam comigo também me influenciam
(Alejandro Habib, Saulinho Ferreira, Robson Souza, Fabinho Snoozer e
tantos outros). Meus professores também me influenciaram: Wallace
Patriarca, Tony Batera, Carlos Ezequiel.
Faça um histórico de Rafael Jr:
como despertou o interesse pela Música, com quem estudou, por quais
bandas passou, etc.
Uma namorada me levou até a academia de música Carlos Gomes em 1991 e lá estudei um pouco com Valdeleno, que era baterista da Karne Krua e me levou num ensaio. Tomei contato com a cena local e comprava discos na Lokaos de Silvio (hoje Freedom). Depois entrei no Conservatório e estudei com Wallace Patriarca, um pernambucano que passou cerca de 10 anos por aqui e hoje está na Sinfônica de Goiânia. Ele tinha sido aluno de Antônio Barreto e de Luiz Anunciação, o Pinduca, sergipano radicado no RJ e aposentado da Sinfônica Brasileira, além de regente de orquestras na Globo (faleceu recentemente). Ali foi a grande escola, 3 anos estudando sério, até ele ir embora e me deixar pronto pro concurso da ORSSE. Paralelamente fiz aulas particulares com o incrível Tony Batera, que não tinha nem formação nem didática, mas uma grande experiência de vida e dedicação ao instrumento. Me ensinou a tocar ritmos latinos e brasileiros, e tivemos uma grande amizade. Eu ando preocupado porque soube que ele está doente, sem trabalho, mas não tenho muito contato. Ele tem uma fama de “doido”, mas pra mim é um ser humano sensível e que não teve muitas oportunidades e orientação na vida. Ele não aceitava o dinheiro das aulas, eu levava peles, baquetas, vassourinhas... Ele ficou amigo do meu pai, tinha uma relação além de professor-aluno.
Nessa época (início dos
anos 90) toquei numas bandas de rock pesado com Hugo Leonardo Ribeiro
e depois formei a Snooze com meu irmão, que está aí até hoje.
Sobre as bandas que passei já falei antes, e depois fui tentando
participar de todos os cursos e workshops possíveis, foram muitos!
Fiz umas aulas avulsas com Carlos Ezequiel (alagoano formado na
Berklee, professor do Souza Lima em SP) e tentei retomar o
conservatório recentemente pra estudar xilofone com James Bertisch,
multi-instrumentista curitibano que toca na ORSSE, mas não tô
conseguindo arrumar tempo, mesmo depois de formado! Fiz aulas com ele
na UFS (na disciplina de percussão), participei de trabalhos com a
direção musical dele (Sescanção, CD de Heitor Mendonça), é
outro amigo recente e hoje ele ainda é meu sub de bateria no
Quarteto Clube do Jazz, além de fazer uns shows com o Ferraro
tocando teclados!
Todos os
músicos que tocaram comigo na Sulanca destacam a experiência como muito
relevante, mormente a turnê pelo estado de São Paulo. Qual o
impacto que a banda teve em sua formação (e continua tendo, já
que você ainda é integrante)?
Todos os trabalhos que me
envolvo são importantes e de alguma forma aprendo algo novo, mas na
Sulanca foi algo sem precedentes, até aquele período (1998 ou 99,
eu acho).
Conhecer a fundo a cultura popular sergipana foi uma forma
de me conhecer melhor. Aprender cada fraseado de percussão de cada
uma das inúmeras manifestações folclóricas existentes no Estado
me abriu horizontes, me fez um músico melhor, com um vocabulário
ritmico mais abrangente também. E aquela experiência nenhuma
faculdade vai trazer, é a música do nosso povo transmitida pela
oralidade. Me sinto agraciado por aquelas informações terem chegado
até mim. Fora isso, toquei com grandes músicos na banda, a exemplo
do falecido Gilson Batata (baixo) e os percussionistas Pedrinho
Mendonça e Ton Toy. Aprendi e aprendo muito com eles, e também com
Jorge Ducci, o idealizador de tudo. Infelizmente não há uma
continuidade no trabalho da forma que eu gostaria de ver, a banda
está muito afastada do cenário atual, e isso é uma pena.
Seu TCC (nota: Rafael é formado em Música pela UFS) aborda o início das gravações fonográficas em Sergipe. Por que abordou o assunto, considerando a relativa decadência atual da mídia gravada em detrimento de Internet, MP3, youtube, pirataria etc?
