Foi o que podemos chamar de "Encontrão das Massas", ou seja, o povo Old School dos anos 90 com a molecada atual. O evento marcou o lançamento do livro, "Niteroi Rock Underground (1990-2010)" do Jornalista Pedro de Luna e de quebra ainda era possível adquiri o livro "Memórias não póstumas de um punk" de Larry Antha da Sex Noise.
Outra atração foi uma mostra fotográfica do rock nos anos 90 com clicks do fotografo carioca Michael Meneses que iniciou sua careira de foto-jornalista em 1993 e desde então registrou diversas bandas do Rio, do Brasil e do Mundo. Na expo, imagens das bandas Sex Noise, The Mist, Ratos de Porão, Planet Hemp, Gangrena Gasosa e Poindexter. Detalhe: todas as fotos foram feitas com câmeras analógicas (Olympus Trip e Pentak K1000), fotos digitais praticamente ainda não existiam. Esse conjunto de atrações despertou, inclusive, a visibilidade do RJTV( telejornal da Rede Globo Rio) que fez uma chamada do evento na edição do sábado. Algo quase impensável há 10, 15 ou 20 anos.
O público era composto por "adolescentes" com fixa etária variando entre 20 e 40 anos, gente que usufruiu euforicamente a década de 90, e da nova geração que não teve a oportunidade de vivenciar a fase áurea do Garage Art Cult, o lendário Arena do Heavy na Lona Cultural de Campo Grande/RJ e outras opções da cena rock Pré-Internet na cidade maravilhosa - mesmo que essa saudosa cena e bandas tenham passado por "perrengues" como lembrou Fábio Sheld(ACK).
Quem foi nesse evento certamente não se arrependeu, pois esteve diante de um momento muito mais que nostálgico: HISTÓRICO!
Anos 90 - A Maturidade da Cena Independente Brasileira - Sex Noise, Poindexter e o ACK são bandas contemporâneas dos anos 1990, época em que o rock no Rio de Janeiro foi influente na cena independente nacional com o surgimento de bandas inovadoras, e/ou que fugiram da sonoridade do Pop-Rock-Brasil-80 e começaram a "Mostrar sua nova cara". Não que nas décadas anteriores isso já não tivesse acontecido como fizeram bandas do tipo A Bolha nos anos 60, do Karma dos anos 70 e da Dorsal Atlântica nos anos 80! Mas, o fato é que os anos 90 a cena rock no Rio teve um destaque midiático diferenciado, talvez por ter sido uma década onde não tivemos tantos contratempos impostos pela ditadura militar dos anos 60 e 70 ou a inflação dos anos 80. Pena que hoje muito do romantismo guerrilheiro das décadas anteriores não seja lá muito aproveitado pela geração atual, o que me deixa preocupado em como será as gerações futuras do Rock!
Os anos 90 foram também a época onde, assim como parte dos nos anos 80, era possível "Juntar Tribos" (teve até um importante festival com esse nome no interior de SP). Quase sempre Heavy's, Punk's, Prog's, Indies e etc vivenciavam o rock juntos, como ensinado nos anos 80 na música "United Forces" do S.O.D. ou nas paginas do Zine United Forces. A cena rock daqueles tempos sabia que todos estavam no mesmo barco do Underground. Então para que se dividir e/ou montar panelas como vem acontecendo ao longo dos últimos anos?
É bem verdade que ainda nos anos 90 o rock começou a se dividir e cada um, infelizmente, seguiu seu caminho. Depois disso, salvando um ou outro "Rato no Rio" da vida, quase todos os Shows/Festivais foram segmentados para apenas um único estilo e as suas próximas variáveis, bons para uns, mas nem sempre bom para o rock, que perdeu em quantidade de público e intercambio de estilos, bandas, informações...
Hoje, mesmo com toda a modernidade virtual, não teve jeito, a cena rock ficou em parte mais acomodada, a não ser pela iniciativa dos românticos que continuaram a produzir e ter iniciativas como é o caso dos músicos, bandas, produtores, jornalistas, fotógrafos, todos os que participaram de alguma forma dessa edição de "A VOLTA DOS ROQUEIROS MORTOS VIVOS" e até mesmo esse que vos escreve, que vez ou outra é criticado por ambos os lados, por ser romântico demais, por não defender a prática das bandas covers, ou não apoiar a prática de bandas pagando para tocar...
Mas enfim, como diz o amigo Márcio Sno: "Se ninguém faz, façamos!"
Vídeo e texto Por: Michael Meneses
@paraybarecords
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