Abordei o assunto por uma
questão de paixão pessoal mesmo, já que sou apreciador e
colecionador de discos desde os tempos do vinil, além de atuar em
gravações em nosso pequeno mercado. O foco na verdade é a
comparação entre produções locais nos anos 1980 e nos dias
atuais, independente de formato. Mas tive que fazer um retrospecto do
início desse processo de produção fonográfica por aqui, através
de pesquisa com fontes orais, algo que foi muito pouco abordado até
então, com exceção para o historiador Luís Antônio Barreto, já
falecido. Cheguei a entrevista-lo, e mergulhei em seus artigos para o
portal infonet. Quem tiver interessado em ler o trabalho, está
disponível pra baixar em pdf aqui, depois da entrevista, ou no site
da OBSCOM, da UFS (do pessoal que produziu o Catálogo da Música de
Sergipe). O título da monografia é “O FENÔMENO FONOGRÁFICO EMARACAJU: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DISCOS PRODUZIDOS NA DÉCADADE 1980 E NA ATUALIDADE”.
Falando em TCC, o seu se utiliza de linguagem acessível, sem perder o conteúdo e o rigor dos trabalhos acadêmicos. Parabenizo-o e gostaria que você falasse mais sobre os percalços que enfrentou para produzir trabalho tão significativo quanto inédito.
Falando em TCC, o seu se utiliza de linguagem acessível, sem perder o conteúdo e o rigor dos trabalhos acadêmicos. Parabenizo-o e gostaria que você falasse mais sobre os percalços que enfrentou para produzir trabalho tão significativo quanto inédito.
Você teve atividade relevante no mundo dos Fanzines, continua produzindo material escrito, afora TCCs?
Fiz fanzines entre 1995 e
1999, depois colaborei um tempo escrevendo em outros zines, em blogs
e sites de música Brasil afora, e no jornal local Cinform, onde eu
tinha uma coluna durante um tempo. Ainda recebo discos mas não
escrevo muito, vez ou outra faço um post no Facebook sobre algum
disco independente que gostei e que acho que merece uma maior
divulgação, uma espécie de resenha sucinta. Parei mais de escrever
quando tava virando uma obrigação, ficou chato. Além do mais as
pessoas estavam começando a me chamar de "crítico musical”,
aí eu fugi mesmo! hehehe.
Você graduou-se na Faculdade de Música quando já contava com uma carreira bem estabelecida na cena Sergipana. O que levou você a encarar a Academia e o estudo formal? De que maneira isso agregou à sua formação?
Eu fiz Administração nos anos 90 e não concluí, optei pela música “full time” e mantive um compromisso pessoal de voltar à graduação apenas quando abrisse o curso de Música na UFS, já que eu estava preso a Aracaju por conta da família e de emprego formal (primeiro como músico da Orquestra Sinfônica e depois da Banda do Corpo dos Bombeiros). Eu já sabia da importância do estudo formal aliado à vivência prática da música popular, já tinha passado pelo Conservatório de Música, etc. Em 2007 abriu o curso, prestei vestibular e entrei na primeira turma. Eu já dava aula, mas não era “educador” (são coisas diferentes, e a maioria dos professores de bateria não entendem isso). Não tenho nem como citar tudo
Você graduou-se na Faculdade de Música quando já contava com uma carreira bem estabelecida na cena Sergipana. O que levou você a encarar a Academia e o estudo formal? De que maneira isso agregou à sua formação?
Eu fiz Administração nos anos 90 e não concluí, optei pela música “full time” e mantive um compromisso pessoal de voltar à graduação apenas quando abrisse o curso de Música na UFS, já que eu estava preso a Aracaju por conta da família e de emprego formal (primeiro como músico da Orquestra Sinfônica e depois da Banda do Corpo dos Bombeiros). Eu já sabia da importância do estudo formal aliado à vivência prática da música popular, já tinha passado pelo Conservatório de Música, etc. Em 2007 abriu o curso, prestei vestibular e entrei na primeira turma. Eu já dava aula, mas não era “educador” (são coisas diferentes, e a maioria dos professores de bateria não entendem isso). Não tenho nem como citar tudo
Como você vê a cena da música
sergipana atual? Me parece que assistimos a uma pujança nunca antes
vista na história deste país do forró. Ou é só impressão? O
que destacaria de prós e contras nesse novo status quo?
Quais foram suas experiências musicais mais relevantes? Show inesquecível, performance memorável etc?
Eu encaro com seriedade
qualquer gig, pode ser um barzinho pra pouca gente, um pub, etc. É
trabalho do mesmo jeito, e é diversão porque gosto do que faço.
Inclusive eu prefiro tocar em local pequeno do que em palco grande.
Em teatro, por exemplo, é ótimo porque as pessoas vão ali com o
objetivo de ouvir música, não é uma “balada” com som de fundo.
Vou tentar citar as experiências mais relevantes:
- Curso de 1 mês em
Londrina/PR com o pessoal da UNESP, liderada pelo americano John
Boulder, doutor em percussão (o cara foi aluno de Vic Firth, da
sinfônica de Boston, um pilar da percussão erudita no século XX).
Foi em 1994, 1 mês estudando o dia todo, de manhã e de tarde, e a
noite a gente assistia concertos diversos. Gente do Brasil todo,
muito conhecimento. Quando voltei, prestei concurso pra ORSSE e
passei, fiquei lá de 1995 a 2002, quando fui pra Banda dos
Bombeiros.
- Tours e shows em
festivais pelo Brasil com a Snooze, de 1996 até 2006 principalmente.
Destaque para duas edições do “Goiania Noise Festival” em 2002
e 2006. Fomos em todas as capitais do Nordeste (exceção para São
Luís/Maranhão), shows em SP e Rio, etc. Nessa época passávamos na
MTV (clip, entrevistas), não parava de aparecer show em todo
lugar...
- Tour de 1 mês com a
Sulanca em SP, pelo Sesc. 21 shows em 19 cidades, e você era meu
parceiro de quarto e aguentava os roncos! hehehe. Foi em 2000.
- Apresentação com o
pianista paulista Marcelo Bratke e o baterista Pantico Rocha (ele
toca com Lenine, Maria Bethânia), no auditório do Conservatório de
Música. Era um circuito do Banco do Brasil e eles contratavam
percussionistas locais, fui lá com Pedrinho Mendonça e lembro que
foi a primeira vez que recebi um cachê maior, mais digno (hehehe),
era algo como mil reais hoje. Foi entre 2000 e 2002, eu acho. Um
tempo depois vi no Jornal Hoje da Globo que o pianista levou esse
show com sucesso ao Carneggie Hall em Nova York, com outros
músicos...
- Os projetos “Circuito
Escolar” e “Mundo Rock Interior” com a Maria Scombona, onde
ministramos workshops em vários colégios e no interior do estado.
Foi muito gratificante, acho que foi entre 2005 e 2007.
- Show com o compositor
gaúcho Wander Wildner na Rua da Cultura. Eu ouvia o cara desde
moleque, com a banda Os Replicantes nos anos 1980, e de repente eu
tava acompanhando ele. E é um cara muito bacana.
- Curso de música de
câmara e concerto de percussão no Teatro Atheneu com direção e
regência do professor Antônio Barreto, da Sinfônica de Pernambuco
e Conservatório Pernambucano de Música. Ele é formado na Suiça e
virou um amigo, mas não tenho tido muito contato recentemente. Acho
que foi entre 2006 e 2008.
- Concertos com a ORSSE
entre 2009 e 2011, não mais como funcionário mas como contratado.
Os mais relevantes foram com os maestros Michel Legrand (França) e
Isaac Karabtchevsky, além da apresentação com a ORSSE no Festival
de Campos de Jordão.
- As últimas 3 edições
do Sescanção como integrante da banda-base (2009, 2011 e 2013),
além do Festival Alumiar da Secult (2012), de composições inéditas
de forró, acompanhando vários artistas.
- Lançamento do segundo
CD da Snooze no EMES em 2002 e do segundo da Maria Scombona no Teatro
Tobias Barreto em 2007.
- Vários festivais em
Aracaju como o Rock-SE (1998), Punka, Festival de Verão, Verão
Sergipe, Circuito Cultural Banco do Brasil, Prata da Casa, etc etc.
Encontros culturais de São Cristóvão, Laranjeiras, Japaratuba...
- Festivais de música
instrumental recentes, com o Ferraro Trio: Circuito BNB na Paraiba e
Ceará, Feira Música Brasil em Minas Gerais e Feira da Música de
Fortaleza em 2012. Produzimos shows legais aqui também, como o
lançamento do DVD no Teatro Lourival Batista.
Acho que é isso, é o
que lembro. No mais, todo fim de semana a gente tá por aí nos pubs
e bares e eventos...
Você tem composições de sua autoria? O que acha do eterno embate entre cover vs. Música autoral?
Você tem composições de sua autoria? O que acha do eterno embate entre cover vs. Música autoral?
Minha participação é
efetiva em arranjos, em todas as bandas, com várias idéias de
intro, convenções, finais, estrutura ou de grooves primários onde
algumas músicas são compostas em cima, a partir deles. Estudei o
básico de piano, canto e solfejo mas não componho nada. Quando
assinei composições foi na Snooze, mais pela coisa de banda mesmo,
do tipo: todas as músicas do Black Sabbath são de
Iommi-Osbourne-Butler-Ward, mas é claro que isso é um acordo!
Sobre música cover,
sempre existiu e sempre vai existir, não adianta ficar “bradando”
contra isso, e o cover não “acaba” com o autoral, isso é uma
bobagem, tem espaço pra tudo. São coisas distintas, caminhos
diferentes. Tem gente que sente necessidade de compor, tem gente que
gosta de copiar e se divertir, qual o problema? Eu toquei numas
bandas cover e aprendi com isso (principalmente com A Fábrica, que
tinha uma agenda sempre movimentada), ganhei algum dinheiro,
desenvolvi essa coisa do músico profissional, etc. O único
problema, ao meu ver, é você tocar cover de graça! Porra, se eu
vou tocar música de rádio pra um monte de gente ter diversão numa
casa noturna, pagando ingresso pra isso, porque fazer isso de graça
ou cobrando pouco? Isso eu não entendo, e aí vem aquele velho
problema do “músico de fim de semana” de alguma forma tirando
trabalho do músico profissional. É um mercado de entretenimento, e
tem que gerar grana pra banda, pros músicos. Mas não há muito o
que fazer, é uma discussão velha e não é algo local ou
provinciano. O Coverama é muito criticado mas é um atrativo e tanto
pra quem está começando: você vai tocar numa estrutura boa de
som/palco/luz, pra um monte de gente e amigos, vai ‘brilhar” e
postar fotos no Facebook etc, então não dá pra criticar esses
adolescentes que participam né? De alguma forma o festival movimenta
o mercado de instrumentos musicais, de estúdios de ensaios, etc. Eu
mesmo tive muitos alunos que me procuravam por causa do coverama... O
festival não serve pra mim, mas é perfeito pra quem tá começando.
E pro empresário que idealizou tudo. Se isso vai inibir a vontade da
garotada criar algo autoral, eu não sei. Sei que tem muita gente
interessada em conhecer o trabalho de quem cria algo próprio, e pra
esses é que devem estar reservados os espaços em festivais de
música, editais, etc.
Quais seus projetos musicais atuais? O que empolga o artista Rafael Jr. no momento?
Quais seus projetos musicais atuais? O que empolga o artista Rafael Jr. no momento?
Tenho me dedicado mais à
música instrumental, sem deixar os outros trabalhos de lado. Com o
Quarteto Clube do Jazz, que é o Ferraro Trio com o saxofonista
argentino Alejandro Habib, a gente toca standards, bossa nova, samba
jazz e latin jazz. Há espaço pra improvisação, toco com dinâmicas
baixas, tem muito arranjo de Habib e Saulinho com “tuttis”, tem
composições próprias também, é bem legal. Com o Ferraro Trio
consegui unir algumas paixões num trabalho só: jazz, rock e soul
music estão ali bem distribuídos, ao meu ver. Saulinho é um
compositor genial, sou fã. No mais, a Snooze tem
tocado menos mas quer produzir o quarto disco. A Maria Scombona está
parada mas em breve volta, e toco com um monte de gente que me chama.
Sempre pinta trampo aqui e ali... Gostaria de gravar mais em estúdio,
com mais constância.
Mídia: onde podemos ouvir/ver Rafael Jr. na grande rede?
Mídia: onde podemos ouvir/ver Rafael Jr. na grande rede?
Deixe uma mensagem para seus amigos, fãs, alunos etc.
NOTA DO BLOG: O programa de rock tem o imenso orgulho de ter Rafael jr. como colaborador. Ele já se pôs à disposição para que, sempre que eu viaje ou não possa, por algum motivo, fazer o programa, o avise, que ele fará, caso tenha tempo disponível na agenda. Achei a oferta tão boa que a princípio nem levei tão a sério, mas depois de uma bronca quando eu viajei e não o avisei - ele soube apenas por uma postagem que fiz na página do programa no face avisando aos ouvintes que não haveria - me convenci que o negócio era sério! Resultado: 3 programas especiais, produzidos por esta grande figura, um verdadeiro patrimônio da musica sergipana. A última, com direito a entrevista ao vivo com a Renegades of punk! Queria muito ter ouvido ...
A entrevista acima foi conduzida por Marcus Vinnas.
Fonte: Blog do Vinnas
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